segunda-feira, janeiro 31, 2005

Acasos & Histórias

Acasos & Histórias a esmo

Hoje é dia de escrever. Não sei porque, mas sei que hoje é dia de escrever.

Já escrevi um besteirol sobre Teseu e Ariadne, aquela moça de Creta, ilha mediterrânea, que deu a Teseu um longo fio enrolado num carretel. Soltando esse fio, conforme entrava no labirinto onde morava o Minotauro, Teseu marcou seu caminho, não se perdeu e pôde regressar à vida, à luz, à liberdade. Aos braços e amor de Ariadne. Tudo isso, claro, depois de liquidar o pobre monstro que vivia encarcerado no labirinto, com certeza aprisionado por precursores da Farra do Boi de Santa Catarina. Como a farra cretense não deu certo, sabe-se lá porquê, aprisionaram o touro mitológico e passaram a alimentá-lo com infelizes prisioneiros. E tudo que o pobre queria, provavelmente, era uma campina verdejante, com capins e outras folhagens apetitosas, água fresca e corrente, a brisa suave do Mediterrâneo e vacas no cio. E tudo que recebia era gente aterrorizada. Até chegar Teseu. Acho que ele gostou do fim da história e deve pastar feliz até hoje em pastos verdes no Olimpo.

Teseu ? Saiu do labirinto, tomou Ariadne e se foi com ela. Parece que foram felizes por algum tempo. Um dia, enquanto a moça dormia, abandonou-a em Naxos, hoje selo de maravilhosas gravações clássicas , mas na época apenas uma ilhota perdida no Mar Egeu.
Tempos depois, pasmem, casou-se com Phedra, irmã de Ariadne. Quanto a esta, dizem as boas e más línguas, foi tomada por Dionísio, o deus dos vinhos, das festas, das orgias ... Deve ser feliz desde então até hoje, apesar de dizerem, alguns especialistas, que orgia e festa demais cansam. Não sei, gostaria muito de saber, mas minha vidinha pequeno-burguesa não me contempla com essas coisas. No máximo, um tinto australiano de vez em quando, com um belo prato de sopa de grão-de-bico e pão italiano. Acho que isso não é bem uma orgia, mas é o mais perto que consigo chegar de uma. Devo ter falhado em algum momento.

Do novo casal, Teseu e Phedra nada sei (talvez alguma leitora amiga - e também leitora de Caras - possa contribuir com mais e melhores informações...), mas se valer a tragédia humana, ela engordou, ficou chata e avessa a sexo. E ele passou a beber cada vez mais da doce bebida criada por Dionísio, a quem os romanos chamavam Bacco. E aqui está a origem de bacanal (mas não das Bachianas, favor não confundir),


mas se eu falar disso agora o texto vai voltar ao que já foi dito ainda há pouco, tornando-se inda mais repetitivo.

Como dizia, hoje é dia de escrever. Sobre o que não importa, basta o prazer de escrever, sentir os dedos correrem pelo teclado, errarem, voltarem, acertarem e seguirem em frente. Parece que o pensamento flui, nasce, se desenvolve, movido pelo movimento célere dos dedos. Ligação insuspeita essa, dedos estimulando o cérebro. Mas a vida é repleta de coisas assim. Essas ligações do acaso, essas ligações desconhecidas. O acaso que me fez nascer em São Paulo, e não em Moscou. Poderia ser um oficial a bordo do Kursk, todavia, sou um produtor de vídeos paulistano sonhando com pastos verdejantes, cavalos, brisas nas chapadas matogrossenses... o acaso e seus frutos.

Quando uma das pontes de Sete Quedas rompeu e caiu, jogando dezenas de pessoas nas águas revoltas do Paranazão aprisionado na estreita garganta, levei um susto. Quis o acaso que eu estivesse lá, sobre a mesma ponte semi-apodrecida que assustou minha sogra, uma semana antes. E, por acaso, acho que para estudar pra uma prova, uma ex-colega de escola não foi para lá com toda sua família. Ficou sozinha no mundo. O acaso e suas conseqüências.

E hoje, como estará aquela menina frágil dos tempos de escola? Ter-se-á tornado mais frágil? Terá a tragédia sido seu divisor de águas, da fragilidade para a fortaleza? Às vezes gostaria de saber, às vezes não gostaria de saber sobre nada, deixar tudo congelado no passado.



São Paulo, 24/8/00 – revisado em janeiro de 2005, em Carapicuíba

Sol sobre Sampa e sobre São Paulo

Voltou.

Depois de um período de férias relativamente longo para a época, o Sol voltou para a cidade de São Paulo. E também sobre todo o estado de São Paulo. Tudo indica, felizmente, que esse retorno não é definitivo e novas férias serão tiradas, não necessariamente tão longas.



Essa "aliança" parece selar a promessa.

Coincidentemente, por um bom tempo está afastado todo e qualquer risco de racionamento de água e/ou energia elétrica, o que, sem dúvida, é muito bom.

Apesar de tudo, a democracia

A democracia será tudo isso que se apregoa mesmo? Às vezes tenho dúvidas, mas passageiras. Acabo sempre ficando com W. Churchill: "A democracia é o pior sistema político que existe. Mas ainda não inventaram outro melhor."

