terça-feira, novembro 29, 2005

Notícias frescas da roça



Onça em Santa Rita do Passa Quatro!

Pois é, onça mesmo, mas não a pintada, maravilhosa, e sim uma suçuarana, a onça-parda, que aprendemos a conhecer nos filmes de Walt Disney e outros mais como puma.

Santa Rita do Passa Quatro tem umas belas áreas com florestas, ainda. Belas, mas não muito grandes, infelizmente. Numa delas está o grande e velho jequitibá, tido e havido pelos especialistas como o mais antigo ser vivo da América do Sul. O pessoal estima que ele tenha três mil anos de idade. Ou seja, quando Cristo nasceu ele passava da adolescência para a juventude, com mil aninhos de vida (tão logo eu crie vergonha na cara, vou de novo ao Vassununga visitá-lo e fotografa-lo, para depois mostrar aqui).

Essas reservas nos garantem visitas ocasionais de animais bem interessantes. Aqui mesmo republiquei a captura da sucuri num hotel-fazenda, depois de ter saboreado alguns gansos do hotel. No sítio, mesmo, temos alguns moradores permanentes e alguns turistas, como os macacos. Há muitos veados nos arredores, só não sei se dos campeiros ou dos mateiros.

Na semana retrasada, o pessoal duma fazenda próxima a uma das áreas de reserva avistou a bichinha. Chamaram a Polícia Ambiental e daí a parafernália toda. Conseguiram capturar a suçuarana, que estava estressada pelo ataque da cachorrada da fazenda. É uma fêmea jovem ainda, pesou 48 quilos e foi levada de volta para a reserva. Que seja feliz e não bote o narizinho pra fora da mata.


O assalto que me apavora

Nem muito longe, nem muito perto do sítio.

Valentim e Neusa dos Santos, e mais o filho, recém-tinham chegado no sítio e estavam tirando as compras da Saveiro, quando foram rendidos por bandidos. Um deles, magro e de voz fina, muito nervoso, com um revolver na mão, pediu as chaves do carro. Valentim jogou as chaves no chão, perto do bandido e tentou entrar em casa com a família. Irritado, o vagabundo de voz fina e com revólver deu um tiro na perna de Valentim, gritando que iria mata-lo. Apavorado e agindo por instinto, Valentim agarrou-se ao bandido e lutou com ele alguns segundos. Na confusão, com a gritaria toda, sua família entrou e ele também, fechando a porta. Gritando muito e fora de controle, o marginal deu vários tiros na porta da casa, conseguindo arrebentar com a fechadura, entrando em seguida. Um dos tiros que varou a porta feriu Valentim novamente, na cabeça. Por milímetros não morreu. Dentro de casa ele conseguiu pegar sua arma, um revólver, e quando o vagabundo arrombou a porta, atirou 3 vezes, atingindo-o na barriga pelo menos uma vez. Ferido, o bandido se voltou e fugiu, com a ajuda dos comparsas.

Valentim chamou a polícia que levou-o para a Santa Casa de Santa Rita do Passa Quatro. O delegado requisitou o Instituto de Criminalística para fazer a perícia.
Se o vagabundo aparecer, Valentim vai responder a processo, mesmo tendo agido em legítima defesa. E dizem, também, que ele será processado pelo porte de arma de fogo sem registro. Fico em dúvida sobre quem é mais assustador, se o bandido ou se a lei tupiniquim.


.

Porco no rolete! E ferrovia, e história...

.

Pois é, o dia de campo foi sobre as Jersey e seu manejo em piquetes rotacionados, mas o almoço foi um porco no rolete, preparado no restaurante Monjolinho, que faz parte da Fazenda Santa Maria.

Um pouco de história.

Na segunda metade do século XIX, o café começou a expandir-se do Vale do Paraíba para os sertões paulistas, terras de matas portentosas e índios ferozes. Terras de doenças, cobras e onças. De tudo isso, o que realmente mais afetava os colonizadores eram os insetos e as doenças, verdade seja dita. De Campinas em diante era sertão, terra bruta, matas virgens. E as fazendas começaram a ser formadas. Beneficiado pela terra fertilíssima e pela topografia amena, a produção desde cedo explodiu. Em pouco tempo tinha café demais e estrutura de menos. No último quarto do século (agora não recordo o ano), fazendeiros paulistas saíram dos sertões de São Carlos e foram para a capital imperial, a cidade do Rio de Janeiro. A cavalo, numa viagem de muitos meses. Em conversa com o imperador, foram claros: precisavam que a ferrovia saísse de Jundiaí e chegasse aos sertões. Precisavam escoar a produção de café e já não havia mulas e burros em quantidade suficiente para tal. Além disso, numa amostra do que seria o final do século XX e o começo do XXI, eram muitos os roubos de carga e as mortes de tropeiros. E, na viagem longa, eram também demasiadas as chuvas, que molhavam os grãos e prejudicavam o produto. O trem era uma necessidade vital.

Já mostrando que os problemas de hoje começaram muito antes de ontem e anteontem, Sua Majestade Imperial, Dom Pedro II, disse, de novo (outras visitas já tinham tocado nesse assunto), que não tinha dinheiro. Mas deu aos paulistas a concessão para a ferrovia. Essa concessão foi entregue aos ingleses que, em troca de dois shillings por saca de café exportado durante 90 anos (o último pagamento foi feito na década de 50 do século passado) pelos seus trilhos, levaram a ferrovia e o progresso para o sertão paulista. E um ramal menor da Companhia Paulista – CP – cujo logotipo enfeitava trens, estações, armazéns e casas, o Ramal Douradense, foi construído e passou pelas terras da fazenda. E a estação Monjolinho ficou a cerca de 1 km da majestosa casa-sede.

Com o sucateamento e virtual destruição do sistema ferroviário tupiniquim nas últimas décadas do século XX, a antiga estação Monjolinho virou o agora restaurante Monjolinho, com uma lojinha anexa. Os prédios construídos pela ferrovia estão lá, em pé, saudáveis, vigorosos, quem sabe esperando o reassentamento dos trilhos, a chegada de novas locomotivas e vagões, trazendo novos tempos gloriosos.

Enquanto isso não acontece, a gente vai saboreando o porco no rolete e mais uma imensidão de pratos diversos ao longo do quilométrico fogão a lenha.

Hummmmmm... Minha boca está cheia d’água ao lembrar do almoço, ainda por cima num cenário delicioso e num dia com cara de britânico, combinando com a memória dos trens.


.

Dia de Campo Jersey

.
Sábado foi dia de aprender coisas novas. E foi, também, um dia de lazer. Sábado foi mais um Dia de Campo Jersey. Promovido pelo núcleo de Ribeirão Preto de criadores da raça, foi realizado na linda e histórica Fazenda Santa Maria, em São Carlos.

O que é um dia de campo? É um evento realizado numa propriedade rural, promovido por órgãos de pesquisa e extensão – como a Embrapa, a Fundação MT, a CATI e outras. Ou por uma ou mais empresas que produzem e comercializam insumos para a agricultura e a pecuária. Ou, ainda, por um grupo de criadores ou praticantes de uma modalidade de plantio. Naturalmente, a propriedade escolhida, sendo ela como um todo um modelo de administração e produção ou não, tem, no mínimo, alguma coisa muito boa para ser vista pelos visitantes e ligada ao tema básico do dia de campo.

Num dia de campo a gente aprende bastante, pois as palestras são bem feitas (geralmente) e, verdade seja dita, a gente aprende até mais com as perguntas que se seguem do que com a própria palestra em muitos casos. Dúvidas são manifestadas e esclarecidas. Novas informações circulam e abrem novos horizontes pra gente, como produtores. Vemos ao vivo e a cores, o que é sempre muito melhor, lavouras, animais, equipamentos, em condições reais de uso, idênticas às que temos em nossas fazendas e sítios. E conhecemos pessoas.

Muito embora eu mesmo não possa ser catalogado e arquivado na gaveta dos que amam o próximo acima de qualquer coisa (o próximo geralmente me irrita, e me irrita ao cubo ou à enésima potência, se for um burro investido de autoridade), acho que conhecer outras pessoas é uma das melhores coisas da vida. Nesse dia de campo, mesmo, fui enriquecido com o conhecimento de pelo menos duas pessoas muito interessantes: uma pesquisadora da Embrapa – uma das palestrantes do dia – e sua família (marido e filhos estavam presentes), que, além de tudo, é vizinha do Sítio das Macaúbas (sete mil metros de porteira a porteira, bem menos que isso em linha reta), e um outro criador de Jersey, esse em Rio Claro, pequeno como eu. Ele morou muitos anos na Costa Rica, imaginem, país do qual tenho as melhores informações, tanto por uma amiga que para lá foi e se apaixonou, como por uma amiga, costarriquenha, que casou-se com um amigo brasileiro e hoje mora por aqui (que provação, né? – deixar um país tão civilizado politicamente para morar num país em que a política está na pré-história de qualquer coisa que conheçamos).
Nesse dia de campo aprendi mais sobre o manejo em rotação de piquetes para o gado. Aprendi, também, algumas coisas muito úteis sobre as malditas anaplasmose e babesiose, as pragas que provocam a tristeza no gado e levaram a Primavera. Um pouco tarde para aprender, mas não tão tarde para evitar novas dores no futuro. Melhorei meu conhecimento sobre o ciclo de vida e o combate aos carrapatos. Visitei, novamente, os piquetes da Fazenda Recreio, ao lado e antiga parte da Santa Maria, onde vi, também novamente, a ordenha e o trato das Jersey. Isso é sempre muito bom, pois a gente vê, compara, analisa. Aprende, de novo e sempre. E mais um monte de informações e dicas, muitas das quais não recordo agora mas que estão anotadas. E serão usadas em momentos futuros.


