sexta-feira, março 31, 2006

Obrigado, Senhor Bandido



Obrigado, Senhor Escroque.

Obrigado, Senhor Larápio.

Ironia? Não! Não estou ironizando, ou talvez esteja um pouco, mas estou agradecendo mesmo.

Presidente? Senador? Juiz? Deputado? Não, por incrível que pareça o bandido ou larápio ou escroque a quem agradeço não é, que eu saiba, nada disso. O que realmente é meio inédito.

Vamos lá, vou desfazer esse suspense pobre, até porque meu humor está ótimo, com o bolso recheado de gordas notas de cinqüenta e, muito em breve, minha conta bancária também. Tudo começou na manhã de ontem quando o telefone tocou.

- É o “seu” Emerson?
- Sim, pois não...
- Meu nome é Robério e eu estou vendo aqui que o senhor tem umas ações da Petrobrás.
- ...
- Então, “seu” Emerson, o senhor não quer vende-las?
- Puxa, eu nem me lembrava mais dessas ações – falei enquanto pensava com meus botões que o cara estava errado, pois eu já tinha vendido todas minhas ações anos atrás.
- Então, “seu” Emerson, o senhor tem umas ações aqui e a gente pode comprar do senhor.

Enquanto ele falava, eu pensava. É, pensando bem, pode ser, sim. Acho que deixei meia dúzia de Petr PN pra trás. Pode ser, mas deixa eu ver o que o cara diz.

- É, acho que vou vender sim, puxa, eu nem lembrava mais dessas ações. Tem quantas aí?
- Ah, é um bocadinho, dá um dinheirinho bom.
- É mesmo? Elas estão a quanto?
- A gente está pagando dez reais cada uma, vai dar uns bons reais.

Uau!!! Ganhei o dia, pensei exultante, mas me mantendo quieto.

- Olha, você me pegou no meio de um trabalho chato aqui, dá pra você ligar mais tarde, depois das onze horas?
- Ah, claro, eu ligo.
- Ou então me dá seu telefone e seu e-mail e eu te ligo.
- ...
- ...

Curioso, tão falador antes, tão silencioso agora.

- O senhor quer meu telefone pra me ligar?

Não, Pedro Bó, pensei, quero teu telefone pra fazer um colar e pendurar no pescoço.

- É, mas você pode me ligar depois, eu preciso acabar esse trabalho.
- Ah, então tá bom, eu ligo pro senhor mais tarde.

Desligamos. O que ele fez eu não sei, mas eu peguei o jornal, abri o caderno de Economia e fui ver as cotações das ações, coisa que fiz durante alguns anos com muito prazer e muito pânico, muita alegria e muito ódio. Corri os olhos e lá estava: Petr PN – fechamento a R$ 43,15. Hummmm... Uma pequena diferença em relação aos “dez real” da proposta. Fiz minhas contas de cabeça – sou bom nisso, só não sou bom em ganhar dinheiro – e pulei de alegria, mas em silêncio.

Abri o site da Petrobrás e liguei pro zero oitocentos de atendimento a acionistas. Contei o “causo” pra atendente e ela me pediu pra mandar um e-mail com meu nome e fone, o que fiz de imediato.

O Robério me ligou de volta, mas, simulando boca cheia, pedi-lhe para ligar depois do almoço.

À tarde, ligou outro cara, cujo nome esqueci, mas que se anunciou como “colega do Robério”. Fez minha cabeça. Pagamento cash, “seu” Emerson, é só o senhor dar seu CPF, RG e assinar a transferência. Como o volume é pequeno, pagamos um pouquinho menos, né, o senhor entende, mas também não cobramos comissão, nada disso. Ah, mas vocês são de uma corretora, né? Sim, claro. Bom, fulano, deixa eu pensar um pouco, vou falar com minha mulher e amanhã eu decido.

Pois bem, jacaré ligou? Nem eles.

Nessa manhã, sem resposta da Petrobrás ao meu e-mail, liguei de novo e dei sorte, fui atendido por uma atendente profissional. Pediu meu CPF e em menos de um minuto disse-me tudo que eu queria saber: sim, minhas ações existem, bonitinhas. E mais: tinha dividendos para retirar. Bastava ir a qualquer agência do Banco do Brasil.

E lá fui eu, milagrosamente, para uma agência bancária e do BB ainda por cima! Entrei meio assustado, olhando pros lados, vai que algum vagabundo de gravata e paletó fosse romper meu sigilo bancário, mas nada aconteceu, essa gatunagem criminosa parece ser coisa exclusiva da caixa, aquela caixa. Peguei uma senha, sentei, fui atendido, mostrei meus documentos e... Voilá! Já saí do banco com os dividendos dos últimos três anos. Uma graninha linda, bonita, gostosa de sentir no bolso. Por outro lado, descobri que perdi os dividendos de uns doze ou treze anos. Paciência.

Minhas ações estão lá, mas só por enquanto, pois irão rapidinho pro abatedouro, digo, mercado. E vão se transformar em um notebook, umas garrafinhas de bons vinhos, em algumas dívidas pagas, portanto ex-dívidas e, suprassumo, em três ou quatro vaquinhas boas, no leite.

E tudo isso, gente, graças aos simpáticos e prestativos bandidos que se deram ao trabalho de levantar minhas ações, perceberem que estavam paradas há tanto tempo, caçarem meu telefone – aliás, não faço idéia de como descobriram meu número - e me alertarem a respeito. Que bonzinhos!

Pena que os bandidos governamentais não prestam nenhum serviço tão relevante assim em troca de suas roubalheiras. Humpf... Nossos bandidos oficiais são piores que os bandidos extra-oficiais.

A atendente da Petrobrás disse-me que esse golpe é comum, pois as pessoas compram poucas ações, às vezes, e esquecem delas. Eu esqueci das minhas, mesmo tendo sido um investidor nesse mercado, em priscas eras, diria até que saudosas. Portanto, fica o alerta.

E com isso, se eu não escrever mais nada, bom fim de semana pra todo mundo e olho vivo em suas ações compradas há dez, quinze, vinte anos. Elas podem valer um bocadinho.

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terça-feira, março 28, 2006

A gripe chegou


O sábado está nascendo, já estamos na estrada a caminho do sítio.

- Se ficássemos em São Paulo esse fim de semana iria comprar frango no supermercado. Hoje eles estão vendendo a noventa e nove centavos o quilo.

- Noventa e nove? – exclamo surpreso.

- Hum hum... Muito barato, né?

- Cruzes, isso é um absurdo. Nem fala disso pro César e pra Rose mais tarde.

Noventa e nove centavos o quilo do frango limpo, congelado. Finalmente, um alimento mais barato que o leite, quem diria!

