terça-feira, junho 28, 2005

Receituário para o tupiniquim bem pensante bem informado


Informação é tudo. Provavelmente Sun Tzu, autor do primoroso “A arte da guerra” que não li tampouco pretendo, deve falar isso ou algo parecido. Von Clausewitz disse, com palavras diferentes mas o mesmo sentido. John Le Carré ficou rico escrevendo sobre a conquista de informações e suas contrapartidas na Guerra Fria. Aliás, está excelente, embora curta, sua entrevista nas páginas amarelas da Veja dessa semana. Recomendo. Informação é importante também para nós, tupiniquins de bom nível e boas cabeças. Não que a gente vá à guerra. Não precisamos. A guerra há muito está entre nós. Por parte do Estado contra nós é uma guerra perene, começou no Brasil Colônia e nunca cessou, pelo contrário, só recrudesceu. Seus Caxias não são duques, costumam ser secretários da receita. Os estados-maiores são formados por todos os ocupantes de cadeiras executivas e legislativas. Curiosamente, é grande o número de não-combatentes ou desertores. Há outras guerras. Não ligo, não dou bola. A que me incomoda de fato é essa. As outras são fichinha perto dela. Mas fugi do assunto, volto a ele. Aqui vai uma pequena receita para você, leitor tupiniquim como eu, manter-se bem informado sem, ao mesmo tempo, morrer de raiva e ódio e preocupação.


Assine um bom jornal. Recomendo o Estadão, O Globo e a Folha de São Paulo. Com qualquer um deles você estará bem servido e bem informado. Eu prefiro o Estadão. Não esqueça da Veja. Já é quase tão boa quanto um bom plano de saúde. Com a vantagem de ser mais divertida e barata.

Ao receber o jornal, diariamente, passe os olhos pela primeira página. Dê uma olhada mais atenta caso tenha alguma foto bonita, não de tragédia (sim, é difícil, eu sei, mas às vezes até tem uma foto assim) (um dia nossos jornais evoluirão e farão como os jornais alemães, enfeitando suas capas com beldades tal como vieram ao mundo, mas com fotos feitas 18, 20, 24 anos depois dessa chegada ao mundo, o que força o pessoal na cobertura da seleção tupiniquim na Germânia a cobrir as fotos tão bonitas como reveladoras com o papelzinho mágico que contém a pauta das matérias). Feito isso, abra imediatamente o caderno de esportes. Leia as críticas ao Parreira. Comente, devidamente escandalizado, os salários “dos jogadores” de futebol (nem tente pensar que esses salários são de uma elite, uma pequena elite – claro, cróvis, elite já é pequena ou não seria elite, seria massa, turba, choldra, etc; mas, em alguns casos, a elite é pequena, tal como nesse e tal como a elite dos bem-pensantes tupiniquins – hummmm... essa nem pequena é, é minúscula; parece ter alguns membros, deles, porém, só conheço dois – eu, que escrevo, e você que consegue ler isso aqui... hehehehehehehe). Comente, também, os salários anuais do Schumacher e do Rubinho. Peça o sal, contrarie o médico e o bom senso, salpique-o sobre a salada ou o que quer que seja que você come no café da manhã. Lembre-se que ao fazer isso você estará salpicando sobre sua comida o salário de um legionário romano. Aproveite e comente esse fato tão interessante, essa discrepância tão monumental entre um salário às antigas e um salário em euros. Até mesmo na terra dos legionários de outrora.

Saboreie o caderno de esportes. Acredite: será a única coisa saboreável no noticiário. Mesmo que seu time tenha perdido. O futebol é tão perfeito que mesmo quando o seu time perde, pode apostar, geralmente o time do seu chefe ou do seu sogro também perde. E sabendo o quão putos da vida eles estarão, você fica feliz e em paz com a vida. O futebol é genial.

Terminada a leitura dos esportes, caso você ainda tenha tempo ou seja um leitor dinâmico, encare o “segundo caderno”. No Estadão é fácil de achar: o nome dele é Caderno 2. Melhor, impossível. Vá direto ao horóscopo. Regozije-se. Mas não caia na besteira de lê-lo para seu cônjuge. Ela ou ele não verá graça alguma no promissor e maravilhoso encontro prometido pelos astros. Leia a coluna social. É de bom tom. Pra disfarçar a insignificância dos escritos e das socialites (exceto a Luma, sempre muito significante), os colunistas pós-modernos recheiam as sociais com notas irônicas bem legais sobre o governo. Qualquer governo. E também sobre grandes empresas. É cool, e permite a você, no meio do almoço, sair-se com uma informação de cocheira ou simplesmente um causo bem divertido, posando de insider nas coisas do governo e das grandes empresas. Como ninguém sério lê tais colunas, ninguém do teu círculo mais próximo de almoço e happy hour saberá que você bebeu nas fontes deixadas por Tavares de Miranda e Ibrahim Sued.

Pensando no teu lado sério, preocupado com a realidade nacional e com o futuro, passe os olhos pela primeira página. Tudo que interessa está lá (menos a foto de uma beldade em trajes de Eva), condensado. Leia. Instrua-se. Antes de regurgitar violentamente o sacrossanto café da manhã, a refeição mais importante e gostosa do dia, pule, no Estadão, pra página 3. Os editoriais dar-te-ão o tom certo de indignação e repulsa a “tudo isso que está aí.” Na Folha é a página 2. N’O Globo acho que a 4. Calma, não pense que são chatas peças de escrita indefensável. Pelo contrário, estão cada vez melhores. Foi num editorial do Estadão que vi e conheci a palavra sevandija. De vez em quando eu a utilizo. É preciosa demais pra cair no esquecimento.

Pronto, dever cumprido. Você está bem informado e ligado nas coisas que contam. Você é um tupiniquim de elite. Provavelmente você não faz parte da elite tupiniquim que conta, aquela que é formada por 98.000 nhambiquaras com 1 milhão ou mais de dólares para investir. Eu não faço parte dessa elite, garanto. Mas, e daí? Duvido que esses caras sejam tão bem pensantes como somos nós.

Agora, em dia com o Brasil e o mundo, pegue a Caras da mãe, da sogra ou da empregada e dê uma passadinha básica pelo toilette. Você já está pronto para ir à luta, bem informado, bem abastecido, bem pensante. Vá trabalhar e ganhar dinheiro pra poder pagar por tanta informação, sabendo, já que você é um ser bem informado além de pensante, que seu trabalho só servirá pra manter “tudo isso que está aí”, o Stedile inclusive, por mais um monte de tempo.

E não esqueça de pagar o boleto da renovação de Caras, senão eles cortam a revista.


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segunda-feira, junho 27, 2005

Queimada


Na cozinha, escrevendo perto do fogão a lenha ainda com uma quentura gostosa tomando conta daquela parte, ouvi o crepitar característico. Levantei e fui pra varanda da cozinha. O céu a oeste, logo depois do asfalto e do pomar do italiano, estava tomado pelo clarão da queimada. A lua, quase cheia, ainda não nascera, a noite estava escura mas muito estrelada. E já fria, apesar de ainda novinha.

O fogo ilude, fascina, assusta, atrai. E repele, pra novamente atrair, parece nos chamar para perto. Uma queimada faz pensar nas lendas e histórias tendo o fogo como agente purificador e redentor. Noite de queimada é noite de ficar muito tempo fora de casa, olhando e admirando.