.

"- Que papo mais chato! Vai demorar muito?"

segunda-feira, novembro 28, 2005

Alertas!

.





Felinas

.


Movida a água

.








A velha tulha de café e a roda-d’água...

Outros tempos.




Surpresa... De 1889



.





Essa é a surpresa que a estradinha revelou: uma casa senhorial, uma sede de fazenda paulista construída em 1889, ano em que a República era proclamada por aqui.

As matas deram lugar aos cafezais e aos pastos.

Um ramal de estrada de ferro passou por essas terras, recolhendo o café e levando-o para outros mundos, em tudo diferentes desse.

.



Uma curva de estrada...

.
A estradinha de terra entra num trecho de mata, passa sobre o riacho numa ponte de madeira, e se curva para a esquerda...



O que virá depois da curva?

Apesar do mundo coberto por satélites, pequenas estradas ainda reservam grandes surpresas...

Riacho no meio da mata

.






O riacho descendo pelas pedras no meio da mata merecia uma moldura mais bonita que o arame farpado...

Mas a beleza da agua corrente esconde a feiúra do arame.

Café-da-manhã na roça

.


Final de novembro...

O sol já aparece na cozinha pouco depois das seis da manhã, bem baixo no horizonte.

O cheiro da lenha queimando prepara o espírito pro cheiro do café que daqui a pouco estará sendo coado...

Depois de uma caneca pura, outra, agora misturada com leite de Jersey, e uma bela e gorda fatia de pão com manteiga.

Difícil começar o dia de um jeito melhor e mais gostoso.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Skype, esse trem é bão!

Demorei, mas finalmente instalei o tal do skype ontem. Custou-me vinte reais, gastos na compra dum headset. Ontem não valeu como primeiro dia, só conversei com um amigo, para testar o funcionamento e pegar umas dicas. Hoje, entretanto, tudo foi diferente.

Chove em São Paulo desde cedo. E, naturalmente, desde cedo, muito cedo, a cidade está parada, congestionada, impossível para se locomover. E eu aqui em casa, precisando ir à luta e comprar sementes de capim para plantar no sítio. Já tinha um bom preço, numa cooperativa no Jaguaré, a uns 30 km de casa. Só de ida. O simples fato de pensar em encarar esse trecho já me deixava abalado. Fora isso, tinha de achar, se possível, uma outra semente para plantar junto. Procura daqui, procura dali, já estava pronto para sair quando fiz uma ligação para uma empresa de sementes em Ribeirão Preto. Em certo momento, o vendedor me pergunta se eu tinha skype. Surpreso e já contente respondi no ato: “Claro!” E em segundos passamos para o skype. Acabou o interurbano que me tomaria mais uns 10 minutos no mínimo. Acertamos tudo pelo skype, e comprei dele não só as sementes da leguminosa da qual estava atrás, como também o próprio capim, dezenove reais mais barato a saca com ele.

Economizei no capim, encontrei a semente que precisava e não achava em parte alguma e, ainda por cima e talvez o mais importante, economizei uma saída de 60 km na São Paulo chuvosa e congestionada de hoje.

Graças à net e ao skype.

Além disso tudo, já posso falar ao vivo e a cores via som com meu amigo que mora em Yokohama.

Beleza. :o)


P.s.: como nem tudo é perfeito, parece que as companhias telefônicas estão desenvolvendo um software que identifica e bloqueia as ligações interurbanas via skype, de um computador para um fone convencional, ligação que hoje sai a um custo meramente simbólico quando comparado aos preços que essas empresas cobram por aqui (lembrando sempre que mais de 40% do total da fatura são impostos).


.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Grumixama

.










Dolce far niente...

.

Ehhhh, vidinha boa!

Comer...
Beber...
Dormir...
E brincar, brincar muito.
Como disse o Tom, essa gataiada tá vivendo num verdadeiro play-ground.

.

Imigrantes de sucesso


O Brasil é bem um país da América, uma terra que sempre acolheu bem aos imigrantes. Não tão bem assim, se pensarmos que muitos vieram para cá contra suas vontades, aprisionados e separados de suas famílias e terras na África. Outros, como meus bisavós maternos, vieram por vontade própria, deixando para trás a paupérrima Calábria - hoje não mais paupérrima, apenas pobre – e pegando o cabo da enxada nos cafezais do interior, numa vida dura e, à época, com poucas perspectivas. Da Terra do Sol Nascente veio muita gente, também, numa viagem ainda mais longa, verdadeira odisséia, gente com uma cultura em tudo e por tudo diferente da cultura dominante na nova terra. É, aquele pessoal de outrora tinha coragem, não se pode negar.

Nem só gente veio de fora e por aqui se deu bem. Muitos outros imigrantes aqui aportaram, estabeleceram-se e cresceram. Vou falar de alguns deles.

Há alguns meses, indo levar o leite pro laticínio num horário tardio, o sol já muito alto e velho no céu, deixei de fotografar uma cena muito interessante. Claro que, desde então, venho perseguindo essa bucólica cena em vão. Nela, eu tinha um bando de imigrantes bem sucedidos nas terras, águas e ares tupiniquins: búfalos asiáticos, garça africana e planta asiática, todos juntos, usufruindo harmonicamente das águas do córrego que cruza a fazenda do Tião, entra na Fazenda Pantanal e deságua no Rio Clarinho, que, por sua vez, vai desaguar na represa formada no Rio Claro.

Segundo muitos especialistas, a pequena garça branca que vemos atrás das vacas por toda parte hoje em dia, veio da África para a América do Sul. Não dizem como, mas tudo indica que isso, de fato, ocorreu. Elas andam atrás das vacas, cavalos e também búfalos, para comer os insetos que os quadrúpedes espantam enquanto pastam e, também, para saborear as gordas e nutritivas carrapatas cheias de sangue e ovos, penduradas, prestes a se soltarem para cair no chão, e ali prosseguir seu ciclo de vida, quando, cada fêmea, conforme a espécie, bota de três a cinco mil ovos que originarão igual quantidade de micuins. Santas garças!


Nessa foto, falta a garcinha. Mas estão presentes os outros dois imigrantes de sucesso: o búfalo e o lírio-do-brejo. Pena que esses exemplares da foto não tenham mais as bonitas flores brancas que fazem um belo visual às beiras dos córregos por boa parte do Brasil.

O lírio-do-brejo é interessante. Tanto já vi essa planta por todo o Brasil, que nunca, em nenhum momento, imaginei que ela não fosse nativa. Foi com surpresa que descobri, no Lorenzi (“Plantas Ornamentais no Brasil”), que sua terra de origem é a Ásia. Como ela veio parar aqui? Talvez trazida por algum funcionário da Metrópole, transferido quem sabe de Goa para o Rio de Janeiro e que trouxe na bagagem semente ou muda da planta que achava tão bonita nos rios da Índia? É possível, provável, até. Seja como for, introduzida em algum jardim ou chácara nos arredores do Rio de Janeiro ou Salvador, ela expandiu-se velozmente e hoje é difícil a gente ver um trecho de beira-rio meio puxado pro brejo sem a presença maciça, bonita e cheirosa dos lírios-do-brejo, um imigrante de sucesso.

(Há uma outra espécie, de porte um pouco menor e flor também menor, originário da Europa e Ásia, mas não tão difundido pelo Brasil como o primeiro, que chega a ser, em algumas áreas, uma verdadeira praga, pela agressividade com que invade áreas destinadas ao cultivo.)

Essas simpáticas senhoras, apesar da cara e do olhar assustador, são, também, asiáticas de origem. Em boa parte da Ásia elas são, ou eram – a Ásia mudou muito – parte das famílias que as criam, ou que elas na verdade criam, seria mais apropriado dizer, já que fornecem o leite para o dia-a-dia e o trabalho pesado nas lavouras de arroz, numa condição de clima absurdamente quente e úmido que somente esses animais conseguem suportar. A cara feia assusta, mas o coração é grande e generoso.

Suas primas mais claras e de caras mais simpáticas – e não tirem disso nenhuma ilação outra, por favor – são as búfalas-do-Mediterrâneo, responsáveis pela maravilhosa mussarela de Parma e, por extensão, dos mais fantásticos e deliciosos pratos já inventados pelo gênio humano, como o bife à parmegiana e a lasanha (a lasanha, sim, afinal, o que é uma grande lasanha senão um bom bocado de mussarela derretida envolvida por massa e molho?).