À tarde, o César passa em casa, e quando ele chega, a Rosa que já estivera conversando com a Rose, diz pra mim:

- Sabe qual o preço do quilo do frango num mercado aqui perto? Oitenta e nove centavos! A Rose que me contou.

Olho pro César que, meio desanimado, complementa:

- É a gripe.

Sim, sim, sim... É a gripe. Caiu o consumo de frango na Ásia e também na Europa e no Oriente Médio. Milhares de toneladas de frangos prontos para exportação ficaram a ver navios por aqui. O jeito foi desová-los, literalmente, no mercado interno. E tome promoção! Frango a oitenta e nove centavos! Um crime, um crime que ninguém percebe, pois todo mundo só quer tirar vantagem e abastecer o freezer com o máximo de peças possível. Nós mesmos, inclusive, afinal, não somos de ferro.

Os “povos das cidades” regozijam-se e enchem os carrinhos. Muitos ficam pensando em como esses “granjeiros” são terríveis e ganham rios de dinheiro, pois o frango que custava quatro reais agora sai por menos da metade.

Os “povos das cidades” não pensam e desconhecem a cadeia produtiva. Caso essa situação persista, o número de aves alojadas e criadas vai diminuir drasticamente. Vai diminuir, portanto, o consumo de milho e farelo de soja. Aliás, os criatórios d”Europa e Ásia já cancelaram pedidos, pois não têm frangos para comer o milho e a soja exportados pelo Brasil. Mas não é só o consumo de carne de frango que vem caindo, pois o consumidor não migrou para a carne de porco e para a carne vermelha, essa, fora do Brasil, cara demais para receber muitos consumidores novos. Em questão de quarenta a sessenta dias, se tanto, os frigoríficos farão cortes nos seus quadros de funcionários. Muitos já estão com grande capacidade ociosa.

E, com tudo isso, um novo ciclo vicioso de baixas e quebradeiras terá início. Se a gripe de fato virar uma pandemia, os prejuízos econômicos para todos nós serão terríveis. Sem falar, é claro, das muitas perdas de vida que um evento como esse acarretará.

Mas, enquanto isso, o jeito é comprar frango a oitenta e nove centavos de real o quilo. Mas, quando o fizer, saiba que o custo de produção desse mesmo frango, ainda vivo, sem o transporte, abate, frigorificação, embalagem, distribuição, custa praticamente esse mesmo valor.

Bom apetite.


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segunda-feira, março 27, 2006

Beiras de estradas perto do sítio - 2

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Beiras de estradas perto do sítio

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Caiu!

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Meninas, o ministro da fazenda caiu!


Olhem só como elas estão impressionadas com a queda do ministro da fazenda. Parecem até não acreditar, estão pasmas.
Bom, o cara era ministro da fazenda, né?
Mas aqui é só um sítio!
Sim, é só um sítio, mas a fazenda manda em tudo, né?
E agora?
Agora?
Agora nada, como sempre.

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Visitante inesperado

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Sábado, dez da noite, os olhos já querendo fechar, mas mantidos abertos por conta do episódio da semana de “Gilmore Girls”, gravado em vídeo. Ouço uns barulhinhos meio distantes, meio próximos. Não dou muita bola, o sítio é cheio de barulhinhos inexplicáveis, pelo menos para nós. Dali a pouco, voltam os barulhinhos, parecem choro de filhote... Será?

Deixo a confortável poltrona brega de tirinhas plásticas que não me deixa com dores nas costas e vou até a porta da cozinha.

De cara avisto a fonte do choro:





Só pode ser um dos filhotes da Panda. Abro a porta e o rapazinho entra como se ali fosse seu lugar. A Rosa vem e em poucos minutos o visitante está bebendo leite morno e comendo ração de filhotes de gato. Feliz com a vida, ao que parece.

E agora? Será que ele veio sozinho ou será que foi a Panda que o trouxe? Se foi, ela vai aparecer já, já com outro filhote. Esperamos, nós quatro: Rosa, eu, o sono dela e o meu sono. Um belo grupo.

Se ele veio sozinho, teve que atravessar uns duzentos metros de pasto e curral até chegar aqui em casa. Suas perninhas medem centímetros, assim como seu corpo gordinho. Quantos passos ele terá dado? E que sorte, hein? Nenhuma cobra, nenhum predador noturno em seu caminho. O bichinho é corajoso.

Finalmente, a Panda aparece não traz nenhum filhote, ou seja, ele veio sozinho. Já passa de onze horas, quero dormir. O filhote vê a mãe e se anima, vai atrás dela que foge como o diabo foge da cruz. Em vão. Ela se deita e ele se ajeita para mamar. O bichinho é insaciável. Nessa altura, a Rosa foi dormir e parte do meu sono se foi, sei lá pra onde, e eu fico lendo e vendo tevê, esperando não sei o que. Decido por não levá-lo de volta para a companhia de seus outros seis irmãos e irmãs porque o Esrael e a Maria estão passando a noite fora. Claro, né? E o abacaxizinho fica com a gente.

Bom, o que não tem remédio remediado está. Coloco a Panda pra fora e o filhote dentro de uma caixa plástica, com mais leite e ração, sobre folhas de jornal e mais um pedaço de pano para se manter mais aquecido. Ele olha em volta, choraminga, tenta chantagear, mas dorme. E é o que eu faço em seguida.

Mas qual! No limiar do primeiro sono, sou despertado por seu choro.

Como é duro despertar e mais duro ainda levantar da cama depois de um dia cansativo! E com cachorrinho chorando, ainda por cima.

Nessa altura ele conseguiu deixar a caixa, faz mais xixi aqui, ali e acolá. Espero alguns minutos mais e aplico-lhe um “joelhaço” verbal – lembram do Analista de Bagé? Com a bronca, ele fica quietinho, deita e, que maravilha, dorme. Até o raiar do dia. Bichinho esperto, sem dúvida.

Só no meio da manhã ele volta, em confortável colo, para sua casa verdadeira. Com ele, levamos leite, ração e a mãe “desnaturada” de volta. Depois de encherem as panças, ficam os sete brincando e, com certeza, ouvindo do rapazinho o relato de sua aventura noturna.

E agora ficamos com dó do bichinho, tão novinho, tão atrevido, esperto e “corajoso”. Será que vão conseguir um bom dono para ele? Dá vontade de ficar, mas sem chance.

Êêêê, vida no sítio...
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quinta-feira, março 23, 2006

O novo pasto! - um pouco mais

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O Esrael e o Ismael estão sobressemeando aveia forrageira entre as touceiras do capim Tanzânia.
O capim está alto demais, mas a gente vai acertando aos poucos.
Esse é o piquete número 8.






As sementes são jogadas ao chão na véspera ou antevéspera da entrada das vacas, que irão pisar e “plantar” as sementes.