O fogo passa ligeiro pela cana. Vai correndo de uma linha pra outra. De repente, encontra com o fogo que vê do outro lado. Ganha força, se eleva, o crepitar fica mais alto, mais intenso e bruscamente... acabou. O barulho cessa, o fogo desaparece num átimo, como se nunca tivesse existido. O canavial, mais parecendo um paliteiro está pronto para ser colhido e transformado em açúcar ou álcool.


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Novos habitantes no Macaúbas


Alba na manhã de 27 de junho, horas antes de parir uma bezerrinha (a segunda), ainda sem nome.

A Malhada pariu um machinho na madrugada de 4a pra 5a-feira. Um bichinho bonito, forte, troncudo. Pelo jeito vai puxar pro seu irmão que já foi embora. Agora falta a Alfa. A Malhada e a Preta pariram machos. A Alba pariu duas fêmeas. Espero que a Alfa siga a tendência e esteja com uma bezerrinha pra vir ao mundo.

Vacas dão trabalho, muito trabalho, diário, permanente, contínuo, dia após dia. E dão despesas! Nossa, como dão despesas. Mas é sempre uma alegria muito grande acompanhar a gestação de uma vaca, ver o mojo, acompanhar os primeiros passos do bezerro. O Malhadinho, com apenas 4 dias de vida, já tinha aprendido a sair do curral e explorar os arredores, longe da mãe. Rapazinho esperto, vai dar trabalho logo, logo.

A luta do momento é conseguir comida para elas. O feno está no fim e, mesmo assim, a oferta é pouca, menos da metade do que seria de fato necessário. A seca veio rápida e precoce. Passei o sábado correndo atrás de cana. A manhã de domingo também. Os Rovieri vão começar trazendo silagem de cana ao invés de cana para picar. Tá bom, tá bom, antes isso que nada disso.


Esse post foi mais um teste. O blogger mudou o sistema de postagem de fotos. Parece que ficou mais fácil, finalmente.

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sexta-feira, junho 24, 2005

Em briga de marido e mulher...



... vizinho não mete a colher.

O "Roda Viva" com o arauto da moralidade, Roberto Jefferson, estava meio chato. Ele só se repetindo e colocando sua voz e expressões. O governador da Califórnia que se cuide. Os jornalistas perguntando menos do que, a meu ver, deveriam, e não perguntando o que realmente me interessava naquele momento. Cansado, pelo dia e pelo nhenhenhém, adormeci. Semi-adormecido, lembro-me de ouvir o menino dos vizinhos da frente gritando. Como são sempre muito barulhentos nas chegadas e saídas, achei normal. Já virou normal. Nem os cachorros latem mais com o auê rotineiro.

Fui acordado do meu sono pela R.

- Emerson, acorda.

- Hummmm...

- Acorda, vai ver o que está acontecendo. Acho que “ele” tá batendo nela. Tô com medo que aconteça uma desgraça.

- Hummmm... Que? O que que houve? – e ali, na tela, Bob Jefferson ainda falando e eu misturando tudo, estremunhado, pensando em tragédia política, sei lá o que.

- O fulano e a sicrana estão brigando, se pegando, e o menino tá gritando sem parar já faz tempo.

- É? De novo?

- É, eu pensei que você estivesse acordado. Você não ouviu?

- Não. Só ouvi o guri gritar, mas ele sempre grita, né? Nem dei bola.

- Vai dar uma olhada, sei lá, acho que temos que chamar a polícia.

- Hum hum... Tá bom.

Levantei trôpego e fui pro banheiro. Troquei a calça do pijama por uma de moleton e calcei a botina, sem meias mesmo. Pijama na parte de cima, moleton embaixo, botina nos pés, sem meia. Lindo e elegante, como de hábito, diga-se de passagem.

Desde o momento que acordei ouvia a gritaria. Briga só é legal, se muito bem produzida, em filme. Nem as novelas globais produzem boas brigas ainda. Só Hollywood mesmo. Na porta da sala, hesitei. Vou ou não vou? Me meto ou fico de fora? Por coincidência, no mesmo dia ou na véspera tínhamos falado a respeito desse tema e eu, do alto da minha sabedoria e má-vontade em me meter em coisas alheias, decretara:

- Em briga de marido e mulher, vizinho não mete a colher.

E agora, por uma dessas coincidências que a vida nos apronta, lá estava eu, ouvindo e hesitando. Hesitação mais literária que prática, pois sequer um segundo fiquei parado à porta. Cruzei o gramado, atravessei a rua. Chegou um carro da companhia de segurança que patrulha os arredores. (Sim, é assim que é e mesmo assim...) O casal berrava um com o outro. Ela tentava sair, queria entrar no carro, ele não deixava. O garoto gritava. Esse guri nasceu ali, a gente acompanhou, como vizinhos, sua gestação, seu crescimento, sua integração com as cachorras (pelo menos isso eles têm de bom; tanto ele como ela, principalmente, gostam de cachorros, têm 4 cachorras; quem quer que goste de animais não é de todo mau). Agora é um garoto crescido, creio que tem já uns 6 ou 7 anos. Seus gritos, confesso, eram a pior parte da história. Foram eles que afetaram e perturbaram minha mulher, deixando-a nervosa e preocupada. O mesmo acontecia comigo. Criança gritando por socorro é uma coisa terrível. Mas não eram gritos de socorro, “me ajudem” ou equivalentes. Eram gritos diferentes: “Não faz isso”, “Não vai, fica aqui”, “Fica com ela, papai” e de todos o mais terrível: “A família fica.”

Qual família?

Pode haver família com coisas assim acontecendo?

As ofensas eram brutais. Besteira repassa-las pra cá, não vale a pena. A simples lembrança me incomoda, me constrange. Já tinham ocorrido agressões. Outra aconteceu à minha frente. Até então eu falava de fora da cerca – as cachorras me conhecem mas, naquele clima, elas estavam nervosas, excitadas e eu não seria besta de entrar ali – e pedia pra ele prender as cachorras. Coisa besta, bem sei, mas era o que eu tinha de melhor pra falar e tentar por um pouco de ordem. Inútil, não me ouviam. Com a agressão, tomei a decisão de chamar a polícia. Até porquê ela saíra cambaleante da sala e se estatelara no gramado, onde estava imóvel. Vá lá saber se não estava ferida. Se iriam gostar ou não estava pouco ligando. Comecei a ficar com medo, também, de acontecer alguma tragédia. peguei o celular no bolso e liguei 190 (podia ser naine uan uan, né?). Um policial me atendeu. Expliquei o que ocorria. Perguntou se era eu que brigava. Cruzes! Eu não, tá louco? São os vizinhos.

- Desculpe, senhor, mas não podemos fazer nada, não podemos mandar uma viatura.

- Mas ... mas como? Como não podem?

- Não podemos, é uma altercação e nada aconteceu...

- Ah, tá bom, então eu primeiro espero alguém matar alguém e aí chamo vocês ou já chamo a funerária?

À medida que envelheço vou perdendo o pouco de verniz civilizatório e paciência que adquiri com o tempo. Adquiri-os com o tempo, perco-os para o tempo.

