quarta-feira, agosto 03, 2005

Cenas e pessoas do Brasil

1 – Paulínia, município vizinho a Campinas, abriu inscrições para concurso público para preencher 893 vagas abertas para trabalhar na prefeitura. Os salários variam de R$ 578,00 a R$ 1.966,00, compreendendo de guardas-noturnos e tratoristas a médicos e outros profissionais com exigência de diploma de curso superior. O município já conta com 4.500 servidores municipais, o que dá o índice mais alto de servidor por habitante em toda a região. Além do salário, a prefeitura dá a todos os funcionários de Paulínia auxílio-alimentação de R$ 100,00, auxílio-saúde de R$ 35,00 e vale-transporte no valor de R$ 28,00. Somado a tudo isso, um abono provisório mensal de R$ 1.000,00 - absurdo, né, mas é o que diz o Estadão de hoje. O município é rico, tem uma arrecadação altíssima, é um pólo industrial de alta tecnologia, além de contar com a refinaria da Petrobrás e indústrias petroquímicas. A população de Paulínia é de 55.000 a 60.000 habitantes. O número de inscritos para concorrer às vagas chegou a 60.000 pessoas, o mesmo que o número de paulinenses. Menos de 20% são da própria cidade. Entre os 80% restantes, gente do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.

2 – Calcula-se em 25.000 o número de brasileiros detidos nos Estados Unidos. A maioria, felizmente, por imigração ilegal. Hoje de madrugada desceram no aeroporto de Confins, na grande Belo Horizonte, dois Boeings fretados pelo governo americano. Trouxeram de volta cerca de 300 brasileiros que se encontravam ilegalmente nos States.

3 – Antonio Fernando Rodrigues mora em Jundiaí e trabalha como projetista de caldeiras em Diadema, na Grande São Paulo. Gasta quase 9 (nove) horas por dia em deslocamentos, usando trem, metrô e ônibus. No trem, encontrou uma pasta com duzentos mil reais, entre dinheiro, cheques e duplicatas. Não, não era pasta de político ou pastor evangélico. Era a pasta de um consultor financeiro, morador em Francisco Morato, que ficou mexendo num celular novo e esqueceu a pasta no trem. Vasculhando a dita cuja, Antonio encontrou um cartão com o nome e telefone do consultor. Devolveu-lhe a pasta, recebeu um “muito obrigado” – que acredito deve ter sido efusivo e emocionado – e fim da história.

4 - Ontem, duas altas autoridades da república tupiniquim, desafiaram nossa paciência e nosso estômago. Falaram, falaram, falaram, acusaram-se, nada de novo disseram, nada de dignificante saiu do verdadeiro chiqueiro em que foram transformados o congresso e os palácios brasilienses dessa república putrefata.

Como diria algum filósofo obtuso, have a nice day.

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2 comentários:

Anônimo disse...

Eita, Brasil... :(

Já as crônicas sobre "Um dia de Roça" me deixaram leve, leve (apesar das preocupações do "roceiro"...rs). Bela forma de contar, Emerson.

Emerson disse...

Update: meu amigo Barreto me diz que o dono dos 200 mil deu cento e dez reais pro honesto Antonio.

É, podia ser melhor, né? Mas tá bom, também. Minha mãe vai ficar mais tranquila. Ela achou revoltante o Antonio nada ganhar por tanta honestidade. Só não sei se digo que foram apenas 110. É capaz dela ficar mais revoltada. Minha mãe é brasileira, é boazinha.