Parece incrível, mas aqui em São Paulo mesmo, na própria Sampa, há um aldeamento guarani. Gente boa, vão tocando a vida como podem, vivendo na beira, na margem e à margem da megalópole. De maneira geral, vivem com dificuldades. The same old story.
Agora, domingão pós-almoço, no qual troquei um peixe saudável por deliciosos pedaços de pernil de carneiro assado, produção pura, limpa, orgânica, da Monika, em Santa Rita do Passa Quatro, acompanhados por um básico arroz branco, salada de agrião com tomate e pepino, batatas cozidas e um básico e delicioso frisante Lambrusco, adequado aos pratos e à temperatura, escrevo ao som das músicas guaranis. Tem tudo a ver e a digestão vai bem, obrigado. Inda mais agora, com duas xícaras de café.
Minha mãe, com os ouvidos aparentemente entorpecidos pela programação da tv aberta, Luciana Gimenez em particular, passou, ouviu, gostou e comentou. É, a música dos índios é muito gostosa mesmo. E percebe-se que é deles. Minha mãe percebeu.
O tema melódico é repetido. Os instrumentos são poucos e simples. O ritmo não é lento, tampouco agitado, é gostoso. As vozes, numa língua estranha – e pensar que era a língua de parte de meus antepassados – completam de forma harmônica o conjunto. Hipnótico, era essa a palavra que eu procurava pra definir essa música, esse som. Primitivo também se aplica, mas acho que fica um pouco pejorativo, mesmo sem intenção. Talvez aqui se aplique com total propriedade a expressão “um som de raiz”. Nossas raízes. Ou parte delas.
Bom, preciso arrumar o endereço da ong que auxilia o pessoal. Como sempre, doações diversas são e serão muito bem-vindas. E eu continuarei com minha trilha sonora sem grandes complexos de culpa.
Ah, sim, essa me parece ser uma ong que passa ao largo das gordas verbas federais. E nenhum de seus membros voa pras oropas e américas da vida às custas do dinheiro da ong. É ong de gente simples, não tem celebridades a bordo, tampouco luminares da cultura tupiniquim. Acho que isso dá uma boa ficha cadastral, né?
(Mais dia menos dia vou mudar de blog. Além das dificuldades com as fotos e comments, nem me atrevo a tentar sonorizar esse texto. Azar de vocês, estão perdendo um som delicioso.)
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Movido pela inarredável necessidade de ganhar dinheiro pra pagar as contas, inclusive as que se referem à manutenção desse blog, o autor, pra felicidade geral dos leitores, ficará ausente por uma semana. Ou por 5 dias, depende da vontade e do tempo para sentar e escrever ao computador na volta.
Por outro lado, como estarei andando pelo mui civilizado oeste e norte paranaense, é possível, provável, até, que no meio do caminho poste alguma coisa, entre uma colheita de soja e um banho gostoso pra tirar a poeira do corpo.
Até esqueci como é o jeito e a cara da soja do Paraná. Só tenho andado pelo Mato Grosso, vai ser bom variar um pouco. Com alguma sorte sou capaz até de ir pro Rio Grande do Sul. Pra soja? Não, não, nada de soja. Quero ir pro Rio Grande pra andar a cavalo, montar os crioulos gaúchos, cavalinhos bons demais. É isso.
Como diz aquele governador ianque nascido na Áustria, hasta la vista, baby!
(O certo é babies, mas e a graça?)
2 comentários:
Hm. Aham. Soja, poeira, mato... Belo programa, Fernandinho, belo programa. Embora, claro, eu prefira as matas costeiras. Coisa de quem queria ser ilhéu em Morro de São Paulo, não um mero urbano na micromegalópole Uberlândia.
Então, meu caro, ganhou mais um pra reclamar, porque também não as vejo.
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