- Desculpe, senhor, é que nesses casos, toda vez que a viatura chega, a mulher diz que nada aconteceu, tá tudo bem, ninguém precisava chamar a polícia...

- ... ...

- Então, por isso, a gente não manda viatura.

- É, tá certo, não dá pra dizer que não está certo.


Descrevi a cena que presenciava, ela ainda no chão.

- Mas se o senhor me der o endereço, eu vou ver. Se tiver uma viatura próxima eu mando aí.

Dei-lhe o endereço.

- O senhor tá falando de telefone celular? Pode ligar de um fixo pra cair na sua região?

- Sim, mas por que?

- É que sua ligação caiu em Ibiúna.

- Putz... Ibiúna?

- É, com celular acontece isso às vezes.

- Tá bom, então. Vou ligar de novo. E obrigado de qualquer forma.

Talvez por terem presenciado e, com certeza, ouvido minha conversa com o policial, e também pela presença de outras pessoas no portão, o casal deu uma diminuída nas agressões. Ela levantou-se sozinha e ele deixou-a entrar no carro com o garoto. O garoto gritava, era o único agora que gritava, que não queria ir, que queria ficar, que a família devia ficar. Mesmo com o carro fechado dava para ouvi-lo bem. Ela tentou sair e bateu no portão que abre por controle remoto. Tentou de novo e bateu de novo. Agora era ele que gritava. Aquilo tudo já me irritara muito. Lamento, mas minha paciência com a ignorância e a estupidez é muito pequena. Já estava vendo a hora em que eu mesmo iria dar um jeito de pôr a droga do portão abaixo pra ela sair e ir embora. Finalmente, ela esperou o maledeto portão abrir por inteiro, saiu, acelerou demais, as rodas giraram em falso, jogou pedras e pedrinhas pra todo lado e foi embora. Eu e o segurança viramos as costas e nos afastamos. Nada tínhamos a falar com ele ou com ela ou com quem quer que fosse. Diante disso, ouvimo-lo fechar o portão, chamar as cachorras e entrar. Ufa.

Na noite seguinte os dois carros estavam na garagem, o casal estava de novo na casa.

A família estava junta, como o guri queria. E assim continuam. Pelo menos até o próximo arranca-rabo. Como meu saco pra isso já estourou, não vou me preocupar da próxima vez. Vou chamar a polícia do telefone da sala mesmo. Já aprendi como proceder com esse tipo de gente. Gente fina, gente de posses, gente “de bem.”

Ah, me poupem.


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domingo, junho 19, 2005

"Poente"


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(O Sol se põe no Macaúbas no Domingo de Páscoa de 2005)

"Nunca sei como é que se pode achar um poente triste.
Só se é por um poente não ter uma madrugada.
Mas se ele é um poente, como é que ele havia de ser uma madrugada?"


Está, também, em “Ficções do Interlúdio” – “Poemas completos de Alberto Caeiro” – Fernando Pessoa.

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"Um dia de chuva"

Muitos natais passaram desde que recebi um cartão com uma frase, um verso que não mais me saiu do pensamento.

Um verso que usei muitas e muitas vezes e outras tantas ainda usarei.

Sempre pensei nele como parte de um poema. E como tal procurei-o. Só sabia que era de Fernando Pessoa. Quantos livros do poeta não folheei em busca daquele verso!

Ontem, finalmente, tive sucesso.

Está em “Ficções do Interlúdio” – “Poemas completos de Alberto Caeiro” – Fernando Pessoa.

E não é um verso, não é parte de um poema. Ele é um poema.


“Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.”




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(A chuva acinzenta Londrina, destaca o esguio dos prédios e da torre da Catedral, e faz do asfalto espelho para as luzes e faróis) Março/2005

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sábado, junho 18, 2005

Overdose


Overdose


Preciso de uma temporada num spa pra desintoxicação. Urgente.

Um spa sem tv. Sem internet. Sem rádio. Sem jornais e sem revistas. Sem livros.

Um spa sem informação alguma, exceto as captáveis diretamente por olhos, ouvidos e tato sem nenhuma mídia fazendo o meio-de-campo.

Hoje eu deveria estar no sítio onde, bem ou mal, o fluxo é menor, principalmente por não ter internet. Ainda. Ficando por aqui, a coisa é braba. Estadão no café da manhã. Leite, café, adoçante, suco, pão, manteiga, queijo, jornal, tudo sobre a mesa. Depois, internet. Em Sampa, sebos pra cá e pra lá. Colheita:

- “Obra poética” – Fernando Pessoa – finalmente;
- “Segunda viagem a São Paulo e quadro histórico da Província de São Paulo” - Augusto de Saint-Hilaire – ilustrações de Hercules Florence – 1954 – edição comemorativa do meu nascimento, digo, do Quarto Centenário da bela e brava São Paulo de Piratininga;
- “Fogão de lenha”, já citado;
- “Sob o sol da Mogiana – a história de uma fazenda” - Maria Regina Azevedo Vilela de Andrade – belo livro e bela história de uma fazenda, lá pra frente do Sítio das Macaúbas; o trem passava ao alcance dos nossos ouvidos no sítio, dependendo do vento; e, como brinde, receitas de comidas de fazenda no final do livro;
- “A loira de concreto”, do Michael Connelly, um bom escritor policial;
- “Crimes imperceptíveis” – Guillermo Martinez – jovem escritor argentino, com muito futuro; um policial instigante com os detetives recorrendo à lógica pura; livro interessante, ótimo pro inverno.

É legal comprar livros, mas livros são fontes de informações. E estou arrependido de ter deixado pra trás a biografia do Kissinger. Saco!

Na banca, a Folha de São Paulo porquê hoje é sábado, junto com o Lance, porquê ninguém é de ferro e eu gosto de ler sobre futebol.

Chegando em casa, o porteiro me entrega a Veja e a Vejinha.

E aqui estou eu, zonzo, dedilhando, batucando nessas teclas, intoxicado. Informação demais vicia e faz mal à vida. É o que estou começando a achar. Enquanto não leio ou batuco essas mal dedilhadas, vejo tv. É futebol, mas é informação.

Definitivamente, preciso me internar num spa urgente. De preferência sem ter sequer pinturas rupestres.

Ou num convento trapista. Retiro absoluto e lei do silêncio.

:o)


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Sabatinas juninas


Sábado em São Paulo. Daqui a pouco vou sair um pouco e bater pernas em alguns sebos. Encasquetei com a poesia do Fernando Pessoa. Quero porquê quero sua obra completa, editada pela Aguilar. Nas livrarias está R$ 120,00 e achei meio caro. Pro meu bolso, não pelo livro. Vi num sebo pelo mesmo valor. Caro. Vou procurar nos sebos de Pinheiros. Se achar por um preço bom, algo como 50 a 80, compro e dou minha contribuição pra esse comércio tão importante, gostoso, charmoso e relegado a segundo ou terceiro plano entre nós.

