sábado, junho 30, 2007

Evolução exemplar e anômala

Pelo que sabemos hoje, o Homo habilis é a espécie mais antiga do gênero Homo, ou seja, nosso ancestral direto mais antigo, que viveu no leste Africano entre dois e duzentos e um milhão e seiscentos mil anos atrás.
Os poucos fósseis descobertos foram o bastante para mostrar o aumento do tamanho do cérebro.

O Homo erectus é considerado uma evolução em relação ao habilis e viveu entre dois milhões e quatrocentos mil anos atrás. Além do cérebro mais desenvolvido, o Homo erectus já apresentava como característica a locomoção bípede e foi, também, o primeiro de nossos ancestrais a explorar e transformar seu ambiente, graças ao provável aprendizado de como fazer fogo e também algumas ferramentas e armas. Pelo jeito, foi com ele que tudo começou.

Há cerca de quatrocentos mil anos, surgia, em toda sua glória e esplendor, o Homo sapiens. Supostamente o auge de nosso desenvolvimento evolutivo, só supostamente, como veremos a seguir.

Uma subespécie do Homo sapiens, é o Homo sapiens var. assessorium, ou burocratus ou politicus de baixo clero. Se com o Homo erectus desenvolvemos nossa locomoção bípede, importante para alargar nossos horizontes em busca de mais comida e abrigo, além de facilitar a detecção de inimigos, com essas modernas subespécies desenvolvemos a paradoxal arte da locomoção bípede de quatro. Sim, de quatro, pois são seres que se curvam e assim desenvolvem suas vidas e carreiras, curvados aos desejos e interesses de outros. Um animal muito interessante evolutivamente, ainda que asqueroso pessoalmente. Como as baratas de esgotos.

Outra evolução do Homo sapiens é o Homo sapiens var. profissionalis, que na vida real são conhecidos por executivos, geralmente de empresas multinacionais. São tidos e havidos como um dos pontos culminantes da evolução, a mesma que nos gerou Gisele Bundchen e Lula, Lorelai Gilmore (Lauren Graham) e George Walker, Pelé e Sandro Goiano. Nenhum desses é executivo, mas são, também, assim como o companheiro Chávez, pontos altos de nossa evolução, provando que ela não tem o sinal de positivo acoplado, e muitas vezes, até na maioria dos casos, aparentemente, o sinal acoplado é o negativo.

A complexidade evolutiva, associada à complexidade do mundo moderno e suas exigências, trouxe o desenvolvimento de uma supespécie de Homo muito interessante. Ela tem vida curta, e nasce e cresce como Homo sapiens sapiens e depois, no final da adolescência e começo da vida adulta, muda para Homo sapiens var. estagiarius, até que, meses ou anos depois transforma-se no Homo sapiens var. profissionalis.

Ser interessante esse estagiarius. Aparentememente dotado de bom cérebro e habilidades, é mais usado como um servidor de café para os profissionalis de seu habitat. Os estudos mais recentes mostram três perfis distintos entre esses indivíduos:

- os pró-ativos, que são fuçadores, workaholics e provêm, em sua maioria, de lares com o mesmo perfil; desse grupo saem milionários diversos e donos de jatos executivos, poluidores atmosféricos em alto grau;

- os ativos, que desembocam em profissionalis típicos, relativamente bem remunerados, inseguros, infelizes, pagadores de pensões alimentícias e mantenedores dos chamados bares single;

- os pegadores de café; subcategoria interessante, muito interessante; seus membros têm três destinos: o olvido, puro e simples; ou a glória, transformando-se em líderes políticos de primeira grandeza aos olhos da plebe ignara; e ainda, finalmente, transformar-se em eméritos sevandijas, já na subespécie burocratus ou politicus ou assessorium; de acordo com a literatura especializada, Bush, Chávez e Lula são bons exemplos dessa subcategoria.

Falando ainda um pouco mais dessa subcategoria dos pegadores de café, estamos hoje às voltas com um de seus representantes. Ao contrário da média, esse começou sua carreira e transformação um tanto tardiamente, já na fase adulta plenamente instalada. De Homo sapiens foi transformado em Homo sapiens var. estagiarius num momento até certo ponto natural, desde que precedido por rituais específicos da área. O individuo em questão não só não passou pelos ritos e deveres prévios, como foi transformado, por ordens superiores, em um profissionalis de alta responsabilidade e alta remuneração, num caso não só anômalo como totalmente desprovido de lógica e coerência. Estou falando do treinador da seleção brasileira, o ex-jogador Dunga, que embora tenha o cargo de técnico, não passa de um estagiário.

- Ô, Dunga! O Dr. Ricardo pediu um cafezinho urgente. Pega lá e leva pra ele.

Esse rapaz vai longe.

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quarta-feira, junho 27, 2007

Conflito!


