Um Olhar Crônico sobre os dias de hoje e alguns de ontem. Um Olhar Crônico sobre a vida nas cidades, a vida na megalópole, a vida na roça, quando é dura, e no campo, quando é lírica. Textos, Idéias & Coisas diversas, aquelas que passam pela cabeça e a gente acaba registrando, sabe-se lá pra que ou mesmo porquê.
quinta-feira, março 16, 2006
Um imenso bananal
“... ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal,
Ainda vai tornar-se um imenso bananal...”
O autor do verso original, a julgar por seu silêncio, apóia tudo isso que está aí. Não seria justo, portanto, eu pegar o seu verso e ainda por cima modificar uma de suas palavras, justamente para detonar, dentro de minhas modestíssimas possibilidades, tudo isso que está aí. Mas, fi-lo e fi-lo porque qui-lo.
E por que um imenso bananal?
Vejamos:
- o presidente do Senado – parlamentar outrora membro de poderosa corte republicana nos tempos de Fernando Afonso, sumiu, saiu de cena;
- na sua ausência, a Presidência do Senado é ocupada por um obscuro senador, um tal de tião, membro do Partido dos Trambiqueiros e um dos vices-presidentes daquela casa parlamentar;
- sua excelência, incontinenti, solicita ao Supremo Tribunal Federal (estou em dúvida se devo escrever esse nome com maiúsculas no início... vou faze-lo, é melhor assim, afinal, como se dizia no tempo da ditadura, quem tem c* tem medo) uma liminar ou coisa parecida, impedindo o caseiro da “república de Ribeirão” de testemunhar na CPI dos Bingos;
- o pedido do senador obscuro é julgado por um dos juízes do Supremo nomeado pelo presidente lulla da Silva, o ínclito; a esposa desse magistrado é consultora jurídica do Ministério da Justiça, ocupado por famoso criminalista, tido e havido nos últimos tempos como principal conselheiro do príncipe, digo, do presidente lulla da Silva; aliás, essa senhora foi nomeada para esse cargo logo depois da nomeação de seu marido para o Supremo;
- o magistrado, imune ao falatório e fofocas desqualificadas, julgou procedente o pedido do obscuro senador e concedeu a tal liminar ou sei lá o que, impedindo que o caseiro contasse à CPI tudo que já contara ao jornal O Estado de S.Paulo; feliz ou infelizmente, quando essa determinação chegou ao plenário da CPI o caseiro já falara um bocado, e o mais importante: confirmara, novamente, a presença “umas dez ou vinte vezes” do ministro da Fazenda na tal casa-sede da “república de Ribeirão”;
- enquanto isso, aumenta o número de exilados; depois da família do prefeito assassinado de Santo André ter abandonado essa aprazível república bananeira em busca de locais mais seguros para viver, longe das ameaças de morta a que vinham sendo submetidos seus membros, agora é a vez de uma das “meninas” de dona Jeany Mari Corner, aquela senhora que agenciava e providenciava simpáticas companhias femininas para políticos e assessores estressados, pagas com dinheiro, provavelmente, de caridade; a garota em questão, assustada com as ameaças de morte – mas que coisa mais repetitiva e chata! – achou melhor escafeder-se e sumir de nossa agradável banana’s plantation;
- curiosamente, as sempre tão bem informadas emissoras de televisão de bananal não transmitiram ao vivo o depoimento do caseiro; a única que fazia isso, mudou a programação; curiosamente, essa era a TV Senado, no momento presidido pelo obscuro senador; a poderosa Globo News achou melhor e mais interessante em termos de audiência, transmitir insossa sessão numa comissão das muitas existentes pelos palácios brasilienses.
Fim.
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2 comentários:
Inacreditável!
Quem diria que esse pessoal poderia ser tão sujo!?
Prazer revê-lo, caro Emerson.
Tudo como dantes no quartel de abrantes. :(
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