Tenho feito compras de livros pela internet. Os preços são menores, não tenho que ir pra São Paulo, pegar trânsito, pagar estacionamento, etc. Aliás, tenho comprado meus livros ou na net ou na livraria do aeroporto, algo que é uma tradição e um hábito, quase uma obsessão. E a livraria do aeroporto é tão cômoda e bem fornida como as livrarias internéticas. Pena que o preço seja o de lista. Contudo, ao comprar via net me baixa um baita sentimento de culpa. Estou deixando de movimentar uma livraria, contribuindo para diminuir um emprego, embora o comércio eletrônico também gere seus empregos, mesmo porquê se eu não vou buscar o livro, alguém tem de trazê-lo pra mim. Ou seja: empregos, mesmo por esse canal. Meu comodismo e a economia de caraminguás têm superado o sentimento de culpa. :o)

CPI: a Tereza Cruvinel disse que vai usar uma idéia que postei num comentário numa nota sobre a CPI. Legal, gostei disso. Mas escrevi uma coisa bastante óbvia. Há muito bate-boca porquê o governo está tentando, e conseguindo, nomear presidentes e relatores das CPIs. Tirando o fato de todo governo fazer isso, se para tanto tem condições de voto, a verdade é que uma CPI tem uma dinâmica toda própria, tem uma vida independente, por assim dizer, de seus mentores e gestores. Ela mesma se constrói a cada depoimento, a cada sessão. Basta um só deputado ou senador inquirir bem, pegar pesado, com uma testemunha-chave e pronto: tá solto o bicho. E aí, uma vez solto é difícil segurar.
CPI a gente sabe como começa. Mas nunca sabe como termina.

Tchau CPI, de volta à culpa. Outro sentimento de culpa vem da permanência em São Paulo, não ir pro sítio. Mas o melhor a fazer é eu ficar por aqui hoje. A 2a-feira vai ser corrida e é bom começa-la bem cedo. O mais cedo possível. As vacas têm ração. As vacas têm feno. As vacas estão bem, dentro do quadro de pouca comida que ainda temos. Não ir hoje implica num atraso de uma semana em relação às medidas para o semestre que vem aí. Atraso na coleta de solo para amostra. Atraso na compra do calcário e do adubo. Bom, paciência. Ficar, por outro lado, me ajuda a garantir o din din necessário para tocar o sítio pra frente.

Tá na hora. Vou aos sebos.


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A caipirinha tá gelada, as pedras de gelo sobrenadam, semi-escondendo as fatias de limão. A pinga é da “boa”, como se deve. Honesta e pura, conseqüentemente, saborosa. Enquanto a R. folheia um de meus achados em sebo, o primoroso”Fogão de Lenha”, da Maria Stella Libânio Christo , edição de 77, com suas receitas das Minas Geraes de séculos passados, receitas de sertão e de fazendas, beberico a caipirinha e comento de uma receita simples mas trabalhosa: - É receita pro tempo da escravidão. Uma virada de página e lá está a gravura belíssima de Debret, com a mesa servida, Nhanhá e Nhonhô comendo. Nhanhá, com sua proverbial bondade de católica devota, dá alguns petiscos a duas crianças nuas, pretas, ao lado da mesa, brincando e comendo. R. comenta: - Coitadinhos. Retruco: - Esses não, passavam bem, comiam bem, coitadinhos eram os outros, o tempo todo na senzala. Fechamos o livro e a bucólica cena comum há meros 130 a 140 anos. Venho pro computador, a net me espera com as notícias do mundo, enquanto a feijoada que recém-trouxe do restaurante é preparada pra ir à mesa.

Feijoada feijoada. Nada daquela coisa ridícula e insossa a que chamam “feijoada light”. Irc...
Puro marketing, propaganda enganosa da pior qualidade. O suposto responsável (existe?) pelo patrimônio histórico e artístico nacional deveria processar todos que cometem esse crime contra nossa história, nossa culinária, nossas tradições. Querem fazer, façam-no, mas dêem-lhe o nome correto: feijão preto com carne seca e paio. Feijoada tem que ser como essa:

- Tem rabo de porco?
- Tem, sim, senhor.
- Tem orelha de porco?
- Tem, sim, senhor.
- Tem pé de porco?
- Tem, sim, senhor.
- Tem pele e língua?
- Tem, sim, senhor.
- Ah, bom, então tá bom, é feijoada feijoada. Pode servir.
- ...
- Ah, por favor, mais uma caipirinha e mais torresmos. Obrigado.

Torresmo... hummmmmmmm... Delícia! E nesse ponto eu é que sou moderno e light: gosto com pouca gordura e muita pururuca. Mas eu sempre fui assim, desde molequinho. Gostar, mesmo, eu gosto é da pururuca.

Ops, mais gelo na minha caipirinha. Tá certo que não vou dirigir, mas meu fígado vai digerir. Portanto, mais gelo no copo.

(Sim, sim, fígados não digerem, mas o meu digere pra dar rima e ritmo, ok?)

E agora com licença, a feijoada feijoada me espera. Ansiosa. Ou eu é que estou ansioso? Acho que nesse caso a ordem dos fatores não altera o produto. Fui.

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sexta-feira, junho 17, 2005

Tá tudo calmo...

País mais estranho...

Hoje, 6a-feira, um dia após o anúncio da saída do “primeiro-ministro” Zé Dirceu do palácio – mas não do governo, pois, como ele mesmo disse, continuará a governar o Brasil a partir da Câmara, o dólar foi vendido no paralelo a R$ 2,70. No auge das jeffersonianas chegou-se a vender cada verdinha por módicos, muito razoáveis R$ 2,80. Esse foi, acredito, um bom sinalizador de calmaria e aceitação, já que os agentes mais nervosos do mercado comportaram-se como ladies numa recepção da rainha.

Curiosa, também, foi a certeza que várias pessoas me transmitiram de que o mercado não iria explodir por causa disso.

Puxa, se até os mercados não se indignam, subindo seus preços, por que vou eu indignar-me? Que rolem as águas, rolem à vontade.

Por aqui já estou de prato, azeite, garfo e faca. Só falta a pizza ser servida.


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Diadema

Com as flores abertas a diadema apresenta um espetáculo bonito. E melhorado com o vai-e-vem dos colibris.


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Esse, agora com 4 anos e meio, é o único do sítio. Na próxima primavera estou pensando em plantar mais alguns. Talvez 3 grupos de 3 cada um, mais ou menos distantes. É uma maneira de permitir que mais beija-flores se alimentem com menos disputas territoriais.

Diadema: flores abertas

A flor da diadema parece um pompom, mas nessa altura já está bem seca.



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Diadema em botão e abrindo

É nessa fase que os beija-flores mais se divertem com a diadema.



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O dia, o futuro...

Colha o dia, não confie no futuro.
Horacio


Parece que desde sempre é difícil pensar e planejar o futuro na Terra de Vera Cruz. Por isso, além de sábias, são oportunas essas palavras de Horacio, poeta romano que viveu há 2.000 anos. Há quem pense ser morto o passado. Puro engano. O passado explica o presente e nos prepara para o futuro. Basta saber interpretá-lo. Nesse momento, e essa é a minha opinião, é a minha visão, é a minha interpretação, o passado dessa república tupiniquim me indica que o melhor, mesmo, é seguir o poeta romano: colher o dia, sem confiar no futuro.

