terça-feira, setembro 25, 2018

O mundo vai acabar? E o Brasil?



Não.
Nem o mundo vai acabar (não agora) e nem o Brasil.
Mesmo que Bolsonaro vença.
Mesmo que Haddad vença.
Coloquei os nomes em ordem alfabética, pois ambos têm o mesmo valor negativo para mim.

Já dono do meu nariz, ao menos em tese, comecei a vida com recessão braba.
A coisa ficou infinitamente pior no final do governo Figueiredo e durante o governo Sarney.
Tempos brabos, tempos do maldito Cruzado.
Veio Collor, veio o confisco, vieram mudanças bruscas, veio um autêntico desgoverno.
Veio Itamar.
Vieram os anos FHC e veio o Real. Respirei, respiramos.
Veio Lula.
Sua vitória coincidiu, grosso modo, com o início de uma fase de ouro para as commodities no mercado mundial. Entrou dinheiro, o mundo parecia perfeito...
Fora de nossas vistas o aparelho petista começava a roubar a União, repetindo o que já fizera em Santo André, por exemplo. O assassinato de Celso Daniel ainda não foi explicado a contento. Muito menos o assassinato de Toninho do PT.
Veio o Mensalão.
Um parênteses, do qual muitos não gostarão, mas não escrevo para gostarem, escrevo para dizer o que penso, “duela a quien duela”, como disse o paspalhão “caçador de marajás” e que pegou os votos dos revoltados “contra tudo isso que está aí” da época: o Mensalão trouxe uma perda amarga para a política brasileira: José Genoíno. Sua atuação no Parlamento fez, faz e fará falta. Nunca votei nele, como nunca votei no PT, mas não posso deixar de reconhecer que era um excelente deputado e contribuía para o bom funcionamento de nossa democracia.

O boom das commodities passou, não foi aproveitado pelo Brasil, pois o governo Lula não teve capacidade, visão e vontade para usar corretamente os recursos que entraram, fora o mundo de dinheiro que foi extorquido, desviado, roubado, etc...
Depois veio o (des)governo da rousseff. Até escrevo Lula com L, mas não escrevo rousseff com R, porque essa fulana teve o descaramento criminoso (foi crime, sim) de mentir para os brasileiros e ganhar sua reeleição montada nessa mentira: a de que a economia ia bem, quando e o seu patético ministro da fazenda, o tal Guido Mantega, já sabiam, já tínham os números da recessão que estava em pleno vigor.

Além de tudo isto, no curtíssimo (historicamente falando) período de 42 anos, tivemos nada menos que 10 – dez! – moedas.
Se contarmos a partir do golpe militar de 1964, chamado de Revolução, tivemos 9 – nove!!! – moedas em 30 anos.
30 Anos! 9 Moedas!
Sem falar nos “planos econômicos”, que incluíram até confisco de dinheiro nos bancos.

Nove moedas em trinta anos...
O Real acabou com isso.
E ainda há quem chame o Presidente Fernando Henrique de “comunista” e outras besteiras...
Para variar, o respeito que ele tem fora do Brasil é muitas vezes maior do que o que tem aqui dentro. Normal, estou cansado de ver isso no futebol, por exemplo.


Em alguns dias completarei 64 anos de vida. Nesse período vivi grande parte do que relatei acima.
Comecei a trabalhar em 1965, meio na base do mais ou menos, o que incluiu ser entregador de remédios de uma farmácia e balconista numa lanchonete na qual meu pai tinha sociedade. Casei em 1975. Militei na esquerda trotskista, militei por anos no velho PCB, uma escola de política, abandonei a militância (vestia, então, a camisa do MDB, pois a outra era ilegal) em 1985, no dia em que o Colégio Eleitoral elegeu Tancredo Neves para a Presidência dessa República. A essa altura do campeonato minha ilusão esquerdista já era apenas uma lembrança do passado. Rigorosamente falando nunca fui um militante fiel, fidelíssimo, na cabeça e no coração. A cabeça mandava mais que o coração. Meu coração sempre foi democrata, adoro eleição, adoro o ser e o porquê da Democracia, mas houve um período em que minha cabeça ditou-me que resistir era preciso, lutar contra o regime militar era preciso e o caminho atraente, simpático e doce da militância de esquerda estava aberto e nele adentrei.
Arrependimento zero, faria tudo novamente nas mesmas circunstâncias.
Acredito em mudança e tenho que acreditar, pois a biologia é um de meus maiores amores, e a biologia nos mostra (e a geologia também), mais ainda que a História, que:

Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.”.

Versos de um português chamado Luiz de Camões, escritos lá se vai meio milênio.
Há algo mais moderno que isso? Desconheço.


Então, voltando à nossa vaca fria, aos dias de hoje, sobreviveremos ao cataclisma Bolsonaro... Sobreviveremos ao cataclisma Haddad/PT.
O ideal é que não venha nem um, nem outro. Há uma alternativa lógica, confiável, praticamente perfeita, mas ela demanda pensar, analisar, ponderar, enxergar a realidade e o futuro com olhos não turbados pela raiva ou pela fé religiosa.

Essa alternativa é Geraldo Alckmin.

“Ah, tava demorando pra fazer propaganda do candidato dele!”
Pois é, demorei, né?
Mas atente, indignado, revoltado e raro leitor, que antes de fazer a minha propaganda eu disse que sobreviveremos, caso vença a eleição um dos dois nomes que citei.
Sim, sobreviveremos, para recomeçar tudo.
Mais uma vez.
Talvez até um novo PSDB e um novo Fernando Henrique e um novo Real...
Afinal, sobrevivemos à loucura de 9 moedas em 30 anos, né?
Esse futuro, porém, será definido nos próximos dias.