Para cá, vieram representantes das três raças asiáticas: Murrah, Jaffarabadi e Carabao. O grosso, porém, é das duas primeiras. Deram-se tão bem por aqui que parecem donas da terra desde sempre, como em Marajó e, principalmente, numa área no sudoeste de Rondônia, onde alguns animais abandonados há menos de um século, cresceram e multiplicaram-se nas ricas várzeas do Guaporé e afluentes, a ponto do governo ter permitido e estimulado o abate de animais para reduzir seu número. Sim, porque, por aqui, o único predador do búfalo é o homem. E olhe lá. A onça nem perto chega de uma fêmea adulta ou de um macho. Na Ásia, seus predadores são os tigres, principalmente, e crocodilos, em alguns casos. Mas nossos jacarés estão mais para calangos do que para crocodilos, se comparados com seus primos de África e Ásia. Assim como uma portentosa pintada é um gatinho perto de um tigre-de-bengala ou um tigre-de-Sumatra (dizem que ainda existem tigres-de-Sumatra na natureza;dizem).


Essa senhora e sua parceira da outra foto fazem parte do rebanho do Tião. É para ele que entrego o leite das minhas “jersinhas”, pois seu laticínio produz, também, mussarela mista e queijos diversos. Vira e mexe eu deixo o leite e passo a mão numa peça de mussarela e em alguns queijos. “Põe na conta, Mineiro!” Parte da minha produção, portanto, eu comercializo via escambo.

Elas gostam de água e barro. Pode não parecer, mas sua pele é sensível ao sol e à radiação solar inclemente dos trópicos. Elas, com toda certeza, já sabiam dos malefícios dos raios ultravioleta ainda antes da gente sair das cavernas e fazer a primeira choupana coberta de sapé ou similar. O barro em que se reviram tem o papel de protege-las dos pequenos piolhos que são seu tormento. Carrapatos, bernes e mosca-do-chifre passam longe ou pouco incomodam, mas os piolhinhos são terríveis. Para sorte delas, contudo, um bom banho diário e um bocado de lama é o bastante para manter as pequenas pragas sob controle.

O leite de búfala é branco, incrivelmente branco e gordo. Seu rendimento industrial é excepcional, e faz-se um quilo de mussarela com, praticamente, a metade do que se precisaria se fosse leite de vaca. Mesmo o rico e saboroso leite das minhas Jersey não é páreo pro leite das búfalas nesse quesito. Mas ganha no sabor, posso garantir. Outra coisa boa no leite de búfala é que seu teor de colesterol bom é maior que no leite de vaca, mas isso é um mero detalhe. Afinal, com um bocado de fibras e alguma atividade física, a gente controla bem esse trem assassino. E isso só passa a pesar na balança depois da puberdade. E, passada a puberdade, quem é que toma mais de um litro de leite por dia? Bom, meu amigo César... Mas também, pudera, o cara é um bezerrão não-desmamado. E como trabalha todo dia feito um burro de carga, apesar de proprietário de terra, um litro de leite não lhe faz a menor mossa nos índices colesterólicos. Ainda bem.

Pois é, aqui temos uma trinca de imigrantes muito bem sucedidos em terras de América. Desses, embora nenhum seja dono de padaria, nem tenha passado em primeiro lugar no vestibular mais concorrido, nem seja dono de metalúrgica ou supermercado, pode-se dizer que fizeram a América.


.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Flamboyant em flor


Talvez esteja faltando o brilho do sol, mas mesmo com o chuvão que se anuncia o flamboyant florido é um espetáculo.







.

Graciosa, em recuperação


Ela, felizmente, vai bem, obrigado.

Embora mais nova e menos imune aos fatos da vida que a Primavera, ela recuperou-se bem.

Ufa!

.

Teiú à vista!


Taí o bichão. Meio difícil de ver - a fêmea está presente, também, mas mimetizada - e arisco, muito arisco. Nesse momento da foto ele já estava de saída.

Certa vez, em Paulínia, gravei um ainda maior na área da Rhodia. E o bicho era bem maior que esse e já manso, por conta do trânsito intenso de pessoas por ali.

A moradia da família é relativamente próxima de nossa casa, e bem no meio da galinhada. Desconfio que eles vão além dos ovos e papam alguns pintinhos também.

.

Pensando na morte da bezerra...




Numa das goiabeiras restavam duas goiabas. Perdidas, esquecidas pelos bichos, esquecidas pelos sanhaços, sabiás, tucanos & cia. Feia por fora, por conta dumas marquinhas, mas linda por dentro. Polpa firme, doce, no ponto exato de maturação. E a cor... Hummmm... Aquele vermelho forte, saudável, apetitoso. Quem a encontrou foi a Rosa. Perto dela, outra, mas ainda não estava no seu “dia perfeito”. Comer uma goiaba assim, no seu “dia perfeito”, é um prazer danado de grande. Só na roça mesmo.

O pé de grumixama está com sua primeira carga. Apesar da poda imbecil que um suposto jardineiro fez, o pequeno pé estava com uma carga até boa de frutas, muitas já amarelas, docinhas, suaves. Os passarinhos ainda não descobriram esse novo “restaurante”, mas é questão de dias.

Os teiús voltaram. Acompanhando a Rosa na horta, a Panda, cachorrinha do Esrael e da Maria, mas que já aprendeu a ficar conosco quando estamos em casa (ô, sina!), saiu correndo e espantou os dois bicharocos. No mesmo dia, mais à tarde, o sol queimando, lá estava o casal em meio ao capim ao lado da horta. O macho bem grande. Não consegui chegar perto o suficiente para uma boa foto, mas foi o bastante para ver sua língua bipartida explorando o ambiente. Mesmo um bicho como esse, inofensivo, provoca uma certa sensação de medo ao vê-lo de perto. Com certeza, os répteis estão em nossa memória ancestral ou coisa que o valha, como bichos a serem evitados. A fêmea, menor, ficou parcialmente escondida pelo capim. De repente, fugiram, achando que já tinham se deixado ver por tempo demais.

Gostam de ovos os danados, e como nossas galinhas vivem soltas e fazem ninhos nos lugares mais estranhos, tenho certeza que parte do belo porte do macho fica por conta dos ovos de nossas galinhas. A sorte dele é que o Valdir, por exemplo, não trabalha comigo no sítio, só nas gravações de nossos vídeos, pois, morasse ali, mais dia, menos dia eu seria convidado pra saborear um rabo de teiú assado ou cozido. Dizem que é uma carne muito saborosa.

Os pés de lichia não vão pra frente. Nem pra cima. Nem pros lados. Vão pra lugar nenhum. O jeito, portanto, é leva-los pro lixo orgânico e plantar outras árvores frutíferas. O mesmo aconteceu com os pés de caqui e abacate que plantamos. Como sou brasileiro e, portanto, nunca desisto (melhor que “não desisto nunca”, né?), vou comprar novas mudas de caqui, lichia, abacate e coco. E seguir tentando. Há coisas inexplicáveis, como essas. As mudas foram compradas em bom viveiro, foram bem plantadas e adubadas, etc e tal. Como não se desenvolveram, se as árvores próximas estão grandes e bonitas?

... ... ...

E assim seguiria esse texto, em meio a amenidades diversas, inclusive alguns problemas, pois o problema de um costuma ser amenidade para outro, né? E ainda bem que assim é. Mas, tenho de mudar a rota e a escrita. O que comecei a escrever ontem já não tem valor hoje. Nessa manhã de 4a-feira, tudo mudou. Por causa do lulla? Não, não, dessa vez o infeliz é inocente, coisa rara, né? Tampouco por culpa do São Paulo, que segue treinando e se preparando pra disputar o Mundial Interclubes no Japão.

Mudou tudo porque perdi uma bezerra. A Primavera morreu nessa madrugada. Ela é filha da Imagem com o Safári, ou melhor, era. Uma bezerra bonita, que nasceu bem e estava se desenvolvendo sem problemas. Pegou tristeza, doença que na verdade pode ser uma de duas, ou até as duas: anaplasmose e babesiose. O nome tristeza é porque o bichinho fica fraco, abatido, jururu mesmo. Triste de dar dó. As duas bezerras Jersey tiveram o problema, pois a Graciosa, quase um mês mais nova, foi a primeira a apresentar os sintomas. O veterinário foi, cuidou das duas e deixou remédio e instruções para a seqüência. A baixinha recuperou-se bem, está bonitinha de novo, comendo e cabriteando no piquete. Já a Primavera não conseguiu se recuperar. Outro veterinário foi lá, quando o que primeiro tratou dela estava ausente, medicou, e nada. O quadro foi evoluindo e mais três visitas do veterinário em nada resultaram.

Criar é uma coisa muito boa, me dá prazer. Gosto de sair à noite e olhar as bezerras e novilhas. Estão sempre calmas, barrigas cheias, tranqüilas, dormindo ou ruminando. A gente se apega às bichinhas. Dar-lhes um nome significa individualiza-las, reconhecer suas características e gostos, significa traze-las pra vida da gente. Da minha, com toda a certeza. E uma bezerra tem um valor maior, não o comercial – que também existe, mas nesse momento nem conta – e sim o simbólico de representar o futuro e a continuidade.

Há dias que eu estou, também, meio jururu. Melhorei com a melhora da Graciosa, mas a morte anunciada da Primavera foi muito chata. Estou com tristeza, também. Mas a minha não é bacteriana.


.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Assoreia, assoreia...


Essa terra que se vê na foto é uma microscópica parte de toda a terra que escorreu do canavial acima. Não é um canavial ruim, teve até boa produtividade, pois a cana é adubada, etc e tal. Mas esse nosso solo arenoso em área inclinada não agüenta o tranco das chuvas: escorre.