Não é uma boa frase para as empresas de previdência privada. Tampouco para o ministro da fazenda, qualquer que seja ele, todos sequiosos de ver mais e mais recursos nos bancos e no BC, comprometidos com o futuro, com a casa própria, com o apartamento na praia, a faculdade dos filhos, a viagem pras oropas em segunda lua-de-mel, o carro pra filha que entrou na faculdade, ou simplesmente recursos guardados para prevenir azares futuros, coisa em que a vida costuma ser pródiga. Recursos que os ministros da fazenda comprometem, sempre, com a sustentação do presente sempre mambembe dessa república nhambiquara infestada por tabajaras. (Tabajara – tupi-guarani: senhor da aldeia.)

Inclusive por tudo isso é que é melhor mesmo não confiar no futuro.

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terça-feira, junho 14, 2005

3a-feira...


3a-feira de manhã...

Bom dia. É manhã de 3a-feira, 14 de junho de 2005. Sem melodrama, a verdade é que não sei se amanhã estarei com espírito para desejar "bom-dia" a quem quer que seja. Talvez nem para mim. Não sei do país, mas eu estou nervoso, ansioso, esperando pelo depoimento de RJ logo mais à tarde. Por mim, nessa altura do campeonato, quero mais que RJ dê com os burros n'água. Quero mais que o governo faça das cpis gatinhos manhosos pedindo leite e não leões raivosos exigindo carne. Tudo que eu quero e preciso nesse momento é de mais 8 meses de trabalho. Mais 8 meses de economia relativamente tranquila e em crescimento. Preciso de 8 meses para recompor as vidas da empresa e da família. Apenas 8 meses. Eles não vão solucionar tudo, mas com eles dará pra respirar e tocar em frente, acreditando em dias melhores, algo assim como 48 meses seguidos de trabalho. Acho que isso não passa de sonho. A hora do pesadelo está pra começar de verdade.


3a-feira à noite...


"Antes de se saber se a oposição conseguiu ou não acuar o governo, fica a constatação de que o próprio Congresso, os partidos e a política em geral saíram perdendo. Um jogo feio, sujo, triste e que não dá muitas esperanças ao povo."Esse é o trecho final do post do Moreno em seu blog, há pouco mais de hora e meia. A conta, só para variar, será paga por quem depende de trabalhar para viver. Salvo engano, ou salvo algum milagre, essa patifaria abre um novo ciclo de baixa na atividade econômica. Pelo andar da carruagem, agora com secretárias e motoristas surgindo como em toda CPI que se preza (e hoje não foi CPI, foi só a comissão de ética...), o lixo irá sobrenadar e infectar nosso dia-a-dia por um bom tempo. Provavelmente conduzirá a nada, como de hábito na Terra de Vera Cruz. Mas haverá muito sofrimento nas bases da pirâmide. (Sim, a nossa é uma pirâmide com várias bases; tem a base propriamente dita, tem a base um pouco mais acima, tem a base da "classe média", tem outras bases.)


3a-feira, um pouco mais tarde...

O mais interessante e curioso é que ninguém lembra, ninguém comenta, ninguém protesta contra o fato desse congresso não ser representativo.

Esse congresso é fruto dileto da ditadura militar. Foi idealizado pela mente brilhante do "gênio da raça" - como bem o chamou Glauber - Golbery do Couto e Silva, juntamente com outra mente brilhante: Ernesto Geisel. Eles já se foram há muito, mas seu congresso continua aqui, deitando e rolando, para não falar outra coisa.

"Tudo isso que está aí" é fruto do Pacote de Abril. O 3o senador por estado, uma aberração. Uma câmara baixa onde os votos de muitos valem menos que os votos de poucos. Onde os estados mais desenvolvidos, ou menos mulambentos, tanto faz, deixo ao gosto de cada um a escolha da melhor adjetivação, têm seus habitantes sub-representados.

Temos pouco mais da metade da população dos Estados Unidos. Nossa economia é qualquer coisa como 1/15 da economia americana. Temos a metade dos estados americanos. Entretanto, temos um número maior de parlamentares que os americanos. Talvez porquê nossa democracia seja mais evoluída, né? Talvez porquê sejamos melhor representados, né? Afinal, a gente vota eletronicamente e os panacas nem conseguem votar direito. Deve ser isso.

A verdade é que tudo isso é cansativo. Nada disso, nada dos resultados que estão por vir - ah... os resultados que estão por vir... - e que serão nada, compensa o sofrimento, compensa a dificuldade ainda maior que será viver nessa república infecta.

Militei na esquerda, militei na clandestinidade, nunca me arrependi, pelo contrário, sempre me orgulhei. Temo estar começando a repensar esse meu passado. Nesse momento, sinto-me tolo, palhaço, um crente ignorante como todo crente. O conhecimento e o cinismo que adquiri ao longo de muitos anos não mais me bastam para observar "tudo isso que aí está" e não sentir engulhos.

I'm so sorry.


À guisa de p.s.:

E, já me parece líquido e certo, não terei meus preciosos 8 meses seguidos de trabalho.


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É 3a-feira...

Já há alguns minutos é 3a-feira. Em algumas horas saberemos até que ponto vamos afundar novamente em lama e estagnação. Lama política e estagnação econômica. Tenho vergonha de reconhecer mas não posso negar ou omitir: nesse momento, minha vontade é que tudo dê em nada. Que tudo termine em pizza.

Finalmente, depois de pouco mais de 3 anos as coisas vão bem, ou seja, tenho dinheiro, não tenho dívidas urgentes - apenas as antigas, "administráveis". Hoje à tarde tive de arrumar equipe e equipamento às pressas para uma gravação. Há anos não vivia esses momentos de tensão, de busca, de resoluções. Gosto disso e faço isso bem. Penso e ajo com rapidez, resolvo problemas. Isso, porém, só acontece quando há um mercado comprador. Pelo que ouvi esse mercado já não existe, ou melhor, já hiberna.

Não estou preocupado com as instituições, com o progresso, com a ética, com o futuro. Não há futuro sem presente. E o presente está sendo destruído. Dependendo do que o cantante deputado cantar amanhã no Congresso, o fim terá começado.

E o pior é que estaremos todos aqui para ver.

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sexta-feira, junho 10, 2005

Pra esquecer até 3a-feira


Well, thank’s God, it’s Friday!

Friday’s night. Uau!

Dia de balada. Não pra mim, tô mais a fim de uma taça de vinho, mais uma, uma sopa ou um sanduíche, torcer por um episodio novo em “Third Watch” e dormir cedo. Amanhã de madrugada é hora e dia de ir pro sítio.

Ontem o Ismael ligou. O sorgo lá de baixo acabou. A silagem de cana acabou hoje ou acabará amanhã. Não, não conseguiu ninguém pra ir buscar o feno. E também não sabe se um dos vizinhos vai vender a cana ou não. A rebrota do sorgo tá devagar, a do napiê também. Mas as vacas vão bem, obrigado. Com certeza, com essas temperaturas, estão bastante confortáveis. A Honey voltou a apresentar pequenos grumos no leite. Conversei com a Dra. Mônica, vet homeopata que me passou o medicamento para trata-la, juntamente com a Hora, ela disse-me que está tudo normal e que segue em frente o processo de limpeza e depuração do organismo. Ótimo. Estou com saudades das bezerras.