Estava escuro no ponto de encontro marcado pelo pessoal do estado-maior depois de cuidadosa análise do terreno e vias de acesso. A madrugada fria duraria por mais uma hora e meia e os primeiros destacamentos começaram a chegar. O pessoal da logística cuidou do café quente, fundamental num horário e numa temperatura como aquela.

Pouco depois do sol nascer começou o deslocamento.

Por volta de nove horas da manhã o morro estava cercado e, nele, os inimigos, escondidos por toda parte num terreno há muito conhecido. Os tiros começaram de imediato, enquanto mais tropas chegavam e se espalhavam pelo perímetro marcado pelo estado-maior conjunto da operação.


As primeiras baixas começaram logo cedo e, para variar, entre os civis.


Durante mais de sete horas a troca de tiros dominou o morro.

Posições foram conquistadas.

Armamentos e drogas dos inimigos foram apreendidos.

À noite, os balanços de mortos e feridos são contraditórios e variam entre 13 e 18 mortos. O número de feridos passa de quarenta, em estimativa que parece conservadora.

O cerco continua, não há, ainda, perspectiva de fim das hostilidades.

Bagdá?

Faixa de Gaza?

Darfur?

Não, Morro do Alemão, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Hoje, aos 27 dias do mês de Junho do Ano da Graça de 2007.



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domingo, junho 24, 2007

O Amor Não Tira Férias – The Holiday


Começou a temporada de reprises nos canais pagos. Essa praga é inevitável, da mesma forma que a presença de um certo leão. Mas se esse felino só incomoda uma vez por ano (e já é demais), as reprises nos canais pagos são mais chatas e persistentes, assim como as legendas erradas ou totalmente fora de posição. Quando chega essa época, é também chegado o momento de visitar a Blockbuster próxima de casa.

E lá fui eu em pleno sábado, meio esperançoso de encontrar algo digno de ser assistido sem ser algum filme “cabeça”. Desses, francamente, já tive a minha cota estourada há muito e hoje quero distância deles. Mas dou a maior força para quem gosta deles. Acho que ir à Block duas vezes por ano é o ideal. Bom, para mim com certeza, já para eles isso é terrível, paciência. A prolongada ausência permitiu-me achar mais de dois filmes interessantes. Na verdade, vi uns quatro ou cinco, mas só peguei dois. Um, ainda não visto, mas do qual nada espero demais, apenas boa diversão,foi o filme sobre diamantes africanos e o muito de sangue, suor e lágrimas que cercam a exploração e comercialização dessas pedras. O outro foi um filme que passou meio despercebido e, posso dizer agora, de forma muito injusta: The Holiday, ou “O Amor Não Tira Férias”, na tradução. Ora, para um final de semana sossegado nada melhor que uma comédia romântica para fazer companhia ao filme de ação. E se é um filme com a assinatura Nancy Meyers, pode-se ter a certeza de ver um trabalho bem feito e competente. Nancy, assim como Nora Ephron (“Sintonia de Amor”, “Mensagem Para Você”) é uma especialista e uma artesã na criação e direção de deliciosas comédias românticas. É dela o excelente “Alguém Tem Que Ceder” – “Something`s Gotta Give” – com Jack Nicholson e a maravilhosa Diane Keaton. E a turma do “Holiday” não é nada ruim, pelo contrário: Cameron Diaz, Kate Winslett, Jude Law, Jack Black e uma marcante e tocante participação de Eli Wallach.

Embalado por essa certeza e por esses nomes, peguei-o e fui pra casa.

É um filme longo, com 136 minutos. Mas não percebemos, sinceramente. Quando terminou a sensação foi de bem-estar, e o que mais desejar de um filme? Ah, sim, claro, podemos desejar aquela maravilhosa sensação de desassossego, ou de raiva, ou de profunda dor pelas dores dos habitantes do mundo, ou, ou, ou... Mas, nada disso, terminamos de ver o filme da Nancy e tudo que sentimos foi bem-estar e a vontade de um bom chocolate quente na cozinha. E foi o que fizemos, na quase meia-noite de sábado para domingo, noite de inverno com temperatura de começo de outono, mas ainda permitindo fazer e engolir a beberagem com bastante prazer.

Não vou contar o enredo. Se você não gosta de comédia romântica, ele será pífio, bobo e uma perda de tempo para nós dois. Se você gosta, pegue-o na locadora e assista, pois vale a pena.

Só estou comentando porque, realmente, esse filme merecia melhor carreira do que teve.


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sábado, junho 23, 2007

Viva a feijoada!


Acordei há pouco.

Madrugada de algum dia?

Nada, simplesmente fim da tarde de sábado.

Então, o que terá me levado a tão estranha – para mim – e saudável prática?

A feijoada saboreada em almoço tardio, como convém aos almoços sabatinos.