Você é parte da decisão sobre o futuro que nos aguarda. 

segunda-feira, junho 04, 2018

Fim de uma história, começo de outra



O presidente da Bayer disse, em coletiva, que a marca Monsanto será extinta, não mais será usada nos produtos que a companhia criou e desenvolveu.

Embora esperada, essa é uma notícia muito triste para mim e para dezenas de milhares de pessoas por todo o mundo que tiveram a felicidade de trabalhar na Monsanto Company.
Muita felicidade!

A Monsanto foi uma escola maravilhosa nos mais diversos aspectos.
Ali aprendi muito nas mais diferentes áreas.


Tive e tenho um orgulho enorme, um prazer imenso, de ter dado minha microscópica contribuição para o crescimento do uso de Roundup em todo o Brasil. 
Graças à Monsanto eu conheci todo esse imenso Brasil agrícola, um mundo maravilhoso que os brasileiros, em sua maioria, desconhecem.

Percorri quilômetros infindáveis em pleno agosto, muitos agostos, pelos vastos cerrados nos meados dos anos oitenta, vendo as nuvens de poeira que o vento levantava dos solos arados e gradeados. 

Poucos, pouquíssimos anos depois, já no fim daquela década, os mesmos quilômetros, milhares deles por BRs e vicinais, muitas em terra, BRs inclusive, já não via as nuvens de poeira. Já não vi os ventos quentes e secos levantarem os “rodamoinhos” ou “remoinhos” de terra vermelha subindo para o céu.

O plantio direto já estava em uso.


Os agricultores brasileiros, heróis, heróis de verdade e não de propagandas, em poucos anos adotaram a nova tecnologia, apreenderam, tanto quanto aprenderam, o conceito de produzir sem mexer na terra, sem arar, sem gradear, sem pulverizar o solo.


Plantio direto.
Solo protegido.
Natureza protegida.
Rios cristalinos, mesmo depois de pancadas de chuva homéricas.


Tudo isso graças ao Roundup, um produto maravilhoso que revolucionou a agricultura mundial.

Ah, eu sei, falam mal de Roundup. Falam mal da Monsanto.

Sem problemas, a humanidade é assim mesmo, paciência.
Críticas feitas por quem não conhece agricultura.
Críticas feitas por quem não faz agricultura.
O que torna fácil demais criticar.
E sem valor algum.


A Monsanto não parou no Roundup, ela foi muito além com sua contribuição à agricultura e ao combate à fome nesse planeta.


A Monsanto introduziu as plantas geneticamente modificadas e, antes delas, o Lactotropin, marca comercial da somatotropina bovina, fantástica ferramenta para aumentar a produção de leite. 
Foi, para mim,  um momento maravilhoso, poder acompanhar e colaborar com a introdução desse produto no mercado, uma categoria nova, revolucionária, que, acreditava, mudaria para melhor as perspectivas da humanidade.

As plantas geneticamente modificadas, começando pela soja, maior fornecedora de proteínas desse planeta, melhoraram e aumentaram a produção de alimentos. E também baratearam seus custos de produção em termos reais. 

Ao mesmo tempo, propiciaram a prática de uma agricultura com menor dispêndio de energia para a produção de alimentos... Não na mesma quantidade, mas em quantidades maiores! Mais alimentos com menos energia no sistema de produção.



Uma marca atacada

Infelizmente, porém, forças diversas e espalhadas por muitos países atacaram esses desenvolvimentos desde o começo. Tal como ocorreu quando as primeiras vacinas chegaram ao mercado.
Os ataques foram fortemente concentrados na Europa Ocidental e permanecem.

Pessoalmente, acredito que o fato de a empresa ser americana em muito contribuiu para a violência e persistência dos ataques.

Sempre acreditei e sigo acreditando que há um fundo político por trás deles. Assim como há distorções e informações erradas. Erradas e propositais.

A dar-se crédito ao que dizem os detratores, as autoridades de saúde e ambiente dos Estados Unidos da América são tão ignorantes quanto venais. Não vou me alongar nisso tão grande é o absurdo dessa ideia, e quem tem um mínimo conhecimento do que seja a América, como os americanos se referem ao seu país, entenderá a grandeza desse absurdo.

Agora, com a Monsanto extinta e existindo somente a Bayer, acredito que haverá uma mudança no teor e na intensidade dos ataques. Certas coisas não morrem ou morrem devagar demais, como o nacionalismo cego e exacerbado, ainda que sob mil disfarces moderninhos e de nomes sonoros e bonitos.
E vazios.



A Monsanto me deu muito mais que conhecimento.
A Monsanto me deu uma segunda família.

Conheci e trabalhei com pessoas maravilhosas, com as quais aprendi e com as quais ainda hoje convivo. Aliás, convivemos. Os “ex-Monsanto” têm muito em comum, começando pelo amor à companhia e, também, não se assustem, gratidão.

Sim, sou grato à Monsanto pelos anos que lá vivi e pelo que aprendi.



Podem eliminar o nome, mas o plantio direto está aí e as plantas transgênicas também.

Pessoas comem, o solo segue protegido, os rios que atravessam imensas áreas agrícolas continuam cristalinos.

Nisso tudo tem o dedo da Monsanto e de todos que nela trabalharam, no Brasil e em todo o mundo.


Bom... Sim, eu sei que é meio bobo, meio cafona, meio sei lá o quê... E estou me lixando, por isso vou terminar esse texto dizendo o que está no meu coração:

Monsanto, eu te amo. Obrigado por tudo.