E ela, "dona" democracia, chega ao Iraque. Na forma de sua primeira eleição realmente livre. Foi sob a égide e o manto protetor dos fuzis americanos e ingleses? Sim, foi. Foi ameaçada por assassinos órfãos de Saddam? Sim, foi. E nada menos que 44 pessoas morreram vítimas desses assassinos? Sim, também é verdade. Daqui do meu protegido canto, todavia, me atrevo a dizer que valeu a pena. Acho que essa iraquiana pensa a mesma coisa:




É isso.

sábado, janeiro 29, 2005

Mudam-se os tempos...

"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança.
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro e doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,

Que não se muda já como soía."


Tem uns 500 anos, mas, tirando o "soía", parece que foi escrito na semana passada, né?

Camões, claro. Eterno.

Um pouco do Sítio das Macaúbas

Essa bela égua é a Xênia. Não gosto desse nome, aliás, ninguém gosta, mas não há, ainda, um consenso a respeito de um novo nome. Por mim, seria Garota ou Boneca. Dizem que sou péssimo em nomes, às vezes concordo.



A verdade é que não consegui uma foto decente dela, bem iluminada. Então, vale a silhueta com a macaubeira-símbolo ao fundo.

Esse também foi um teste para colocação de fotos. Consegui colocar, mas deu muito trabalho. Nesse ponto, esse sistema de blog é burro pra burro.

Um dia de chuva é...

São Paulo continua deliciosa.

A temperatura está abaixo dos 20 graus Centígrados. Excelente, coisa mais civilizada que essa só com uma nevezinha branqueando tudo. Não que eu seja colonizado, não sou, é porquê eu gosto mesmo de um bom frio.

E está garoando, a boa e velha e gostosa garoa paulistana.

Muita gente, a maioria, diz não gostar desse clima. Muita gente odeia chuvas. Nem vou falar que chuva é vida, o que é mesmo. Limitar-me-ei (é muito pedante usar mesóclise?) a transcrever Fernando Pessoa:

Um dia de chuva é tão bonito como um dia de sol.
Cada um como é.

Simples, conciso, verdadeiro. E poético

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Boas estréias... esse blog, o AeroLula...

Estou satisfeito. Finalmente.

Esse não é, ainda, o blog dos meus sonhos, mas já tem uma certa cara. O mais importante dele, e também sua parte menos utilizada, infelizmente, é a possibilidade de ser comentado. No fundo, acredito que 100,83% dos autores gostam de ser comentados. De preferência bem, é claro. Mas isso só tem valor se tiver razão de ser. Boa parte das pessoas que escrevem tem noção mais ou menos clara se escreveu algo péssimo, ruim, nem sim nem não, razoável, bom, muito bom. Eu mesmo já me flagrei escrevendo alguma coisa muito boa. Se vocês tiverem sorte, e paciência pra acompanhar esse blog, quem sabe?

Finalmente o presidente estreou seu novo brinquedo em alto estilo. Foi de AeroLula pra Davos. Como sua estréia internacional coincide com a estréia desse novo blog, que sejam todos muito felizes: o presidente, o AeroLula e o blog "Um Olhar Crônico", é claro. Se o passado valer pra alguma coisa, e geralmente vale, vocês vão ter o desprazer de ler inúmeras citações ao presidente. Desprazer porquê serão, ao que tudo indica, críticas. Infelizmente, já adianto, infelizmente. Pra mim, pra vocês todos, pra Terra de Vera Cruz, também conhecida por Pindorama. Mas pode chamar de Brasil ou Brazil, atende igualmente.

Se eu fosse um blogueiro legal, já teria colocado aqui uma foto do AeroLula. Mas eu não sou um blogueiro legal, ok? Aliás, ainda vou ver como colocar foto nesse trem. Fui.



Uma introdução a "Um Olhar Crônico"

Muito bem, aqui estou eu com um novo blog. Um dia ainda aprendo a fazer um blog bonito, visualmente atraente, com janelas para acessos diversos e essas coisas todas que fazem a alegria dos blogueiros e às quais nenhum leitor dá bola. Ou, quem sabe, meia dúzia de 2 ou 3 numa madrugada insone.

"Olhar Crônico" é o título de um livro do César Tralli. Espero que ele não tenha um blog. Se tiver, espero que não tenha esse título. Há tempos venho sonhando com esse título, muito antes de conhecer, comprar e ler o livro do César. Evitei usá-lo. Hoje, parei de evitar. Usei. Agora é ver que bicho dá, se é que vai dar algum bicho.

Os dias de hoje são ricos em assuntos para crônicas & comentários. Riquíssimos. O problema é que, geralmente, os dias de hoje me deixam raivoso. Raivoso, não escrevo leve e gostoso como sei que, às vezes, sou capaz. O diabo é que sou um cara honesto. Escrevo do jeito que me sinto. Se estou com raiva, sai da frente. É raiva pura que vai sair dos dedos para as teclas. Se possível com ironia. Se possível, com bastante ironia. Ironia demais cansa. Paciência. O que cansa é texto mal escrito, irônico ou não. Esse tipo de coisa, infelizmente, vai ter aqui também. Mas, fazer o que? Faz parte. Essa é uma colocação filosófica profunda à qual recorro com razoável frequência: faz parte. Embora popular, de autoria desconhecida ou autoria de todos (logo, de nenhum), foi divulgada e caiu de fato na boca de todo mundo através de um grande filósofo tupiniquim, que em muitas e seguidas noites globais dela usou para explicar tudo, do explicável ao inexplicável passando por todas as nuances de tudo isso.

Bem, a introdução foi feita. Agora, dedos à obra.