sábado, fevereiro 04, 2017

20 Anos hoje

20 Anos hoje

Ah, que morte estupida!
Que morte lamentável!
Que perda imensa foi para essa colônia cultural e econômica a perda de Paulo Francis. Há 20 anos hoje.

Há mortes, a maioria, que a gente aceita. Sente, lamenta, mas aceita, pois sabemos, mesmo que só intuitivamente, que há limites, que há hora para tudo. Não gostamos de pensar a respeito, mas sabemos da finitude das coisas.
Há mortes, porém, que chegam fora do tempo, que chegam quando não deveriam chegar. Mortes sem rumo e sem razão.
A morte de Paulo Francis foi prematura, foi acelerada, foi uma perda irreparável.


Antes que o texto se alongue: credito sua morte prematura à maldita estatal que domina o Brasil e é símbolo de sua economia e seu atraso.
E hoje, fechando à perfeição a simbologia do ruim, está marcada e comprovada como um grande antro de roubalheira, um grande antro de corrupção.
Francis, mesmo que sem as provas naquele momento, já sabia disso.


Três de seus livros estão permanentemente na minha cabeceira, não física, mas aquela cabeceira formada pelas “pequenas células cinzentas”, como diria outro ser do século passado, mas esse só imaginário, Hercule Poirot. São eles:
“O afeto que se encerra”
“Cabeça de papel”
“Cabeça de negro”                                      

Francis foi trotskista e já bem maduro e consciente da realidade e das coisas da vida, mudou sua visão. Eu também tive minha fase, bem curta, de trotskista. Gostar de Trotsky e sonhar os sonhos que ele e sua imagem (a imagem, o imaginário, não a realidade) provocaram foi uma coisa de que gostei e que me marcou. Mas, quem sabe pela infância em boa parte numa fazenda de café, o realismo afastou-me do trotskismo. Talvez por ter vivenciado essa mudança, gosto ainda mais de Francis.

Teria sido muito interessante ler suas crônicas ácidas, ferinas, realistas a um ponto até doloroso, muitas e muitas vezes, durante o desenrolar dos governos petistas de Lula e Rousseff.
Mais que isso, como teria sido fantástico ler por seus olhos o desenrolar da Lava Jato, a consagração da Pet como aquilo que sempre foi: uma empresa cara para o Brasil, uma empresa muito cara para os brasileiros. Por favor, “cara para” e não, jamais, “cara ao ou aos”.
Teria dado boas risadas, boas, mas amargas, com a moral esquerdista exposta à luz do Sol, a moral desnuda e feia de quem falava de boca cheia da moral alheia.


Francis faz falta.
Essa colônia de um país europeu que por séculos primou pelo atraso, precisava ter Paulo Francis vivo, ativo, marcante não só no decorrer desses 20 anos que foram mais de exposição do que somos do que de mudanças para o que nunca conseguimos ser. E hoje duvido que venhamos a ser.




Abaixo os links para matérias da Folha, hoje.



sexta-feira, fevereiro 03, 2017

Cerveja para as tropas por via aérea



Recebi essa história de um amigo por e-mail.
Desconhecia essa história da guerra, mas ela é autêntica, pelo que pude ver em pesquisa via Google.  
E é muito interessante.

Aliás, durante a pesquisa descobri que pilotos americanos fizeram o mesmo durante a guerra no Vietnã, com outros aparelhos.

Pelo sim, pelo não, também pesquisei o livro citado na história, que é autêntico, como vocês verão no final.

Sugestão para leitura?
Final de dia, tranquilo, com um copo de cerveja bem gelada.
Com moderação, claro.


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Não é segredo que o pessoal que trabalha na aviação aprecia uma cerveja (não no trabalho, obviamente). Tem até o famoso ditado: “Avião no ar, mecânico no bar”.
Agora, olhe bem a foto deste Spitfire:






O que seriam aqueles barris sob as asas? Um novo tipo de bomba? Tanques extras de combustível?


Não! São barris de cerveja! E acreditem, depois de voar a 12 mil pés, ficavam geladinhas no ponto certo para serem saboreadas.






A história da foto é a seguinte:

Nos momentos mais calmos da Segunda Guerra Mundial, os Spitfires eram usados em missões não muito ortodoxas levando barris de cerveja para as tropas na Normandia. Durante aquele período do conflito, as cervejarias Heneger e Constable doavam cerveja para os soldados.


Depois do Dia-D, manter os suprimentos vitais para as tropas de invasão na Normandia já era um desafio, e obviamente não havia espaço ou logística para luxos como cerveja ou outros tipos de bebidas. Então os pilotos da RAF (Royal Air Force) tiveram uma ideia...

Os Spitfires Mk IX eram uma versão evoluída dos Spitfire MK II, com pylons sob as asas para carregarem bombas ou tanques extras. Não demorou quase nada, logo pilotos e mecânicos descobriram que eles, com uma pequena modificação, poderiam ser usados para carregar barris de cerveja de vários tamanhos (não há informação se os barris poderiam ser ejetados em caso de emergência, mas é provável que sim).
E o melhor de tudo: se os Spits voassem a uma altitude considerável, a cerveja já chegava na temperatura certa pra ser bebida.

Uma variação desse modo de transporte era usar um tanque modificado para carregar cerveja ao invés de combustível, e teve até uma designação oficial: Mod XXX.

Carregando e identificando um XXX

 
Os Spitfires equipados com o Mod XXX ou os pylons de barril eram sempre mandados para a Gran Bretanha para manutenção ou missões de ligação e retornavam para a Normandia com os barris cheios.



No livro “Dancing in the Skies”, Tony Jonsson, único piloto islandês da RAF, descreve que odiava fazer as missões de transporte de cerveja, já que todos no campo ficavam aguardando a chegada, e qualquer um que fizesse um pouso duro ou danificasse os tanques, seria o homem mais odiado do esquadrão durante a semana inteira!

Abaixo, a foto da capa do livro do ás islandês (abateu 8 aviões alemães!), disponível para compra (novo e usado) na Amazon UK.




Em tempo

Sobre a Royal Air Force e seus pilotos, muitos deles de outros países, especialmente a França, Winston Churchill tem uma frase memorável referindo-se à Batalha da Inglaterra (a guerra aérea no início da conflagração entre a RAF e a Luftwaffe):

"Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos."

Fato.