Tiros na floresta. É o fim de Bruno, o urso fujão
Caçadores da Baviera mataram o animal que se transformou na sensação da Copa
Marco Justo Losso
Caçadores da cidade de Miesbach, na Baviera, liquidaram na madrugada de ontem uma das sensações da Copa do Mundo, o urso Bruno. Depois de cruzar a fronteira, cerca de um mês atrás, e perambular pelos bosques, alimentando-se de galinhas e ovelhas alemãs, Bruno transformou-se em celebridade, rivalizando com Ballack, Ronaldinho ou Beckham, ao escapar seguidamente do cerco da polícia. Sucumbiu, no entanto, cinco horas depois de o governo da Baviera autorizar sua caça e execução, sob o argumento de que ameaçava as pessoas.
A notícia de sua morte despertou furiosas críticas de ecologistas, da mídia e até de algumas autoridades alemãs contra a perseguição, na região de Rotwand am Spitzingsee, perto de Miesbach. Por cautela, a polícia e a prefeitura de Miesbach preferem não revelar o nome dos atiradores - eles já estariam recebendo até ameaças de morte, segundo afirmou o porta-voz de uma organização de caçadores local. Em Miesbach há rumores de que caçadores da própria Prefeitura teriam matado o urso, o que foi prontamente negado pelo gabinete.
Bruno vivia do lado italiano da fronteira, dias antes de começar a Copa, e saiu passeando pouco adiante, entre a fronteira da Áustria e da Alemanha. Das ovelhas que comeu, três eram avaliadas por seus donos em1 mil cada. Ele tinha sido visto pela primeira vez em 20 de maio, na Baviera.
Foi então que a epopéia começou. Guardas da região o caçavam e ele despertou a atenção de curiosos, de entidades de proteção aos animais e da mídia. De sua busca participou até um grupo especialista finlandês. A autorização do governo bávaro para abatê-lo foi dada na noite do domingo e, quatro horas e 50 minutos depois, ele foi localizado e morto.
Os protestos foram imediatos. "Isto é uma tragédia para a proteção à natureza na Baviera", lastimou Bernd Orendt, diretor da organização Proteção Jovem à Natureza. "Em Kornten, na Áustria, ursos passeiam perto de Kindergartens (escolas infantis)", observou. "Foi a solução mais burra de todas. Só mesmo na Alemanha ele poderia ser liquidado", atacou, irritado, o presidente da Associação Alemã de Proteção à Natureza, Hubert Weinzierl.
O Ministério do Meio Ambiente defendeu a decisão tomada pelo governo da Baviera, por entender que o urso ameaçava pessoas, mas não entende por que o urso não foi capturado. "Até agora ninguém conseguiu me explicar porque o animal não foi capturado vivo", lamentou o ministro Sigmar Gabriel.
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Um comentário:
Por que matar? Ele estava agindo de acordo com a sua natureza, tão superior à nossa. Pena que não tivesse lido o jornal para saber a cotação das ovelhas e nem soubesse a quantas anda o mercado imobiliário que acabou com o seu habitat.
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