domingo, dezembro 04, 2005

Nasce uma estrela

A mancha branca dominando a testa foi determinante: seu nome é Estrela.



Filha da Atrevida com o Safári, e irmã inteira de Mimosa, Estrela nasceu de 5a para 6a-feira. Sua chegada foi um bálsamo em vários sentidos, o mais importante, talvez, diminuir a dor provocada pela perda da Primavera. Um outro foi diminuir e até eliminar minha raiva com a atuação dos rapazes no sítio durante essa semana. Esse, aliás, é um tópico à parte, merecedor de toda uma Enciclopédia Britânica para uma análise inicial sobre como é duro, chato, irritante, desgastante e frustrante lidar com o Homo sapiens var. trabalhador rural. Os H. sapiens das muitas variedades urbanas também são complicadíssimos. Se levarmos em conta que os macacos sem pelo das variedades patronais são tais e quais, chegamos à conclusão, facílima, que esse é um bicho deveras complicado. E, dito isso, acho melhor mudar de assunto, pois a continuar nele é certo que serei obrigado a mastigar uma pastilha antiácida, coisa bem desnecessária numa bela manhã de domingo.

Se a Mimosa é muito difícil fotografar, dado o preto uniforme e brilhante que a recobre por completo, o mesmo não se pode dizer de sua recém-nascida irmã. Com a corzinha básica da raça Jersey e mais as manchas brancas na cara, rabo e virilhas, ela é bem fácil de ser fotografada. É, inclusive, fotogênica a danadinha. Sua chegada não foi de todo imprevista. Embora o parto estivesse marcado para o dia 6, eu mesmo duvidava um pouco e achava que só ocorreria em janeiro, pois a Atrevida não estava assim tão “chegada” nos últimos dias; “chegou” de repente e pariu. Mais uma vaca parindo dentro do intervalo de doze meses, meta de todo criador de gado, tida e havida como meio difícil, inda mais em vacas mestiças, como é o caso dela. Agora o próximo parto deve ser da Preta, previsto para o dia 1o de janeiro. Dela, já vieram dois machos, portanto, estatisticamente, já passou da hora de vir uma fêmea. E para manter a estatística como uma ciência verdadeira, sem enganação, a outra cria também deverá ser uma fêmea, pois aí atingiremos a média de 50% entre machos e fêmeas.

O curral está em petição de miséria, um lamaçal só, onde bosta e urina de vaca fazem parte do, digamos, piso afundável. Não precisava, claro, mas dei instruções para tirar as vacas de lá o máximo de tempo possível, dando o trato (alimento) no piquete ao lado, em terreno seco ou simplesmente úmido, em caso de chuva, mudando de lugar antes que crie lama. Coisa mais que óbvia, né, mas que precisa ser dita e falada e ordenada mais de uma vez. Bem, mais de duas vezes, até. Com isso, volto ao desagradável tema de que fugi no parágrafo dois, se não me engano, desse texto (o primeiro foi bem curtinho, eu sei, mas vale como um parágrafo, sim).

Se o curral dá nojo, das vacas não posso, felizmente, dizer o mesmo. Estão bonitas, em excelente estado. Mesmo as duas ou três Jersey que para mim estão magras e sentidas, estão em bom estado na visão do nosso veterinário. Bom, como ele realmente entende do riscado, não serei eu a contesta-lo. Mesmo assim, fui claro pro pessoal: tratem delas à parte e com mais carinho, digo, comida. Nada impede que elas fiquem melhor do que estão, né?

Essa é a terceira manhã do pós-parto da Atrevida. Ela ainda não “limpou” totalmente, o que é a primeira vez que acontece com uma vaca do sítio. Sintomaticamente, não dei para a Atrevida o remédio homeopático facilitador de parto. Falha imbecil de manejo e, pior, falha minha, exclusivamente. Mas uma conversa telefônica com o veterinário me sossegou. Nada preocupante, ainda, e por mais uns 3 dias, até, mesmo porque ela está comendo de hábito, ou seja, muitíssimo bem. Ufa! Esse é um evento extremamente comum no campo, tudo quanto é peão ou criador já diz de cara: “Ah, se não limpou aplica um ciosin nela”; pois é, mas, se é comum em toda parte, nunca tinha ocorrido no sítio, em mais de 20 partos já. Hummmmmm... Sem querer ser pretencioso, mas sendo, acho que isso diz alguma coisa sobre o jeito com que venho criando as vacas, mesmo pecando em algumas “coisinhas”.



Atrevida e Estrela já estão deitadas, esperando a chegada da noite, mais pra fria que pra fresca.

Atrevida está numa posição que corta o vento que vem do sul e do leste.
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6 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, a Estrela é linda. A família cresce.

Anônimo disse...

Muito lindinha. Parabéns.

Tô aqui me penitenciando...Como é que não vi nada sobre a Primavera?! Perdão, amigo.

Anônimo disse...

Sou completamente leigo em criação de animais de qualquer espécie, mas adoro ver bebês de boi, de cavalo, de porco...
Algumas vezes assisto aqueles programas de vida selvagem do Discovery para apreciar a traquinagens dos filhotes de elefante, de onça, etc.! :)

Nelsinho

Anônimo disse...

Parabéns pela nova integrante da família! Ela é realmente um belo exemplar! Linda mesmo!

Obrigado por ter aparecido lá no meu Blog. Aliás estou querendo encomendar um texto seu para postar lá. Pode ser?

Anônimo disse...

"E-e-e-ehhhhhhhhhhh, vaca Estrela, e-e-e-ehhhhhhhhh, boi Fubá..." Lembrei na hora da música, que não ouço há tanto tempo. Vou baixar agora mesmo em homenagem à nova quadrupinha. Parabéns pelo sucesso, Emerson -- mas, ainda que vc não tivesse este blog, onde conta tanta coisa interessante sobre a fazenda, só pela forma como pensa e escreve "lá em casa" eu teria certeza do seu, digamos, approach veterinário, ou criador. Quanto tempo vc fica por aqui? Será que dá pra gente se ver? Sábado à noite tem um concerto do Wagner Tiso no Municipal, comemoração dos 40 anos de carreira. Quer vir?

Emerson disse...

Boa idéia!