Assoreou o “corguinho” alguns metros pra baixo. Cresceu capim na área assoreada. A Polícia Ambiental não deixou a prefeitura desassorear. Uma chuva forte provocou uma ruptura na estrada. Prejuízo: trânsito interrompido por 100 dias e uma despesa de quase meio milhão para a prefeitura de Santa Rita do Passa Quatro.

Tem mais: o corguinho leva areia em suspensão pro Rio Claro, que já recebe terra de outras áreas. O Rio Claro leva uma parte dessa terra pro Mogi-Guaçu, uns quilômetros abaixo, gerando mais assoreamento. O Mogizão deságua no Pardo, que logo depois deságua no Grande, que mais abaixo vai juntar-se ao Paranaíba e formar o Paraná.

Itaipu, pelo que sei mas nada oficial, tem uma vida útil meio curta, em função do assoreamento da represa.

A mesmíssima coisa, mas um pouco pior, acontece com o São Francisco, com o assoreamento matando os rios formadores nos planaltos de Minas Gerais e Bahia. Paraíba do Sul? Também com problemas. Mostrem-me um rio brasileiro e eu mostrarei um rio com problemas de assoreamento.

O Rio Taquari, em pleno Pantanal, tem inúmeros locais onde a gente atravessa caminhando, sem problemas, com a água mal e mal chegando à cintura. Nos pontos mais fundos.

Pantanal, ministra e governador: balaio de gatos




Não gosto da ministrinha Marina Silva (mas gosto de começar texto com um “não”, palavra que, segundo os especialistas, afugenta os potenciais leitores). Acho que ela é fraca politicamente, tem algumas posições equivocadas sobre a Amazônia, é omissa e covarde na questão da transposição das águas do São Francisco, o sonho de consumo de seu chefe, acho que ela fala muito e age pouco, não cuida dos seus fiscais, sabidamente corruptos em boa parte, acho que ela aparelhou o ministério e seu braço direito, o IBAMA, com gente cuja única qualificação é ser petista da linha certa. Entretanto, quando o elemento que é governador do Mato Grosso do Sul acusa-a de “falar besteira” sobre o Pantanal, sou obrigado a defender a ministrinha.

Primeiro, porque, ao que se diz e já foi levantado pela imprensa, Zeca do PT, além de nomear a parentada toda, tem, também, sua coleção de histórias mal explicadas. Embora a ministrinha também tenha as suas – como o seu marido, por exemplo, e outros mais – o estrago zequiano é maior e mais despudorado. E toda vez que gente assim abre a boca atacando alguém violentamente, eu fico curioso em saber o porque. Eu fico desconfiado.

Feita essa introdução, ao Pantanal.

Dias atrás, Francisco Anselmo de Barros imolou-se em praça pública, ateando fogo às próprias vestes, em protesto contra a tentativa de Zeca do PT aprovar a instalação de usinas de álcool nas cabeceiras de rios pantaneiros e em áreas pantaneiras. Não apoio, mas respeito o gesto do defensor do Pantanal. E sou, como ele, totalmente contrário à instalação dessas usinas; motivos para isso não faltam, pelo contrário, abundam.

Dos argumentos favoráveis apresentados por S.Excia., um foi decisivo, e nenhum outro me pareceu tão favorável como quatro. Sim, porque é um argumento tão forte que de um vira quatro: três usinas de álcool e uma distribuidora de combustível, que foram quatro dos cinco maiores contribuintes oficiais para a campanha de S.Excia. ao governo do estado no ano de 2002. Argumento de peso, este, dos bons.

Diz o governador que as usinas gerarão empregos e trarão renda. Não duvido. Conheço bem as usinas de açúcar e álcool, conheço suas práticas agrícolas, conheço o mundaréu de gente envolvida em suas operações. Mas também conheço o turismo pantaneiro, em franca ascensão. Conheço o mundaréu de gente envolvida nas lides turísticas de bem atender à Sua Majestade, o Turista. Conheço, também, os níveis salariais médios de um setor e de outro. E digo com tranqüilidade: melhor o turismo que o canavial.

A cana e as usinas podem ser plantada e implantadas por tudo quanto é parte do Mato Grosso do Sul. O que não falta no estado é pasto velho, degradado, pronto para ser preparado para o plantio da cana. Que gerará renda e empregos do mesmo jeito. Assim como as usinas implantadas em municípios não-pantaneiros. Portanto, Sr. Governador, não precisa quebrar lanças com a oposição em defesa dessas localizações.

Estou cercado por grandes usinas de açúcar e álcool. Usinas tidas e havidas como boas e eficientes. A maior parte da região tem solos parecidos com os solos do Pantanal e entorno, com grande teor de areia. Solos leves, solos fracos, solos facilmente erodidos e mais facilmente ainda transportados para os cursos-d’água, assoreando-os. Venho presenciando esse crime ano após ano na região, ao redor do Sítio das Macaúbas. Até fotos andei fazendo por conta duma chuvarada que destruiu a nossa linda estrada vicinal. O preparo pesado do solo abre as portas para a erosão. Vejo o areião arrastado das lavouras de cana cobrindo a estrada e assoreando os pequenos córregos. E nem vou falar dos malefícios do sol e do vento sobre os solos expostos, senão esse texto vira uma desgraceira só. E, como já me disse um agrônomo de uma das usinas, “eles se empenham e conseguem produzir preservando o solo”. Hum hum... É, bem vejo a preservação que eles praticam. Por conhecer tudo isto, não só ao redor do sítio, mas por todo o interior de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, é que eu tenho certeza que a implantação dessas usinas próximas ou dentro do Pantanal vai comprometer seriamente, mais que isso, dramaticamente, a sobrevivência dos rios pantaneiros.

Voltando à ministra e ao governador, pra não perder a viagem ela deita falatório sobre os agrotóxicos e envenenamentos e não sei que mais. Ah, se todo o mal fosse esse, que bom que seria. Nesse quesito, movida pela posição ideológica, a ministrinha extrapola e fala inverdades, bobagens, meias-verdades. Mas isso, repito, é um mal que, se chegar a ocorrer, será inócuo sobre a natureza, pois as outras forças terão agido antes com muito maior virulência e eficiência destrutiva. Até porque, quem aplica defensivos absurdamente caros de forma delinqüente e perdulária, já fez coisa muito pior com o solo.

Há muito mais pra falar, mas nem eu tenho tempo e muito menos vocês teriam paciência. Em essência, é isso. Fui obrigado a defender a ministra do Meio Ambiente (quando teremos um ambiente inteiro nessa república?) porque uma força maior e mais sinistra se levantou. Fiz isso porque sou apaixonado pelo Pantanal, apesar de sua maldita fauna alada zumbidora e picadora, atraída por repelentes e assemelhados. Porque o inteligente, nesse caso, é preservar e até recuperar o Pantanal, pois é assim que ele rende muito para nós todos. Fiz esse texto e fiz a argumentação baseado em fatores puramente financeiros. Não falei de preservar borboletinha ou jacarezinho. Falo em preservar solos e águas como fatores de produção de renda turística. Não é um texto ambientalista, ou preservacionista, ou texto de bicho-grilo. Deus me livre! É um texto em defesa do ganhar dinheiro com a natureza. A curto, médio e longo prazo.

Afinal, eu sou um cara materialista e interesseiro. Mas eu ainda aprendo, e um dia hei de mirar-me em exemplos de desprendimento e pureza como tantos que hoje vemos nas manchetes. Um dos quais até mencionei aqui.



Ops, à guisa de post-scriptum: o governador que disse que a ministra “fala besteiras”, como diz seu “nome” – do PT – é do mesmo partido que a ministra, o PT; e fico me perguntando quais desconhecidos fatores teriam levado um governador de estado a falar assim de uma ministra de estado e colega de agremiação?
.

domingo, novembro 13, 2005

Sábado à tarde


Tarde de sábado primaveril... Meio besta usar esse primaveril pra uma tarde sabatina, mas era assim que estava a tarde ontem.

Da porta da cozinha podia ver as bezerras maiores deitadas, de barriga cheia, tranqüilas. O Brioso pastando por perto, esquecido da carroça. As vacas no pasto da macaúba, galos e galinhas mais fazendo o footing passeando – afinal, era sábado – do que procurando o que comer. Passarinhos indo e vindo, cantando, piando, gritando. Os cachorros dormindo. Temperatura gostosa, brisa agradável... e 300 km de estrada pela frente.

Tão logo a gente tenha a internet por rádio, mudamos. Isso, sim, faz todo o sentido do mundo.

A última foto



Essa é a última foto dessa manga.

Que, parece, está sendo olhada pela Maga.

E que estava sendo paparicada, por cima da cerca, pela Mimosa e pela Milu.

Diante de tantas atenções, arranquei-a.

Uma pena, claro, mas bezerras curiosas e mangas cheirosas resultam em duas coisas:
rima pobre e veterinário no pedaço em regime de urgência.

.

Descobertas & Traquinagens

Agora descobriram a carroça - que fica guardada na garagem - como um excelente brinquedo.

Semana passada, a primeira coisa que precisamos fazer ao chegar foi subir ao telhado e resgatar uma das gatinhas. Acho que ela subiu pelo varal da carroça e aí, é claro, não soube como descer.

Ter filhotes em casa e ter uma câmera digital é a combinação perfeita pra ficar sentado no chão, olhando e fotografando.