Concordo que a feijoada não é o mais adequado ou saudável dos pratos. Particularmente a feijoada que eu gosto, aquela que é tradicional e não comporta nenhum acréscimo ao seu nome.
Feijoada é feijoada. Ponto.

Isso significa um prato em total desacordo com a moda dos dias que correm, em que a insalubridade do estilo de vida moderno e urbano tenta ser neutralizada por uma ultra-salubridade na comida. A velha e saborosa feijoada é presa fácil dessa sanha modernista e avessa aos sabores e cheiros.

Pé-de-porco, orelha, rabo, pele, tudo de porco, tudo salgado, tudo devidamente dessalgado de véspera. Sem essas “coisas”, cujo simples nomear assusta e repele hordas de neo-consumidores, não há feijoada que preste, não há feijoada digna desse nome. À lista citada faltou o sagrado torresmo, que para mim só tem valor se tiver largos pedaços de pele na sua forma pururuca. Pois, do torresmo, o que eu mais gosto é a pururuca, tanto que como dois ou três inteiros e dos demais, com jeito, paciência, garfo e faca, tiro a gordura e os nacos de carne, deixando apenas a pururuca pura, pura pururuca. Quando criança, minha avó fazia baciadas de pururuca na fazenda, e eu comia até me fartar. Como a pururuca era boa e popular! Hoje anda esquecida e quando lembrada o é só para ser estigmatizada. Tristeza de mundo bobo.

E assim foi a feijoada de hoje. Uma baciada dessas carnes ficou de molho na água de ontem para hoje, para tirar o excesso de sal. E logo cedo foram para o fogo. Curiosamente, a Sra. Cozinheira, a Rosa, fez duas feijoadas: uma, comme il faut e já descrevi, e a outra como gostam as pessoas nas cidades, principalmente. Entre elas meu filho e a namorada e a própria Sra. Cozinheira. Essa outra feijoada é a chamada light, tem pouca, quase nenhuma gordura, e os pertences de porco nem pensar. Só leva carnes nobres: paio, costelinha defumada, carne-seca magra, coisas assim. E alguns poucos pedaços de toucinho, devidamente postos ao lado dos pratos pelos comensais. Nem provei dessa uma, mas da verdadeira comi um bom prato, seguido por outro menorzinho, em pura homenagem à gula e ao prazer. E, por que não, à Sra. Cozinheira. Não estranhem essas iniciais maiúsculas. Estão aqui porque são merecidas.

A feijoada, se dispensa nomes complementares, carece, por outro lado, de alguns complementos. O arroz branco é o mais óbvio e natural entre todos, mas não somente ele. Farinha de mandioca, ou farofa, e pimenta são essenciais. Dispenso o famoso “molho de feijoada”, mera invenção de restaurantes sem respeito com a tradição. Mas até aceito, embora não use, o molho vinagrete, invenção paulistana surgida sei lá como ou porque. Para a feijoada basta a pimenta, a farinha e o arroz. A couve refogada e pedaços de laranja também são aceitáveis, para mim mais a laranja que a couve, verdura meio sem graça para o meu gosto, mesmo quando refogada com pequenos pedaços de toicinho, quando fica ainda melhor do que com toucinho.

Sou meio avessa a acompanhar feijoada com bebidas. Gosto da caipirinha antes, por sinal obrigatória, parte sagrada do ritual. E com muito, muito gelo, além de bem adoçada. Para acompanhar essa comida o ideal é a água pura e simples, devidamente gelada. Quando muito, Coca-cola, que, verdade ou mito, acho que ajuda a digestão (e talvez pelo simples fato de acreditar nisso deve ajudar mesmo). Cerveja não está fora de cogitação, mas não me agrada. Estufa demais, se é que vocês me entendem. Sim, acho que entendem.

Tão boa foi a feijoada que sequer lembrei-me do café.

Minha única lembrança e desejo foi deitar, ler um pouco e cochilar um pouco.

E foi o que fiz.

Por isso, feijoada que se preza é saboreada aos sábados, seguida por um bom descanso na cama, lendo e dormindo, ou só dormindo.

Bom dia!

Ops, digo, boa noite a todos.


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Realidade: Pequenas Doses 23 06 07



Uma Excelência

Um juiz trabalhista ganha quanto por mês? Doze, quinze, dezoito mil reais? É disso pra cima. Ao se aposentar, continuará recebendo a mesma coisa, coisa de nababo, privilégio de quem “se devota ao serviço público”. Serviço, claro, que é sustentado pela massa que se aposenta e ganha de trezentos a dois mil por mês. E olhe lá. Ser juiz no Brasil é o que se pode chamar de privilégio.

Pois bem, um desses privilegiados, trabalhando em Cascavel, no oeste do Paraná, cancelou uma audiência envolvendo um trabalhador rural, no momento desempregado, e jogou-a para mais de dois meses adiante, porque a vítima – sim, nesse caso o sujeito é vítima – estava usando o uniforme oficial do pobre brasileiro: chinelo de dedos, a popular “havaiana”.

