terça-feira, abril 25, 2006

Arvoredo...




Há quanto tempo não leio e, mais tempo ainda, não escuto essa palavra: arvoredo.

Palavra bonita, sonoridade gostosa, e pra quem é caipira, o “r” do “ar” rola na boca, cheio, gostoso, redondo. As mentes mais objetivas, eu ia dizer pobres, mas seria um exagero e uma ofensa, imaginam arvoredo como um conjunto de árvores. Pobre descrição, isso sim.

Arvoredo é sombra no calor do meio do dia no interiorzão de São Paulo. Boa pra brincar, quando se é do tempo de brincar. Boa pra descansar, em qualquer tempo para qualquer tempo. Arvoredo é onde a gente ia caçar passarinho em eras outras, há muito passadas, e vamos hoje, onde por acaso exista um, em busca de sossego, beleza e frescor.

Não dissocio arvoredo de frescor. E vice-versa. Da mesma forma, outro sinônimo para essa palavra gostosa é conforto. Ache um arvoredo e achará muitas vidas ao redor e dentro dele. Lugar confortável costuma atrair muita gente. É como a cozinha da casa da gente. Não, da casa da gente hoje, não. As cozinhas de hoje são funcionais, jamais confortáveis, como eram as cozinhas de outrora. Aliás, tal como as cozinhas, os arvoredos de hoje também tem lá sua funcionalidade expressa e aparente, ditada antes das sementes germinarem pela prancheta de um projetista de espaços.

Estou divagando e perdendo o fio da meada. Não por acaso, palavras feias começam a aparecer, em tudo e por tudo diferentes de arvoredo.

Arvoredo combina com chiniqueiro e combina com esconde-esconde. Começo a desconfiar que arvoredo combina com infância, talvez por isso, nesse mundo tão adulto, sério e eficiente, a gente não ouça, não leia e não veja mais arvoredos.


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