As sementes estão misturadas.
O calcário é fundamental no solo, corrigindo sua acidez
e permitindo que as plantas aproveitem os nutrientes.
Mas aqui ele serve como marcador.
Como mal não faz, faz é bem!

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O novo pasto!

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Esse pé o piquete número 1.
É ponta de área, não é muito bonito.
Mesmo assim, dá pra ver quanto capim ele tem!
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Enquanto isso, lá no sítio...

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... as vascas pastam, as novilhas crescem, as bezerras crescem, o tourinho Minuto começa a tomar o lugar do tourão Safári, que já se mantém afastado do moleque, as gralhas às vezes se empanturram de ovos, às vezes não, o Brioso já está de sapato novo – as 4 ferraduras foram trocadas, a broca foi curada, seus cascos estão bem, ele está bem – e a vida segue sua rotina.

Tucanos gritam à tarde, macacos gritam de manhã, seriemas gritam o dia inteiro e os quero-quero um pouco mais.

A internet chegou, mas ainda não está ok. É internet via rádio, com uma antena no alto do Itatiaia, morrão grande, com o Cristo no alto. De lá se avista boa parte desse centro-norte paulista. Num dia claro, depois de uma boa chuvarada, ou numa noite sem lua, de inverno, Santa Rita do Passa Quatro aos pés, e a distâncias variáveis, Descalvado, Porto Ferreira, Pirassununga, Leme, Tambaú, Santa Cruz das Palmeiras, Tambaú, Casa Branca, Santa Rosa do Viterbo, até mesmo São Carlos são perceptíveis se o horizonte permite. Mais distante, o brilho de Ribeirão Preto nas bonitas noites frias e bem escuras é visível. Entre nós e Ribeirão, entre noventa e cem quilômetros.

Bom, a internet chegou mas não funciona.

Entre a antena no morro e o sítio do Miro, meu vizinho de cerca, está uma feia e desagradável rede de alta tensão. É a única coisa nessa paisagem que sempre me desagradou. Essa rede gera um forte campo magnético que interfere na recepção do sinal de rádio. A solução, agora, é a compra de uma antena mais potente, cujo sinal supere esse campo magnético. Falta pouco, falta pouco.

E, com isso, se aproxima a hora de dizer adeus a São Paulo e olá a Santa Rita do Passa Quatro.


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“... um pouquinho de Brasil, iá iá...”


Ligue o som, coloque o cd com essa música tão gostosa:

“Isto Aqui O Que É? - Ary Barroso (1951)


Isto aqui ô ô

É um pouquinho de Brasil, á á
Deste Brasil que canta e é feliz
Feliz, feliz
É também um pouco de uma raça
Que não tem medo de fumaça ai, ai
E não se entrega não
Olha o jeito nas cadeiras que ela sabe dar
Olha o tombo nos quadris que ela sabe dar
Olha o passo de batuque que ela sabe dar
Morena boa que me faz chorar
Põe a sandália de prata
E vem pro samba sambar.”

O jeito é sambar mesmo, senão vejamos...

Faturando para pagar as obras

Em Vinhedo ou Valinhos, sempre confundo, mas como são vizinhas não tem problema, um amigo que reside num dos muitos condomínios daquela região tão bonita quanto gostosa, contou-me que breve terá um novo vizinho, que no momento ergue portentosa casa no condomínio, vira e mexe visitada. O futuro vizinho do meu amigo? É o nosso ex-primeiro-ministro, o popular Zé, instado a abandonar o governo pelo não menos popular Roberto Jefferson, lembram dele?

Aliás, recentemente ainda, depois de deixar o governo e depois de ser cassado por seus pares no parlamento, o ex-primeiro-ministro foi para a Europa com sua mulher. Em primeira classe. Para quem nunca trabalhou na vida, gasta bem nosso parlamentar cassado. Posteriormente, ele disse que viajou com crédito de suas muitas milhas voadas a serviço do governo. É, faz sentido, faz sentido.

Agora, vejam só o que o Noblat publicou:

“O ex-ministro José Dirceu fatura como "conferencista" internacional. Nesta quinta-feira (dia 23) à noite, fará palestra em Salamanca (Espanha) sobre "Brasil, integração na América do Sul e com Europa de hoje".
A conferência é promovida pelo Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca, mantido em parte com recursos do governo brasileiro.“

Bom, se é o governo brasileiro que mantém, parcialmente, esse Centro de Estudos, então é o governo brasileiro que está pagando, parcialmente, o cachê do ex-primeiro-ministro. Gostaria de saber a quanto monta tal cachê. Afinal, o lugar de onde sai o parcial tupiniquim todos nós sabemos qual é. Resta saber quanto está saindo.

Ah, e é claro, sabemos, também, para onde deve ir o dinheiro, né, afinal, casas portentosas costumam custar os olhos da cara e mais algumas coisas. Mas é sempre uma forma de redistribuir a renda, coisa tão a gosto do ex-ministro.


“Vem pra Caixa você também! Vem!”

Eu, hein? Cliente da Caixa? Tô fora! Até parece que vou ser cliente dum banco que abre meu sigilo bancário pra qualquer um. Vai que fazem isso e descobrem... Hummmm... Deixa pra lá. Basta dizer que dessa Caixa quero distância.

Comentam os que tudo sabem, mas nada divulgam para nós, os mortais comuns, que uma vice-presidente da Caixa estaria ligada à quebra do sigilo do caseiro da República de Ribeirão. Curiosamente, essa senhora é casada com um assessor especial da Presidência da República.

Incrível como os casais parecem funcionar bem em Brasília, não? Lembram-se que a esposa do ministro do STF que impediu o depoimento do caseiro Francenildo na CPI é assessora não-lembro-das-quantas no Ministério da Justiça, para onde foi nomeada depois da indicação de seu marido para o Supremo pelo presidente lulla da Silva?

Quando o regime militar caiu e ia assumir Tancredo Neves, depois substituído pelo companheiro Zé Ribamar, muitos companheiros de militância ficaram meio alvoroçados por aqui, babando por um carguinho público qualquer. Lembro-me que houve até alguma conversinha envolvendo meu nome, à época um bravo militante do Partidão, devidamente abrigado no PMDB. Cortei de cara. Nunca tive estômago para essas coisas e cargos. Mas falei, meio brincando, meio sério, que a única coisa que me faria feliz seria uma assessoria bem legal na área de comunicações da Petrobrás ou da Vale Rio Doce. Bobo, eu, né? Bom mesmo é ser assessor.


Fazendeiro de sucesso

Soube de fonte segura que executivo de multinacional de telecomunicações, personagem de algumas páginas da revista Veja, naquelas matérias bombásticas sobre dinheiro mudando de mãos em reuniões misteriosas, comprou bela fazendinha no interior paulista, pagando cash. Que beleza...

Tem áreas bem interessantes para se fazer carreira no mercado, né? Telecomunicações é uma das melhores, a julgar pelo que ganham seus executivos.

