quinta-feira, dezembro 24, 2015

Meu cartão de Natal e Ano Novo

Meu cartão de Natal de 2015

Feliz Natal!
Feliz e esperançoso 2016!


Esse é o meu "cartão de Natal".
Não tem Papai Noel, não tem a "árvore", não tem renas.
Tem a capa de Veja e nela a foto de Sergio Moro.


Um homem comum, como somos a maioria.
Não é o Superman ou Batman ou qualquer coisa parecida.
É, acima de tudo, um profissional competente.
Infelizmente, pelo que é o Brasil, sou obrigado a completar com mais um adjetivo: é honesto.
Infelizmente porque, numa nação séria como seremos um dia, honestidade será algo meramente incorporado, tal como o ato de respirar. Hoje, porém, para diferenciar e explicar, precisamos dizer de muita gente: É honesto.


Quando coloco nesse "cartão de Natal" a foto (até meio feia) de Moro, a imagem que tenho é de meu neto Felipe e minha neta Isadora.


Porque esse brasileiro da foto, o Sergio Moro, pode ter salvado, e salvou, 2015, mas o mais importante é que o seu trabalho e do grupo de profissionais da Justiça e da Polícia Federal junto dele, estão salvando o futuro desse país.



Somente o trabalho deles, porém, não é e não será o bastante para termos um futuro digno desse nome e para termos um país no qual as pessoas tenham vontade de viver e não, como hoje, vontade de abandonar.


Pense com muito cuidado quando for eleger o vereador e o prefeito de sua cidade. Não se omita. Pense. Vote.


Vote localmente pensando nacionalmente.


Escolha um partido. Escolha candidatos.
Não dê ouvidos à propaganda fascista – por parte dos inteligentes e bem informados – e burra – por parte de quem apenas repete mantras idiotas – de que nenhum político "presta", nenhum partido "presta".


Isso é mentira!


Para não deixar mais irritados muitos que isso dizem e não são fascistas ou burros, mas são, sim, inocentes úteis a serviço do status quo, concordo que há muitos políticos vagabundos e ladrões em todos os partidos, mas "estranhamente" agrupados como um enorme cardume de rêmoras ao redor de alguns partidos-tubarões (rêmoras não formam cardumes, mas os rêmoras da política brasileira formam). Na natureza as rêmoras são comensalistas, na política brasileira não passam de vis parasitas.


Podem também esses políticos, ser chamados de carrapatos, esse ácaro vagabundo que atormenta as vacas, sugando seu sangue, vivendo de seu sangue, sem para elas em nada contribuir.
Ingerem o sangue, engordam, ficam enormes, cheios (cheias) de ovos, deixam-se cair no chão e botam seus milhares de ovos que gerarão novos milhares de parasitas à custa de quem trabalha.


Portanto, por favor, não para mim, mas para seus descendentes, pense.
Vote conscientemente em 2016. E em 2018. E sempre.


Respeito, embora discorde ideologicamente, quem acredita na esquerda, como eu mesmo o fiz durante parte de minha vida.
Para quem assim ainda pensa, vale tudo que escrevi acima.
Nem todos os membros desse partido que se assenhoreou do poder junto ao que de pior existe no "empresariado" nacional, são da mesma estirpe vil e criminosa que vemos nas lideranças e direções. Se você acredita, limpe essa escumalha. Depois, mais adiante, num Brasil melhor, voltaremos a nos encontrar nas urnas, democraticamente.



Democracia não é somente voto.
O voto é antes uma ferramenta da democracia do que sua razão de ser.
Portanto, tampouco existe democracia sem voto.


E tudo isso pressupõe a necessidade de partidos políticos.
Não faça com a política e os partidos o mesmo que você faz com as reuniões de seu condomínio.
Compareça.
Participe.
Influa.
Eventualmente, por que não, seja o síndico. Entre para o Conselho. Atue.


Aja localmente pensando nacionalmente.

Aja em pequena escala atuando globalmente.

