terça-feira, junho 24, 2008

Árvore da moda


Esse negócio de genealogia, de fazer ou pesquisar sua árvore genealógica anda encantando a gregos e troianos e também a chineses. Está na moda ou, como podemos dizer no ‘brasilianês’ corrente, tá meio que na moda.

Movido pela curiosidade, certo dia bati o olho num livro sobre brasões portugueses e, claro, procurei pelo brasão dos Gonçalves. E não é que existe um? Não tenho a mínima lembrança de como seja ou deixe de ser, mas vi o desenho no livro. Algum tempo depois, mas também há muito já, bati os olhos em outro livro assaz interessante, que listava todos os sobrenomes italianos. Aqui encaixa melhor um “todos”, pois minha folheada foi o suficiente para descobrir que meu Brassaroto ou Brassarotto materno não está listado. Será que é porque é calabrês e o livro terá sido escrito por gente do norte rico, elegante e metido a nobre? Não sei, e como não comprei o tal livro – por inútil e por ser caro – não tenho também a menor idéia sobre o porquê de tal desfeita conosco, os Brassarotos, ou Brassarottos.

Recolhido novamente à minha insignificância nominal, esqueci o assunto que nunca foi, de fato, um assunto. Até que, recentemente, comecei a receber insistentes e-mails, todos na categoria chata dos spams, propondo traçar minha árvore genealógica. Dada a quantidade de tempo perdido no envio de tantas mensagens, o negócio deve ser muito bom e faturar o bastante para manter ocupados o pessoal ocupado com essa tarefa. Ou tão ruim que isso nada mais é que mero desespero de quem precisa faturar um trocadinho qualquer,e por isso dispara contra tudo e contra todos. Já aviso que estou fora do mercado e não quero saber de minha árvore genealógica, mas sei que isso não resolverá e breve receberei novos e-mails.

Até dá vontade de conversar com o “pesquisador”, só para ver sua cara quando eu disser que minha bisavó materna era uma índia do sertão das Minas Geraes. E aí, ‘mano’, como ficará sua pesquisa?

Entretanto, se o mundo gira, a Lusitana roda e a vida piora, eis que o jornalão da segunda-feira traz interessante matéria sobre o sábio chinês Confúcio. Também conhecido por Kong Fuzi.

O Honorável Kong Fuzi voltou à moda – da qual nunca saiu de verdade – no Império do Meio ou Império do Centro, como se autodenominou a China desde antes de Cristo. Mesmo durante o período de dominação do Camarada Mao e seu Livro Vermelho, Kong Fuzi pareceu-me estar na origem de algumas máximas do líder da Grande Marcha e hoje reconhecido apreciador de meninas na flor da adolescência iniciada. Além disso, por mais revoluções culturais que fossem feitas, uma cultura tão antiga, tão arraigada nos corações e mentes dos chineses não seria extirpada assim, de uma hora para outra. Isso lembra um pouco, sem o banho de sangue, a mania brasileira de querer mudar o mundo, a vida e a realidade por meio de leis, decretos e, muito pior, decretos-lei. Una tontería, por supuesto.

Confúcio voltou a ser estudado nas escolas chinesas e como tudo na China é gigantesco, assim também é o número de estudantes que mergulham em sua obra nesse momento: mais de dez milhões.

A China assusta...

Mestre Kong Fuzi era um sábio que dava extremo valor às virtudes, em especial nos governantes, e à família.

Parênteses: vivesse ele nos dias de hoje em certo país grande e sacana ao sul do Equador e já teria pirado, para dizer o mínimo. Ou teria migrado para algum lugar como Harvard ou Sorbonne, onde falaria sobre esse país grande, sacana e sobretudo bobo.

Por falar em família, e como esse texto começou falando em árvore genealógica, estima-se em três milhões o número de descendentes de Kong Fuzi. Dizem, inclusive, que os modernos Kongs quando se identificam com esse sobrenome, são tratados com mais deferência que os mortais comuns. Se você, leitor, achou três milhões um número muito alto, fique sabendo que o último levantamento digno de crédito, feito em 1998, apontou para 1,3 milhão de tatatatata-qualquer-coisa-neto do Mestre.