Delubio também comprou fazenda, em Goiás, e por ela pagou cash. Ah, como deve ser bom comprar tudo cash, né?


Hora do almoço de 4ª-feira...

E até agora, nada. Jorge Mattoso, presidente da Caixa e homem de confiança de dona Martaxa, antes Suplicy e agora Fabre, mas ainda Suplicy por conta do eleitorado que não saberia quem é a Sra. Fabre, continua presidente da CEF. Aliás, perguntado a respeito, lulla da Silva, presidente da República (a do Brasil, não a de Ribeirão), nada respondeu. Elegância e respeito à democracia sempre, claro.

A CEF, nessa era informatizada e informações instantâneas, ainda não “descobriu” o autor da emissão do extrato da conta do caseiro Francenildo. Mesmo aparecendo na folha de extrato o código do emissor e o horário. Até eu, ignorante em informática, já teria descoberto o bandido em dois tempos.

Na verdadeira zona que é esse governo e em que se transformou a bela Brasília, ou parte dela, para ser mais correto, um senador oposicionista (só podia... hehehe) denunciou que o Banco do Brasil teria mandado uma equipe de especialistas em informática para a Caixa, com a missão de apagar os registros referentes à quebra do sigilo do caseiro Francenildo.

Hummmmmm... Meio fantasiosa essa coisa, meio fantasiosa. Todavia, nada era mais fantasioso que o partido no poder ser despido de ética, moral e honestidade. E, entretanto...


A vida segue... Sem o ministro

O presidente lulla da Silva foi à reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Foi sozinho, pois a outra figura de maior importância do Conselho, o ministro da Fazenda, continua sem mostrar a cara em público.

Por vergonha tardia?

Ou será que foi chamado às falas dentro de casa?

Mas isso é da vida privada do ministro, e se quando ele por lá aparecia, também apareciam algumas mocinhas, sendo uma delas, ao que consta, a Carla, por quem um dos membros da República de Ribeirão caiu de amores, abandonando família e ficando de vez com a moça, e se lá dentro o ministro participava de reuniões, enfim, como já disse e como a oposição respeitou, isso é da vida privada do ministro, mesmo que a casa, o dinheiro para sua manutenção, o din-din para manutenção das moças e outros eventuais dinheiros tenham vindo das burras públicas.

Ah, se aqui fosse um país civilizado, um país como a Inglaterra, por exemplo. Que festa nossos jornais sensacionalistas não estariam fazendo com essas figuras tão destacadas de nossa vida política.

Mas o ministro não ir à reunião do Conselho é o fim da picada, né? Mesmo que esteja com o rosto marcado por espinhas, vai saber.

Para que, então, ele continua ministro? Contar tempo para a aposentadoria?


Emerson

P.s.: o baixo nível desses textos é um reflexo direto “disso tudo que está aí” e do qual não consegui fugir; lamento.


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terça-feira, março 21, 2006

Discrepâncias & Dicotomias



Aprendi muito cedo na vida que há uma discrepância significativa entre o discurso e a prática das pessoas que pregam, acirradamente, algum preceito moral ou correlato. Aprendi, também, que essa discrepância nem sempre é aparente, e geralmente, até, fica mascarada ou submersa ou escondida ou aprisionada nos desvãos da mente. Freud deu nomes a todos esses bois, mas quem sou eu pra entendê-los e reproduzi-los por aqui? De nomes de bois, melhor ainda, de vacas, só conheço mesmo aqueles que batizam minha meia dúzia de vaquinhas, sempre melhores e mais simpáticas que os bois.

Se não me falha a memória, a tomada de consciência dessa discrepância teve lugar na saída da infância e entrada na adolescência. Foi quando percebi que uma coisa era o discurso puro, moralista e piedoso perante o altar, o padre e a comunidade. Outra coisa, bem distinta e menos bonita, era o comportamento pouco piedoso e menos ainda moralista. Vale dizer que o pouco piedoso ocorria em praças públicas, e o nada moralista tinha lugar no aconchego avermelhado de pequenas casas em determinada zona da cidade. Por economia de palavra e muito pudor, essa região era chamada por todos simplesmente de zona mesmo. Talvez com maiúscula, já que, na prática, era um bairro: Zona.

Essa dicotomia discurso/prática é muito interessante e, acredito eu, talvez seja ela que nos distingue dos animais tidos como irracionais. Nesses, eu pelo menos, nunca percebi essa diferenciação esquizofrênica, muito comum, por sinal, em chefias de todo tipo.

O povo, aliás, há muito captou essa verdade, a ponto de ter para ela um ditado próprio: Faça o que eu falo, não faça o que eu faço. Esse é o lema de todo chefe. E se não o é de algum, deveria ser.

Já vi essa discrepância na vida sentimental e na vida conjugal (coisas que não são, necessariamente, sinônimos). “Eu te amo, vou passar minha vida contigo” – fala a doce voz, masculina ou feminina, enquanto num escaninho da mente qualquer outra figura toma o lugar daquela para quem as palavras, tão doces como falsas, são dirigidas. Acontece, felizmente, pois sem isso não teríamos 99,78% das obras de ficção, tanto as péssimas como as premiadas com o Nobel e assemelhados.

Todavia, em nenhum outro segmento humano essa discrepância se faz tão nítida e tão presente como no reino da política. Vou mais longe: em nenhum outro grupamento de humanos, humanóides e hominídeos dedicados à política, essa dicotomia é tão grave, tão severa, tão grande que chega a ser patológica como no caso do PT – Partido dos Trambiqueiros – née Partido dos Trabalhadores. Aqui ela floresceu em terreno fértil, adubada religiosamente por um bando de jardineiros da melhor qualidade, cujo chefe nunca foi jardineiro, mas sim metalúrgico e depois sindicalista, antes de se tornar presidente de partido e, finalmente, presidente da república. Uma bela carreira.

O último grande e discrepante ato desse pessoal foi desvendar o dinheiro na conta de Francenildo. Enquanto o corajoso caseiro contava as verdades sobre a famigerada República de Ribeirão e seu mais ilustre freqüentador, seus documentos eram copiados por solícito agente federal. Entre eles, o cartão do banco com seu número de conta. Numa prova inequívoca da qualidade de nosso serviço policial, isso foi o bastante para que do nada surgisse um extrato de sua conta bancária. E ainda tem gente que diz que nossas polícias não são eficientes e muito menos científicas! Oras, pois sim.

Que ação mais sórdida e sem vergonha foi essa! Que baixeza! Algo como convidar a você, distinta leitora, distinto leitor, a tomar um café em minha casa e, enquanto você educadamente lava suas mãos no lavabo, eu e meus familiares assaltamos sua bolsa, ingenuamente deixada sob nossa guarda. Como se pode ver, um ato de gente desqualificada, não é mesmo?

