(Alto lá, pode parecer mas não é. Esse não é um texto ecocida.) :o)
Nos últimos dois anos ir para o sítio tornou-se uma fonte de desprazer antecipado e desprazer profundo na chegada. Nunca comentei a respeito, anteriormente, e nem sei por qual razão. Confesso que muitas vezes estive tentado a escrever um pedido de socorro e divulga-lo na net. Contive-me. Algo a ver com um certo pudor em ficar pedindo ajuda, o que quase me levou à morte em janeiro de 2000, nas águas ressacadas da Paúba, mas essa é uma outra história. A testemunhá-la, além dos humanos presentes, os pés de jambolão do sítio.
Mas, afinal, o que seria tão grave para provocar essa coisa impensável, o desprazer em ir para o sítio?
Pardais.
Sim, sim, sim, os “bunitinhos”, fofinhos, alegrinhos e briguentos pardais. Os próprios. Consta que esses bichinhos foram importados pelo então prefeito da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, Capital da República, nos idos de 1904. Consta, também, que S. Excia. queria, com eles, embelezar as avenidas e recantos do Rio com um pássaro mais “civilizado”, que o lembrasse de Paris, Lisboa e arredores.
A bem da verdade parece que não foi só o prefeito carioca que os importou. O que interessa é que, tal como o eucalipto, a abelha africana, o lírio-do-brejo, o caramujo africano e outras espécies, o pardal foi um imigrante que se deu muito bem por aqui. Cresceu e multiplicou-adoidadamente. Sou testemunha disso.
Nossa cozinha não tem forro. Já tivemos alguns hóspedes nela, inclusive uma simpática família de morcegos, cujo único incômodo era bater boca na hora do jogo. Imperdoável. Mas bastava um berro e calavam-se. Bichos comportados. Mas não devem ter gostado dos meus modos, pois logo mudaram-se. Foi quando o primeiro casal de pardais chegou. Montaram ninho, e era um cocozinho aqui, outro acolá. Chilreavam de manhã cedo, mas nada demais. Criaram. Devem ter feito boa propaganda do condomínio, bico a bico, que é a melhor propaganda que existe, todo mundo sabe disso, menos o governo Lula que continua gastando perto de um bilhão em peças laudatórias.
Bom, ao primeiro casal seguiram-se outros. Muitos e muitos outros. De repente, o ato delicioso de abrir a porta e entrar em casa transformou-se num tormento. Era abrir, entrar e ver a cozinha imunda. Fezes, gravetos, folhas de capim, penas... E acho que até piolhos em certa época.
Tudo tinha de ficar protegido. Graças à fumaça e ao calor do fogão a lenha, eles mantiveram-se longe dele, justamente onde a comida é feita. E por algum motivo insuspeito, só nos últimos tempos um casal fez o ninho sobre a mesa de refeições.
Soluções? Procuramos mas não achamos nada aceitável. Veneno, obviamente, nem pensar. Repelente? Uma tinta ou verniz caro pra burro, com instruções pra isso e aquilo e repetir e coisa e tal. E cara, ainda por cima. E, é óbvio, sem garantia. O único jeito seria forrar a cozinha, coisa, aliás, em nosso planejamento para dia incerto e não sabido mas com certeza futuro. Sim, pois isso tem um custo meio alto e, no momento, as vacas consomem o que podem e o que não podem. Mas um dia darão retorno. (Sim, eu acredito.)
E seguimos nesse ramerrão. Até que um visitante, um rapaz que trabalha com os tios da minha mulher, disse que o jeito era botar uns barbantes no beiral.
De imediato não acreditei, afinal, o que tem de história desse tipo é brincadeira. Uma delas, meio boba e hilariante, é cercar o quiosque do churrasco com sacos plásticos cheios d’água para espantar as moscas. Hehehehehe... Sem comentários. Meu sogro tentou, deu com os burros n’água. Mas de algum recanto escondido da memória veio um fiapo de informação perdida, algo como fitas plásticas, coloridas, que espantavam certas aves não sei onde.
