Há um cheiro de intolerância no ar. Demorei pra descobrir porque nunca imaginei que a intolerância cheirasse. Mas cheira. É azedo e rançoso, mas é também rancoroso e amargo. É nauseabundo, mas nem sempre a gente percebe isso, porque ele é envolvente a tal ponto que deixa de ser percebido, passa a ser apenas mais um componente do ar que respiramos.
Depois que tomamos conhecimento de sua existência, ele deixa sua invisibilidade e revela-se para nós a toda hora, em toda parte.
Na internet, nos blogs e chats, sua presença é de uma normalidade assustadora. Onde ele chega, normalmente, provoca a retirada da civilidade. Naturalmente, sua presença elimina por oposição a tolerância. Que vira fumaça, ou nem isso, e desaparece.
Se tudo está bem, no melhor dos mundos, e por algum motivo a política e as eleições entram na conversa, ela, a intolerância, automaticamente entra e se faz presente em questão de minutos.
Não anda sozinha a bacana. É vista com freqüência quase absoluta ao lado do desengano, também conhecido por desencanto. Se por acaso cruzarem, nossa! – nem quero imaginar o fruto de tal união.
Ontem à noite, um jovem jogador do Botafogo, perdeu um pênalti durante a disputa por penalidades para definir o vencedor do jogo com o Fluminense. Cobrou mal, muito mal, tão mal que só pode ter sido um acidente. Em poucas horas, sua página pessoal no orkut recebeu quase 5.000 (cinco mil!) recados, um pior que o outro. Um portal de notícias definiu como “linchamento pela internet”.
A intolerância está feliz, nadando de braçada. O que não é nem um pouco ruim com esse calorão senegalesco. Espero que o desencanto não se junte a ela e nade em outra praia.
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