S.Excia. disse que aquilo era um desrespeito ao tribunal.

Bom, só posso dizer que S.Excia. é um desrespeito aos seres humanos.

Outra Excelência

Renan Calheiros, Senador da República por Alagoas, Presidente do Senado, ora sob suspeitas diversas, além de adúltero confesso, no mínimo dos mínimos, vem declarando em alto e bom som “daqui ninguém me tira, eu não vou sair”...

O “daqui” é a sua presidência, que o coloca como o terceiro homem da República, em caso de impedimento do presidente.

Vale dizer que S.Excia. senatorial é o melhor criador de bois do mundo. É mais do que admirável a forma como suas vacas se reproduzem e a forma como seus bois são vendidos, sem falar nas quantias obtidas.

Um portento, um exemplo para todos nós.


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sexta-feira, junho 22, 2007

Boas Novas!


Bom, nem só de más notícias podemos viver, não é mesmo?

Da mesma forma, a vida precisa continuar e isso implica na manutenção de algumas coisas que já sabemos não serem boas. Pelo menos a curto e médio prazo. Refiro-me, é claro, ao aquecimento global. É ilusão acreditarmos em reversão, pelo menos a médio prazo, e é mais ilusório ainda esperarmos que os seres humanos individual e coletivamente, empresas e governos façam sacrifícios sem ter a ponta da espada na garganta. Porque a vida precisa continuar, como já disse, e isso implica em sete bilhões de pessoas querendo comida, abrigo, conforto e algum luxo supérfluo. E não há como não atender a essas demandas.

Um dos principais fatores que me levam a apoiar fortemente a introdução de organismos geneticamente modificados – os OGMs ou transgênicos - na agricultura, é justamente permitir a continuidade da produção de mais e melhores alimentos para cada vez mais e mais gente. Até porque a primeira demanda do ser humano com alguma sobra de dinheiro é justamente por proteínas nobres. E isso significa laticínios e carnes diversas, principalmente. Ninguém que melhora de vida o faz para continuar comendo bolinho de arroz e folhas de alguma coisa. Ou mandioca e outras raízes em mistura com algumas folhas. Não é assim, não é justo que seja assim. Seres urbanos criados com largas porções de proteínas desde o nascimento têm optado em bom número pela redução ou mesmo eliminação de carnes em seus cardápios. Alguns há que até laticínios e ovos eliminam. Mas isso é fácil para quem nunca passou fome ou falta dessas coisas. Lembro que tanto na enganação do Plano Cruzado em seu início, como depois, na introdução do Plano Real, esse sim, sólido, consistente e duradouro, o consumo de alguns itens explodiu no Brasil. A ponto de certos políticos oposicionistas da época, dizerem inumeráveis vezes que o plano era uma enganação e só tinha servido para aumentar o consumo de frango assado nas padarias das esquinas da vida. Pois é, a enganação persiste até hoje, então, e permitiu a um certo bando de pulhas e vigaristas serem conduzidos ao poder pelos neo-consumidores de frango de padaria.

Picuinhas à parte, os “brilhantes” políticos da época erraram no geral e acertaram no detalhe: o consumo de frango explodiu. Assim como o consumo de laticínios diversos. Ou seja, proteínas nobres de repente ficaram ao alcance das bolsas pobres e miseráveis, deixaram de ser privilégio das camadas já privilegiadas da população. Ou “privilegiadas”, afinal, estamos no Brasil. E para garantir essa expansão e sofisticação de consumo, só mesmo com o apoio dos OGMs para dar continuidade à produção sem estourar com tudo quanto é recurso ainda existente. Sim, porque a principal característica inerente a todo OGM é a redução no consumo de energia para a sua produção. E energia, bem o sabemos hoje, é algo que deve ter seu uso reduzido, idealmente.

Pois bem, voltando, finalmente, ao tema desse texto, vamos às boas novas. Elas têm um âmbito restrito em termos globais, pois referem-se ao estado de São Paulo, uma, e a outra, embora possa vir a ter impacto global, está ainda por começar.


Menos queimadas

O Diário Oficial do Estado de São Paulo de hoje publica resolução que reduz em 4% a área de cana autorizada para queima nessa safra. Isso significa que 130.000 hectares de cana não serão queimados e terão de ser colhidos mecanicamente (o corte manual de cana crua é inviável economicamente).

Mais importante que essa medida é a determinação do Estado de que as 56 novas usinas que estão requerendo licença de operação só a receberão se trabalharem integralmente com cana crua. Ou seja, independentemente da expansão das áreas plantadas com cana, as queimadas passarão a ter redução consistente ano a ano.

Para melhorar ainda mais, e isso já fora publicado e eu mesmo já postara a respeito, os prazos para o fim das queimadas encolheram: para 2014 nas áreas passíveis de mecanização, e para 2017 nas áreas com declividade superior a 12%, onde a colheita mecânica, pelo menos hoje, não é técnica e economicamente viável.


