Um Olhar Crônico sobre os dias de hoje e alguns de ontem. Um Olhar Crônico sobre a vida nas cidades, a vida na megalópole, a vida na roça, quando é dura, e no campo, quando é lírica. Textos, Idéias & Coisas diversas, aquelas que passam pela cabeça e a gente acaba registrando, sabe-se lá pra que ou mesmo porquê.
sábado, junho 18, 2005
Overdose
Overdose
Preciso de uma temporada num spa pra desintoxicação. Urgente.
Um spa sem tv. Sem internet. Sem rádio. Sem jornais e sem revistas. Sem livros.
Um spa sem informação alguma, exceto as captáveis diretamente por olhos, ouvidos e tato sem nenhuma mídia fazendo o meio-de-campo.
Hoje eu deveria estar no sítio onde, bem ou mal, o fluxo é menor, principalmente por não ter internet. Ainda. Ficando por aqui, a coisa é braba. Estadão no café da manhã. Leite, café, adoçante, suco, pão, manteiga, queijo, jornal, tudo sobre a mesa. Depois, internet. Em Sampa, sebos pra cá e pra lá. Colheita:
- “Obra poética” – Fernando Pessoa – finalmente;
- “Segunda viagem a São Paulo e quadro histórico da Província de São Paulo” - Augusto de Saint-Hilaire – ilustrações de Hercules Florence – 1954 – edição comemorativa do meu nascimento, digo, do Quarto Centenário da bela e brava São Paulo de Piratininga;
- “Fogão de lenha”, já citado;
- “Sob o sol da Mogiana – a história de uma fazenda” - Maria Regina Azevedo Vilela de Andrade – belo livro e bela história de uma fazenda, lá pra frente do Sítio das Macaúbas; o trem passava ao alcance dos nossos ouvidos no sítio, dependendo do vento; e, como brinde, receitas de comidas de fazenda no final do livro;
- “A loira de concreto”, do Michael Connelly, um bom escritor policial;
- “Crimes imperceptíveis” – Guillermo Martinez – jovem escritor argentino, com muito futuro; um policial instigante com os detetives recorrendo à lógica pura; livro interessante, ótimo pro inverno.
É legal comprar livros, mas livros são fontes de informações. E estou arrependido de ter deixado pra trás a biografia do Kissinger. Saco!
Na banca, a Folha de São Paulo porquê hoje é sábado, junto com o Lance, porquê ninguém é de ferro e eu gosto de ler sobre futebol.
Chegando em casa, o porteiro me entrega a Veja e a Vejinha.
E aqui estou eu, zonzo, dedilhando, batucando nessas teclas, intoxicado. Informação demais vicia e faz mal à vida. É o que estou começando a achar. Enquanto não leio ou batuco essas mal dedilhadas, vejo tv. É futebol, mas é informação.
Definitivamente, preciso me internar num spa urgente. De preferência sem ter sequer pinturas rupestres.
Ou num convento trapista. Retiro absoluto e lei do silêncio.
:o)
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3 comentários:
Se vc conseguir, passa o endereço, por favor.
Suas crônicas são excelentes, amigos.
Parabéns.
Vc está em grande fase.
É um prazer lê-lo.
Abração.
Emerson,
uma vez li um texto do Veríssimo no qual ele falava sobre a abstinência de leitura. Do tipo que acomete quando se está num quarto de hotel qualquer, sem nem a Bíblia na gaveta do criado-mudo. Nessas horas, ele corre para o banheiro só para ler nas torneiras as palavras "FRIO" e "QUENTE", e amenizar assim a abstinência de leitura. Como você disse, vicia!
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