Quanto mais longe você estiver dos partidos e da política, mais "os caras" – quaisquer que sejam as bandeiras partidárias – estarão à vontade.
Claro, você não estará lá para contrariá-los, para apresentar uma alternativa.
Você e muitos milhões.
Mesmo que você não entre num partido (hoje eu mesmo estou afastado de um partido, situação que talvez mude nesse 2016), atue. Leia. Ouça. Veja. Converse. Debata. Exponha o que pensa.
Converse por e-mail com o seu deputado e com outros deputados.
Pressione!
Acredite, mesmo que o deputado pessoalmente não leia, um assessor lê e transmite para ele. Isso também é participar. E não escreva só para o seu deputado ou do seu partido. Escreva para qualquer um que você, num certo momento, julgar necessário.
É seu direito e, diria eu, é seu dever como cidadão.

Então, é isso.

Feliz Natal.
Feliz 2016.
Vamos trabalhar para que 2016 seja o primeiro ano de um novo Brasil.

Mais de acordo com nossos sonhos ou a caminho de nossos sonhos.


segunda-feira, novembro 30, 2015

313,0 mm – Novembro foi uma água só


Às 22h10 fui até o pluviômetro. Marcava mais 32,0 mm depois dos 35,0 da manhã e madrugada.
Faltando ainda, naquele momento, pouco menos de 2 horas para acabar o dia, tínhamos um total de 67,0 mm de chuva. No acumulado dos 30 dias o número do título: 313,0 mm.
Continua chovendo, mas essa chuva de agora vai entrar para a conta de dezembro. Bom, a menos que a Brahma continue berrando atrás do bezerro que nasceu no final da tarde. O infeliz parece ter um gosto especial em passar por baixo do fio que divide o piquete e se afastar da mãe, que berra. Aí, lá vai o marmitão embaixo de chuva tocar o bichinho pra perto da mãe novamente. Haja paciência... Tudo porque ela adiantou o parto 5 dias, pegando-nos de surpresa, e não pôde ser levada para o que chamamos piquete-maternidade.
Por que não?
Porque desde sua cria anterior, a Betina, ainda em janeiro desse ano, a Brahma mudou o comportamento e passou a ficar agressiva quando tentamos nos aproximar do bezerro ou bezerra para cuidar do umbigo e ajuda-lo na primeira mamada. Com isso, e para não estressá-la com corda e força e o escarcéu correspondente, optamos por deixa-la no pasto. Péssima decisão, com toda essa chuva que não imaginávamos.
Essa mudança comportamental dela foi uma coisa muito estranha, para a qual não encontramos explicação, pois as vacas Jersey e Holandesas, como é o caso dela, há mais de século ou século e meio não oferecem resistência alguma ao manejo, mesmo recém-paridas. Por conta dessas idas & vindas ao pasto já tomei dois banhos extras. Pensei que fosse tomar mais um agora, mas não foi preciso. Meno male.

Sim, eu sei, eu reclamei terrivelmente da seca.
Só há uma coisa pior que a seca para um produtor rural: o excesso de chuvas.
É, não somos nós que somos complicados, é a nossa atividade.
Sem chuva, sem comida.
Com chuva, muita comida.
Com chuva em excesso, comida de menos ou nenhuma.
Também precisamos de luz e calor, o que fica por conta do Sol. A luz para a fotossíntese, o milagroso mecanismo que permite a existência de vida nesse planetinha azul. Calor para que nossas plantas, todas subtropicais ou tropicais, se desenvolvam.

