segunda-feira, fevereiro 18, 2013


Bem-vinda, companheira Yoani

Para começo de conversa: companheiro é substantivo e adjetivo e não é sinônimo de membro de grupo político. Companheiro pode ser aquele que acompanha outro numa luta, numa aventura, numa jornada. Yoani Sanchéz, cubana, blogueira, é companheira na luta pela democracia, na luta por direitos básicos, essenciais, como ir e vir, expressar livremente o que pensa, votar e ser votada, entre outros.
Há anos ela luta contra o regime dos irmãos Castro. Sim, é verdade, às vezes sua presença na mídia chega a ser um pouco cansativa, até pensei assim, mas, querem saber? Melhor ser assim do que o contrário. Finalmente, depois de quase seis anos de tentativas inúteis, Yoani conseguiu seu passaporte e deixou Cuba, para uma viagem por vários países.
Sua primeira parada foi em Recife e em pleno Guararapes, nome que homenageia uma batalha de brasileiros contra os que, então, eram considerados invasores, um grupo de brasileiros manifestou-se contra sua presença, manifestou-se contra sua liberdade essencial de ser humano de poder ir e vir para onde melhor lhe aprouver.
Seria irônico se não fosse trágico.
A própria blogueira, porém, disse tudo a respeito:
 "Viva a democracia, quero também essa democracia no meu país."



É triste que os perseguidos pela polícia política do regime militar hoje exerçam papel semelhante no conteúdo, apenas com os (supostos) sinais trocados.
Democracia é valor, é um princípio, é um direito fundamental a todo ser humano, muito acima e além das reles querelas político-partidárias. Por isso mesmo é tão ameaçada e violentada por esquerdistas, direitistas, centristas, fascistas, nazistas e outros istas.
Em nome, portanto, da democracia, bem-vinda ao Brasil, companheira Yoani Sanchéz.

sábado, fevereiro 02, 2013

Regressão continuada




Nossa câmara alta – vou assim chamar o Senado – tem 81 senadores.
São 81 parlamentares que, em tese, deveriam ser da melhor estirpe política, os melhores dentre os melhores, com experiência de vida e das coisas da política e da república.
Deveriam ser o suprassumo dos representantes do povo, algo como, guardadas as diferenças, devem ou deveriam ser os juízes do Supremo Tribunal Federal. Nessa casa da justiça já sabemos que a coisa não é bem assim.
Na câmara alta da política é ainda pior, muito pior, infinitamente pior.
A eleição de Renan Calheiros para exercer a presidência dessa casa pela terceira vez é boa prova disso.
Que o povo das Alagoas tenha reeleito essa figura uma vez mais é perdoável, dado o alto grau de ignorância política do eleitor brasileiro, do Oiapoque ao Chuí. Que seus pares tenham-no reconduzido à presidência de uma casa que deveria ser nobre e exemplar é tenebroso, é assustador e leva-nos a questionar que futuro nos espera.
Dos 81 senadores, 56 votaram nesse personagem de já tristes lembranças, dois anularam seus votos, espero que por decência e vergonha na cara e dois votaram em branco, algo indigno de quem se dispõe a votar. Três dos senadores não se dignaram a comparecer ao trabalho. Nem por isso serão punidos, ao contrário de nós, cidadãos, que não temos o direito de votar e sim a obrigação de votar, troço muito diferente e nem um pouco democrático, daí chamar de troço e não de coisa.
De senadores do PT e do PMDB não esperava nada diferente. Os números, entretanto, dão praticamente a certeza de que senadores eleitos pelo PSDB votaram no candidato vencedor. Mais uma prova do quão calhorda e sem coluna vertebral tornou-se o partido que foi criado para mudar o Brasil.
Aliás, todo grupo político que se organiza com esse discurso mentiroso acaba caindo na vala comum da mesmice e sem-vergonhice de sempre. O partido que se intitula como sendo dos trabalhadores que o diga, não é mesmo?
O Brasil político do Século XXI sequer tem o pouco da decência que, segundo a história, tinha o Brasil político do Século XIX.
Regredimos.
Tal e qual nossa educação e a chamada “progressão” continuada.