Trabalhar que é bom...

Nova moradia da Família Gato

Sophia e os filhotes mudaram-se para a varanda da frente. Lá, por falta de lugar melhor, estamos guardando os fardos de feno que damos para as bezerras mais novas.

Os fardos ficam em cima de estrados de madeira e as gatinhas se divertem. Ainda não conferi todo mundo, mas me parece que são 4 fêmeas e 1 só macho – o único pretinho, puxando pro pai (pelo que sabemos).




Quero-quero: uma mãe esperta. Ou será o pai?



Essa é a mãe. Ou o pai.

Ela sai correndo na frente do carro.


Quando eu parei para fazer outra foto, ela deitou-se. E fez-se de desprotegida, tentando me atrair para perto dela e longe do filhote.

Quando passamos a porteira e encontramos o asfalto, ela foi pra esquerda e eu pra direita. Sem conotações políticas.

:o)

.

O jovem quero-quero


Pronto, agora dá pra ver melhor o mocinho. Ou mocinha.

Fiz a foto de dentro do carro. Eles temem o carro, mas não tanto quanto a nós.

Esse povinho já nasce esperto

.

Quero-Quero - habitante novo no Sítio das Macaúbas



Essa figurinha aí, difícil de fotografar, mas que já dá pra ver que é um rapazinho ou rapariga elegante e bem-apanhado, é o filho do casal quero-quero.

Veio do ninho e do ovo que eles tanto defenderam, e que fez com que o Ismael e o Esrael aplicassem o adubo no piquete a lanço, manualmente, duas vezes.
E agüentando a gritaria de pai e mãe.

Agora taí o resultado.

Dá pra ver pouco? A próxima tá um pouquinho melhor.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Não terá como sobreviver...

Pizzolato canta e revela a ordem de Gushiken.

Buratti segue cantando e o passado ribeirãopretano – tão comentado há tanto tempo – vem à tona.

O “alambique ululante” não sobrevive até junho. A menos que...

...

Se o cara e sua quadrilha sobreviverem até junho é melhor desistir de vez desse país.

Bom fim de semana pra todo mundo.


.

Pobre Maranhão


“Se há uma demonstração dolorosa dos efeitos de uma oligarquia retrógrada, imposta por mais de três décadas a uma região, este é o caso do Maranhão, o "campeão nacional da miséria", que concentra em seu território os piores índices do País em praticamente todas as áreas sociais e econômicas. Só para ilustrar, eis alguns dados: o Maranhão tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil (0,636), a menor renda per capita (R$ 1.949/ano), 83 dos 100 municípios mais pobres do País, o maior índice de excluídos socialmente, a menor porcentagem de população atendida pelos serviços de saneamento básico e coleta de lixo, a maior taxa de mortalidade infantil, a menor expectativa de vida e o maior contingente populacional vivendo na miséria absoluta. Esses dados impressionantes estão citados em artigo do governador maranhense, José Reinaldo Tavares, publicado na página A2 do Estado de quarta-feira.”

Assim começa o editorial do jornal “O Estado de S. Paulo” do dia 9, anteontem. Com o título “Maranhão Urgente”, aborda um empréstimo de 30 milhões de dólares do BIRD, parado no Senado da República desde 2004, sem aprovação dos nobres senadores dessa triste e corrupta república. Esse dinheiro, somado a mais dez milhões de dólares do governo estadual, “beneficiará diretamente 400 mil maranhenses, que vivem abaixo da linha de pobreza nos 80 municípios mais pobres do Estado, com escolas, eletrificação rural, poços artesianos, creches, estradas, água tratada, saneamento básico e melhoria da produção agrícola” – e, como diz o editorial, está disponível no BIRD, mas dia 18 próximo vira fumaça. Simplesmente desaparecerá se os nobres senadores não votarem a aprovação do empréstimo.

E por que dinheiro tão útil não é votado? Empréstimo de valor tão baixo, afinal, é menos da metade do valor roubado do becê de Fortaleza, cujo total, pelo câmbio comercial da época, chegou a 73 milhões de dólares. Essa micharia, que poderá fazer muita diferença para quase meio milhão de brasileiros, não é aprovada porque S.Excia., Zé Ribamar, ex-presidente dessa república, ex-presidente daquela casa parlamentar, ex-governador do próprio Maranhão, ex-um-monte-de-coisas exceto ex-dono do Maranhão, não permite. Pura e simplesmente S.Excia., e sua bancada particular, bloqueia a votação do empréstimo. Porque aprova-lo significa dar vantagem ao atual governador, seu desafeto e inimigo político de sua filha e de seu genro – aquele, envolvido em muitas histórias mal explicadas, como, aliás, montes de outras histórias envolvendo o clã Sarney. E isso, para um senhor feudal, para um donatário de capitania hereditária – o que é o Maranhão – é algo fora de cogitação. Se isso significa manter o povo como o mais miserável desse país já miserável, azar do povo, pra ser elegante.

No final do governo Fernando Henrique, essa excrescência – ao lado de outras similares – estava sendo lentamente expurgada e tendo seu poder político diminuído. Tão logo tomou posse, o governo moralizador, o governo da esperança, ressuscitou o senador e seu clã. A própria filha do senador bigodudo dos jaquetões, só não foi ministra da república nesses dias últimos por mero e pequeno detalhe. Ressuscitar políticos desse naipe é um dos maiores e piores crimes desse governo sobejamente criminoso.

Conheço relativamente bem o Maranhão. Um estado bonito, grande, potencialmente rico, que “possui 11 bacias hidrográficas, o segundo maior litoral, o segundo maior terminal portuário, o segundo maior rebanho do Nordeste, excelentes recursos naturais como pólo de atração turística, assim como de produção industrial e agropecuária”, mas que não passa de um joguete nas mãos de uma família que o domina diretamente, sem adversários, desde o distante ano de 1965. Quarenta anos de dominação direta e permanece como o mais miserável de todos os estados brasileiros.

Pobre Maranhão. Duplamente pobre, material e socialmente e, principalmente, por estar entregue aos desígnios desse clã. Uma obra do clã Sarney, agora fortalecido por lulla da Silva.

E será que agora a aprovação do empréstimo do BIRD sai? A ver. (Mas eu duvido.)


(Os trechos em destaque foram retirados do editorial do Estadão, exceto a comparação do valor do empréstimo com o que foi roubado do BC, que é de minha lavra. Sei lá, achei que tinha a ver fazer essa comparação.)

.

quarta-feira, novembro 09, 2005

A USP, sonhos, vacas e bancos


A USP é importante na minha vida. Posso dizer que lá nasceu minha família, pois foi lá que conheci minha mulher. Também foi lá que, numa noite perdida no tempo, em pleno final de governo Médici, numa sala com o cheiro acre do medo, cheia de gente onde ninguém abria a boca e tomava alguma iniciativa, eu abri a minha, desandei a falar e, ao final daquela reunião proibida, era o Coordenador de Divulgação e Propaganda do Comitê de Defesa dos Presos Políticos do Brasil. Eu gostava de política naquela época. Mais importante: eu acreditava na política. Acreditava, mais ou menos, numa revolução que transformaria o país e as pessoas, pois não há país mudado sem pessoas transformadas. Foram dias ricos, talvez, olhando agora em retrospectiva, os mais ricos da minha vida. Estava apaixonado duplamente: por uma garota e pela atividade política (seria mais chique dizer “pela revolução”, mas não, lamento, nunca fui assim tão crente na revolução).

Naquele mesmo ano, numa certa noite de abril, com Geisel já empossado, a polícia da ditadura nos cercou – uns 50 gatos pingados – na História e Geografia. Durante a tarde, enquanto mimeografava o jornal do Comitê, um estudante, estagiário da CET ou coisa que o valha na época, procurou-me e disse que seu chefe, um dos responsáveis pelo trânsito na cidade, tinha participado de uma reunião com comandantes das polícias civil, militar e os assassinos do DOPS, na qual tinham estudado e acertado os meios para fechar o campus naquela noite. E, por extensão, prender todo mundo, né.

Imbuído de um sentimento de importância e urgência que só a juventude nos dá, corri, literalmente, atrás dos demais companheiros da coordenação. Contei o ocorrido. Duvidaram, a princípio, e quando acreditaram Inês era morta: no meio da tarde o campus estava cercado, a eletricidade cortada e os funcionários se retiravam antes ainda do final do expediente. Toda a coordenação do Comitê e mais uns gatos pingados ficamos na História. Um cara baixinho, magrinho, cabeludinho, feinho, com um violão mal tocado, cantava versos inesquecíveis:

“Senhora dona viúva,
diga com quem quer se casar,
se é com o filho do rei, dona viúva,
ou com o assessor especial...
ou com o assessor especial.”

Cruzes... Que trilha sonora mais besta. E toda vez que ouvia “assessor especial” na boca do carinha, e toda vez que lembro da canção e da noite, vejo mentalmente Henry Kissinger. O que só prova que o cérebro é um grande antro de células metidas a gozadoras.

A horas tantas, já beirando ou passando a meia-noite, resolvemos peitar a polícia da ditadura. Isso depois de infindáveis e inúteis discussões. E assim, com no mínimo 6 pessoas em cada Fusquinha ou 7 e até 8 em cada Brasília, saímos todos do campus. E de lá fiquei ausente por um bom tempo. Tudo isso custou-me o emprego de vendedor numa das livrarias da Editora da USP. Fora o medo, o medão de ser preso.

