sexta-feira, dezembro 30, 2016

Dois mil e dezechega...

Dois mil e dezechega...

Soube por meio de um amigo do Facebook que “dois mil e dezechega” é criação de Nizan Guanaes.
Simples e brilhante.
Sim, pode ser criação dele.


Dezechega exprime à perfeição o que me parece ser o pensamento dominante a respeito desse ano que está a chegar ao seu final. Nesse momento em que cometo essas mal digitadas, restam 43 horas pela frente antes que ele acabe de vez. Parece pouco, mas creio que é muito, tem muito ano pela frente ainda.


No plano pessoal... Digamos que dezechega deixou muito a desejar em mais de um sentido, mas não falarei sobre isso, quem sabe numa autobiografia? Assustador, hein...


Creio que dezechega para mim será o ano da Chape.
O ano da Chapecoense. A tragédia é muito recente, mas parece que já foi há mais tempo, tal foi a força com que nos marcou a todos e, em especial, aos que gostam e acompanham o futebol.

Foram sonhos demais destruídos num só golpe. Uma verdadeira comoção tomou conta das pessoas por todo o mundo, tanto que foi até bonito de se ver, pois mostrou que o ser humano está vivo. Tanto o ser substantivo como o ser verbo, fundamental.
Não é que nos esqueçamos de ser humanos, é que, simplesmente, temos tantas outras coisas a fazer e pensar que não nos sobra tempo interesse vontade para sermos humanos. E raramente tomamos consciência disso. Há quem nunca...



Dezechega, porém, tinha tudo para ser o ano da Lava Jato (que já deveria ser, simplesmente, Lavajato) em nossos corações & mentes.
Assim continuará em minha mente, talvez nas nossas, mas só nela, apenas em nosso lado racional, pois o coração, o outro lado, ficou com a Chape. Será para sempre um ano dividido.


Ainda não me sinto confortável com a ideia de ver um ex-presidente preso e cumprindo pena. Não sei se chegará a isso, mas não causará mais espanto. Uma simples e rápida pesquisa nos textos deste Olhar Crônico revelará, com extrema facilidade, o que penso sobre Lula e seu partido. Mesmo assim, porém, continuo não me sentindo confortável com a ideia de sua prisão. Por dois motivos...
Gostemos ou não, o sujeito foi alçado ao poder e nele mantido pelos votos de dezenas de milhões de pessoas, que nele depositaram suas esperanças. Bem ou mal, ele personificou a República e a todos nós, brasileiros, por largos oito anos.
Hummmmmmm... Não adianta o mimimi de “não personificou a mim”. Com ou sem nosso voto, o Presidente da República nos personifica, nos representa, independentemente de nossa vontade. Vê-lo preso será, penso eu, ver um pouco a prisão de nós mesmos.


O segundo motivo é mais prático, mais prosaico: preso, será transformado em mártir e dará nova força a um grupo que teve como ponto alto espoliar a Nação, espoliar a todos os brasileiros, em operação que nada teve a ver com o romantismo bobo de Robin Hood, de tirar dos ricos para dar aos pobres. O que os pobres receberam foram sonhos e migalhas sem sustentação, sem consistência, sem – agora a palavra quente e conceito mais quente ainda – sustentabilidade.

A mim não interessa tê-lo como mártir, aglutinando sonhos e forças – há um momento, não inevitável, mas comum, em que os sonhos se transformam em força.

Para o bem da República, para a melhor conscientização de todos os cidadãos, penso ser melhor deixa-lo livre e fraco, desmilinguido, respondendo à longa lista de crimes cometidos ou acobertados, o que vem a dar na mesma.


Deveria ser só o grande ano da Lava Jato, em todos os sentidos, mas pode continuar como tal no campo da razão.


Acredito que o país mudará. 
A visão de um Marcelo Odebrecht preso, encarcerado, o rosto chupado, barbado, os olhos fundos e desesperançados, foi muito forte e espero que tenha marcado corruptos e corruptores.

O caminho a percorrer, porém, é muito grande. Dias atrás ouvi, assim de “orelhada”, de esbarro, relato de alguém dizendo que um burocrata qualquer continuava insistindo em seu quinhão criminoso para liberar alguma coisa.

A corrupção está profundamente entranhada em nosso tecido social, por isso torço para que a Lava Jato siga forte, até com alguns exageros de seus operadores, pois, diante do quadro, o que seria exagero num estado de direito pleno, forte, estabelecido de fato, deixa de sê-lo num país como o Brasil. 

Portanto, mesmo sabendo de riscos, hoje mais teóricos que reais, sou a favor de força total para a Lava Jato e tudo que representa.



Nevou no Saara...
Ora, ora, ora, quem diria! Neve no Saara?
Hum hum, sim, neve no Saara.
Poxa, e o aquecimento global?
No que me diz respeito continua sendo um mito.
Claro que ter nevado no Saara depois de quase 40 anos nada significa em termos concretos, mas não deixou de ser irônico.
Um bom fecho para dois mil e dezechega.



Péssimo fecho, e espero que tenha sido o último, foi a morte de Carrie e Debbie.
Carrie Fisher num dia e sua mãe Debbie Reynolds no dia seguinte. Muito triste.
Duas mulheres que marcaram muitas vidas. A mãe em “Cantando na chuva”, principalmente, em que atuou ao lado de Gene Kelly. E a mãe em “Guerra nas estrelas”.


