terça-feira, março 29, 2005

Nem tudo são flores

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Há muitas flores no campo nessa época, começo de outono, como as da paineira, por exemplo. Comida é o que não falta para beija-flores e abelhas. Com as chuvas recentes, a paisagem voltou a ficar bonita, verde, brilhante. As noites já estão mais longas um pouco. As galinhas já começaram a diminuir a postura. As vacas têm mais conforto, comem melhor, produzem mais leite. Nem tudo, porém, são flores no campo. Muitos são os espinhos.



Flores de uma jovem paineira no Macaúbas
file:///C:/Documents%20and%20Settings/Cia% Posted by Hello


Espinhos...

Coisa de mês atrás, 4 bandidos invadiram um sítio. Foram para o poste com o transformador. Desligaram a corrente elétrica e começaram a “trabalhar”, para roubar relógio e fios. O sitiante, um homem de idade já um pouco avançada, estranhou a queda da energia, pegou a lanterna e foi ver se havia caído uma fase ou coisa que o valha. Não chegou ao relógio e ao poste: recebeu um tiro no peito. Gravemente ferido, conseguiu sair do local e caminhou em direção ao vizinho. Este, ouvindo o barulho de algo parecido com um tiro, saiu de sua casa e, a meio caminho, encontrou o homem ferido. Correria. Polícia, ambulância, o circo de praxe foi armado, executado, desarmado. E ficou tudo por isso mesmo. E o sitiante na UTI.

Dias depois, duas denúncias anônimas levaram a polícia aos meliantes, aos vagabundos. Somente um foi preso, morador de um distrito da cidade. Um tal de N (deixemos assim, ok?). Sua prisão foi noticiada. Em sua casa, a polícia apreendeu algumas armas. Entre elas, uma carabina com silenciador. Replay: entre elas, uma carabina com silenciador. Outro sujeito, um tal de M, não foi encontrado. Seu nome foi publicado e ele foi dado como foragido. Entretanto, findo o prazo para flagrante, ele apresentou-se à delegacia. Em sua casa a polícia também havia encontrado armamento. Sua advogada, porém, e também namorada, segundo se comenta, disse em sua defesa que as armas eram propriedade de seu pai. Bem, o tal M não chegou a ser preso.

Comenta-se a boca pequena, e não é de hoje, não, vêm de há muito, muito tempo tais comentários, que essas pessoas estão ligadas a vários, inúmeros roubos. Inclusive de animais que são abatidos e carneados. Tal como foi feito com minha novilha Jersey chamada Gisele, uma PO, registrada, prenhe de 5 meses, tirada do curral e carneada na beira do asfalto. Ao longo desses anos todos, ficou-se apenas nos comentários.

No pequeno e pobre distrito onde mora N, um grupo de 6 ou 7 moradores cotizou-se, juntou algum dinheiro e pagou sua fiança. Ele agora está em liberdade, apesar de possuir em sua casa uma carabina com silenciador.

Em alguns meses haverá um referendo nacional sobre a posse ou não de armas pelos cidadãos. O governo quer que os cidadãos não tenham direito a ter armas em suas casas. Acho muito justo, uma vez que vivemos num país maravilhoso, com forças policiais que primam pela excelência, um país que se destaca pelo seu baixo índice de violência. Coisas de primeiro mundo! Que digo? Coisas de primeiríssimo mundo! É muito justo, portanto, o desarmamento de todos os cidadãos. Vai que um deles mata um meliante dentro de sua casa... Um crime hediondo que deve, a todo custo, ser evitado.

Proponho, para a campanha do desarmamento, que o governo, a igreja (mas o que é que a igreja tem que se meter em assuntos seculares? Vou eu lá dar palpite na sucessão do papa, dos bispos, dos cardeais, e também me imiscuir em suas vidas privadas, que como bem mostram os muitos exemplos de Boston, são tudo, menos puras; combinam bem com privadas), as onguis defensoras dos direitos humanos (todos os bandidos são humanos, todas as vítimas são “aliens”) e largos setores da imprensa, adotem a máxima de Cândido Mariano da Silva Rondon:

“Morrer se preciso for, matar nunca.”

Oras, me poupem!

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2 comentários:

Anônimo disse...

Ora, ora, ora...

Agora vai levantar a bandeira armamentista, é? Hm. Sei lá. Acho que quanto menos armas existirem, menor é o risco de crimes acontecerem...

Claro que uma folha de papel nas mãos de alguém mal-intencionado pode ser tão letal quanto uma serra, mas aí já é outra história...

Emerson disse...

Hummmmm...

Vou não, Marcone. Apenas não quero
que o velho, vil, inoperante, extorsivo, autoritário,perigoso Estado brasileiro me proíba de, se o quiser, armar-me para defender minha casa. Coisa que esse mesmo Estado não faz.

Aliás, uma boa notícia: a Justiça informou que 60% dos delegados de nossa mais "sofisticada" força policial, a Polícia Federal, não respondem a nenhum processo criminal.

Ah, sim, essa foi a minha leitura, pois a manchete dos jornais é um pouco diferente: 40% dos delegados da PF respondem a processos.

É ruim, hein!