Parece brincadeira, mas não consigo terminar a casa pro retireiro. Que coisa! Falta tão pouco. Se o tempo for suficiente amanhã, preciso comprar piso e mais uma coisinha e outra. Parece que a seca precoce pegou todo mundo de calças nas mãos. Ou quase todo mundo. Felizmente tivemos o chuvão de maio, ajudou muito. A perspectiva, porém, até o fim de setembro, não é nada promissora.

Amanhã é noite de fogão a lenha, sopa e vinho. Talvez conversa na beira do fogão com o César e a Rose. E amanhã é dia da Sophia ficar feliz e enfiada em casa, afiando as garras nas cadeiras e no sofá, e querendo dormir no nosso edredon. Os cachorros também estarão felizes, comendo bem, muito melhor do que estão acostumados, dormindo dentro de casa até a hora da gente ir dormir.

Domingo é dia de corrida perdida. Perdida por mim, pois estarei indo atrás disso e daquilo. E andando pelo sítio com o Wagner, estabelecendo o plano pro começo das águas. Aplicar calcário, adubar, jogar esterco de frango, plantar braquiária boa, variedade moderna e mais produtiva, preparar a terra pra um bom talhão de cana, mandar arrancar as goiabeiras e os pés de ponkan. Que dó. Mas não há o que fazer. Deixando uns 12 pés de cada uma vai dar e sobrar pro gasto.

Quem vai ficar todo satisfeito e mal-acostumado nesses dias é o Brioso. Vai comer maçãs e cenouras. Cavalo de sorte.

Vou ver os jogos do Brasileiro, alguns entremeados com passadas pelo curral e tratos com as vacas.

São Paulo, agora, só na 2a-feira cedo. E olhe lá.

Tenho sorte. Apesar dos problemas e da trabalheira que o sítio dá, plantar, criar, cuidar, fazer, arrumar, consertar, são coisas que ocupam a mente e o corpo. A gente esquece que existe uma vida real aqui na megalópole. Ou, mergulhados na verdadeira vida real, a gente esquece dessa falsa vida citadina.

Melhor ainda: dá pra esquecer que há uma crise política em curso. Esquecer que essa crise está numa incubadeira, bem alimentada e crescendo a olhos vistos. Esquecer que um personagem sinistro, cantor de árias em seu apartamento funcional de Brasília prepara um depoimento bombástico para 3a-feira. Um depoimento que poderá dar um rumo mais pesado, um rumo pior ainda para o futuro. Depurar é bom, mas não aos borbotões, ameaçando a vida do doente.

Esquecer não é bom, mas às vezes faz bem, permite que a gente ganhe forças. Como agora.

Bom fim de semana.


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quarta-feira, junho 08, 2005

Escárnio

(No Houaiss) Escárnio s.m. 1 – o que é feito ou dito com a intenção de provocar riso acerca de alguém ou algo; caçoada, troça, zombaria 2 – atitude ou manifestação ostensiva de desdém, de menosprezo , por vezes indignada (olhou com escárnio para os eleitores que o vaiavam) 3 – aquilo que é objeto de desdém, ironia ou sarcasmo (seu discurso de adesão ao governo foi um escárnio)


Essa é a definição de escárnio no Houaiss. Interessante é que os exemplos de aplicação, em itálico, não são meus, são do próprio dicionário. Sintomático ou premonição?

É dessa forma que vejo a situação de crise política que ora vivemos. Não consigo mais enxerga-la com seriedade. Estaria em palpos de aranha se fosse colunista político e tivesse de escrever sobre tudo isso com alguma seriedade. Seriedade na forma, bem entendido, porquê, não importa o tom de farsa, escárnio ou brincadeira que eu empregue, o que está por trás é sério. Esse “tudo isso” me afeta. Afeta meu futuro. O futuro da minha família, do meu negócio. O futuro dos meus amigos e parentes. Afeta o futuro do meu país. Sem falar do infeliz presente, claro.

Ao ler as declarações do presidente da república, ao ler as declarações do presidente do partido no poder, ao ler as declarações de parlamentares, juízes, altos membros do poder executivo, minha única reação, para escapar ao vômito, é o escárnio. É a ironia. É o sarcasmo. É até uma fuga rápida para o non sense. O mais acabrunhante nisso tudo é perceber que as autoridades republicanas nos têm num conceito baixíssimo. Tratam-nos e imaginam-nos como seres no rés-do-chão da escala evolutiva, desprovidos quer de coluna vertebral, quer de cérebro. O pior é que nos tomam por isso por nos comportarmos assim. Esse tratamento indigno e nauseante é nada mais que a recíproca pelo nosso comportamento como povo. Pela nossa aceitação cordeira de tudo quanto nos é imposto. Da extorsão nos impostos à falta de segurança mínima para viver. É um troco à nossa condescendência com políticos sabidamente corruptos, ainda que sem sentença em julgado. À nossa condescendência com aproveitadores e oportunistas de toda ordem. À nossa indulgência com tudo, com todos, conosco.

Infelizmente, merecemos tudo isso que está aí.


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Em busca da governança perdida

Andei pensando. Não que eu goste muito, confesso, mas com o Campeonato Brasileiro de Futebol paralisado por esses dias e sem nada tão atraente quanto para ocupar meus pensares, dediquei-me a esse exercício não recomendável em certas regiões do planeta.

As leituras de jornais, revistas, blogs e sites noticiosos, bem como alguns minutos de ouvidos ligados ao rádio do carro, informaram-me que:

- o presidente da república foi informado do mensalão;

- o presidente do supremo tribunal federal foi informado do mensalão;

- ene autoridades executivas da república foram informadas do mensalão;

- ene deputados foram informados do mensalão;

- ene deputados receberam o mensalão.

Todavia, nenhuma das autoridades do executivo, legislativo e mesmo do judiciário, denunciou e solicitou uma investigação a respeito. Como é dever e obrigação de todos quantos foram informados desse crime.

Como já disse, não gosto de pensar. Quando o faço acabo enveredando por caminhos meio bestas. Como esses que agora descrevo.

Diante do que foi dito, fica claro que os três poderes republicanos deixaram de cumprir seus deveres e obrigações. Mostraram-se desprovidos de competência para governar esse país. E estão, com toda certeza, incapacitados para julgarem-se uns aos outros. Diria, portanto, que o país está sem governo, à deriva. Então, considerando tudo isso, creio que nos restam algumas poucas alternativas. A saber:

- pedimos a intervenção da ONU, que mandaria tropas de todo o mundo para ocupar nossas cidades e campos, defender nossas florestas, administrar nossos parcos recursos; seria bom, entretanto, evitarmos a presença de tropas chinesas e indianas; nada de quintas-colunas ocupatórias de terras; já nos basta a ação dos messetistas;

- devolvemo-nos a Portugal, voltando a ser uma colônia lusitana; acho que uma boa vantagem disso poderia ser todos nós passarmos a ter passaporte comunitário; e o euro seria nossa moeda; quem sabe, até, nossos times disputariam a Champions League e a Copa da UEFA? Uau!

- chamamos os editores da revista do círculo militar, que já estão nervosos e falando um monte sobre tudo isso que ora ocorre, e fazemos um acordo: devolvemos o poder aos militares; em troca, eles prometem, juram pela bandeira e pelas medalhas, pelo busto do Caxias, que não prenderão ninguém e, muito menos farão coisas piores com nenhuma pessoa; não, absolutamente ninguém, nem mesmo o Roberto Jefferson.

