sábado, dezembro 06, 2008

Cumari, a pimenta dos passarinhos



A cumari, pequena, ovalada, vermelha, rubi, tão ou mais rubiácea que o café, abunda no Sítio das Macaúbas,
assim como na chácara dos meus sogros, também na gostosa e ainda bucólica Santa Rita do Passa Quatro.

Encontramos seus arbustos por toda parte, no sítio e na chácara, mas sempre embaixo da copa de alguma árvore.


Tal como ocorre, por sinal, com as macaubeiras.

A explicação para essas localizações é fácil: no caso das
macaúbas, araras, papagaios, maritacas e tucanos, pegam o coco diretamente na palmeira e levam-no para outra árvore, mais confortável, onde saboreiam a polpa que envolve o coquinho propriamente dito, chegando até a trincá-lo.
Refeição terminada, deixam-no cair. No chão, em meio ao folhedo que lentamente se decompõe, o coquinho germina e uma nova macaubeira vem ao mundo.

Para nós chega a ser uma praga, tão grande é a quantidade nos pastos, mas é uma planta tida como de difícil germinação e, aparentemente, há falta de mudas no mercado.
Não tenho descartada a idéia de aproveitar essas mudas futuramente, tirando-as do solo e colocando-as em vasos ou sacos plásticos, para comercialização.



Com a pimentinha cumari ocorre processo semelhante.
Os passarinhos colhem os frutos maduros, bem vermelhos, nos arbustos, e vão comê-las em outras árvores.
As sementes que deixam cair enquanto comem ou, principalmente, as sementes não digeridas em suas
fezes, vão dar origem aos novos cumarizeiros.




Por causa desse processo, o tio da Rosa, Antonio, diz que a cumari não faz mal nenhum, justamente porque é comida pelos passarinhos. Há relatos de que ela faz bem para quem tem hemorróidas, mas sobre isso nada posso dizer.


Ao contrário de outras pimentas, a cumari não é aromática, mas o que tem de perfume fraco tem em ardência forte.
Conservada em óleo ou vinagre, normalmente é colocada inteira no prato, onde é picada com a faca ou amassada com o
garfo, e a seguir misturada na comida.
Minha sogra também a prepara batida no liquidificador e o tempero é brabo, tem que ser usado com moderação. Isso ocorre porque as sementes, que são batidas juntamente com a polpa, contém maior concentração da capsaicina, a molécula que faz a pimenta ser... apimentada.




Framboesa em Santa Rita do Passa Quatro

Esses dias descobri que os pés de framboesa estão detonando a horta do Scarpa, crescendo por toda parte e se tornando um estorvo. Além disso, também estão carregados de framboesas, grandes, escuras, saborosas, algumas muito doces, outras nem tanto, precisando de mais alguns dias para ficarem no ponto.

Algumas das mudas eliminadas na horta dele virão para a nossa horta. Sempre tive vontade de ter framboesa no sítio, mas achava que era quente demais.
Agora descobri que não.


Já não posso dizer o mesmo, por enquanto, em relação às alcachofras. Em setembro fui até Ibiúna e comprei meia dúzia de mudas, das quais uma só sobreviveu.
Não desisti delas, todavia.
Assim que possível, volto a Ibiúna para comprar mais umas mudas. Essa variedade, a Roxa de São Roque, só se desenvolve a partir dos 700 m acima do nível do mar.
Bom, o sitio atende a esse requisito.
E em boa parte do ano, os dias são quentes e as noites frias e até muito frias. Então, não há porque, em tese, as alcachofras não se desenvolverem.

Algumas outras plantas estão na minha lista de desejos, como a endívia, o alho-poró, o aspargo e o grão-de-bico.
Não é para já, mas ainda hei de plantar todas elas.
São plantas que parecem ser meio chatinhas, gostam de frio, pois vêm de clima temperado, mas acredito que conseguirei, talvez com o auxílio de uma cobertura de sombrite, a tela preta que corta 50% da luminosidade e boa parte do calor do Sol.



A vida no campo tem dessas coisas simples e fascinantes, todas elas carecendo de tempo e paciência.
O prazer de ver as plantas em crescimento, vigorosas e saudáveis, depois colher e comer, é bom demais.

Primitivo, ou original, mas também profundo, algo que nos leva de volta a tempos imemoriais.


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