A USP também povoou meus sonhos. Durante muitos e muitos anos sonhei em ser aluno da Universidade. Mas nunca batalhei por isso. A verdade é que nunca me dei bem em escolas. Nunca fiz lições-de-casa, nunca estudei para provas. Se sabia, sabia. Se não sabia, não sabia. Simples. E deu no que deu, que não é assunto para agora. Talvez para dia nenhum. O foco dos meus sonhos ora era a Biologia, ora a Agronomia, em Piracicaba, ora a Geografia e até mesmo a Literatura e a História. Foram apenas sonhos.

Em tempos mais recentes, a USP foi palco de minhas andanças de bicicleta ou a pé. Em busca da boa forma perdida num passado remoto e nunca recuperada. Era agradável andar pelo campus. Tinha gente esquisita, gente bonita, gente feia, gente diferente, gente comum, gente de todo tipo. E pássaros e aves e árvores, quebrando a chatice de gente demais.

Como paulista e paulistano, gosto e me orgulho da USP. É o nosso maior centro de produção de saber. Mesmo com todos os problemas que atravessa, continua sendo o nosso grande e único centro de referência internacional. Ainda esses dias ela foi classificada entre as 200 mais importantes universidades do mundo. Em toda a América Latina, apenas mais uma foi citada: a Autônoma do México. E, numa publicação de caráter similar da China, com critérios um pouco diferentes, lá estava a USP novamente, a primeira de Latino América entre 500, tendo muito longe, no meio da lista, a companhia da UNICAMP, e no final da lista a UNESP e UFRJ. Não, senhoras e senhores, não é pouca coisa a USP. De modo algum.

E tendo dito tudo isto, digo mais: semana passada fui até a USP. Queria comprar um livro, achava que seria mais barato numa das livrarias da Editora. Qual! Enganei-me. Aborrecido, não comprei e dei uma caminhada rápida pelos arredores da Reitoria.

Impressionante!

Caminhando por ali, voltei a sonhar com a USP, e a sonhar fortemente.

O que vi, impressionou-me. De imediato, coloquei meus neurônios a fazerem contas.

Pausa. Nessa hora vocês todos estão pensando que eu, como na poesia do leminsky, vou tomar um jeito na vida e voltar a estudar, ou melhor, estudar e me formar em alguma coisa, né? Hahahahahaha... Ledo engano.

Nada disso. Voltei a sonhar, sim, com a usp, mas para as minhas vacas. Não, elas não são literatas ou com propensões à engenharia, medicina ou sequer à oceanografia, onde poderiam ter aulas com um de meus maiores e mais queridos amigos. Minhas vaquinhas não chegam a tanto, puxaram pro dono. O que me levou a pensar nelas e planejar sua vinda para a Universidade, foi o estado do pasto da USP. Toda a Universidade, praticamente, é um grande, verde, lindo e rico pasto. Isso é literal e não figurado. O mato, digo, o capim bate na minha cintura. Tivesse eu esse mar de capim no sítio e estaria dando risada à toa e sozinho, tirando leite de montão. Mas se no sítio o capim está rapado, na USP o mato abunda. E como abunda. É uma abundância de mato.

Só não tem mato nas áreas em construção. Áreas onde existiam algumas dezenas de árvores e estacionamento para dezenas de carros, agora estão com novas agências bancárias e outras em obras. Tem banco pra todo gosto. Tem privado e tem estatal. Tem nacional e tem estrangeiro. Tem dos grandes e tem dos grandões. Tem dos antipáticos e tem dos odiados. Enfim, tem banco a dar com o pau. Mas agora tem menos árvores. Tem menos área em terra e grama para absorver as águas das chuvas e o calor do sol. Tem, com certeza, menos passarinhos. E como tem menos estacionamentos, os carros também abundam, parados, mais que antes, por toda parte, por todo canto.

Se a Reitoria pagar o transporte das minhas vacas, eu trago-as para cá. Prometo dar cabo do matagal, digo, do pastão, em um mês. e ainda deixo, como bônus, toda a bosta das minhas vacas. Serão excelente adubo para aquelas áreas incultas.

Seria uma nova, diferente e muito mais bonita cow parade. Mas que não venha nenhum bicho-grilo da ECA ou da FAU querer pintar minhas vacas. Chamo o Arthur Virgilio, chamo a Heloisa Helena, chamo o jovem Magalhães e, juntos, damos uma surra no atrevido, treinando para a surra a ser dada num certo presidente.

Estou certo que os professores bons e preocupados com a academia, vão gostar. Poderão receber seus colegas de Harvard, Princeton, Oxford, Sorbonne e outras menos votadas, sem ter que andarem com facões na mão, abrindo caminho em meio ao matagal e espantando cobras e lagartos.

Também não é bom andarem ou dormirem no conjunto residencial, há muito transformado em pardieiro. Um jovem casal, o rapaz filho de grandes amigos, acordou no meio da noite com os gritos de fogo. Mal tiveram tempo de abandonar o pequeno apartamento e as chamas chegaram. Provocadas alhures por problemas na rede elétrica.

É bom, também, olharem onde pisam, não só por causa das cobras que no Brasil abundam, como sabem os estrangeiros, mas também por causa dos vidros quebrados das portas arrebentadas a chutes pelos “estudantes” revoltados com a próxima indicação de novo reitor pelo governador. Os infelizes querem, eles mesmos e mais a cambada abrigada num certo sindicato, gente que conheço de sobejo e da qual quero grande distância, eleger o novo reitor. Ah, pobre democracia...

A USP hoje, como a Terra de Vera Cruz, é um grande pasto povoado por pobres bestas e ricas agências bancárias.

Fim de sonho.

.

terça-feira, novembro 08, 2005

Arquivo morto

Escrevi no meu antigo blog (sistema “blig”), o Roça & Shopping, em 20 de setembro de 2002:

“Hummmmmm ... tá com cara de dar o sapo barbudo quem sabe até no primeiro turno. Saco. O Ciro se foi, o molequinho, digo, Garotinho, ficou onde sempre deveria, ou seja, lá pra baixo, o Serra subiu, mas parou. Tempos interessantes nos esperam. Interessantes no sentido chinês.”

Nunca, porém, imaginei que viéssemos a viver tempos tão interessantes. Apenas lembrando que, na antiga China (será que a China em algum momento deixou de ser antiga?), desejava-se, cordialmente, ao inimigo mortal, que ele e seus descendentes vivessem tempos “interessantes”. Muito sábios, como sempre, os velhos chineses.
Há muita repercussão da “entrevista” realizada ontem com o presidente lulla da Silva. Muita perda de tempo e de espaço, seja gráfico, eletrônico ou virtual, pois o sujeito nada falou e tentou negar o óbvio, como é de seu feitio e... Opa! Pêra lá! Cá estou eu a perder o meu tempo e o de quem lê, falando no elemento. Basta. Muito já foi falado.


.

Trezentão com paulo leminsky

Ah! Esse é o post de número 300.

Aqui, meu tricentésimo post.

Então, nada melhor que uma reflexão. Vamos a ela!



"quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta adolescência

vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência

vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito

vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito

então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência"

paulo leminski, in caprichos & relaxos


.

Uma questão de bitola

De vez em quando gosto de reler o texto abaixo. Eu gosto porque me dá uma perspectiva um pouco diferente daquela que me dá o jornal diário, o noticiário da tv, a própria internet. E rele-lo foi o que fiz há pouco e achei que seria legal colocá-lo aqui no blog.
(Em português moderno da Terra de Vera Cruz é de bom tom dizer: “disponibilizá-lo”.

Então tá, aí vai o texto, devidamente disponibilizado.



Uma Questão de Bitola


A bitola padrão (distância entre os trilhos) das estradas de ferro americanas é de 4 pés e 8 1/2 polegadas. É um número bem esquisito. Epor que essa bitola é usada? Porque é essa a bitola usada na Inglaterra, e as ferrovias americanas foram construídas por ingleses.

Mas por que os ingleses usam essa bitola? Porque as primeiras linhas foram construídas pelos engenheiros que construíram os primeiros bondes, e foi essa a bitola usada.

Mas, então, por que era essa a bitola? Porque o pessoal que construiu os bondes usava os mesmos gabaritos e ferramentas para fazer as diligências, que usavam essa bitola.

Tá! Mas por que as diligências usavam essa bitola? Porque se elas usassem qualquer outra bitola as rodas quebrariam nos sulcos das estradas inglesas, que têm seus sulcos muito uniformemente cavados.

Mas por que as estradas inglesas têm sulcos tão uniformes? Porque as estradas inglesas, como a maioria das velhas estradas européias, foram construídas pelos romanos para a movimentação de suas tropas. E as carroças e as bigas usavam a mesma bitola para não quebrarem nos sulcos das estradas.

Então chegamos à resposta da pergunta original. A bitola padrão das ferrovias americanas é de 4 pés e 8 1/2 polegadas porque deriva das especificações originais das carroças militares do exército romano. E que foram determinadas para que pudessem permitir a passagem de duas bundas de cavalo lado a lado.

