quinta-feira, julho 04, 2013

O inverno da radicalização útil


Hoje à noite estará bom para assistir ou ver de novo “Game of Thrones”.  Porque se por lá “the winter is coming”, aqui no Sítio das Macaúbas ele já chegou. A manhã de hoje foi mais uma a provar isso: fria, com uns onze graus na sombra e sensação térmica de seis ou sete, no máximo oito graus, devido ao vento constante, cortante, penetrante.
O céu está limpo, azul, bem transparente (ao contrário das contas de viagem da presidente da República) e o Sol não aquece, queima. Mesmo assim não deixa de ser gostoso senti-lo sobre o corpo.
Tempo bom para as vacas, que só começam a ficar desconfortáveis quando a temperatura cai alguns graus abaixo de zero, o que, felizmente, está muito longe de acontecer. Boa parte dos animais sofre mais com o calor do que com o frio, como as galinhas, por exemplo.
Inverno ou verão pouco importa, o trabalho é eterno, dentro do que nossa vã filosofia pode entender por eterno em termos práticos. Nunca ficou tudo feito, tudo pronto, sempre ficou alguma coisa, muitas coisas, na verdade, para amanhã. Ou depois, porque o amanhã, como hoje, não é suficiente para tudo fazer.
Dias atrás o Paul Krugman escreveu a respeito dos lucros gerados pela simples força das marcas. Taí uma coisa das mais perigosas. Gerar dinheiro em cima do nada nunca conduziu a nada saudável na história da humanidade, da mesma forma que concentrar toda a riqueza em poucas mãos. Aqui nessa Terra Brasilis temos muito dos dois e sem grandes perspectivas de mudanças concretas, sustentáveis, daquelas que vêm para ficar.
As manifestações diminuíram, arrefeceram, mas não pararam. Não demora muito e teremos outro pico, é só questão de tempo. Impressiona o quanto uma parte da população tenta diminuir a força e representatividade dessas manifestações, dizendo serem coisas de “elite” ou de “classe média”. Coisas de “direita”, vamos usar o adjetivo que já começam a empregar. Uso tolo, pois quem se opõe ao que o povo nas ruas exige está na contramão da história.
Essa radicalização, apesar da aparência negativa, é muito boa. Há momentos em que os lados precisam ficar mais definidos, mais claros, com menos zonas sombreadas.
Dois são os grandes inimigos do Brasil: a corrupção e a falta de educação, aqui entendidas a falta de educação formal, a falta de cultura, a falta de conhecimento. O pensamento é sempre muito raso e limitado às aparências mais gritantes, sem aprofundamento. Campo fértil para o maniqueísmo que imbeciliza e destrói.

É bom termos em mente que o radicalismo útil a que me referi nada tem a ver com maniqueísmo. São coisas distintas, que talvez aborde qualquer outra hora.