Calhou de Francenildo ter dinheiro na conta. E por conta disso, sua história de vida, sua paternidade e a juventude de sua mãe vieram a público.

Talvez sabedora do drama vivido pela família Daniel, sua mãe, ingênua ou espertamente, muito sabiamente, pediu ao próprio presidente da república que não façam nada com seu filho.

Mães são sábias.

E eu, vira e mexe, tenho vergonha de ser brasileiro. Como agora. Inda bem que a Copa tá logo aí.



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sexta-feira, março 17, 2006

Garças nas árvores

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A segunda-feira amanheceu com as árvores mostrando novos frutos...

As garças-brancas-pequenas, ou garças-boiadeiras, que, segundo muitos especialistas migraram da África para cá, estão calmamente à espera que o dia comece para as vacas.

Quando elas se levantarem e forem para o pasto, serão acompanhadas pelas garças... Além de paparem eventuais carrapatas cheias – as vacas estão limpas, graças à combinação de homeopatia com eventuais tratamentos alopáticos – elas não perdem um só inseto deslocado de seus afazeres pela movimentação dos animais.

quinta-feira, março 16, 2006

Um imenso bananal


“... ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal,
Ainda vai tornar-se um imenso bananal...”

O autor do verso original, a julgar por seu silêncio, apóia tudo isso que está aí. Não seria justo, portanto, eu pegar o seu verso e ainda por cima modificar uma de suas palavras, justamente para detonar, dentro de minhas modestíssimas possibilidades, tudo isso que está aí. Mas, fi-lo e fi-lo porque qui-lo.


E por que um imenso bananal?

Vejamos:

- o presidente do Senado – parlamentar outrora membro de poderosa corte republicana nos tempos de Fernando Afonso, sumiu, saiu de cena;

- na sua ausência, a Presidência do Senado é ocupada por um obscuro senador, um tal de tião, membro do Partido dos Trambiqueiros e um dos vices-presidentes daquela casa parlamentar;

- sua excelência, incontinenti, solicita ao Supremo Tribunal Federal (estou em dúvida se devo escrever esse nome com maiúsculas no início... vou faze-lo, é melhor assim, afinal, como se dizia no tempo da ditadura, quem tem c* tem medo) uma liminar ou coisa parecida, impedindo o caseiro da “república de Ribeirão” de testemunhar na CPI dos Bingos;

- o pedido do senador obscuro é julgado por um dos juízes do Supremo nomeado pelo presidente lulla da Silva, o ínclito; a esposa desse magistrado é consultora jurídica do Ministério da Justiça, ocupado por famoso criminalista, tido e havido nos últimos tempos como principal conselheiro do príncipe, digo, do presidente lulla da Silva; aliás, essa senhora foi nomeada para esse cargo logo depois da nomeação de seu marido para o Supremo;

- o magistrado, imune ao falatório e fofocas desqualificadas, julgou procedente o pedido do obscuro senador e concedeu a tal liminar ou sei lá o que, impedindo que o caseiro contasse à CPI tudo que já contara ao jornal O Estado de S.Paulo; feliz ou infelizmente, quando essa determinação chegou ao plenário da CPI o caseiro já falara um bocado, e o mais importante: confirmara, novamente, a presença “umas dez ou vinte vezes” do ministro da Fazenda na tal casa-sede da “república de Ribeirão”;

- enquanto isso, aumenta o número de exilados; depois da família do prefeito assassinado de Santo André ter abandonado essa aprazível república bananeira em busca de locais mais seguros para viver, longe das ameaças de morta a que vinham sendo submetidos seus membros, agora é a vez de uma das “meninas” de dona Jeany Mari Corner, aquela senhora que agenciava e providenciava simpáticas companhias femininas para políticos e assessores estressados, pagas com dinheiro, provavelmente, de caridade; a garota em questão, assustada com as ameaças de morte – mas que coisa mais repetitiva e chata! – achou melhor escafeder-se e sumir de nossa agradável banana’s plantation;

- curiosamente, as sempre tão bem informadas emissoras de televisão de bananal não transmitiram ao vivo o depoimento do caseiro; a única que fazia isso, mudou a programação; curiosamente, essa era a TV Senado, no momento presidido pelo obscuro senador; a poderosa Globo News achou melhor e mais interessante em termos de audiência, transmitir insossa sessão numa comissão das muitas existentes pelos palácios brasilienses.


Fim.



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Eu sou um deles - Nando Reis

Essa crônica do Nando Reis foi publicada no Estadão de hoje e reflete direitinho o que eu penso, como me comporto. Eu sou um deles, também.


"Estávamos assistindo à Mesa Redonda da Gazeta, eu, Theodoro e Sebastião. É um costume antigo, clássico familiar, curtir as resenhas esportivas do domingo à noite. Havíamos comido pizza com meu pai, que voltara de Jaú. Em ordem inversa, tínhamos assistido a São Paulo e Corinthians depois de almoçar fora. Eu vinha de dois importantes shows em Belém e São Luís. Findo o trabalho de dois meses de gravação do novo disco no Rio, eu estava de volta à minha casa, à minha cidade, à minha vida caseira escassa em rotina.


Como dizia, estávamos na frente da TV, assistindo à Mesa Redonda, da Gazeta. Há outros bons programas esportivos, em outras emissoras, com outros profissionais competentes e carismáticos, que também fazem o controle remoto funcionar a todo vapor. Mas a Mesa Redonda da Gazeta é diferente. Há muitos anos. Desde os tempos do Rubem Petri, Zé Italiano, Peirão de Castro e companhia. Desde a minha adolescência, quando assistia a esse circo absurdo composto por um grupo de personagens que se abespinhavam e gritavam uns com os outros para discutir os resultados do jogo da tarde de domingo. "Romão Magazines informa o tempo do jogo..."

Pois é, o São Paulo havia vencido o clássico e nós todos aqui de casa, são-paulinos hereditários, fazíamos nossa própria análise para o meu pai recém-chegado, o tricolor-patriarca, sucessor do trono que pertenceu ao grande vovô Zezé. Curtir a vitória de seu time num clássico diante de um rival tradicional é um dos maiores prazeres que se pode obter com essa fantástica fábrica de emoções que é um campeonato de futebol. Estávamos no nosso legítimo direito ao divertimento, ansiosos pelos replays do videotape.

Foi aí que se deu o fato. Na mesa-redonda, discutia-se a crise alvinegra. Demissão de técnico, segunda derrota seguida, afrouxamento das chances de título... Os debatedores argüiam e destrinchavam o ocorrido, com sua contumaz perspicácia e ênfase. Mas havia na mesa um elemento que não podia ser parcial: o sr. Roque Citadini, dirigente corintiano, que, na sua condição de oponente da atual gestão, não disfarçava seu meio sorriso por ver o circo pegando fogo. Atacava com desfaçatez a glória do triunfo que o Tricolor havia impingido ao clube a que ele era filiado. Sem ter um antagonista, a mesa passou a ser incomodamente unilateral.