Veja uma extensão interessante deste texto: Quando você vê o Space Shuttle em sua base de lançamento, sempre há dois foguetes propulsores auxiliares presos a ele perto dos tanques decombustível, chamados de SRB (Solid Rocket Booster).
Os SRBs são feitos pela Thiokol, numa fábrica em Utah. Os engenheiros que os projetaram queriam fazê-los um pouco mais gordos, mas eles deviam ser enviados de trem até Cabo Canaveral. Como existem túneis no caminho, e esses túneis foram construídos para comportarem um trem, cuja largura tem, é claro, aproximadamente a de duas bundas decavalo...

Chegamos à conclusão de que o desenvolvimento de um dos maiores projetos de transporte da humanidade foi originalmente determinado pela largura de duas bundas de cavalo romanos.

[Autor desconhecido]

.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Sítio das Macaúbas III



Sítio das Macaúbas, no centro.

O morro lá longe é o Itatiaia.

Povoado de antenas. Tão logo tenha uma para internet via rádio, poderei mudar de vez pro sítio.

Será que chove?


- Será que vai chover tudo isso que tá parecendo?
- Sei lá, mas se chover tanto assim vai molhar toda a comida.
- É...
- Então vamos comer enquanto ela tá seca.

É o que parecem conversar Maga e Milu, no fim de tarde de domingão. Sem o Faustão para assistirem, o jeito é olhar pra natureza.


.

Mise-en-scène




Promessa de muito barulho e muita água.

Será?

Pura loucura


A tela do Estadão.com das 13:43 de hoje tinha duas manchetes que definiam à perfeição esse Brasil de hoje:

“Lula (que eu só escrevo como lulla) diz que pobres são atores principais de seu governo”


“Lucro do Bradesco cresce 90%, para R$ 1,430 bilhão”



Uma dessas duas afirmações é, necessária e obrigatoriamente, mentirosa.

E eu aposto com quem quiser que o lucro do Bradesco é verdadeiro.

Logo...

.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Redução no número de homicídios em SP

Essa matéria foi transcrita do jornal "O Estado de S. Paulo" de 25/10/2005.



"METRÓPOLE
O ESTADO DE S.PAULO
Terça-feira, 25 de Outubro de 2005

Homicídios não param de cair Governo paulista anuncia menor taxa dos últimos 20 anos na capital

Marcelo Godoy


A queda no número de homicídios de São Paulo bateu mais um recorde. O governador do Estado,
Geraldo Alckmin, anunciou ontem uma diminuição de 26,3% desse tipo de crime no Estado no 3º trimestre de 2005 (1.653 casos) em comparação com o ano passado (2.243).
Para se ter uma idéia da importância desses resultado basta analisar os dados da capital. Na cidade de São Paulo, a polícia contou 584 homicídios. A média mensal ficou em 194,6 casos, a menor em 20 anos. A Secretaria da Segurança Pública passou a sistematizar, em 1985, os dados de assassinatos - os números do interior do Estado só passaram a existir em 1995. A menor média anterior era de 218,6 casos por mês, registrada no 2º semestre de 1988.
A queda dos assassinatos no Estado é fenômeno recente. Em 1998, o governador Mário Covas prometeu em campanha eleitoral que diminuiria esse tipo de crime em 50%. Isso agora virou realidade. Em 1999, bandidos matavam mais de 3 mil pessoas por trimestre no Estado. Desde então, as mortes começaram a cair. Primeiro, em ritmo lento. Mas, desde o 3 º trimestre de 2003, após o Estatuto do Desarmamento, entraram em queda vertiginosa. Desde então, acumularam redução de 45% na capital e 36% no Estado.
Para Tulio Kahn, da Secretaria d a Segurança Pública, parte dessa queda se deve ao estatuto, mas outra à ação policial. O diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, Domingos Paulo Neto, atribuiu o fato a três fatores: a aproximação da polícia da comunidade, à prioridade dada à prisão de homicidas e à melhoria do inquérito policial."


.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Tá difícil falar em política

Está difícil falar sobre política. Ou, está muito fácil, afinal, qualquer coisa que se fale é possível, pois todas as barreiras foram rompidas. Não há limite visível entre o real e o absurdo. O absurdo, por sinal, começa pelo real, que se mantém firmemente valorizado frente ao dólar, como se aqui fosse a Nova Suíça, uma Helvetia tropical. Isto, sem dúvida, é absurdo. Ou é simplesmente real, com trocadilho infame e tudo o mais?

De tanto lermos os realistas fantásticos latino-americanos, e seguindo nossa velha tradição de sermos mais realistas que o rei, transformamos nossa cotidiana, simples e banal realidade de outrora numa realidade fantástica. Hoje, ler alguma coisa como “Cem anos de solidão” é algo sem sentido, sem graça, sem sal, sem tempero. Um livrinho insosso. Qualquer jornal diário ou revista semanal põe García Márquez no bolso. Macondo é um território por demais convencional, certinho e quadradinho comparado ao Brasil dos dias de hoje.

Uma coisa é certa: nós conseguimos nos superar.

Seria tolo e cansativo ficar aqui listando as coisas estapafúrdias que presenciamos e vivenciamos, por força da geografia, dos negócios, das histórias de vida e dos impostos. Então, volto ao nosso hiper-realismo fantástico através de alguns personagens idem.

Marcos Valério... Que figuraça, não é mesmo? Careca total, bem falante, um símbolo, uma referência, não só pela careca, mas por tudo. Marcos Valério, criador do valerioduto.

Delúbio Soares... tenho que escrever o “d” maiúsculo e colocar o assento. Sabiamente, o Word não reconhece delubio como nome próprio, não lhe dá maiúscula e sequer o acento. Isso, todavia, não impediu o dono do nome de comprar uma fazenda em Goiás, a mesma onde foi o caminhão - pipa da prefeitura local para jogar água e refrescar os convidados do churrasco de aniversário dessa insigne figura tupiniquim , vítima das forças conservadoras. E tampouco impediu-o de comprar um Omega australiano, blindado, por sessenta e sete mil moedas, cash (prefiro falar moedas a reais, esse negócio de real pra lá e pra cá começa a causar confusão).

Silvinho, o homem que ganhou um Land Rover, o carro mais famoso dessa república tragicômica. Um erro, claro, pois o carro mais famoso, ou melhor, os carros mais famosos da república deveriam ser uma Pajero blindada, aquela do Sombra, de onde Celso Daniel saiu para a morte, e o já citado Omega blindado de delubio, minúsculo e sem acento.

Silvinho e delubio estão desempregados. Um contrassenso, gente com o gabarito profissional deles não ter um emprego decente. Algo como limpadores de latrinas na China, como vimos em “Balzac e a costureirinha chinesa” (e o Word se recusa a dar dignidade a delubio; coisa de americanos, tá na cara).

Dona Marisa é sonsa. Mas é esperta. Mandou fazer estrelas vermelhas nos jardins palacianos. Mandou decorar e redecorar as moradias presidenciais. Não perde uma viagem. Veste-se bem. Vai bem a dona Marisa. Né boba, não. E feliz, como boa mãe, com os filhos. O mais velho nem se fala, que beleza. Tão garoto e já dono de empresa milionária. E tudo graças aos joguinhos, graças aos games. E ainda vem gente me dizer que o ócio não compensa! Francamente...

Zé Dirceu sempre foi o terror. Leiam de novo e bem: sempre foi o terror, nunca o terrorista. Liderou passeatas e traçou um monte de deslumbradas futuras companheiras. Preso, foi trocado por um embaixador e passou a viver em Cuba. Deu-se bem por lá. Até ganhou um “extreme make over”, ou terá sido um “the swan” o programa pelo qual passou? Enquanto os americanos sonhavam com seus “reality shows”, nós já tínhamos terminado o nosso e o nosso transformado já tinha trocado de mulher, de filhos, de vida, de profissão e já era o homem mais poderoso da Terra de Vera Cruz, ou, pelo menos o segundo mais poderoso. Há controvérsias, pois alguns resistentes crentes seguem afirmando que o presidente sempre foi o número 1, o mais poderoso. Há controvérsias.

Toninho Palocci... Grande figura. Parece que seu lugar na história e nessa história ainda não está plenamente marcado. Há indicações de um grand finale programado para ele. Algo de arrepiar até a careca de Marcos Valério. A ver.

Nunca antes como agora legistas tiveram tanta importância nessa república. A continuar assim, esse período entrará para a história como a “república dos legistas”. Naturalmente que entrará para a história pela saída de lixo, mas cada um entra por onde consegue.

Há muitos figurantes insignificantes nessa república, alguns genuínos, outros nem tanto. Uma república cheia de trocadilhos. Estive tentado a escrever trocadalhos, mas pensei melhor e, em nome da elegância, não escrevi. Mas que pensei, pensei.

Tantos trocadilhos, que os há até para mercadejar consciências. E justo no congresso, onde consciências jamais poderiam ser mercadejadas. Mas foram. E tem mercadejante (sorry, não resisti) que ainda posa de vestal. Paulo Salim fez escola e foi superado no quesito “cara-de-pau”.

Em nome da paz, tentou-se desarmar os pacatos e preservar armados os bandidos. Quase deu certo. O povo, do alto de sua eterna vigilância, levantou-se contra tamanha barbaridade e disse não. Teria sido algo interessante e digno de registro, não vivêssemos quadra tão infausta e absurda. Foi um belo gesto perdido.