Enquanto eu pensava e procurava por recônditos da memória, nosso visitante pediu escada e barbante e foi pro teto. Em minutos cercou a cozinha com barbante esticado e dele, pendentes, alguns pedaços do mesmo barbante balançando.
A tecnologia consiste toda no amarrio desses fios que ficam balançando e espantam os pardais
file:///C:/Documents%20and%20Settings
Bom, hoje voltou a ser um prazer enorme abrir a porta e entrar na cozinha limpa, tirando um pouco de pó e, a partir de agora, a fuligem da queima dos canaviais espalhados por toda a região. Mas isso tudo é café pequeno e em nada aborrece. O barbante esticado e os pedaços pendentes, baloiçantes, espantaram todos os pardais. E, melhor ainda, espantou-os, também, das varandas. Esse resultado já conta com cerca de dois meses ou pouco mais. Privados de seu ponto favorito para aninhar, parece-me que os pardais migraram para outras vizinhanças. Já se foram tarde. Impressionante. Portanto, aqui está um modelito supimpa da melhor, mais eficiente e mais barata tecnologia caseira que existe. E, ainda por cima, absolutamente limpa.
.
29 comentários:
Vou citar este seu artigo, porque o acho espectacular. Inspiradíssimo, como é normal. Ah! os sacos de plástico cheios d'água dão mesmo resultado!
Vim aqui ter atrvés do Biranta e valeu a pena embora escrito em brasilês ( ei, brincadeira, hem?) aliás, belo texto.
Parece-me que pelo conceito rebuscado do tema e da escrita os pardais podem ser de várias espécies...
venha à bigorna do martelo, não precisa de apanhar o a´vião
Biranta e Hamy, obrigado pelos comentários. Vou ver se fotografo um pardal lá no sítio, mas é o pardal europeu que temos por aqui, o mesmo que habita vossas cidades. Ele gostou dessa terra. :o)
Sensacional!!! E como sempre bem escrito. Se eu não achasse que te conheço um pouco (afinal leio periodicamente seu blog), diria que és um grande loroteiro.... Vou divulgar também. A um bom observador que você parece ser sugiro observar se os pardais se aproximam da casa e fazem meia volta ante "ameaçadores" barbantes pendurados. Muito interessante!
Olá Emerson!
Sou João Batista, de Belo Horizonte.
Vi seu texto sobre os pardais.
Eu estou com esse problema em frente ao prédio. Todos os dias no fim da tarde e no início da manhã. São quase uma centena de pardais na mesma árvore, fazendo um barulho ensurdecedor. Eu não aguente mais.
Vou aplicar esta idéia do cordão na árvore, ou nas árvores, em frente ao prédio. Se der certo eu retorno. Se não, retorno também.
Obrigado! Um abraço!
João
vou tentar esta tactica pois todos os dias pela manha um pardal fica bicando sem parar na minha janela eu espanto e quando eu viro as costas ele volta novamente me deixa muito inrritada porque ninguem consegue mais dormir depois que ele aparece na janela eu nao sei o que fazer para me livrar dele
muito obrigada já estou enloquecendo com tanto pardal no meu forro eles começam a pia as 6 da manhá e so param quando escurece,logo eu que tenho depressão ja estou pra enloquece
No meu caso eles não fazem ninho, porém vem todo o momento comer a ração do cachorro e fazem a maior sujeira na minha área, por favor me de uma sugestão
grata Telma
Muito bom, vou tentar também.
Obrigada pela informação e parabéns pelo belo texto!!
Fiz uma incursão na net e, depois de tudo o que li, a sua solução foi a que mais me convenceu. A yuca do quintal, tinha-se tornado na Pensão Josefina da pardalada da cidade. Comprei uma rede plástica, de malha muito larga - que se usa para dar suporte ao feijão verde e às vagens - e apliquei em redor da planta (só porque não consegui passá-la por cima...). O interessante é que a rede deixou a descoberto o cimo da planta e a parte inferior. Ao fim do dia, os pardais assim como chegavam, desapareciam numa curva bem apertada, como se tivessem visto assombração. Já passaram uns dias e não voltaram.
Obrigado!