O que se espera de uma noite de domingo, quando seu time vence inapelavelmente um adversário poderoso e arquiinimigo e marca os 3 pontos importantíssimos que o recolocam na disputa do campeonato? O torcedor quer ver os gols feitos, os perdidos, os pênaltis defendidos, o vestiário, os alaridos da torcida... E não ouvir apenas os choramingos agressivos de um mau perdedor, que aproveita a oportunidade para minimizar o mérito do vitorioso. Parecia até que o Corinthians tinha jogado - e perdido - sozinho! Insatisfeito e indignado, resolvi me manifestar. Mandei um e-mail para a emissora, que foi lido durante o debate. Ebulição na mesa. O sr. Roque Citadini reagiu com bom humor e rapidez à minha crítica. "Ele não gosta de mim e eu também não gosto de sua música!" Vim a saber pela direção do programa que haviam convidado membros da diretoria do São Paulo para que o debate fosse completo. O não comparecimento do dirigente são-paulino criou as condições para Citadini reinar absoluto e sem rédeas.

O que interessa aqui é tratar de como a versão do derrotado que se sente injustiçado é irritante para o vencedor que deseja estampar seus méritos aos quatro ventos. A verdade é que não há verdade que consiga aplacar a frustração da derrota. Em geral, os perdedores tentam minimizar seu prejuízo desqualificando a competência do rival. É assim em todos os campos da vida. Mas só no futebol há gente que se reúne para debater se dois centímetros fizeram ou não diferença no resultado de uma partida. E há ainda aqueles que acompanham do sofá e com exaltação essa loucura descabida.

Eu sou um deles."


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quarta-feira, março 15, 2006

Um rastro de sangue...




Um rastro de sangue...

... y otras cositas más


Depois do assassinato de Celso Daniel, prefeito de Santo André, nada menos que 7 pessoas com diferentes ligações com sua morte também morreram. Algumas, claramente assassinadas, ou nem tanto, oficialmente, como o legista que autopsiou seu corpo, cuja morte ainda está cercada de mistério.

Dizem que sete é conta de mentiroso...

Dias atrás, um dos irmãos de Celso Daniel abandonou o Brasil, junto com a família. Exilou-se, em local incerto e não sabido. Ao contrário de muitos exilados nos anos de chumbo, essas pessoas não contam com guarida oficial ou o olhar generoso de autoridades de outras terras. E como poderiam? Afinal, estão se exilando por conta de um golpe publicitário, no dizer de autoridades governamentais. Mas nada há de publicitário no medo e nas ameaças que a família Daniel vem recebendo há muito tempo.

Ontem, a Secretaria de Segurança divulgou que o “bonde” (nome dado pelos presos aos carros de transporte que levam-nos para os fóruns) que transportava 14 detentos na volta de uma audiência, foi metralhado. Nenhum morreu, pois o motorista do “bonde” conseguir fugir. Os agentes penitenciários acharam isso muito estranho, afinal, não se tem notícia de tiros em carros de transporte de presos. Nos casos de resgate de bandidos presos, os meliantes em liberdade não atiram no carro, justamente para não correr o risco de atingir e matar os companheiros aprisionados. E aquele transporte não tinha nenhum líder de bando ou coisa que o valha, que justificasse um atentado por vingança. O motivo para os tiros apareceu quando checaram as fichas dos passageiros: dois deles estão ligados ao assassinato do prefeito Celso Daniel, faziam parte do bando que o seqüestrou e assassinou, a mando, ao que tudo indica hoje, do “Sombra”.

Muito bem, com isso o número de vítimas e quase vítimas sai de sete, conta de mentiroso, e passa para nove. Agora podemos dizer que nove pessoas ligadas ao assassinato do prefeito morreram violenta e misteriosamente ou sofreram tentativas de assassinato. Sem contar a família ameaçada e exilada.



Quando o caseiro abriu a boca...


As autoridades tupiniquins não conhecem história. Não conhecendo, incorrem em erros crassos, reproduzindo a história e dando com seus burros n’água.

Se conhecessem a história dessa república bananeira, saberiam que motoristas, caseiros, secretárias e prostitutas, bem como ex ou atuais esposas, são seres terríveis quando abrem a boca. E nesse momento, em Brasília, temos alguns representantes de algumas dessas categorias falando ou querendo falar ou dizendo que vão falar.

Dona Jeanny Mary Corner, que não se perca pelo nome, ameaçou botar a boca no trombone se não recebesse alguns agrados monetários. Posteriormente, dona Jeanny tentou desmentir o dito, mas era tarde, pois o dito já estava registrado e ela própria, ainda que indiretamente, traída pelos meandros dessa última flor do Lácio, confirmou o que “desconfirmara”. Seu lucrativo agenciamento de meninas para festas íntimas e muito privadas evoluiu e as meninas entraram no ramo de distribuição de valores, também. Eitcha, povinho mais criativo esse!

O caseiro que tomava conta da mansão abriu a boca direitinho. Ao ver seu nome e o da mulher mencionados pelo motorista que atendeu ao ministro da Fazenda e curriola, e instado pela mulher, botou a boca no trombone. Nem falo do que ele falou porque esse texto ficaria ainda mais longo. Dessa vez, porém, o ministro da Fazenda ficou mais sujo que pau de galinheiro. Na verdade ele já estava sujo assim, mas todo mundo fingia não ver e tampouco sentir o cheirinho nojento que dele emanava. Agora não dá mais pra fingir não saber ou não sentir.

Um motorista e uma Fiat Elba derrubaram um presidente. Um caseiro derrubará outro?


Espantalhos



O governo dos companheiros é um governo sedento. Vai, sempre, com muita sede ao pote, chame-se o pote de burras do Tesouro ou chame-se o pote de... burras do Tesouro. Sim, é sempre a mesma coisa ao fim e ao cabo, tudo resume-se ao vil metal extorquido pelas autoridades constituintes dos que trabalham e produzem e redistribuído entre os que nem trabalham e muito menos produzem. Esse governo também é sedento de outras coisas, mais líquidas que as coisas nas burras armazenadas, mas isso é outra história sobre a qual é melhor eu me calar, para não correr o risco de ser expulso da Terra de Vera Cruz, como tentaram fazer com um cara com as costas muito mais quentes que as minhas.

Desviei-me. A sede dos companheiros vai além, vai além. Vai além do poder e vai além das biritas, chegando à eternização. Isso mesmo, os companheiros querem eternizar-se no poder. Segundo o insuspeito deputado Fernando Gabeira, entre muitas outras fontes, o governo “cidadão” já nomeou mais de quinhentos mil companheiros ou simpatizantes para os mais diversos cargos na república. O sinônimo de quinhentos mil é meio milhão. Portanto, o governo cidadão já nomeou mais de meio milhão de companheiros e simpatizantes. Como poderá governar o próximo presidente?


