Um Olhar Crônico sobre os dias de hoje e alguns de ontem. Um Olhar Crônico sobre a vida nas cidades, a vida na megalópole, a vida na roça, quando é dura, e no campo, quando é lírica. Textos, Idéias & Coisas diversas, aquelas que passam pela cabeça e a gente acaba registrando, sabe-se lá pra que ou mesmo porquê.
terça-feira, junho 27, 2006
Curtas considerações sobre uma morte
Final feliz parece coisa restrita às páginas de Caras e suas similares por todo o mundo. Finais curtos, evidentemente, pois a cada dia, a cada semana, um novo happy end se faz necessário para aplacar a fome de consumo por finais felizes.
Pena que o Bruno não sabia disso.
Pena que também as baleias nada sabem sobre isso.
E não aparecem na mídia certa.
A morte do Bruno é emblemática ao seu jeito, talvez por ter ocorrido em plena Alemanha da Copa, cheia de verde e flores por todos os lados. Os relatos dos correspondentes brasileiros em terras germânicas não deixam dúvidas: a Alemanha é verde. E rosa, branca, amarela, lilás, todas as cores de todas as flores, uma festa para os olhos.
Uma festa para a qual um urso-pardo, um dos últimos de sua espécie com passaporte europeu legítimo, não foi convidado. Saiu das montanhas e florestas austríacas e invadiu a Alemanha. Trouxe medo, naturalmente infundado, mas o que sabem disso as massas urbanas que há décadas perderam o contato com a natureza, exceto pelas telas de tevê e páginas de revistas? Sua presença despertou outro sentimento além do medo tolo: a vontade insana de caçar e matar.
Pode-se e deve-se, até, caçar, pois há muitas espécies que estão passando por um processo de explosão populacional provocado pela ausência de predadores e abundância de comida. Excesso de uma espécie é tão ruim quanto seu sumiço. Mas, um urso-pardo europeu? Ora, francamente, é um bicho do qual devem restar algumas dúzias, se tanto, na Europa Central e nos Alpes.
De nada valeram ponderações e apelos. O urso foi morto.
Enquanto isso, o Japão manobra vergonhosamente na Comissão Internacional da Baleia, colocando países centrais e até meio desérticos, como o Mali, como membros plenos. E, curiosamente, esses países acabam apoiando as pretensões japonesas de voltar a caçar baleias. Ou melhor, caçar mais baleias que as atuais mil que podem abater por ano, com finalidades “científicas”. Noruega e Islândia nem para isso ligam, simplesmente nunca pararam a caça às baleias.
E por aqui, ao se desmatar um alqueire de mata o mundo desaba sobre nós. Corretamente, até, não contesto, mas não custava nada essa rapaziada que nos massacra na mídia diuturnamente assestar suas poderosas baterias contra caçadores de baleias e ursos.
E, da próxima vez, o melhor é botar logo a foto da próxima vítima na capa das Caras da vida e correr atrás de um happy end via mídia.
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