quinta-feira, setembro 01, 2016

Noite estrelada, Marte na cabeça



Noite estrelada, Marte na cabeça

Marte e Vênus continuam alinhados, mas já um pouco mais distante, mesmo assim, um pouco mais cedo, na boca da noite, estavam bonitos de ver e ficar pensando a respeito.

Sob as copas das árvores ao longo do carreador que leva à porteira a escuridão é quase praticamente total nos primeiros minutos. Lentamente, os olhos vão se habituando e alguns contornos vagos aparecem. A céu aberto, a luz das estrelas já permite caminhar com mais velocidade e maior segurança.

É estranho caminhar sem o auxilio de luz para tudo.

Os cachorros, preguiçosos, ficaram deitados em seus panos e acolchoados, olhando pra mim e pensando: aonde ele vai, o que vai fazer, por que não está lá dentro nos seus panos?

As vacas estão deitadas, ruminando, talvez filosofando, talvez pensando sobre Marte... 

A noite está silenciosa, até um pouco estranha. Os únicos ruídos são dos insetos.


Fecho a porteira, bato o cadeado unindo as duas pontas da grossa corrente. Nesses tempos bicudos, a porteira trancada dá uma ilusória sensação de segurança, mas o ilusório é melhor que nada.


Volto pra casa sem ligar a lanterna, andando no escuro, pensando sobre Marte.

Não pensei em política, não pensei em futebol, não pensei em dinheiro & contas a pagar.
Pensei em Marte, pensei sobre estrelas, pensei sobre cavernas e fogueiras e de novo sobre o céu estrelado.

Como será a vista da Terra desde Marte?

Preciso ir fechar a porteira mais vezes.