terça-feira, abril 08, 2014

Uma questão interessante e as questões que ela provoca


Recentemente, a mídia foi tomada de assalto pela questão dos rolezinhos.
Uau!
A maioria não sabia o que era isso. Eu nem imaginava a existência de tal termo e a situação a que ele se refere. E olhem que não sou um sujeito de todo desatento ao que rola na sociedade. Mas, convenhamos, dada minha idade, local de moradia, as esporádicas idas para a grande cidade e seus shoppings, nada mais normal, né?
Os rolezinhos vieram, estouraram, tiveram seus 15 ou 30 minutos de fama (ahhhh, isso todo mundo conhece, afinal, foi criação de um artista americano, morador da Grande Maçã, também conhecida como Big Apple) e meio que saíram de cartaz. A vida continua.

O lance agora é outro (nem sei se ainda se fala “lance”, nesse sentido; se não falar mais, paciência, peço perdão, sou de uma geração já meio antiga, mas – epa! – ainda dentro do prazo de validade), o momento é do “bateu de frente”.

Ao ler a questão da prova da escola de Brasília, dei risada e achei legal. Sem saber dos teretetês todos, mas já imaginando, gostei do professor ou professora que tinha bolado a questão.
Continuo gostando.

Uma das coisas mais chatas e ao mesmo tempo preocupante que vemos na internet todo santo dia é a virtual incapacidade de boa parte dos leitores compreender um texto. Já fui severamente criticado por escrever textos longos, por usar frases longas, por parênteses, vírgulas, crases, palavras... Ah, as palavras... Se depender de parcela que já disse razoável da população, a última flor do Lácio reduzir-se-á à meia dúzia de palavras e uns “par” de dúzias de expressões de usos múltiplos, até contraditórios, dependendo o significado do contexto, do tom de voz, de detalhes que passam despercebidos para a maioria, para os não iniciados.
Nem vou comentar o uso de mesóclises, pois aí o bicho pega.
Quando estudante, e já lá se vão “trocentos” anos, eu detestava questões com versos de Gonçalves Dias ou Castro Alves ou trechos de Joaquim Manoel de Macedo e outros. Achava um pé no saco. Estávamos nos anos 60, mas só usávamos exemplos de autores mortos do século XIX.
Beatles? Cruz credo, nem pensar.
Depois, passados vários anos, em muitas escolas e da parte de professores moderninhos, virou moda usar versos de Chico, não o Bento, mas o Buarque de Hollanda. Indoutrodia, por sinal, escrevi em algum lugar, para ilustrar o que penso de nosso brilhante momento político e nosso mais ainda brilhante estágio social e cultural, que “essa terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um imenso bananal”. Então, o Chico podia e pode. Fica até chique e moderninho e, vá lá, revolucionário. O mesmo com Caetano, Tom, quem sabe o Gil.
Bom, mas Valesca Popozuda não!
Onde já se viu tamanho despropósito, tamanho acinte à fantástica cultura tupiniquim?
O diabo, todavia, é que a gurizada conhece e ouve a moça. E por gurizada, parece-me, pode-se entender uma camada ampla, que supera algumas barreiras, como, por exemplo, a da renda familiar.
Isso me lembra que vi foto da Gisele Bundchen com a Valesca, a quem teria pedido que mostrasse como dar um beijinho no ombro.
Então, a Srta. Valesca pode até não ser uma grande pensadora, mas ela, certamente, é alguém que transmite alguma coisa e é vista e ouvida por um bom bocado de milhões de jovens, usualmente chamados ou tidos como... desmiolados.
Ora, a questão proposta pelo professor Antonio Kubitschek, foi muito interessante porque, com certeza, atraiu a atenção dos estudantes e, mais que isso, levou-os a parar e pensar a respeito.
É pouco? Talvez, talvez seja muito pouco, mas, repito, para quem conhece e vive o ambiente de internet e nele dialoga com internautas do país inteiro e das mais diferentes idades e condições sociais e de conhecimento, esse pouco já é alguma coisa.
Entonces, na boa, gente, menos frescura, menos chilique, menos preconceito com a questão e seus personagens.
Xiiiiiii, usei a palavra proibida, aquela que começa com “pre”, algo que, unanimidade, todo mundo diz que não tem. Ufa, ainda bem!