O que são 67 mm (a caminho dos 70 somente hoje) de chuva?
Dias atrás, durante 30 minutos choveu um total de 58 mm em São Carlos.
Ruas e avenidas foram inundadas, a ponto de carros se transformarem em desajeitos jet skis sem direção.
A marcação de 1 mm – um milímetro – de  chuva, significa a queda de 1 litro de água em uma área de um metro quadrado – 1 m² (um quadrado com 1 metro de lado).
Em um hectare, unidade padrão para áreas agrícolas, que tem 10.000 m² de área, uma chuva de 1 mm significa que 10.000 litros de água caíram sobre aquela área. Aqui no sítio hoje, até as 22h10, tínhamos um total de 670.000 litros de chuva por hectare, ou seja, 67 litros por metro quadrado.
Nesse mês de novembro que ora se encerra, o total de água por m² foi de 313 litros.
Cada um dos 12 hectares do Sítio das Macaúbas recebeu a bagatela de 3.130.000 litros de água durante o mês. Digamos, como se 313 caminhões-tanque de 10.000 litros viessem para cá e espalhassem sua carga em cada hectare. Ou seja, para o sítio inteiro... quase 4.000 caminhões-tanque de 10.000 litros cada.

Tal como aconteceu em São Carlos, o problema está no cruzamento de volume com tempo. Ora, 58 mm em meia hora é uma tromba-d’água! Já os 67 mm em cerca de 20 horas é chuva demais, encheção de saco demais, mas não configura uma situação de problemas graves. A menos que haja ventos e hoje teve. Um dos galhos de uma das lofanteras do nosso gramado caiu e por meio metro não caiu sobre a varanda-garagem.
Que beleza...

Precisamos do Sol agora. Vários dias seguidos, para o capim crescer absurdamente, para os animais voltarem a ficar confortáveis, para o barro secar, para a vida voltar a um ritmo mais normal e, também para nós, humanos, mais confortável.

quarta-feira, outubro 21, 2015

Chuva de presente com direito a efeitos especiais



A chuva chegou. Tarde, atrasada, em pleno dia 20 de outubro, mas chegou.

Depois de um setembro atípico, com 125,0 mm até o dia 13, parou de chover. Para o resto do mês já estava bom, afinal, outubro estava logo ali e com ele boas chuvas.

As previsões e as esperanças não se concretizaram. Essa chuva, com muita pirotecnia e efeitos sonoros assustadores, começou tão logo caiu a noite. Nesse momento, completávamos 37 longos e tenebrosos dias sem uma gota de chuva aqui no sítio. 

Novamente, não estaria tão ruim graças às chuvas de setembro, mas o calor foi excessivo, absurdo, por toda parte. Há poucos dias, o Rio de Janeiro registrou 43,8 graus centígrados, o terceiro dia mais quente em 100 anos. Nesse mesmo dia, tivemos aqui assustadores 40,0 graus. 


Como tudo que está ruim pode ficar ainda pior, os ventos dos últimos dias secaram tudo que ainda restava de umidade nas camadas superiores do solo. Ventos secos, quentes, provocando enorme desconforto, fisicamente depressores e espiritualmente deprimentes.

Muitos vizinhos plantaram milho para produzir silagem logo no início do mês, alguns, corajosos, até no final de setembro. As previsões dos institutos prometiam chuvas dentro dos primeiros dez dias do mês. Não vieram. 
O milho nasceu bonito, vistoso e encheu a todos de esperança. 
Sem chuvas e com as altas temperaturas, a lavoura começou a sentir. 
Pelas manhãs, nas primeiras horas de cada dia, as pequenas plantas estavam viçosas, as folhas brilhando ao Sol. Já no meio do dia, porém, o cenário mudava e ao começar a tarde, o viço já estava perdido e as plantas murchavam. 
No dia seguinte, porém, novamente amanheciam bonitas, novamente davam esperança, para logo depois definharem. 
Enquanto as plantas se recuperam, a lavoura está viva e é viável, mas, chega um momento em que elas amanhecem murchas. 
É o triste sinal de que a lavoura está morta, não tem mais salvação, um novo plantio precisa ser feito. 
Novas despesas, grandes prejuízos.


Vivemos nosso drama aqui no sítio na mesma linha. 
Os piquetes de capins Mombaça e Tanzânia começaram a crescer com as chuvas de setembro. Já sem comida, tomei a decisão de soltar as vacas nos piquetes, economizando dinheiro e, principalmente, economizando feno. 
Porque, finalmente, o feno de nosso fornecedor acabara. 
Porque também lá o capim que era para ser fenado... acabara.