Ah! O próximo Presidente


Ontem, em São Paulo, foi fechado o nome do governador Geraldo Alckmin para concorrer à Presidência da República.

Sinto o retorno da espoliada e injuriada palavra “Esperança” à ativa.

Dessa vez com base e conteúdo adquiridos ao longo de doze anos à frente do governo do Estado de São Paulo. Brilhantemente adquiridos, diga-se de passagem.

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sexta-feira, março 10, 2006

Búfalas & Garças-brancas-pequenas

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O leite dessas grandes e sizudas senhoras - que o que tem de sérias tem de mansas - é branco como porcelana .

Esse é o leite com o qual se faz a verdadeira e melhor mussarela, a mozzarella di Parma.

As garças escoltam as búfalas, da mesma forma que escoltam as vacas e cavalos. Comem carrapatos e insetos que fogem das patas.

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Meninas do Macaúbas

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Estrela, filha da Atrevida, ainda não deu mostras de ter puxado à mãe, tal como sua irmã Grace (née Mimosa).











Graciosa, numa foto não tão graciosa, com a meia-irmã (são filhas do Safari) Estrela ao fundo.










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Macaubenses




Gritos, gritos, gritos...


Engana-se quem pensa que um sítio é um lugar silencioso, ou onde o silêncio é habitado apenas pelo canto dos passarinhos, os cocoricó das galinhas, os mugidos das vacas... E, quando cai a noite, tudo isso dá lugar ao cricrilar dos grilos e um ou outro regougo de coruja. Não, não, são muitos e variados os ruídos de um sítio.

Há coisa de uma semana vivemos um dia particularmente cheio de gritos. Começaram cedo, com as seriemas passando perto de casa e gritando uma com a outra. Se chamavam chuva, como diz o povo, eu não sei, pois estou mais inclinado a pensar que elas avisavam que iria chover. E como choveu!

Elas gritaram cedo, pela manhã, e à tarde também. Durante todo o dia uma gritaria forte, chegando a incomodar em alguns momentos, vinha da mata da mina. Eram os macacos, andando por ali, de galho em galho, à caça de frutas e insetos. São ariscos e inteligentes esses carinhas. Difíceis de ver, a menos que fiquemos quietos por longos minutos em algum canto escuro da mata. Mas, quem agüenta as hordas de pernilongos, borrachudos e muriçocas? Sem chance, e assim não conseguimos ver nenhum.

As seriemas estavam em dois casais, talvez um fosse formado pelos filhotões, grandes e sarados, lembrando esses garotões idem que não arredam os pés da casa de papai e mamãe, ouvindo rock pauleira no limite do suportável não pelos nossos ouvidos, mas sim pelas caixas acústicas. As seriemas não chegam a tanto no volume de seus gritos, mas quando os quero-queros se juntaram a elas... Haja ouvidos, ou, de preferência, tapa-ouvidos. O alvoroço entre os “sentinelas dos pampas” era provocado pelo vai-e-vem das vacas pelos piquetes de cima, onde os quero-queros estabeleceram morada.

Outro povinho de boas gargantas e fortes gritos é o povo bonito e elegante das gralhas. São safadas e oportunistas. Não há ovo de galinha que sobreviva a suas incursões pelos arredores de casa e do curral. Lembram-me aqueles antigos filmes de época, mostrando os bárbaros das terras da Germânia atacando guarnições romanas, roubando, queimando e fugindo. Porque fiz essa associação nem desconfio, mas fiz. Vai entender.


Fertilidade


Se muitos foram os gritos, muita é, também, a fertilidade desse sítio. E não me refiro a frutas e grãos. Talvez seja a água, talvez o clima, mas no sítio as prenhezes e nascimentos são constantes. Pintinhos correm atrás de suas mães, ciscando a toda hora, em toda parte, coisa tão comum quanto bonita de se ver.

A Sophia pariu novamente, antes que a levássemos ao veterinário para ser operada. E agora foram sete gatinhos! Com essa safra teremos de procurar lares para todos, pois a primeira ninhada continua por lá, mas todos operados, inclusive o Frederico Octavio, ou Fred, único macho. O pessoal da clínica gostou do pacotão: 4 fêmeas e 1 macho, só o meu bolso não gostou da brincadeira. E ainda falta a Sophia. E nem quero pensar na filharada nova.

Todas as vacas estão prenhes ou com crias novas, tal como deve ser uma criação de gado. Mas disso já andei falando em outras vezes.

A Panda, a cachorrinha simpática e metida a pastora de gado do Esrael e da Maria já pariu. Sete filhotes, também, como a Sophia. Conta de mentiroso, conta de arrancar os cabelos na busca de sete lares.

Sete lares para sete cachorrinhos... Isso dá filme.

A Mimosa, rebatizada como Grace, filha da mestiça Atrevida com o Jersey Safári, está prenha. Novinha de tudo, pouco mais de um ano de idade, mas a danada em janeiro varou 3 cercas durante a noite, e amanheceu toda senhora de si ao lado do Safári no meio do curral. Ainda ficamos na torcida para que seu período fértil já tivesse terminado, mas qual! Emprenhou mesmo. Como ela é forte e muito bem formada, estando em ótimo estado corporal, deixamos a gestação seguir em frente. Agora já está na hora de cruzar a Rikinha, com 14 meses e corpo já formado. E já está na hora, pois a bichinha já teve 9 ou 10 cios. Haja fertilidade!

E agora, comprovando ainda mais a fertilidade daquelas terras, águas e ares, também a Maria está grávida. Segundo ela contou à Rosa, há meses vinha tentando engravidar. Pois bem, agora conseguiu.

Com tudo isso, vai seguindo a vida no Sítio das Macaúbas, com novos habitantes a cada semana, a cada novo mês, alguns já à luz do sol, outros ainda aguardando por ela.



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quarta-feira, março 01, 2006

Uma vitória do governo lulla da Silva




Vencemos! Ufa, um peso a menos a me incomodar.

Nasci e fui criado ao som e letras de “Brasil, o país do futuro”, quinto em extensão, temos o Rio Amazonas, de todos o maior e outras coisinhas, como o melhor café do mundo (besteira, adulto, descobri que os colombianos são melhores, na média, e que o costarriquenho especial é ainda melhor), etc, etc.