Plástico verde

Agora é para valer.

A Braskem desenvolveu uma resina a partir da cana-de-açúcar que será utilizada na produção de plástico.

Melhor que isso: a produção comercial terá início em 2009.

Essa resina será a matéria-prima para a produção de um polietileno de alta densidade linear, para uso em embalagens de produtos alimentícios e cosméticos, indústria automobilística e outros produtos e setores que hoje utilizam o polietileno fabricado a partir da nafta ou gás natural. Esse polietileno não se degrada na natureza durante centenas de anos, e sua produção implica no consumo de petróleo ou gás.

O plástico verde derivado da cana será biodegradável em pouco tempo e sua produção e uso implicará em baixo impacto ambiental.


A vida continua

O bom dessas notícias é que elas não implicam em sacrifícios e sim na manutenção de determinados padrões de consumo hoje existentes e ambicionados por muitas centenas de milhões de pessoas em todo o mundo.

Não só manter padrões de consumo, mas também atender à demanda das pessoas por empregos e renda. Esse é o grande desafio: controlar o aquecimento global e a degradação do planeta, com a manutenção e expansão de melhor qualidade de vida para pelo menos 4 bilhões de seres humanos, hoje destituídos de qualquer coisa próxima de “qualidade de vida”.



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sábado, junho 16, 2007

Um dia perfeito


Um dia perfeito, simplesmente.

O céu está cinza, ora mais, ora menos. De vez em quando cai uma garoa fina e gelada. Em outros momentos é uma brisa que surge e traz com ela um reforço na sensação de frio pela janela aberta. Há um sossego envolvendo tudo. Comer fica mais gostoso, o prazer aumenta ou simplesmente, para muitos, aparece. Comer bem puxa a vontade de uma bebida, um vinho, por exemplo. Depois da refeição não há como fugir de um café quente. E vem a vontade de relaxar, descansar, deixar o mundo e a vida seguirem seu ritmo preguiçoso de uma tarde de sábado de inverno, ainda num final de outono em que o frio chegou mais cedo, se fez presente como sempre deveria ser, desde o começo dos tempos.

Desde o começo dos tempos...

Quantas vezes lemos ou até escrevemos algo assim e tomamos como certo que tudo foi, é e continuará como nós conhecemos, como nós vivemos, apenas com os acréscimos do mercadinho na esquina, uma casa nova onde antes moravam os caxinguelês, um predinho acolá, onde um senhor de grande bigode branco caindo pelos lados da boca, como aqueles mexicanos do cinema, soltava meia dúzia de vacas com seus bezerros. Fora isso, e o asfalto que finalmente chegou na porta de casa, tudo era igual sempre, desde o começo dos tempos. Bom, algumas árvores foram derrubadas aqui e ali, mas outras, domesticadas, foram plantadas e cresceram.

É, pensando bem, tudo isso já não tem a mesma cara desde o começo dos tempos. Mas a gente nem percebe, vai vivendo o dia-a-dia e aceitando tudo como natural, como parte do progresso, como uma evolução permanente, como se pudéssemos medir a vida numa régua numerada começando em menos dez e indo até mais trinta ou até o infinito. Não entendemos, mas gostamos dessas grandes noções como infinito, como desde o começo dos tempos, como para sempre...

Essa é uma das coisas que nos faz diferentes, com toda certeza. Mas não impede que todos esses grandes conceitos que povoam nosso imaginário sejam ameaçados, banalmente ameaçados, porque queimamos mais coisas do que jamais poderíamos queimar. Queimamos energia demais apenas para nos mantermos gordos e cheios de energia não aproveitada.

E agora tento esquecer essas coisas incompreensíveis, como o começo dos tempos, o para sempre, a evolução não se sabe para onde e porque, e limito-me a ver, sentir e pensar que eu gosto das mudanças, gosto da passagem do verão para o outono e deste para o inverno. Logo gostarei e estarei esperando pela primavera, pelas chuvas, pelo verde, pelas flores, pela explosão de vida por toda parte.

Estou com medo de perder tudo isso, estou com medo de ver as mudanças cíclicas terminarem e darem lugar à monotonia cansativa e mortal do calor, à angústia da seca, à tristeza da falta de vida e vivacidade que as mudanças trazem e estimulam.

Nesse momento, eu sou um homem com medo.

E já tenho saudades desse dia perfeito que estou vivendo.


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Realidade: Pequenas Doses 16 06 07


Oriente Médio – Creio que inenarrável é um termo adequado para os eventos dessa região, em particular o atual. Já vimos de tudo por ali, onde nasceram as duas maiores religiões do mundo e onde uma outra, não tão grande, mas muito importante, também nasceu. As guerras, revoltas, dominações, crises, sucederam-se ao longo dos séculos, a bem dizer desde o começo dos tempos. A guerra da hora é a luta entre palestinos. Rivais dentro do mesmo povo se destroem uns aos outros, acabando com o pouco de estrutura, racionalidade e, por que não? – civilização que conseguiram construir em meio à pobreza.

