sábado, setembro 29, 2007

Ecos do passado


A troco de nada, a lembrança chegou em meio ao banho, momento, aliás, que já me proporcionou vários acessos de criatividade. Bom, pelo menos na minha opinião.

“As rosas desabrocham,

Com a luz do sol,

E a beleza da mulher,

Com o Creme Rugolllll...

Creme Rugollllll...

Creme Rugollllll...”

Depois do jingle, entrava a voz do locutor com um texto falando das vantagens e benefícios que o uso do creme trazia. Lembrança antiga, que vem dos anos cinqüenta, sessenta, quando ouvia esse e muitos outros “reclames” nos programas de rádio. Em termos de mídia era tudo que tínhamos, então. Nossa primeira televisão ainda demoraria alguns anos, e só chegaria em casa em meados dos anos sessenta. Antes disso, o jeito era ser televizinho, quando tínhamos a sorte de ter um vizinho bem de vida, já dono de um maravilhoso televisor, luxo de poucos naquele Brasil tão distante.

Na fazenda, trazida por algum viajante endinheirado, aparecia de vez em quando uma “Cruzeiro”, a grande revista do Brasil, vaga que foi ocupada, depois, pela Manchete e depois, e até hoje, pela Veja. Todas diferentes entre si, mas nenhuma alcançou o sucesso e penetração da “Cruzeiro”, que num país atrasado e periférico com cinqüenta milhões de habitantes, chegou a ter tiragem superior a dois milhões de exemplares. Proporcionalmente, hoje, uma revista teria de vender em bancas quase oito milhões de exemplares. Impensável.

Numa antiga revista encontrei minha primeira paixão. Pois é... Como era bonita! Não só ela, mas sua mãe também (sim, isso é o título de um filme, mas por mera coincidência). Mãe que mostrava a uma amiga e sua filha uma peça de roupa lavada com, hummmmmm, Rinso, talvez. Omo eu tenho certeza que não era. Paixão platônica, claro, de um garoto perdido numa fazenda distante quatorze horas de trem de São Paulo, a cidade grande, onde ela, quem sabe, morava. Isso se não morasse na mítica capital, em vias de deixar de ser, o Rio de Janeiro. Claramente, um amor fadado à não realização.

Como o país era diferente! Bom, que sei eu do país? Só conhecia Marília e São Paulo, onde ainda andávamos de bonde, do bairro para a cidade. Era assim que chamávamos o centro: cidade. Ainda hoje, muitas vezes, ainda nos referimos dessa forma ao Centro Velho e ao Novo.

E volta o mistério do porque eu fui lembrar do antigo jingle do Creme Rugol.

Vai saber...

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Um comentário:

Jorge Ramiro disse...

Memórias incríveis do passado. Eu me lembro quando eu era pequeno, meus pais, meus avós e meus irmãos e eu frequentavamos muitos restaurantes. Dessa forma, conocimos quase todos os restaurantes em alphaville.