Ainda criança, as vitórias em 58 e 62 foram decisivas para mostrar-me que, de fato, era eu fruto de um país e de uma terra abençoada. Em 70, esses sentimentos ficaram ainda mais fortes e, para ajudar, escondido dos companheiros, eu assistia os programas do Amaral Neto, vendo cenas e coisas do Brasil que prometi a mim mesmo um dia ver de perto, ao vivo e a cores. Foi por essa época que a economia desandou a crescer 10% ao ano. Que festa! Envolvido em militância clandestina contra o regime, não curti apropriadamente essa fase milagreira. Mas não posso negar que o que sou hoje é fruto dela, que me propiciou entrar ainda garotão no mercado de trabalho com salário de gente grande. Ascendi social e economicamente, entrei pra “classe média”, comprei casas e comprei carros e o país era vibrante e era o país do futuro. Que beleza!

Tal como a malfadada Copa de 66, tivemos a década de 80, a década perdida, mas não na agricultura, pra variar segurando a barra da Terra de Vera Cruz. E eu já estava ligado à agricultura e não percebi direito essa década perdida, também por fatores outros, digamos, mais festivos. Se no futebol veio 70, para o país veio a nova década. Mesmo com Fernando Afonso no comando, respirávamos um ar de encantamento. São Paulo era Nova York ao sul do Equador, os Jardins eram a nossa Manhattan. Que beleza!

Um dia vimos as “partes” de uma moça sem calcinha, em pleno Sambódromo, à vista do povo e do mundo, tendo ao lado o presidente de plantão dessa república. Mas isso passou, foi algo assim como a Copa de 90, feia e chata e vergonhosa. Veio Fernando Henrique e nos descobrimos civilizados. Sem a inflação , parecíamos mais civilizados ainda. Acostumei-me a ser parte da “oitava economia do mundo”. Já era mais que hora de FHC ter assento permanente no G7, que deveria ser G8 e, já que queriam a atrasada, porém nuclear Rússia, que virasse G9.

Pois sim.

Com lulla da Silva comecei a me sentir bem no início, achando que dávamos uma prova de civilização com nossa transição ordeira e pacífica, educada e cheia de rapapés & salamaleques. O festival de atrocidades e roubos que se seguiu não vale a pena comentar. Não agora, pelo menos.

Bem na boca desse Carnaval 2006, do qual nada vi ou ouvi, felizmente, o governo informou que vencemos o Haiti, o portentoso Haiti, na dura refrega pelos índices de crescimento dos PIBs de LatinoAmerica. Com o magnífico crescimento de 2,3% - dois vírgula três por cento – deixamos para trás o Haiti. Não me perguntem pelo índice haitiano, pois meu gosto pela ironia não vai tão longe. Para meu deleite e satisfação, bastou-me saber que vencemos o Haiti. Continuamos a ser um país vitorioso, curve-se, mundo, perante nós.

Oras bolas, dirão muitos, por que eu não olho para a Argentina do amigo Néstor ou para a Venezuela do neo-palhaço Chavez, que cresceram, praticamente, 10% durante 2005?

Não olho porque aprendi com o presidente lulla da Silva a não ser bobo. Olho para coisas pequenas e desimportantes, ou falo mentiras ou falo meias verdades. Mas esse não é meu negócio, meu negócio é ficar com a verdade e, doravante, minhas referências são Haiti, Togo, Gabão, enfim, esses idílicos países que nosso presidente adora visitar, oferecer mundos & fundos (nossos), em troca de votos na ONU. Votos que, na hora H, têm sido dados aos odiosos ianques e aos não menos odiosos europeus, deixando-nos sem os votos e sem as benemerências praticadas. Ah, o Haiti, é verdade. Está provado que só podemos medir forças com o Haiti. Medir e vencer, é claro, pois vencer é o que importa. Então, viva o Haiti, cuja derrota na lista dos PIBs serviu para preservar a saúde de meu ego tupiniquim acostumado a ser a oitava economia do mundo, a ver a Europa, os Estados Unidos e o mundo curvarem-se ao Brasil.

Obrigado, presidente lulla da Silva, por mais essa brilhante vitória.



Pois é... 1

A primeira-dama dessa República, a Dona Marisa, já tem em mãos seu passaporte italiano. Seus filhos, todos, também têm o mesmo mimo. Aparentemente, esse adorno documental não foi concedido, por não ter sido pedido, ao marido da primeira-dama, também conhecido como presidente da república.


Pois é... 2

O primeiro-filho, via Gamecorps, já recebeu pouco mais de dez milhões de reais de uma empresa de telefonia. Até o final desse exercício esse valor alcançará a bagatela de quinze milhões de reais. Na Gamecorps, lullinha, o primeiro-filho, tem como sócios dois filhos de um ex-prefeito de Campinas, um ex, por sinal, com um histórico à frente da prefeitura campineira recheado de rolos não explicados ou mal explicados. Além desses outros dois gênios, o outro sócio de lullinha, o primeiro-filho, é a empresa de telefonia, cujo primeiro desembolso no valor de cinco milhões de reais foi para comprar uma participação acionária na empresa. Participação minoritária é claro, o que transforma a Gamecorps num gigante virtual. Os outros dois desembolsos de cinco milhões cada, são verbas para patrocínio de um desconhecido programa de tevê feito pela empresa. Nada mal, cinco milhões por ano de patrocínio. O primeiro-filho é um garoto brilhante, digno de ser sócio de Bill Gates, e quaisquer palavras em contrário serão consideradas como crimes de lesa-presidente. Ou lesa-pátria, pois para o presidente uma coisa e outra são a mesma coisa.


Pois é... 3

Assustador. Sandálias e outros calçados, parte deles de couro, estão sendo produzidos por empresas brasileiras. Na China. É, isso mesmo, na China. Fica mais barato do que fazer por aqui. Azar das milhares de pessoas que já perderam seus empregos para os companheiros chineses. Mas o couro usado nos sapatos é comprado no Brasil. Ah, bom, ainda bem.


Pois é... 4

O candidato Lula da Silva prometeu e o presidente lulla da Silva ordenou: que os navios da Petrobrás sejam construídos no Brasil, em estaleiros brasileiros, empregando operários brasileiros. Assim foi ordenado, assim está sendo tentado. Só há um problema: o mesmo navio que os estaleiros tupiniquins cobram 83 milhões de dólares, estaleiros taiwaneses e indonésios oferecem por meros 40 milhões de dólares. Dois pelo preço de um e ainda sobram uns caraminguás. Nada como ser rico e pagar o que for preciso para atender um desejo. E dane-se a competitividade da Petrobrás.


Daria para escrever mais um monte de “pois é”, mas, sei lá, acho que esses já são suficientes.

E, aproveitando, desejo a todos FELIZ ANO NOVO!

Afinal, se os cristãos têm seu Ano Novo, se os chineses têm seu Ano Novo, se os judeus têm seu Ano Novo, nós, tupiniquins, também temos nosso Ano Novo, que inicia-se na próxima segunda-feira, a primeira no pós-Carnaval.



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