Um Olhar Crônico sobre os dias de hoje e alguns de ontem. Um Olhar Crônico sobre a vida nas cidades, a vida na megalópole, a vida na roça, quando é dura, e no campo, quando é lírica. Textos, Idéias & Coisas diversas, aquelas que passam pela cabeça e a gente acaba registrando, sabe-se lá pra que ou mesmo porquê.
terça-feira, fevereiro 22, 2005
Depois da alta, a baixa... – parte I
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Depois da alta, a baixa... – parte I
Por aqui tem muita soja. Mas há, também, muito milho no meio. Milharais bonitos, compactos, cores fortes, principalmente o verde das folhas. Uma nova categoria: verde intenso. A lavoura, em muitos casos, encosta no asfalto, a bem dizer. Em alguns locais, onde o leito da estrada está rebaixado, passamos sentados com os olhos no nível das raízes das plantas, e me pergunto como o trator com a plantadeira chegou tão junto e não tombou no asfalto. A cabeça faz os cortes, cinematograficamente, e essa imagem se junta às anteriores, onde uma posição mais alta nos dá uma visão de conjunto do milharal.
Com a nova velha onda dos cinemas – os grandes filmes de época, os épicos – é inevitável fazer uma comparação. Nos filmes, milhares de soldados armados de espadas, lanças e escudos se enfrentam em blocos compactos, movendo-se de forma coesa e precisa, numa visão organizada e metódica da guerra, que é, por definição e por prática, a antítese de qualquer organização. Guerra é caos, exceto nas cabeças dos estrategistas. Por aqui, os blocos de milho, altos e armados com as lanças dos pendões, com as espigas como espadas curtas na cintura, não vão se mover e atacar os verdes blocos de soja, mais miúda, mas não menos impressionante. Simplesmente ficam ali, encarando-se e mudando de colorido e mudando toda a paisagem conforme se aproximam as colheitas de um e de outro.
Pequenas matas se sucedem. Distanciadas, isoladas, entre os blocos de lavoura, mas é sempre alguma coisa, sempre um respiro. Saindo de Foz do Iguaçu no rumo de Cascavel, e de Cascavel no rumo de Maringá, muitas araucárias. Remanescentes, sobreviventes, soberanas em seu isolamento na paisagem. Sempre acho a araucária uma árvore nobre. Besteira, claro, de uma mente colonizada e influenciada por noções de nobreza e plebe. E besteira, também, pensar e escrever sobre isso. Basta o prazer de olhar para as araucárias. E comer alguns pinhões nas festas juninas.
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