É a maior árvore genealógica do mundo.

É gente pra burro, mas também, pudera, estamos já na 80ª geração pC – pós-Confúcio.

Pensando nessa tal deferência e na proximidade dos Jogos Olímpicos, tive um estalo – creio que o próximo, agora, só em 2009 – e associei Gonk com Kong.

Sim, por que não?

Kong e Gonk são próximos foneticamente, e todos sabemos como novos usuários modificam palavras estrangeiras para adaptá-las ao seu falar de todo dia. Um bom exemplo disso pode ser observado ouvindo-se as conversas que rolam entre a garotada. Todos falam um tipo de português que, para mim, precisa de tradução simultânea para entender plenamente.

Quem me diz que Gonk, derivado de Kong, não tenha virado Gonçalves em tempos remotos e medievais?

Isso transformar-me-ia num descendente do Velho Mestre.

Assim sendo, quem garante que o governo da República Popular não convidaria esse modesto pseudo-descendente e blogueiro para alguma solenidade confucionista em plena disputa dos Jogos Olímpicos?

Como vocês podem ver, uma prova a mais de como o mundo é movido por interesses.

Mas é só brincadeira: agora, falando a sério, sou pelo Tibet Livre.

Logo, eu e o governo da RPC não nos bicamos.


.

sexta-feira, junho 13, 2008

Estação das flores, agora

Em plena boca do inverno?

Exato! Por incrível que pareça, final de outono e todo o inverno, até o começo da primavera, é para mim uma verdadeira estação das flores. Talvez por causa da floração dos ipês-amarelos, roxos, brancos e rosas.


A caminho do sítio, a Via Anhanguera é uma festa roxa nesse momento. Ou já foi, pois a florada do ipê-roxo e de seus primos não é muito persistente.

Há duas semanas, em nossa última viagem, algumas árvores estavam cobertas pelas flores roxas, enquanto outras já mostravam parte dos galhos, que ficarão expostos até o começo das chuvas. Amanhã ainda é possível que vejamos os ipês-roxos retardatários.

Se acontecer, vou parar o carro e “perder” alguns minutos, olhando, andando, procurando um bom ângulo para uma foto.


Agora já dá para fotografar de novo, com o retorno da minha câmera das terras e águas de Malásia, Indonésia, Cingapura e África do Sul, por onde ela perambulou a tiracolo de minha filha e meu genro. Estou certo que minha brava H 7 ficará feliz em voltar a fotografar flores, vacas, gatos e pastos, depois de uma verdadeira overdose de ondas, ondas, ondas e surfistas.


Não são apenas os ipês que dão o ar da graça nessa época.

Tem o cipó-de-são-joão, cobrindo barrancos, cercas e até arvores.




No (tentativa de) jardim do sítio, as russelias, diademas e grevíleas já estão a postos, recebendo os beija-flores, assim como os camarões e algumas unhas-de-vaca nos arredores.



O que também gosto nessa época do ano é que os beija-flores são mais visíveis, talvez por não haver muita abundância de flores nas matas, o que faz com que eles visitem os jardins com mais freqüência, facilitando as fotos.




Nem vou falar das temperaturas de outono e inverno, devidamente aproveitadas com vinho, sopas e fondues. Ou melhor, até falarei, mas não agora. Enquanto não faço novas fotos “modelo 2008”, deixo algumas de 2007.



.

sábado, junho 07, 2008

Uma noite, 29 e 19 anos depois de outras

Quarta-feira, começo de junho, noite fria em São Paulo, mas não muito. Noite paulistana, daquelas que dão um prazer enorme por simplesmente poder sentir o frio gostoso e aconchegar mais a blusa ou a coberta. Essas noites são mais quietas, mais tranqüilas, a cidade que pulsa sem parar cada vez mais e mais depressa... relaxa.

Saímos do cinema no shopping na beira da Raposo Tavares e primeiro meu ouvido, depois meu olhar, foram atraídos pelo espoucar dos fogos e o brilho dos rojões estourando no céu e iluminando a noite sobre o Estádio do Morumbi, a uns três, talvez quatro quilômetros em linha reta. Naquele momento o time do Corinthians entrava em campo e a torcida fazia sua festa. Apesar da paixão pelo futebol, naquele momento meus pensamentos andavam distantes dali, muito distantes e divididos entre os ídolos que vi na tela e o mestre, guru, mentor, sei lá como definir, cujo último, derradeiro livro acabara de comprar.



