quarta-feira, setembro 19, 2007

Mais do mesmo de sempre

Sabe aquele filme que foi sucesso no cinema há algumas décadas já?

E que a toda hora você vê mais e mais chamadas dele na televisão?

Ora na sessão da tarde (existe ainda?), ora na sessão noturna, ora na sessão das corujas, dos insones e dos porteiros com televisor portátil à mão.

E você pensa com seus botões: “Pombas, de novo? Não dá pra mudar isso?”


Mudar sempre é possível, até mesmo a programação dos filmes da tv, mas para mudar é preciso ter vontade de mudar.

Viu essa foto?

Ela mostra as Cataratas do Iguaçu nesse meio de setembro.



Viu essa foto?

Ela mostra um dos inúmeros parques nacionais assolados pelo fogo nesse meio de setembro e desde, pelo menos, meados de agosto.

Mostra, também, um flagrante da pobre, mas corajosa, tentativa de controle.

Todo ano é a mesma coisa: seca, cai o nível dos rios, cachoeiras secam (às vezes muito, como agora) e o fogo criminoso ou acidental se alastra por preciosos hectares de parques nacionais. Em muitos deles, em especial nos cerrados, o fogo provocado pela própria natureza é parte do processo de preservação do próprio ecossistema. O cerrado precisa do fogo, ocasionalmente, assim como muitos ecossistemas florestais em outras áreas do mundo. Uma coisa, porém, é o fogo do qual a própria natureza se encarrega, outra, bem diferente, é o fogo criminoso, provocado por mãos e desejos humanos.

Seja como for, combater as queimadas de áreas naturais é uma necessidade imperiosa para conservar e proteger, a natureza e o trabalho e moradias de pessoas. Mesmo os incêndios naturais precisam ser combatidos em algum momento, em algumas áreas, pelo menos.

É aqui, entretanto, que o bicho pega.

O combate ao fogo é exercido por brigadas de bombeiros e voluntários, tão corajosos e valorosos quanto mal equipados e mal treinados. Muitas vezes nem equipamentos há, e recorre-se à improvisação de abafadores com folhas de palmeiras. No lugar de máscaras, lenços no nariz. Roupas de proteção, então, só as que Hollywood ou os noticiários mostram, quando equipes dos primeiros mundos combatem os incêndios florestais no hemisfério norte.

Em nossos incêndios há um outro grande ausente: os aviões-bombeiros, tão comuns nos tais primeiros mundos. Há modelos desenvolvidos especificamente para essa finalidade. Já no final dos anos quarenta, os americanos improvisavam bombardeiros da II Guerra, desativados, para transportar e jogar água sobre os incêndios, principalmente no oeste e sudoeste americanos.

Mas aqui no Brasil não existe um só aparelho para combater incêndio. Em alguns parques, em alguns incêndios – e nem sei se é o caso de usar esse plural – que temos por aqui, vemos a presença solitária de um helicóptero transportando de mil a dois mil litros de água em bombonas improvisadas. Difícil até comentar, dada a precariedade de tudo, sem falar no custo elevadíssimo do transporte de cada um dos poucos litros de água que conseguem ser despejados sobre um foco de fogo.

Lembro-me que há alguns anos uma empresa canadense mandou um avião-bombeiro para demonstrações entre nós. Perda de tempo. Nossa proverbial e estúpida auto-suficiência descartou a compra do equipamento. Nem lembro direito dos motivos apresentados, lembro, sim, de minha indignação com o fato. Mas, sou brasileiro, nunca desisto. De ficar conformado.

E assim seguimos, ano após ano, seca depois de seca, incêndio atrás de incêndio.

Tico e Teço, meus dois neurônios semi-aposentados, mas ainda operacionais, sussurram-me que já escrevi post parecido em algum momento do passado não muito remoto. Ao mesmo tempo, sobrecarregando seus circuitos, dizem-me que falarei e escreverei a respeito no ano que vem ou no outro. Ah, mas como são malandros! Para fazer essa previsão não sobrecarregaram circuito nenhum, já que não há o que pensar e calcular.

Todos sabem, até meus dois neurônios meio malandros, que isso vai se repetir e repetir e repetir...



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Um comentário:

Anônimo disse...

Que tristeza...
Mais uma...