Um Olhar Crônico sobre os dias de hoje e alguns de ontem. Um Olhar Crônico sobre a vida nas cidades, a vida na megalópole, a vida na roça, quando é dura, e no campo, quando é lírica. Textos, Idéias & Coisas diversas, aquelas que passam pela cabeça e a gente acaba registrando, sabe-se lá pra que ou mesmo porquê.
sexta-feira, abril 07, 2006
Política, mas só um pouco...
Nenhum presta! Nenhum presta?
O sagrado café da manhã da quinta-feira, 6 de abril, já não era dos dez mais por conta da derrota terrível e acabrunhante do São Paulo na noite anterior. Uma derrota que pôs fim a 19 anos de invencibilidade em jogos pela Libertadores no Morumbi. Contudo, faz parte, perder faz parte da vida, a única coisa chata é que, como brasileiros, derrotas vexaminosas têm povoado demais a nossa vida ultimamente. E não são futebolísticas, infelizmente.
O que realmente azedou nosso café matinal foi a manchete curta e grossa do Estadão: “Cunha escapa”. Essa foi a manchete que levou à exclamação que é título desse texto, pronunciada por meu filho. Na seqüência, ele disse que nessa eleição vai anular tudo.
A contragosto, pois detesto falar de coisas nojentas logo durante o desjejum, embora não me incomode de ler a respeito – o que me leva a passar os olhos pela cobertura política tupiniquim logo no começo do dia – conversamos rapidamente sobre essa declaração de voto. Já anulei meu voto em algumas eleições majoritárias. A primeira vez foi na escolha collor x lulla. Bom, respeitando aquele período, o certo é escrever Collor x Lula. Usar as minúsculas para expressar minha falta de respeito pelos nefandos personagens e acrescentar um “l” ao nome do atual presidente, são coisas corretas, na minha opinião, mas só a partir de eventos ocorridos depois das revelações que mancharam indelevelmente suas reputações, embora lulla da Silva e seus seguidores não se dêem conta disso. Pois bem, anular o voto quando somos obrigados a escolher entre o “muito ruim” e o “ruim demais”, ou simplesmente quando nenhum dos candidatos atende às nossas aspirações, é um ato perfeitamente válido, é a manifestação livre e soberana de nossa vontade. O mesmo, porém, não se aplica ao parlamento, onde, felizmente, ainda conseguimos encontrar nomes de pessoas honestas, de bons políticos, capazes de nos representar sem que, por isso, venhamos a morrer de vergonha. É também para o parlamento que devemos escolher nomes que representem nossa vontade, nossa postura, nossa visão sobre o Brasil. Anular o voto para o parlamento é uma medida a ser tomada em casos terminais. Ainda não chegamos a tanto.
A conversa foi rápida, teremos outras até o 2 de outubro. Felizmente, minha ressaca não aumentou com tão deprimente tema. Meu estômago está vacinado contra as imundícies da política tupiniquim.
Surge uma luz...
Pois é, de onde menos se espera que venha alguma coisa, de repente até vem, mesmo. Para minha surpresa, seis deputados renunciaram a seus cargos na Comissão de Ética da Câmara, em protesto contra a absolvição em plenário do mensaleiro João Paulo Cunha. É bom que se frise que, no dicionário prático da vida real, mensaleiro e corrupto são palavras com o mesmo significado. Seis deputados que renunciam e deixam a Comissão de Ética é pouco, mas já é alguma coisa. Como disse ao meu filho, sempre se encontra alguém no parlamento digno de receber nossos votos. Há que procurar, e muito, mas encontra-se.
Não é nada, não é nada, já é alguma coisa. Por conta disso, o título desse texto mudou e recebeu o acréscimo da repetição seguida de uma interrogação.
E por falar em estrelas
O presidente lulla da Silva falou com nosso astronauta. Foi filmado, foi gravado, foi fotografado, foi reproduzido. Pronto. Nosso excelentíssimo presidente, cujo nome recuso-me a escrever com maiúscula, exceto o sobrenome, afinal, milhões de Silvas não têm culpa por esse único, nome ao qual acrescentei um “l” para recordar outro nefando presidente e também para não confundir e desonrar os nobres e úteis habitantes dos mares, fez sua ligação de dez milhões de dólares. Esse é um valor que pode ser acrescido à compra do Aerolulla, que ficou em 69 milhões de dólares, incluindo as mudanças e os equipamentos de comunicação e não sei que mais, melhor indicados para o Air Force One do que para o presidente de um bananal.
É bom deixar claro que nada tenho contra o programa espacial brasileiro, muito pelo contrário. Mas o programa que era sério e previa a ida de nosso astronauta para a estação espacial em troca da participação na montagem da mesma com 6 equipamentos construídos no Brasil, foi suspensa. Porque não cumprimos nossa parte no acordo, vergonhosamente. Aí, o que era sério, científico, planejado, virou galhofa e virou turismo travestido em ciência, com meia dúzia de “experiências” mambembes e marqueteiras. Uma vergonha, mas que atendeu aos desejos presidenciais.
Como gosta de gastar esse elemento! E como gosta, também, de dar esmolas com dinheiro alheio. Já perdoou várias dívidas de nações mais pobres – aparentemente - do que esse bananal, mas não por caridade ou amor ao próximo, não, nada disso. Sua, nossa, excelência, perdoou em troca de votos por um assento no Conselho de Segurança. Votos que não vieram, não viriam e não virão.
Enquanto nosso astronauta viaja um pouco mais próximo das estrelas do que nós, mortais comuns, o Palácio da Alvorada é reaberto com um coquetel para 200 pessoas. Eitcha, que o cara além de ex-pobre é metido a besta! A reforma custou 19 milhões de reais e foi paga por empresas privadas. Com esse mesmo dinheiro, poderiam ser construídas 20 boas escolas ou uns 10 bem aparelhados centros de saúde. Mas isso, da minha parte, é demagogia, pela qual peço desculpas.
Nossa excelência reformou o palácio, mas não o jardim, onde a horrenda estrela vermelha de seu partido continua dando o ar de sua desgraça. Espero que o próximo presidente tome posse a bordo de um trator e passe com ele por cima desse símbolo de uma era tão suja. Não que outras tenham sido limpas, mas, sei não, pelo jeito nenhuma outra chegou perto.
Puxa, que final mais rancoroso! Um trator passando por cima de um jardim. A que nível cheguei, a que nível chegamos.
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