Indiana Jones IV


Vou falar dos ídolos, primeiro. Spielberg, Lucas, Harrison Ford e, claro, mais importante que eles, Indiana Jones. Reparem não, dou-me o direito dessa liberdade, separando criatura de criadores e dando a ela importância maior do que a quem deu-lhe a vida.

Em outra noite, já perdida na memória, saía de um cinema fascinado por mais uma aventura de Indy, dessa vez ao lado de seu pai, e perguntava-me, perguntávamos todos uns aos outros e a nós mesmos, quando veríamos o Indiana Jones IV. Dependesse de nós, apenas, isso já ocorreria no dia seguinte, ou na semana, no mês, o mais tardar no ano seguinte.

Porém, não foi assim. Passaram-se nada menos que 19 anos, o tempo de uma vida, o tempo de uma geração, para que sonhássemos novamente, com mais uma aventura do professor de arqueologia que conquistou nossos corações e mentes.

Falar o que desse novo Indiana Jones?

O mínimo e o máximo que posso dizer é que é mais um Indiana, e isso, para quem conhece e gosta, já diz tudo.

Nesse episódio, cujo final deixa sutis sinais de um quinto – quem sabe? – episódio, Lucas, Spielberg e Ford não deixam passar em branco o que vive hoje a mais rica e poderosa nação do planeta. O Indy de quem o FBI de Hoover suspeita e do qual ele reclama acidamente, é a personificação da Lei Patriótica de Bush. Sua frase “estão enxergando comunistas por toda parte”, nada mais é que a transcrição da realidade presente, onde as forças de segurança enxergam terroristas onde outrora McCarthy e seus seguidores enxergavam comunistas. Eu gostei, afinal, cresci num tempo em que dissecávamos um pueril verso perdido numa música, procurando nele significados ocultos de crítica ao sistema, ao regime militar. Sou da geração dos caçadores de sinais perdidos que desafiavam a censura dos generais.

O filme tem vários outros sinais, ou referências, facilmente percebidas para quem assistiu os anteriores.

Dezenove anos depois... O tempo passou, mas para minha mente sonhadora parece que foi ontem que deixei o cinema feliz depois de ver o Indy III.



“Carne Viva”


Terminado o filme, não poderia ir embora sem passar pela livraria. Ando em falta com esses locais maravilhosos, tão importantes na minha vida. Carregado de culpas, venho comprando meus livros pela internet, todos eles. É barato, sobretudo, e prático, mas tremendamente sem graça, sem charme, quase sem prazer. Nessa noite de quarta mudei meu script e comprei um livro na livraria sem ser a do aeroporto. Uma compra que não poderia, jamais, deixar de fazer: o último livro de Paulo Francis, para mim, ídolo maior que os cinematográficos e, mais que ídolo, guru, qualquer coisa assim, como já disse.

Comecei a ler Paulo Francis no Pasquim, uma coisa ou outra. Também li no Opinião, antes de começar a lê-lo na Folha, que só comprava nos dois dias da semana em que ele escrevia. Isso foi no começo dos anos setenta e eu nada, ou quase nada, sabia do mundo d’além Brasil. Ou d’além São Paulo e Minas Gerais, que era tudo que conhecia. No final daquela década, mais vivido, mais lido, mais sabido, na minha opinião, e já um quadro partidário, ainda militando numa clandestinidade mais light, por força da distensão lenta, gradual e segura de Geisel, li seu primeiro romance, “Cabeça de Papel”.

Marcou-me.

Antes que os 70 terminassem, veio o segundo, “Cabeça de Negro”, outra cacetada. Na noite de seu lançamento em São Paulo, vi Paulo Francis ao vivo pela única vez na vida. Trocamos meia dúzia de palavras protocolares, enquanto ele punha singela dedicatória e assinava meu exemplar, que conservo com carinho e ciúmes extremos até hoje.