Sem comentários.

Exército em ação – Contra o Velho Chico. Na calada dos escândalos, forças do Exercito Brasileiro entraram em ação na divisa Bahia/Pernambuco, e começaram as obras para a transposição de águas do Rio São Francisco, o combalido e ameaçado Velho Chico, para os sertões de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.

O “bravo” Ibama da ministra que resiste, não resistiu e entregou-se ao desejo maior do grande líder e guia espiritual dos povos brasileiros.

Todas as muitas, inúmeras vozes categorizadas que se ergueram contra essa barbaridade foram ignoradas.

E sequer se fala na revitalização do rio.

E segue a obra.

Agora virá a fase da descarga de uma dinheirama sem tamanho.

Ah, tá, agora entendi.

Ainda presidente – O Senador Renan Calheiros, amante da jornalista Mônica Veloso, portentoso e fabuloso criador de bois nos sertões das Alagoas, segue presidente do Senado.

A República segue igual ao que sempre foi.

Sem novidades.


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quinta-feira, junho 14, 2007

Realidade: Pequenas Doses 14 06 07

Super-vacas para um super-senador

O Brasil e os brasileiros têm muito a aprender com seus parlamentares. Até mesmo nossos pecuaristas.

Inegavelmente, a pecuária de corte brasileira – e a de leite também – está entre as melhores e mais eficientes do mundo. Todavia, tem muito ainda a evoluir, como comprova um simples olhar às prestações de conta do Senador Renan Calheiros, Presidente do Senado da República (estou usando maiúsculas para demonstrar meu temor e respeito por tão nobre casa e tão poderoso senhor).

As vacas do senador – e já aviso aos maledicentes e espíritos-de-porco que estou a referir-me única e exclusivamente aos bovídeos que o nobre parlamentar cria em fazendas espalhadas por Alagoas, estado que, como sabem todos, é abençoado pela natureza com águas fartas, chuvas idem, solos férteis, desmentindo, portanto, livros e escritos outros de gente como um tal Graciliano Ramos, que só enxergava securas e feiuras nas Alagoas, claro que por ainda não conhecer as fazendas senatoriais – são as mais eficientes e produtivas de todas que pastejam e estercam os solos e pastos dessa Terra de Vera Cruz. Vou mais longe: perde o tempo o senador com as lides senatoriais, nobres e necessárias ao bem-estar da República e de nós, comuns mortais. Com tão fantásticos predicados pecuarísticos, S.Excia. deveria ser, por mérito próprio absoluto, o Ministro da Agricultura. Se cada um de nós, míseros produtores rurais, seguisse ainda que parcialmente o exemplo do senador, o Brasil...

Ok, deixa pra lá, deixa quieto como seria o Brasil.


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A passagem do tempo e outras milongas

“Calma, Patrícia, temos tempo ainda, hoje é segunda-feira”, disse calmamente à minha cliente preocupada com o prazo pelo celular, em meio aos stands da Semana de Citricultura, em Cordeirópolis, cidade próxima a Limeira, no interior de São Paulo e mais perto do Sítio das Macaúbas do que da Capital.

“Não, Emerson, hoje é terça-feira e a apresentação será depois de amanhã já!”

Foi então que a ficha caiu e eu dei-me conta que, realmente, já era terça, mas eu pensava e agia em várias coisas como se ainda estivéssemos na segunda-feira. Triste e perigoso engano. Constrangedor não foi, sou meio cara-de-pau, e o motivo para o engano de datas era nobre: vinha trabalhando direto a uns dez dias, ignorando feriado, feriadão e final de semana, os últimos dias enfiado na ilha de edição. Há muito eu já não sabia o que era a doce rotina do dia-a-dia.

Esse é o problema da rotina quebrada e da súbita falta de referenciais, coisas que balizam nossas vidas muito mais do que imaginamos ser possível. O sábado e o domingo passados em casa ou no sítio, a rodada esportiva que começa no sábado e só termina na noite de segunda-feira, com os programas de debates a respeito, o ar de domingo que todo domingo tem – sim, domingo tem um ar de domingo todo próprio, todo especial, a ponto de levar-me a considerar o domingo como uma das grandes invenções da humanidade, pelo menos em sua vertente ocidental. Enfim, ficar sem essas pequenas e gostosas coisas confunde nossos sensores.

Isso explica, em parte, alguns votos de alguns eleitores qualificados em casas parlamentares as mais diversas. Desacostumados ao trabalho, às tarefas de raciocinar e votar, muitos deles perdem o rumo e votam corretamente, em total desacordo com suas próprias práticas. Chocante, não é mesmo? Isso é muito comum em Timbuctu, ou Tombuctu, e outros lugares igualmente aprazíveis, convenientemente distantes da gente. Ainda bem.

