... dessa monstruosidade de 19.600.000 habitantes que será a Grande São Paulo em 2010.
Não que hoje, com apenas 18.800.000 habitantes, ela já não seja monstruosa, pois é e muito. Qualquer aglomerado urbano com mais de um milhão de habitantes já merece o rótulo de monstruosidade.
Esses dados fazem parte do documento Perspectivas Mundiais de Urbanização, produzido e distribuído pela ONU, que foi lançado ontem. O planeta como um todo caminha inexoravelmente para uma brutal urbanização, e já nesse ano de 2008 mais da metade dos seres humanos moram em cidades. Em 2050 esse número deverá ser superior a 9 bilhões de habitantes.
Como informação e para pensar um pouco, eis a lista dos maiores aglomerados urbanos do mundo:
Em 2008:
Tóquio 35,7 Milhões de habitantes
Nova York 19
Cidade do México 19
Mumbai 19
São Paulo 18,8
Em 2010:
Tóquio 36,1 Milhões de habitantes
Mumbai 20,1
São Paulo 19,6
Nova York 19,4
Cidade do México 19,4
Em 2025:
Tóquio 36,4 Milhões de habitantes
Mumbai 26,4
Delhi 22,5
Dacar 22
São Paulo 21,4
Enquanto isso, outras monstruosidades continuarão crescendo em terras tupiniquins, embora o verbo mais adequado seja inchar.
Em 2025:
Rio de Janeiro 13,4 Milhões de habitantes
Belo Horizonte 6,7
Porto Alegre 4,6
Recife 4,3
Naturalmente, os governos em todos os seus níveis – federal, estaduais e municipais – ignoram essa realidade futura. Não a desconhecem, longe disso, mas preferem ignorá-la porque não conseguem lidar sequer com o dia de hoje, que dizer com o futuro remoto – que chega numa velocidade impressionante, fazendo com que futuro remoto aplique-se somente a qualquer coisa lá para o século XXII. Infelizmente, o futuro já é hoje e nós não estamos preparados para ele, como tampouco estivemos preparados para o ontem.
Minha casa tem recebido visitas
Aglomerados urbanos são centros geradores de desequilíbrios em todos os sentidos, são centros geradores de doenças, tanto as físicas como as que atacam a alma. Não que o campo, plácido, bucólico, idílico – tudo falso – também não o seja, mas sem dúvida superpopulações não são benéficas. Já virou lugar comum falar dos inúmeros estudos mostrando como superpopulação afeta radicalmente o comportamento de diferentes animais. Frangos e galinhas bicam-se terrivelmente, até a morte. Porcos partem para o canibalismo. Bois confinados praticam sodomia. Ratos se matam uns aos outros. A lista é longa e muito triste.
A volta ao campo é uma saída?
Não.
A vida no campo é extremamente dura quando comparada aos padrões urbanos. Poucas são as pessoas que gostam de viver no campo, inclusive no próprio campo, onde o sonho dominante é morar na cidade e ter à mão tudo de bom que a civilização proporciona.
Triste engano, é claro. Mas o ser humano adora o engano e vive de sonho.
Com os homens públicos que temos, com suas visões míopes e imediatistas, sem falar no quanto dessas visões é afetada pela corrupção, continuaremos desprovidos de programas que visem ao bem-estar dos “povos das cidades”.
Enquanto isso, em busca de seu próprio bem-estar, os “povos das florestas” seguem fazendo sua parte, abrindo buracos gigantescos na cobertura verde e inchando os aglomerados urbanos no meio do nada.
Esse, contudo, é outro assunto.
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