Bom, de todas as alternativas a que mais gostei foi nos devolvermos a Portugal. Até porquê descobri outra vantagem: os Dão passariam a ser vinhos nacionais. Se bem que a alternativa das Nações Unidas tem seus méritos e que não são poucos. Desde que não tragam chineses e indianos.

(Confesso que fiquei incomodado escrevendo sobre devolvermos o país aos militares. Ainda bem.)

(O leitor atento terá observado que não relacionei a tv entre minhas fontes informativas. Realmente, há algum tempo já deixei de ter a tv como fonte de informações, exceto as futebolísticas e as que me caem aos olhos e ouvidos por acidente, entre uma mudança e outra de canal. Nada contra, apenas uma questão de prioridades.)

(O leitor atento terá observado, também, que andei empregando minúsculas ao referir-me a algumas coisas. Acredite, leitor atento, foi proposital.)

(E o leitor atento terá percebido, finalmente, que não me dou ao trabalho de perder tempo falando em "oposição". Acredite-me, atento leitor, não foi por esquecimento.)

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segunda-feira, junho 06, 2005

Segunda-feira, sexto dia do sexto mês do ano da Graça de 2005

Um dia que talvez entre para a história pela via da lata de lixo.

Um dia que talvez vá para o lixo como tantos outros. Simplesmente.

Tudo é possível.

Logo cedo tudo parecia normal em Congonhas. Frio e umidade, catorze graus centígrados, a notícia de Curitiba fechado para pouso e decolagem, gente aos montes, montes de gente, gente saindo pelo ladrão na escuridão de um típico final de madrugada paulistana. E um monte de gente comprando os jornais. Tudo que eu esperava era uma leitura sossegada e gostosa sobre o jogo da seleção. Afinal, futebol é vida e o resto é detalhe. E detalhes, geralmente, nem me interessam muito. Gosto mais da vida. Triste engano.

Roberto Jefferson já estava na Veja que chegou em casa no sábado. Ele e a atrasada Operação Curupira. Não me tiraram o sono, tampouco o humor. Notícias requentadas, mesmo a revista desmentindo declarações do presidente do IRB, nomeado por Roberto Jefferson. E ali, na minha frente, estava a Veja já vista, já lida, já digerida. Ao lado, a Época. Opa! Roberto Jefferson de novo? Sim, de novo. Agora numa história de concessão de rádios para um amigo. Logo duas rádios. Isso me leva a pensar que preciso arrumar novos amigos. De preferência que me dêem rádios, emissoras, é claro. Podem ser de tv, também. Não sou luxento pra essas coisas e acredito que a cavalo dado não se olha os dentes. Apesar dos custos de manutenção de um cavalo hoje. Bom, esse negócio de parlamentar arrumando emissoras de rádio e tv para amigos e para eles próprios via amigos cítricos, também chamados laranjas, é mais véia que andar pra frente. Nem dei bola.

Foi quando meu olhar caiu sobre a Folha de São Paulo.

Ai ai ai...

A manchete trazia... ele, sempre ele: Roberto Jefferson. Confessando a existência do mensalão. Dizendo ter contado isso ao presidente. Da república. O próprio, o que foi eleito por mais de 50 milhões, etc e tal. Há meses, já. Vários meses. Disse mais: depois de dizer que os ministros do presidente só faltaram ajoelhar-se perante ele, disse que sua declaração provocou o choro do presidente.

Como esse Roberto Jefferson é poderoso!

Ao saber que seu partido pagava trinta mil por mês aos deputados, esse é o famoso mensalão, o presidente chorou. Até eu choraria. Aliás, já estou choroso. Trintinha todo mês faria um bem danado pra mim e pra minha família e pras minhas cachorras e pra minha gatinha e pras minhas vacas e bezerras e galinhas. Nossa, com trintinha eu seria um cara feliz. Dizem que dinheiro não compra felicidade, mas experimenta esfregar trintinha todo mês no nariz da tal felicidade. Experimenta...

Bom, porquê o partido do presidente era tão generoso com os deputados é uma pergunta simples de resposta ainda mais simples. Passo.

A pergunta é outra: de onde o partido do presidente tirou tanto dinheiro? Trintinha por mês vezes um monte de deputados, todos da base, todos fiéis, todos sedentos por trintinha e mais trintinhas...

Cercado por um monte de Robertos Jeffersons, na banca e nas mãos de passageiros como eu, fui pra sala de embarque esperar o tempo abrir em Curitiba. Normal. Tempo fechado em Curitiba e tempo feio em Brasília. Normalidade como filme de sessão da tarde: é repetida todo mês, todo ano, todo governo. Ninguém troca o filme. Ninguém corrige o filme. Ninguém, talvez, se incomoda mais com filmes repetidos. Então, pode ser que esse sexto dia do sexto mês do ano da Graça de 2005 entre para a história pela sua porta dos fundos, a porta do lixo. Mas pode ser, também, que esse dia simplesmente vá pro esquecimento. A gente não dá bola pra filme repetido. Deixa a imagem na tela e continua conversando ou lendo o jornal ou fazendo palavras cruzadas. O filme repetido é apenas uma decoração passageira que não incomoda. Compõe o pano de fundo de nossas vidas.


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sexta-feira, junho 03, 2005

Everest

Vista do Everest, iluminado pelo sol, a partir de Kalaphathar, Nepal.
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Ontem, 10 anos e alguns dias depois que Waldemar Niclevicz e Mozar Catão foram os primeiros brasileiros a atingirem o cume do Everest, a 8.848 m de altura, nada menos de três brasileiros repetiram a façanha: o mesmo Waldemar, pela segunda vez, e seu companheiro Irivan Burda, e Vitor Negrete. Rodrigo Raineri, companheiro de escalada de Vitor, desistiu a apenas 50 metros do pico. Isso mesmo: cinquenta metros.

Waldemar e Irivan subiram pela face sul, essa que aparece na foto, considerada menos difícil e perigosa. Rodrigo e Vitor fizeram a escalada pela face norte, a partir do Tibet. É bom lembrar que o Tibet é uma nação dominada pelos chineses, que o invadiram na década de 50. Essa rota é mais perigosa e difícil e os dois tentavam a escalada sem recorrer ao oxigênio das garrafas. Mas perceberam que a tentativa seria muito arriscada e desistiram, felizmente. A renúncia de Rodrigo em tentar os últimos metros é admirável. Lá no alto costuma sobrar coragem e faltar inteligência. Mas a coragem, muitas vezes, é cega, e leva a tragédias.

Um grande feito.

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Bairrismo... Preconceito... Boçalidades...



Alguns anos atrás...

