Um Olhar Crônico sobre os dias de hoje e alguns de ontem. Um Olhar Crônico sobre a vida nas cidades, a vida na megalópole, a vida na roça, quando é dura, e no campo, quando é lírica. Textos, Idéias & Coisas diversas, aquelas que passam pela cabeça e a gente acaba registrando, sabe-se lá pra que ou mesmo porquê.
terça-feira, fevereiro 22, 2005
Depois da alta, a baixa... – parte III - final
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Depois da alta, a baixa... – parte III - final
Dizem que desgraça pouca é bobagem. Deve ser, mesmo. Choveu muito em parte da safra. O mato cresceu mais rápido do que funcionou o controle com os herbicidas. Choveu pouco ou nada nos momentos cruciais de enchimento das vagens. Penetro em uma lavoura linda, folhas fortemente coloridas de verde, verde-bandeira-intenso. Bonito de ver. O vento balança as folhas, criando um balé suave e refrescante. Agachado, abro os braços, separo as plantas ao meu redor, deixo a luz penetrar e chegar ao chão. Muitas vagens, poucos grãos. Bonitinha mas ordinária. Só recorrendo a Nelson Rodrigues pra nomear, como se deve, essa lavoura. Que de engraçadinha nada tem.
Vamos gravar numa lavoura próxima a Palotina. Bonita lavoura, tanto a que está em colheita como a que se encontra ainda verde. O bom de andar por essas terras de soja no Brasil é que a gente, definitivamente, não vê erosão. Nada, pelo menos, significativo. E isso é muito bom. Pena, porém, que as matas na quase totalidade se foram. Sim, como eu disse sempre há uma aqui e outra ali, o que é melhor que nada, naturalmente. Mas dá pra sentir falta das velhas e majestosas matas da Bacia do Paraná.
Encontramos com o Juliano, filho do proprietário. Aqui, como nas outras regiões agrícolas, não tem moleza. Pega-se no serviço pesado desde cedo. Fazendas produtivas não são bons lugares para mauricinhos. Caminhamos pela soja seca, cheia de vagens. Se não fossem alguns problemas climáticos, essa lavoura iria ter a fantástica produtividade de 75 sacas por hectare! Quase o dobro da média americana. Na parte já colhida, e a cooperativa comprova, a média foi de 70 sacas por hectare. Ao contrário do Mato Grosso, aqui os talhões maiores tem 15, quando muito 20 hectares. Área assim no Mato Grosso o pessoal usa para manobrar máquinas! (Brincadeira, nem tanto.)
Com tamanha produtividade eles vão ganhar mais ou menos. Mas esse número é perigoso e enganador, pois refere-se à melhor soja da fazenda, à que menos sofreu com o clima. No final, a média geral vai ficar ao redor de umas 55 a 58 sacas. Bom também, mas com um forte aumento nos custos, que, possivelmente, vão romper a barreira das 40 sacas por hectare. Considerando os investimentos já realizados, e que precisam ser pagos, um resultado meio perigoso. É bom que a safra 2005/2006 seja bem melhor. Já que o clima atrapalhou por aqui, é torcer para atrapalhar lá no norte, nas Grandes Planícies, na região dos Grandes Lagos, enfim, por toda onde se planta soja nos Estados Unidos.
Há uma velha frase, título de uma peça igualmente velha: Brasileiro, profissão esperança. Verdade verdadeira, essa é a profissão ontem, hoje, amanhã e sempre, de quem planta e cria.
Esperança.
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