Dinheiros parecem jorrar de cornucópias desconhecidas. Muitos dinheiros. Tantos, que como as nascentes do Nilo e do Amazonas deixam dúvidas sobre qual a real fonte de tanta água, de tanta dinheirama.

Na revista que denuncia escândalos & falcatruas, uma foto sintetiza tudo: de baixo para cima, mostra o presidente do becê cochichando ao ouvido do presidente da Terra de Vera Cruz. Nessa posição, com os dentes parcialmente à mostra e um ar sonso de quem nada quer e para nada liga, a imagem do presidente de todos os tupiniquins é a de uma raposa. Uma perfeita raposa. Olhem bem. Há um que, também, de vampiro naquela cara sonsa (eu já disse isso? – é, eu já disse isso, inclusive para a primeira-esposa; droga, estou me repetindo), podem reparar. Ou talvez tudo não passe de má vontade de minha parte.

E hoje cedo, com esse texto já escrito e pronto para ser enviado e perturbar o feriado de vocês, saboreava tranqüilamente meu café-da-manhã com o Estadão de praxe à frente, quando deparei com uma nota. Pequena, discreta, perdida no Caderno 2, lá estava ela.

Muitos de vocês (pessoas finas e de muito bom gosto, sem falar de boas e honestas posses) conhecem o Depósito Santa Luzia, aqui nos Jardins. É um templo do consumo sofisticado e de extremo bom gosto. Por exemplo, se eu tivesse papado uma megassena da vida, iria até lá esses dias pra comprar trufas brancas. Sem ter papado a sena, passo pela frente e nem olho. Confesso que já fui lá duas ou três vezes, depois de ter fechado grandes contratos para produzir uns vídeos e confesso que numa delas não tive coragem e saí com as mãos abanando. Nas outras, pra não dar bandeira de pobre, saí com uma caixinha de macarrão ou outra coisa assim, custando menos de “dez real”. Tenho bom gosto, mas não sou louco.E foi lá, nesse antro do suprassumo do consumo capitalista, uma Daslu dos comes & bebes, que ontem, um personagem conhecido, fazia sua comprinha básica. Seu carrinho estava cheio de preciosidades. Literalmente. Que personagem é esse?Silvinho "Land Rover" Pereira. Lembram, né? Até citei-o logo acima.Moço pobre, salarinho básico de dirigente de partido popular, atualmente desempregado. Devia estar queimando seu suado éfe gê tê ésse naquele templo capitalista.

E com essa, só me resta concluir esse texto e ter a cara-de-pau de desejar a todos um bom feriado.


.

terça-feira, novembro 01, 2005

Sossego...

Timburi e braquiária

Essa foto é didática: mostra com perfeição a diferença entre o capim sombreado pela árvore e o capim ao redor, livre da influência da árvore, no caso, um timburi.


Diz-se que a árvore prejudica o capim. E, por conta disso, o que mais vemos por esse país são pastos sem árvores, sem sombras, o gado sofrendo sem proteção embaixo do sol brutal dos trópicos. Não sendo vítimas apenas do sol, mas também das radiações, a mais perniciosa delas a radiação ultravioleta.

Se a sombra faz bem ao gado, é benéfica, também, para o capim. Nesse caso, particularmente, sem a menor dúvida. Segundo um amigo, parece haver uma constatação que o capim sombreado consome menos Nitrogênio em suas atividades básicas de respiração, transpiração, etc. Gastando menos na manutenção, o capim pode aproveitar muito melhor o N presente no solo para o crescimento. O que podemos ver nessa foto.

Sinceramente, porém, a meu ver o que pesa nesse ponto é o fato do timburi ser uma planta da família das Leguminosas, a mesma a que pertencem o feijão e a soja, e centenas de outras espécies dos mais diferentes portes. Essas plantas têm uma preciosa característica: em suas raízes, vivem em simbiose bactérias do gênero Rhyzobium. Essas bactérias têm a capacidade de extrair o nitrogênio do ar e, depois de usa-lo em seus processo orgânicos, deixam-no numa forma assimilável pelas plantas. Ou seja, elas adubam o solo com o elemento usado em maior quantidade pelas plantas, pois diretamente ligado ao crescimento e formação de proteínas. E é por isso, ou principalmente por isso, que o capim está tão bonito e mais desenvolvido embaixo do timburi do que ao redor.


.














Rola-bosta, um amigo precioso

O título é meio mandrake, mas é isso mesmo: o besouro rola-bosta é um grande amigo de todo criador de gado.

O nome rola-bosta vem do fato deles recortarem bolotas de bosta de vaca e rolarem-na até a entrada do buraco que cavaram e onde depositaram os ovos. Ao empurrar a bolota de esterco (bosta demais cansa, né?), eles chegam a ficar em pé. Como a bolota é quase sempre maior que eles mesmos, e muito mais pesada, é algo como se nós empurrássemos um elefante.

Há várias espécies de rola-bosta. A mais comum é esse bicharoco com pouco mais de um centímetro de comprimento, preto e brilhante. Há espécies menores, também. Recentemente, a Embrapa importou uma espécie africana, maior e mais produtiva nesses afazeres que a nossa. Isso se deve ao fato, provavelmente, da África ser um continente com grande quantidade de grandes herbívoros: elefantes, rinocerontes, girafas, bois e búfalos. Essa abundância, com certeza, propiciou a evolução de mais besouros especializados, tendo como alimento as fezes dessas espécies. Já por aqui, a Terra de Vera Cruz é pobre em grandes animais, exceto os da super-família Politicus. Ops, isso é outra coisa. Nossa terrinha é pobre em animais de grande porte e, portanto, digamos que o estoque de bosta na natureza nunca tenha sido tão grande como na África. Por esse simples motivo não temos grandes especialistas na rolagem, ingestão e transformação de fezes de herbívoros, e não porque nossos besouros não queiram nada com o batente, ou que sejam malandros, e coisa e tal.

Tá, e daí? Daí que a maior e pior praga do gado hoje é a mosca-dos-chifres, um ser terrível, tenebroso. E essa maledeta mosca só deposita seus ovos em bosta de vaca. Em nenhum outro tipo de fezes. Assim como ela, outras moscas também fazem sua postura nas fezes e elas contêm ovos de vermes diversos que infestam os bovinos. Ao enterrar essas fezes, e delas se alimentar, o rola-bosta está destruindo ovos e larvas desses inimigos dos bovinos. Suas larvas, por sinal, não só comem o esterco, como também ovos e mesmo larvas que se encontrem neles.

O rola-bosta, portanto, é um fator de equilíbrio e auxiliar no controle de moscas e vermes.

Não bastasse tudo isso, seus túneis arejam o solo e, levando esterco para baixo, melhoram a fertilidade da terra em uma camada inferior.

É isso. E viva os rola-bosta do Brasil
!

.

Colhendo besouros

A besourada chegou aos montes.

Quilos e quilos de besouros!

Para afasta-los das varandas, o jeito é colocar pequenos postes com luzes em meio ao gramado, e aquelas horríveis lâmpadas amareladas nas varandas.

Na sexta-feira estava cansado e nem me dei ao trabalho de “colher” besouros.

No sábado colhi um pouco.

Já no domingo à noite fiz várias colheitas, usando balde, vassoura e pá.

Durante a noite os sapos fazem a festa e fazem de nossas varandas salas de jantar. Ou banquete.

Pela manhã, os que escapam das línguas assassinas dos sapos tombam sob os bicos idem das galinhas. Que ciscam todo o entorno da casa à cata dos besouros enterrados.



Segunda-feira cedo agi antes das glutonas chegarem. Essa foi a última colheita...

Todas as colheitas têm o mesmo destino: os piquetes dos bezerros.

.

Mimosa e Luna


São irmãs por parte de pai.

E as idades são muito próximas.

Enquanto a Luna é Jersey pura, a Mimosa - que de Mimosa tem só o nome - é mestiça, daí a diferença de tamanho.
.

Safari


Esse no primeiro plano é o Safari.

É um belo touro Jersey, mas sua melhor qualidade é o fato de suas filhas serem excelentes produtoras de leite. Ou seja, ele é um bom transmissor dessa característica para as filhas.
E numa unidade de produção leiteira é isso que importa.

Ele é o pai da Graciosa, da Mimosa, da Filó, da Vitória, da Miúda, da Luna, da Milu, da Primavera.

.

Aprendiz de Harry Potter



Essa vassoura rendeu!

Foi brincadeira em cima de brincadeira, às vezes com os cinco gatinhos por cima, dos lados e por baixo da vassoura ao mesmo tempo!

Tanta energia gasta leva a isso: 4 dormem na lenha e essa preferiu a vassoura.


Vai ver, está treinando para algum jogo de quadribol em Hogwarth.

.

Sono interrompido - Olha o passarinho!


Por que que sempre tem um chato de plantão pra atrapalhar o sono?
Acho que é isso que pensam os gatinhos.
.

Daqui omundo é seguro...



Não é tão assustador assim...

Pra quem olha o mundo novo e estranho aconchegado à mãe, nada é muito assustador, apenas curioso.


O pretinho é o macho – creio que único – da ninhada. Sua irmã observa a atividade no fogão de lenha. E as outras dormem no monte de lenha lá fora.