Ciente, então, e voltando à minha vaca fria, que já estávamos em plena terça-feira e o prazo para entregar o trabalho extra ao cliente já se aproximava de perigoso dead line, deixei de lado minhas andanças e conversas com velhos conhecidos na feira de citricultura e voltei pra São Paulo e pro trabalho de editar e reeditar. Felizmente, e com o auxílio luxuoso, da internet, tudo ficou pronto na terça mesmo, inclusive com o vídeo editado chegando ao cliente no mesmo dia.

E agora, em plena quinta-feira, véspera da sexta e antevéspera do sábado, descubro que vivo uma semana mais curta que o habitual. Meus sensores, definitivamente, não se acertam mais com essas demasias de trabalhar fechado dias e dias seguidos.


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quarta-feira, junho 13, 2007

Realidade: Pequenas Doses 13 06 07

Consuma com moderação.



Dose 1 – A brava Terra de Vera Cruz conseguiu: estamos fora da Estação Espacial Internacional, a ISS.

Eram 16 países participantes e ao Brasil caberia a produção de diversos equipamentos no valor total de míseros 120 milhões de dólares. A contrapartida primeira e mais importante seria a capacitação de centros de pesquisa e indústrias na área de alta tecnologia. Entre outros benefícios futuros ligados ao funcionamento da Estação, teríamos nosso primeiro astronauta subindo de graça em 2009.

Nada disso vai acontecer. Em dez anos não entregamos sequer um parafuso.

Mas fizemos propaganda com um ridículo vôo turístico, ao preço, somente ele, de 10 milhões de dólares – pelo menos esse foi o valor declarado.

A ISS agora tem somente 15 países-membros.

Dose 2 – Em estudo divulgado na revista Science, pesquisadores ligados à ong The Nature Conservancy, comunicaram que plantas transgênicas portadoras do gene BT, não são, necessariamente, prejudiciais à natureza.

Esse gene é responsável pela produção de uma toxina fatal a diversos insetos que atacam as plantas e existe na natureza no Bacillus turingiensis, daí seu nome. Lavouras com plantas BT tiveram detectados maior número e diversidade de insetos que lavouras convencionais tratadas com inseticidas.

Claro que ambas perdem para lavouras convencionais sem inseticida.

E, também, quase sem produção, é bom que se esclareça.


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segunda-feira, junho 11, 2007

Realidade: Pequenas Doses 11 06 07

Post vazio...


Esse post está vazio, mas não por falta de idéias ou assuntos.

É que nesse post eu falaria sobre o irmão mais velho do presidente.
Nesse post eu falaria sobre o compadre do presidente.
Nesse post eu falaria sobre os amigos do presidente.

Os novos amigos do presidente, bem entendido.
Pois os velhos amigos, gente como Silvinho Land Rover, Delúbio sem apelido porque não precisa, Zé Dirceu, Toninho Palocci, bom, esses todo mundo conhece e todo mundo já esqueceu.

Agora é tempo dos novos amigos.
Novo tempo, nova safra, os mesmos frutos podres.

Mas eu não vou falar sobre isso.
Porque eu não sou besta.
E vai que o presidente vira um chávez tupiniquim e aí, eu, ó... Top top top...

Esse post, oficialmente, está vazio.


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Realidade: Pequenas Doses 10 06 07


52 Graus Centígrados!

Só em dose minúscula




Ainda não é o global warming na acepção da palavra, mas já dá uma idéia do que nos espera mais adiante. Mais de 120 pessoas morreram ontem e anteontem na India e no Paquistão, por causa da temperatura que chegou aos 52 graus centígrados.
O motivo para essas temperaturas entre 48 e 52 graus teria sido a ação de ventos provenientes do Deserto de Thar.
Essas ondas de calor nessa época são comuns e com frequência as temperaturas passam dos 45 graus centígrados. O recorde foi 52,2 graus em 1992. A previsão para essa semana aponta temperaturas máximas na casa de 45 graus.

Nos dois países as pessoas procuraram cursos d'água, canais, lagos, enfim, qualquer lugar que proporcionasse um mínimo de conforto térmico. Curiosamente, o melhor conforto em situações como essas é a sombra de árvores altas, frondosas, de copas abertas, favorecendo a circulação do ar entre elas e a passagem do ar mais quente presente no nível do solo.

Árvores, plante essa idéia.