Pousamos no Salgado Filho, o aeroporto de Porto Alegre. O vôo não estava muito lotado, mas já era o bastante para atravancar e congestionar a esteira de bagagens. Estávamos em 3, talvez 4, nem lembro mais e todo o equipamento de gravação, que nunca é pouca coisa, além de volumoso. Ainda mais naquela época. Não faço mais idéia do motivo, se é que existiu algum, mas de repente um sujeito começou a vociferar contra mim. Olhei espantado, lembro bem disso. E mais espantado fiquei com o ataque verbal do cara. Não lembro do que ele me chamou, acho que apaguei da memória, mas lembro dele dizendo que eu nada tinha a fazer ali, que gente como eu tinha que voltar pra onde tinha vindo. E mais algumas coisas no gênero. Fiquei mudo. Por puro espanto, puro choque. Senti-me diminuído, profundamente humilhado, envergonhado por estar ali, vivendo aquele momento. Eu, que tanto falo e costumo usar bem as palavras e chego a abusar da ironia, muitas vezes cruel, reconheço, permaneci mudo. Sem saber o que falar. Sem acreditar que aquilo acontecia comigo no Rio Grande do Sul, um lugar que gosto tanto, onde tive e tenho inúmeros amigos. Minha mudez era extensiva à minha equipe. Felizmente não foi extensiva aos demais passageiros, a maioria gaúchos. Alguns deles, incontinenti, saíram a reclamar do sujeito que me agredira e a dar-lhe uma descompostura. Ficou tudo por isso mesmo. Do episódio só me restam lembranças quebradas. E já é muito.


Ainda ontem, num blog sobre futebol do jornal O Globo...

“Emerson Gonçalves: pq vc não coloca seus comentários em um blog da Folha de S. Paulo ou congênere? Que história é esta de o Paulista vai ser campeão? Mais respeito.. o seu São Paulozinho, com Rogério Ceni melhor do mundo e Grafite- amante da bola, tomou um passeio no Maracanã. Vc fica aqui num jornal do Rio, enchendo os blogs com comentários bairristas sobre São Paulo. Ninguém aqui no Rio está interessado nos times paulistas. Fica ocupando espaço com inúmeros comentários desinteressantes. Vá lá... o SP tem um time mediano e pode ser campeão da Libertadores... mas limite-se a esta competição, já que o meu Flusão vai ser o campeão do Brasil. Nem o jogo do Flu vc viu e fica se arriscando a comentar. Saudações!”

Numa primeira leitura, fiquei espantado e furioso. Redigi uma resposta curta mas dura. Deletei. Não há o que responder, dada a ignorância manifesta do indivíduo. Pior que a ignorância, o péssimo humor, ou ausência total de humor.


Como todo ser humano normal sou bairrista. Gosto do lugar onde nasci e vivi, só isso. Mas, curiosamente, justamente sobre o Rio de Janeiro não posso ser acusado de bairrista. Adoro o Rio de Janeiro. Gostaria de morar lá uns dez dias por mês. Outros dez em São Paulo. Outros dez no sítio.

Depois, num segundo momento, associei essa manifestação a racismo, preconceito.

Agora, num terceiro momento e releitura, consigo reduzi-la ao que é: um ataque bobo e sem sentido de pura boçalidade.


Seja como for, esse tipo de coisa é dolorida, sim.


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quarta-feira, junho 01, 2005

Deep Throat - Um segredo que se vai

Um segredo que se vai


Bicho homem - e mulher tanto ou mais – adora um segredo. Segredos têm sido a mola que impulsionou descobertas e avanços. Além de terem gerado milhares de obras literárias as mais diversas, desde os contos das 1001 noites até os assassinos de Dame Agatha e os mais modernos e escabrosos do Dennis Lehane. Eu me amarro num segredo.

Por exemplo, o segredo de Fátima. Aquele que envolvia a terceira predição que Nossa Senhora teria feito às crianças portuguesas no início do século passado. Como se especulou em torno dele! Ainda hoje eu tenho dúvidas se a revelação do segredo foi a verdadeira. Ainda hoje, pasmem, ponho-me a pensar se não será esse um segredo tão escabroso que é melhor manter seu conhecimento trancado. E acho que a Igreja seria bem capaz disso.

Um segredo só tem valor enquanto permanece como tal. Revelado, perde a graça, o charme, perde o mistério, perde aquela condição única de mito, de algo que dá margem à imaginação.

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E lá se foi Deep Throat. Sabíamos que era um homem, afinal, quem não viu “All the President’s men”? Além disso, Bernstein e Woodward jamais esconderam essa informação. E, caso Deep Throat fosse uma mulher, sua descoberta teria ocorrido já nos primeiros dias depois de sua aparição nas páginas do Washington Post. Pela simples razão de haver poucas mulheres nos altos escalões naquele tempo.


Há pouco mais de 30 anos convivemos com esse segredo. Filmes, livros, inúmeros artigos em jornais e revistas e programas de tv foram escritos e produzidos a respeito. E agora, numa simples matéria na Vanity Fair (puxa, poderia ter sido num palco mais nobre, reclama meu lado elitista e esnobe) revela-se a identidade de Deep Throat: Mark Felt, à época o número 2 do FBI. Em 1973, um ano antes do desenlace, o próprio presidente Nixon indaga se não seria ele o informante, como viemos a saber a partir da revelação das fitas gravadas pelo presidente. Inquirido, negou firmemente ser ele a fonte dos dois repórteres.

Agora sabemos. E, sabendo, entendemos como ele brincava tão bem com Woodward, num jogo de gato e rato e esconde-esconde, onde ele era rato e gato ao mesmo tempo. Watergate foi um pecado na vida e na carreira de Richard Nixon. Entre os presidentes americanos do pós-guerra, creio que foi ele o maior, se não o único estadista. Bem ou mal, acabou com a guerra no Vietnã. Gerald Ford ficou com a tarefa de rescaldo. Trouxe a China para o mundo, no que foi, talvez, seu maior mérito, sua maior conquista. Com a União Soviética criou um ambiente de relativa tranqüilidade para todos nós, que vivíamos, vivemos ainda embora ninguém pense a respeito, sob guarda-chuvas nucleares. Foi ousado e inteligente ao colocar um alemão naturalizado – Henry Kissinger - na poderosa Secretaria de Estado. E com poder real sobre a política americana, criando e formulando.

“Ah, mas ele era republicano.” Bullshit. Isso só tem valor internamente. Na verdade, se pensarmos bem e fizermos uma análise cuidadosa, presidentes democratas costumam ser mais daninhos ao resto do mundo que os presidentes republicanos. Mas, também, em filigranas, nada de substancialmente diferente. A verdade é que com Richard Nixon na presidência, o mundo tornou-se um lugar menos inseguro.

E sou-lhe grato por isso.

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Mark Felt hoje, aos 91 anos de idade (ao lado de sua filha Joan)


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Hummmm... Acho que esperava mais de Deep Throat. Estranho dizer isso, mas saber que ele era o número 2 do FBI é um pouco frustrante. Talvez eu deva ler menos thrillers políticos e assistir menos filmes com Redford (Redford? - o cara meio que se aposentou, estou ficando velho). Durante muito tempo pensei que fosse o Haldeman. Sei lá porquê. (H R Haldeman foi o chefe da Casa Civil de Nixon.)
Acho que muitas páginas da História começam a ser fechadas.

Por aqui, temos que aprender a lidar com o monstro China. Agora, caindo na real, o governo da Terra de Vera Cruz quer impor alíquotas para vários produtos chineses. Mais depressa do que pensavam nossos burocratas ingênuos e nossos dirigentes ainda mais, os chineses já retrucaram forte: se der, vai levar! Brasília treme. Nixon e Kissinger trouxeram o monstro para o século XX e XXI. Agora aguenta.

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