E agora poderia chover nessa quente São Sebastião e amainar um pouco esse calorão brabo.
E também para lavar e levar embora dois mil e dezechega.
Chega.

Feliz 2017 a todos.
Feliz 2017 para o Brasil.


domingo, dezembro 18, 2016

Escalada cada vez mais veloz, mais abrangente, mais apavorante


Transcrevo matéria com Stephen Hawking que penso ser muito mais que interessante... Preocupante.

Já vivemos há muitos anos um processo em aceleração permanente de substituição da mão-de-obra humana por máquinas nos mais diversos setores, inclusive de serviços (por exemplo, os caixas automáticos dos bancos, além, é óbvio, dos pagamentos via internet).

O sonho de um de meus amigos produtor de leite é ter um robô-ordenhador, máquina que já responde por volumes significativos de leite na Europa Ocidental, Estados Unidos e Canadá.
Já são operacionais no Brasil, numa escala ainda minúscula, mas crescente.

Na agricultura temos tratores, digo, “tratores” que realizam diversas operações de forma autônoma, guiados por GPS, sensores laser, etc.

Na Inglaterra, a Amazon está fazendo entregas de encomendas por drones – veja o vídeo aqui.

Hawking diz que não, mas, se bobear, demora muito não e vão colocar um robô no meu lugar. Aqui. E no OCE.
É ruim, hein!

Em tempo: concordo com Hawking em relação à ligação dessa crescente disponibilidade de humanos sem emprego com o crescimento de movimentos políticos buscando proteção de empregos, como o Brexit e a vitória de Trump.
(Sim, sim, sim, sim, sim... Por favor, né? Esses movimentos não se limitam a isso, mas isso faz parte deles, ok?)

Vamos ao texto do personagem quase rotineiro de The Big Bang Theory...


Stephen Hawking: Inteligência artificial e robôs vão dizimar empregos da classe média



A inteligência artificial e a automação crescente vão dizimar os empregos da classe média, agravando a desigualdade e arriscando uma reviravolta política significativa. Este não é o roteiro de um filme futurista, mas uma previsão de uma das pessoas mais inteligentes do planeta, o físico Stephen Hawking.
Em uma coluna no jornal The Guardian, o físico mundialmente famoso escreveu que “a automação das fábricas já dizimou empregos na manufatura tradicional, e a ascensão da inteligência artificial provavelmente estenderá esta destruição do trabalho profundamente nas classes médias, com somente os cargos de mais cuidado, criatividade ou de supervisão permanecendo”.


Ele acrescenta sua voz a um crescente coro de especialistas preocupados com os efeitos que a tecnologia terá sobre a força de trabalho nos próximos anos e décadas. O medo é que, enquanto a inteligência artificial vai trazer aumentos radicais na eficiência na indústria, para as pessoas comuns isso se traduzirá em desemprego e incerteza, conforme seus empregos humanos sejam substituídos por máquinas.
A tecnologia já destruiu muitos empregos tradicionais de fabricação e da classe trabalhadora – mas agora pode estar pronta para causar estragos semelhantes às classes médias.

  
Rápida substituição

Um relatório publicado em fevereiro de 2016 pelo Citibank em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, previu que 47% dos empregos nos EUA estão correndo risco de automação. No Reino Unido, 35%. Na China, incríveis 77%. Três das dez maiores empresas ou órgãos públicos empregadores do mundo já estão substituindo seus trabalhadores por robôs – a Foxconn, que faz a manufatura de produtos da Apple, do Google e da Amazon, a rede de supermercados Wallmart e o Departamento de Defesa do EUA – órgão com o maior número de empregos do mundo, já anunciaram avanços nesta área.

A automação “por sua vez irá acelerar a já crescente desigualdade econômica em todo o mundo”, escreveu Hawking. “A Internet e as plataformas que possibilitam que pequenos grupos de indivíduos tenham enormes lucros ao empregar pouquíssimas pessoas, isso é inevitável, é um progresso, mas também é socialmente destrutivo”.

Ele enquadra esta ansiedade econômica como uma razão para o aumento da política populista e de direita no Ocidente: “Estamos vivendo em um mundo de ampliação, e não de diminuição, da desigualdade financeira, no qual muitas pessoas podem ver não apenas seu padrão de vida, mas a sua capacidade de ganhar a vida, desaparecendo. Não é de admirar, então, que eles estão à procura de um novo acordo, que Trump e Brexit poderiam ter aparecido para representar”.
Combinado com outras questões – sobrepopulação, mudança climática, doenças – estamos, Hawking adverte ameaçadoramente, no “momento mais perigoso no desenvolvimento da humanidade”. A humanidade deve se unir para superar esses desafios, diz ele.
Stephen Hawking já expressou preocupações sobre a inteligência artificial por uma razão diferente – ela poderia ultrapassar e substituir os seres humanos. “O desenvolvimento da inteligência artificial poderia significar o fim da raça humana”, disse ele no final de 2014. “Os seres humanos, que são limitados pela lenta evolução biológica, não poderiam competir, e seriam substituídos”. Será?

Matéria publicada pelo Business Insider e reproduzida, em português, pelo site Hypescience.