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sexta-feira, junho 08, 2007

Até breve, Lorelai e Rory

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E acabou a série Gilmore Girls. Uma pena, era uma das melhores coisas que tínhamos para assistir. Apesar de uma queda de qualidade nos roteiros da sétima e última temporada, mas da qual se salvou o episódio final, Gilmore Girls primava pela qualidade em todos os sentidos: roteiro, ambientação, interpretações, e mesmo depois de um ou outro episódio choroso, a gente ficava mais leve, ou menos pesado, menos ansioso depois de assisti-lo. Ao contrário do que acontece depois dos inevitáveis seriados em que o principal personagem é a violência.

Gilmore Girls era um alívio.
Já sinto saudades.
Felizmente, comenta-se que em dois anos Amy Shermann Paladino voltará com um longa para a tevê, atualizando e fechando as pontas que ficaram abertas. Como na vida real, muita coisa ficou por resolver e a vida seguiu em frente em Stars Hollow. E nós queremos ver como e para onde.

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segunda-feira, junho 04, 2007

Pescando para escrever




Escrever tem um quê de pescaria. Pelo menos se a gente se dispõe a escrever crônicas, muitas vezes temos que sair à procura de algo que nos motive a pegar a pena, tinta e papel, sentar e escrever. Isso fica mais fácil quando a necessidade para começar resume-se a apertar o botão do computador e esperar um pouco, clicando para acessar o editor de textos. O bom desses softwares - não queria usar palavras como essa, mas, como fazer para comunicar o que quero? - é que eles mesmos se ocupam com as maiúsculas e os acentos, pelo menos a maioria deles. Isso facilita a escrita, porque o português tem acentos demais! Um verdadeiro despautério, cuja única utilidade, penso egoisticamente, foi me ajudar a tirar boas notas em gramática.

Mas comecei a falar em pescaria e parei. Essa pescaria se dá nos arquivos mortos, teoricamente vivos, guardados aqui mesmo no computador. Às vezes é fascinante passear por velhos textos, a maioria apenas iniciados e largados, ora por preguiça, ora por falta de tempo, ora por falta de capacidade pura e simples para terminá-los de forma decente. Alguns, verdade seja dita, nada têm de fascinantes, muito pelo contrário. E me ponho a pensar no que me levou a escrevê-los. Nesses passeios por velhos arquivos eletrônicos sempre acabo encontrando algo interessante, geralmente para uso futuro e nunca para o momento presente e a necessidade premente - isso é uma rima pobre, não é?
Ainda há pouco, deparei com uma carta/crônica de sei lá quando em que falo de banheiros! Só pode ser brincadeira, mas não, tá lá, tintim por tintim. Acho que a única coisa prestável ali é quando falo que gosto dos banheiros do Serra Azul, aquele shopping suspenso sobra a Bandeirantes. Ali, enquanto a natureza segue seu curso, ao invés de ficar olhando para o infinito de uma parede, olho pelos janelões para a paisagem da região de Valinhos, colinas com árvores, pastos, lavouras e parreirais. Bom, enxergo também o Hopy Hari, mas, tudo bem, nem tudo pode ser perfeito. E olho a estrada, os carros indo em busca de seus destinos por esse interior afora...

Outra boa pescaria é pelos jornais recortados.

Ah! Os jornais recortados, os jornais guardados, fontes permanentes de cobranças e pequenas discussões. O pior é que me dói profundamente desfazer-me de tempos em tempos de pilhas e pilhas laboriosamente dobradas de páginas de jornais. Quanta informação, quanta coisa interessante, quanto saber acumulado aquelas páginas revelam, e tudo vai para o chão, servir de piso "mole" e absorvente para as noites da Mel e da Branca. Melhor destino teriam se servissem para embrulhar hoje as sardinhas do almoço de amanhã. Lembro dos versinhos dos banheiros escolares de há quarenta anos:

"Triste vida, triste sina,
Ser poeta de latrina."

É, não deixam de fazer sentido com esse texto e, sobretudo, com o pobre destino das páginas com tanto saber.
O que me leva aos trabalhos curraleiros no sítio. Há que tirar a bosta das vacas e levar tudo para a esterqueira. A bosta de hoje é o adubo de amanhã que, por sua vez, irá gerar as abobrinhas futuras e as abobrinhas presentes que vocês estão a suportar bravamente.

Mas não vou falar de alguma página catada a esmo, senão esse texto não termina e depois dessas abobrinhas é melhor terminar.

Fui.


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domingo, junho 03, 2007

Realidade: pequenas doses 01 06 07

A luz para todos

O governo federal destinou 9 bilhões de reais para um programa destinado a levar eletricidade – e a luz – aos últimos doze milhões de brasileiros sem esse benefício do século XIX. Um terço desse dinheiro já saiu dos cofres públicos. Muita gente que já consta como eletrificada continua no escuro. Em muitos, a energia chega até a porta, mas não entra. Em outras muitas, a fiação e os postes deram lugar a um coletor solar que pode ligar três lâmpadas fracas e, durante algumas horas, uma televisão. Geladeira e chuveiro nem pensar.

Mas a televisão chegou. É a luz para todos.

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