terça-feira, fevereiro 22, 2005

Depois da alta, a baixa... – parte II


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Depois da alta, a baixa... – parte II

Cinqüenta e quatro é um número que deixa todo sojicultor saudoso. É o preço que a saca de soja atingiu no ano passado. Preço louco, é claro. Caro demais. Tão caro que ninguém suportaria pagá-lo por muito tempo. E ficam todos saudosos porquê, nessas manhãs paranaenses, a primeira coisa que vemos ao entrar nas cooperativas é o preço da soja. Os números são quase imutáveis: vinte e seis, vinte e sete, vinte e seis e cinqüenta. A metade, ou menos, do belo e sonoro cinqüenta e quatro de dois mil e quatro.

O problema com o vinte e sete ou seis não reside neles, propriamente, e sim nos custos para produzir uma saca de soja e no câmbio do real forte. Mas claro que o baixo preço da commodity atrapalha.

Vamos lá: a soja caiu de preço no mercado internacional. Por causa do aumento na safra americana. Por causa dos seguidos aumentos nas safras sul-americanas, no Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia. Todo mundo planta soja, o mercado internacional fica abastecido, entra em ação uma faceta cruel da lei da oferta e da procura. Grande oferta, baixo preço. Bom pra quem consome, péssimo pra quem produz. Nós, tupiniquins, somos produtores. A China – lembram dela e da devolução de alguns carregamentos até que o governo tupiniquim cedeu e acomodou tudo ao gosto chinês? – é consumidora. Ótimo pra ela.

Os custos de produção da soja são estabelecidos em dólares. Os insumos aumentam conforme o câmbio varia pra cima. Ou seja, à medida que o dólar sobe, os preços dos insumos usados na produção da soja sobem também. Quando o dólar cai, ou despenca, os preços dos insumos permanecem quietinhos onde chegaram. Às vezes, mas só às vezes, fazem um ligeiro movimento de acomodamento para baixo. Todo mundo fica feliz e enganado. E a vida segue. Mais cara.

Outro problema do câmbio: nos últimos doze meses, o real foi a moeda que mais se valorizou no mundo. Com isso, tudo que produzimos ficou mais caro pra vender lá fora. No caso de uma commodity como a soja, com seu preço balizado por Chicago, além da queda no preço de cada saca, há também a menor entrada de reais para cada dólar recebido.

Cruel combinação. Mais reais para produzir, menos dólares por saca, menos reais por dólar. Estão todos com saudades dos cinqüenta e quatro.

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