Os dois “Cabeças” fizeram minha cabeça, abriram-na até sem grande dificuldade, pois ela já estava preparada, já percebia ou intuía que muitas de minhas fracas crenças eram mortas e sepultadas, como Inês.

O papel, a ação e a importância das esquerdas, que eu já revia a duras penas, sozinho, ressabiado, inseguro, ganharam novos contornos e certezas com essas leituras.

Descobri que a visão que eu tinha do Brasil, meio bagunçada e com vergonha de expor e comentar, não era coisa unicamente minha. Paradoxalmente, até melhorei minha visão e consolidei minha visão da Revolução de Outubro. Paulo Hesse e Hugo Mann, os protagonistas, fizeram mesmo minha cabeça.

Desde aquela noite ainda mais distante, vivida num outro país, num outro mundo, numa era em tudo diferente dessa e em tudo semelhante, sem tirar nem pôr, esperamos pelo terceiro e prometido “Cabeça”, talvez nunca escrito, talvez rascunhado, o livro que dar-nos-ia a chave para fechar nossa compreensão sobre o Brasil.

“Carne Viva” não é o fechamento da trilogia, é somente o último romance de Francis.

Pena que não seja o final da trilogia, mas não importa, Paulo Francis está nele e isso basta. Comecei a leitura, ainda não acabei. Vários compromissos tiram o tempo que deveria ser da leitura. Ele terminou de escrever “Carne Viva” talvez um ano ou pouco mais antes de morrer, em 1997, mas já deu para perceber que o olhar de Francis continua arguto e, vá lá, usarei a palavra que queria evitar, premonitório, tal como em “Cabeça de Negro”, principalmente.

A noite dessa quarta-feira ficará em minhas lembranças. Não pelo futebol de Corinthians aqui e Fluminense no Rio, mas por esses reencontros tão ansiados, tão sonhados e enfim realizados.

Assistam o filme e, principalmente, leiam Paulo Francis. Ele, melhor que qualquer outro, ajuda muito a entender o Brasil.


.

quarta-feira, junho 04, 2008

Machismo no Sítio das Macaúbas

Pois é, vejam só, contrariando o momento histórico presente em que o machismo apresenta nítido viés de baixa (obrigado, companheiros economistas do BC e arredores), por sinal corroborado por amigo meu, escritor de muito saber e observador arguto da vida nas grandes cidades, no Sítio das Macaúbas o maledeto desvio apresenta franco e preocupante viés de alta.

Que digo? Viés?

Nada disso, já deixou de ser tendência para assumir claríssima predominância. Digo, entristecido, que a situação fugiu ao controle que, diga-se, nunca tive, e hoje é uma das minhas fontes de aborrecimento e, por extensão, de prejuízo. Justamente agora...

Nos últimos sessenta dias recebi – contei direitinho – nada menos que sete ligações de interessados em comprar minhas bezerras e novilhas e até mesmo as minhas vaquinhas adultas remanescentes. Como sete é conta de mentiroso, o número real de ligações foi de nove ou dez, mas o número de interessados é de sete mesmo. Não declino seus nomes aqui por tratar-se de assunto que envolve o sigilo comprador-vendedor de gado, mesmo que, na atual conjuntura, eu não mais seja vendedor de gado. Mas garanto o sigilo, sabem como é, noblesse oblige.

Tantos telefonemas têm sua razão de ser: estão todos entusiasmados com o leite. Minha mulher, cética, olha tudo e diz que já viu esse filme antes. Eu, igualmente entusiasmado, retruco dizendo que também já vi esse filme de incontáveis reprises, mas saco do bolso do colete que não tenho os nomes mágicos: China e Índia. Falo da preocupação da ONU com a alta dos preços dos alimentos, manejo com certa maestria, modéstia às favas, os números de habitantes e crescimento dos PIBs dos distantes e populosos países asiáticos, com a emergência do que se pode chamar, neles, de classe média, contadas de dezenas em dezenas de milhões de pessoas, e mais o crescimento das áreas agrícolas voltadas à produção de biocombustíveis, com a conseqüente diminuição das ditas áreas destinadas à produção de alimentos, inclusive leite e laticínios, como os danoninhos da vida, concluindo, meio professoral, meio bobo alegre, que a melhoria dos preços, dessa vez, é sustentável.