As vacas entraram em piquetes com um terço ou menos da altura ideal para pastejo. Para aumentar a oferta de comida, abrimos dois piquetes por noite ao invés de um.
Assim se passarem cerca de 10 dias, quando novamente bateu o desespero da falta de comida e a corrida ao feno.


À espera dessas chuvas fiz uma loucura necessária, loucura financeira, bem entendido, e comprei adubos. Desde ontem (agora anteontem) estamos adubando os piquetes, confiantes que com alguma sorte choveria amanhã, que já é hoje, e depois de amanhã, ou simplesmente amanhã.  

A chuva nos surpreendeu agradavelmente e chegou hoje, na verdade ontem, como vocês entenderão logo mais.

Durante a noite a luz piscou uma, duas, três vezes, e já num horário bem adiantado as piscadas se somaram aos relâmpagos cada vez mais fortes e com menor intervalo entre um e outro. 
Parecia claro, tinha  toda a pinta que a luz cairia de vez. 

Coloquei uma camiseta já usada, calção, uma blusa sobre a camiseta apesar do calor (para prevenir nova safra de dores dos músculos próximos aos pulmões) e calcei a bota de cano longo, sem meia, só de calção. 
Chique. 
Jeito de modelo, mas não me convidem para o ridículo desfile com o pessoal se trocando em frente ao público. Tô fora.


Fui para o barracão da ordenha para desligar o tanque de refrigeração na tomada, mas a temperatura do leite estava alta, com 4,7 graus, próximo de iniciar um novo ciclo de resfriamento até levar o leite a 2,9 graus.
Cocei a cabeça, pensei e liguei o tanque no manual – agitador e refrigerador. Para passar o tempo fui ver o pluviômetro e as vacas.
O pluviômetro só não foi decepcionante porque já esperava mesmo pouco volume de água – apenas 2,5 mm. Joguei fora essa água e deixei-o zerado. Barulho demais, chuva de menos. Vamos ver amanhã.

O lote das Jersey estava na pista de alimentação, sob o abrigo do teto. No cocho mais nada, já tinham comido todo o feno. 
Os olhares compridos e pidões me deixaram com dó e passei alguns minutos desfiando e colocando mais feno, ao qual se atiraram com uma vontade que, para vacas leiteiras, pode ser chamada de voracidade.

Ao voltar para o barracão a temperatura do leite já estava em 0,9 grau e um pouco mais ia virar picolé de leite. Desliguei tudo, retirei o conector da tomada trifásica e voltei pra casa.

Molhado e suado ou molhado e molhado. Depois de me enxugar e recolocar a bermuda e camiseta de dormir, liguei o notebook e comecei a escrever.

O dia 21 de outubro já começara há algum tempo.
Há algum tempo eu já estava um ano mais velho.

Entrei em meu 61º aniversário embaixo de chuva, ventos e relâmpagos,  desligando tanque e dando feno para as vacas.

A chuva foi meu presente. Um presentão muito bem-vindo.

Agora só falta o sono chegar. Deve estar perdido lá pra cima, no meio do pasto.

Coisa rara em minha vida, fui à geladeira peguei uma Bud estupidamente gelada e bebi. Na garrafa. Gostosamente. Ainda tem um restinho, ainda bem gelado e acho que antes desse restinho acabar o sono vai aparecer para tomar um golinho. 
Aí eu pego ele. E levo pra cama.




Tarde do dia 21 – com toda a pirotecnia que avançou madrugada adentro, com todo o exagero celeste dos efeitos sonoros, tivemos só mais 2,5 mm de chuva. Totalizou 5,0. 

Tá bom. 
Tem promessa de mais para esses dias. 

E hoje o resto dos piquetes foi adubado. Agora, é esperar pelo capim. 

Junto com o Kindle que a Rosa me deu hoje cedo, essa chuvinha de cinco milímetros foi meu melhor presente. 

Tá bom. Tô bem de presentes. Que continue assim.