terça-feira, maio 17, 2005

Noites de outono


E as lindas noites de outono se sucedem. Lindas, estreladas e frescas, já começando as temperaturas beirando os dez graus nas madrugadas. As portas da casa podem ficar abertas, quase não há mais bichos pra entrar. Curiosamente, estamos com uma “safra” temporã de besouros rola-bosta. Capturei um monte deles no sábado e no domingo à noite. Todos jogados no bezerreiro. São excelentes garis.

Já escrevi isso e vou escrever de novo, hoje, amanhã, muitas e muitas vezes: como é difícil deixar essas noites pra trás e entrar em casa. Mesmo com o frio chegando, o corpo cansado, a vontade de um banho ou, se já tomado, a vontade de deitar e dormir, tudo isso se choca com a inércia provocada pela beleza da noite. O que por fim acaba determinando o momento de entrar é o pescoço. Chega um momento em que ele assume o controle e diz que já deu.

A lua estava em mudança de nova para crescente. Sem o esplendor exagerado e luminoso da cheia, é uma fase muito bonita. Mesmo presente, ela não ofusca o brilho das estrelas e a Via Láctea permanece visível. Gosto de olhar pro céu ao lado do curral. É mais aconchegante, acho. Ouço as vacas ruminarem. Algumas dormem. Uma ou outra faz uma boquinha fora de hora com algum bocado de feno ou silagem ou capim. São bons momentos, de paz, dá pra sentir que o mundo é um lugar bastante agradável e gostoso. Não deixa de ser curioso que me flagro pensando em estrelas, universo em expansão e outras coisas que simplesmente acho além de nossa compreensão, apesar do Hawking, apesar do Hubble, apesar de Arecibo e outras fantásticas instalações para estudar o universo conhecido. Vira e mexe faço isso. E vira e mexe olho pras vacas, invejo sua placidez desinteressada nos mistérios da vida e vou pra casa, em busca do banho ou da cama.

No meio do caminho a Sophia caça mais um ratinho silvestre. Como sempre, é bem sucedida. Como sempre, a vida se revela simples.


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Um comentário:

Anônimo disse...

Merda, Emerson... Esse post me fez lembrar dos meus quase dois anos sem férias...