Abro um parêntesis: quer impressionar e ver uma fala ou um texto passar batido pela platéia ou leitores, deixando em todos a sensação de que você entende do que fala e tem informações que mortais comuns ignoram? Quer mesmo? É fácil: use “sustentável” ou, de preferência, “sustentabilidade”. É tiro e queda, garanto. Não importa que você não faça a mínima idéia se isso ou aquilo tem ou é passível de ter auto-sustentação. Pode usar uma dessas palavras, é tiro e queda. Lembra da fase em que “cidadania” e “republicano” eram as palavras de ordem? Pois então, é meio por aí.

Como dizia, dessa vez eu acredito que a melhora nos preços dos alimentos é mais firme, é mais estrutural que conjuntural, logo, é sustentável, sim. A menos, é claro, que uma catástrofe planetária abata-se sobre nós, mas aí, vamos e venhamos, não há sustentabilidade que resista. Só sei que o leite está em alta firme, todo mundo anda querendo produzir mais leite, aumentar sua produção, voltar a produzir, entrar no mercado como produtor de leite é uma febrezinha, coisa aí de uns trinta e oito graus, longe ainda dos quarenta, mas uma febre.

Na manhã de segunda-feira, estava na Casa da Lavoura entregando minha nota de compra de vacina contra aftosa com o respectivo relatório com o número de cabeças e coisa e tal, e, como de hábito e manda a boa educação, trocava dois dedos de prosa com uma pessoa importante para todos nós, criadores pequenos: um negociante de gado. Há quem fale mal deles, mas eu falo bem. São eles que dão liquidez ao mercado e, pagando pouco ou mais ou menos, nas horas de aperto podemos recorrer a eles para desatar os nós que nos apertam. Pois bem, lá estávamos de bate-papo sobre as minhas novilhas e bezerrinhas (sim, ele foi um dos sete), quando chega um cara com todo o jeito de produtor de leite (o relatório de vacinação nas mãos foi mero detalhe) e, depois de cumprimento rápido, solta um “Me arranja umas vacas, tô precisando de leite!” e entra no escritório dando risada. Ora, falar tal coisa para um negociante é o mesmo que pedir para cobrar o que quiser cobrar, estou disposto a pagar. E o produtor que soltou tal pérola, totalmente contrária às mais elementares normas de conduta no mundo dos negócios e do leite em particular, não era novato entusiasmado e bobo como eu, não mesmo, era produtor vivido, já adentrado em anos, e leite-dependente ou, para ser chique, galactodependente (pois aprendi com o amigo escritor citado na abertura que galacto e leite são a mesma coisa, e nada como ser chique e instrutivo num texto como esse).

Portanto, aí está, vacas, novilhas e bezerras estão na crista da onda em Santa Rita do Passa Quatro e por toda parte, o que me deixa feliz, mas também meio entristecido, dado o pequeno detalhe que tenho poucas de cada e nem posso pensar em vendê-las, sob pena de ficar a zero.

Ah, é verdade, o machismo. Você, leitor, do sexo masculino, já nem lembrava mais do início dessas garatujas eletrônicas, mas, esteja certo, as companheiras leitoras (sorry... vício de linguagem) com certeza lembram e já estão a cobrar desse escrevinhador uma explicação para esse machismo que assola o Sítio das Macaúbas.

O diabo é que o trem descontrolou e, ao menos por ora, não sei como fazer para recolocar as coisas nos trilhos. Na natureza, o comum, normal e desejável é que a cada dois nascimentos um seja de macho e um seja de fêmea. Ou, numa base maior, cinco para cada lado a cada dez nascimentos, podendo chegar a 51x49 a cada cem, ora pendendo para o lado da setinha, ora para o lado da cruzinha. Todavia, no Macaúbas, os últimos 4 nascimentos foram de machos. Quatro em quatro, justamente nesse momento. É como eu ouvia na infância: pobre é tão azarado que quando chover sopa, todo mundo estará de colher e ele de garfo.

Estou de garfo nessa chuva de sopa de leite.


Para adoçar a opinião das leitoras sobre esse escriba, segue a foto de mãe e filho. O danado é machinho, mas é bonitinho e muito esperto.


.