quinta-feira, abril 25, 2013

39º Aniversário da Revolução dos Cravos


39º Aniversário da Revolução dos Cravos


Até hoje canto e sei de cor e salteado a letra de “Grândola, Vila Morena” (aqui, no youtube), a música de Zeca Afonso que “meio” que transformou-se em hino do movimento militar que veio a derrubar a ditadura fascista de Salazar em Portugal, à época comandada pelo professor Marcelo Caetano.

O ano de 1974 foi duro para nós, brasileiros, que ansiávamos por liberdades democráticas e vivíamos sob o tacão da ditadura militar.

Em fevereiro, se a memória não me trai (não vou pesquisar, escrevo com a memória que tenho e posso cometer um erro ou outro), um grupamento militar comandado pelo major Otelo Saraiva de Carvalho insurgiu-se contra o regime. Foi derrotado sem luta e o major Otelo foi preso. Transformou-se em nosso herói, meu herói, algo mais que natural para quem tinha 19 anos. Mas o levante de Caldas da Rainha foi o sinal que a ditadura salazarista não duraria mais muito tempo.
Os militares estavam organizados no MFA – Movimento das Forças Armadas – que era liderado por um general que tinha lutado nas colônias africanas, Antonio Spinola.

“Em Portugal é a mesma melodia,
Salazar e a sua democracia.
Com Caetano é a mesma porcaria,
As moscas mudam, mas a merda não varia.”

Essa cantiga virou o meu hino e de muitos outros jovens. Cantava-o na escola, para desagrado da direção. Muitos colegas aprenderam e virou um hit (é isso, né?... hehehe).
O clima político em Portugal era tenso – vale uma pesquisa e uma leitura, pessoal – e alguma coisa pairava no ar além dos aviões de carreira. Mesmo aqui, tão longe, com um mar imenso a nos separar, sentíamos isso.
Abril chegou.

De 24 para 25 de abril o movimento eclodiu.
“Grândola” foi uma das músicas transmitidas por uma rádio, sinalizando para as tropas o início do movimento.

E no dia 25 a ditadura caiu.

O general Spinola assumiu o governo, o resto é história. Como disse, vale uma pesquisada e a leitura.

Posteriormente, como é natural e humano, os heróis dos cravos decepcionaram a muitos, a começar pelo major Otelo. A Revolução dos Cravos feneceu, mudou, transformou-se, Portugal evoluiu, cresceu, as colônias d’África viraram nações, outras guerras aconteceram...

É a vida.

Hoje relembro aquele ano, relembro discursos entusiasmados, relembro conhecimentos travados com pessoas que viriam a fazer parte de minha vida por muito tempo.
Aquele foi um ano, foi uma época, em que acreditávamos no Brasil. Lutar por democracia era contagiante e bom demais.
O tempo passou e hoje, muitos lutadores de outrora não passam de reles mensaleiros.
Minha cabeça mudou, minha visão de mundo mudou, meu conhecimento, ainda minúsculo, é menos minúsculo do que era.

Tem um cara que conheci naquela época, em 1973, se não me trai novamente a memória, que permanece fiel aos princípios que já tinha. Embora discorde política e ideologicamente dele em muitas coisas, admiro-o: é o Carlinhos, ou melhor, é o Professor Antonio Carlos Mazzeo, comunista de primeira hora e até hoje fiel às suas crenças e militante do PCB. Como somos modernos, estamos todos no Facebook.