ADOREI A SUGESTÃO VOU TENTAR SE DER CERTO VOLTO PRA COMENTAR
ADOREI A SUGESTÃO VOU TENTAR SE DER CERTO VOLTO PRA COMENTAR
Achei a idéia excelente. Obrigada. Vou usar a tecnologia do barbante também.
procurando na internet um repelente para os pardais me deliciei com sua narrativa e vou po-la em pratica, pois não aguento mais esses bichinhos porcalhão que adentram todos os dias , cedo e tarde na cozinha em busca de farelos de pão, chegam a jogar o pão no chão tamanha furia para bica-los,fazem coco sobre os alimentos sobre a toalha limpa,assim tendo que troca-las todos os dia, cruzam a janela da cozinha e saem pela janela da sala com uma intimidade que assusta os menos informados,vem em busca da ração dos cachorros e espalham pelo chão , usam a grade da varanda como puleiro e fazes desse espaço banheiro, sujando de forma horrorosa de dejetos dificeis de limpar... enfim vou por seu plano em pratica, pode não ficar bonito, mas espero manter o meu espaço longe desses passarinhos folgados
Será que funciona eu espalhar pelo quintal? Assim, mais alto? Entram para comer a ração do cachorro e lá se vai sujeira por toda a roupa que já lavei... =(
Então, lavo roupa todos os dias e sempre as mesmas... estou cansada...
Eu já tinha visto o uso de linhas finas brancas em hortas para que os pardais não pousassem, pois eles não enxergam tais linhas. Coloquei pregos nas estroncas da garagem de casa e passei linhas amarradas neles, e realmente funcionou.
Tenho uma área de serviços, onde guardo meu carro e também é usado para secar roupas. Na verdade os pardais estão quase nos expulsando dessa área, bombardeiam as roupas e o carro com fezes, capim, uma poeira fininha e piolhos.
Ao me decidir resolver essa pendenga, busquei na internet uma dica para espantar esses intrusos, e me deparei com seu blog.
Coloquei os cordões como indicado, se der certo ficarei muito feliz, pois não gostaria de usar de algo radical como venenos e pastas tóxicas.
Sou Secretário de Meio Ambiente em minha cidade, e temos muitos pedidos de soluções de problemas como esse, se der certo, vou indicar para muita gente.
Incrivel. Acabei de ler a dica aqui no blog e fui fazer imediatamente. Como não tinha barbante usei o sisal. O efeito foi imediato. Os pardais sumiram. Só tenho que agradecer a dica e torcer para que não voltem mais.
Muito bom..isso funciona mesmo..eu fiz na minha casa e deu certo.
Muito interessante! Estou passando pelo mesmo problema em minha casa. Os pardais se apossaram do forro de um quarto e não sei mais o que devo fazer para afugentá-los. Além de muito sujeira, eles fazem muito barulho. Sou acordada todos os dias com aquela algazarra dos pardais... e já levanto de mau humor, irritada...
Vou tentar seguir o seu modelo que além de muito interessante é barato.
Parabéns!!! Você escreve muito bem.
Abraços
Maria Amélia
Farei em meu hangar agora estão bombardeando meu ultraleve
Belo relato, até porque deu certo !!! meu tio estava com um problema parecido na casa de praia, ele pendurou alguns CDs e nunca mais apareceu nenhum pássaro .
Olha ja tinha feito de tudo e nada desses pardais sairem da minha residência,mas depois dessa ideia do barbante me livrei completamente deles.
Cara obrigado fiz aqui em casa de início não acreditei cara os bichos sumiram kkkkkk. Não sei qual o segredo mas funciona eu garanto..
Realmente funciona...
Ao buscar uma forma de me livrar desses visitantes não amigáveis, encontrei essa pérola, não sei se a ideia realmente funciona, deverei tentar, afinal o custo é quase nada. Todavia, me deparei com este texto, muito bem escrito, valeu a pena ler cada palavra, obrigado, não só pela dica, mas também pela crônica.
Vou fazer isso ainda hoje,e retorno para dizer se deu certo... obrigada!!
Prezado Emerson, há 08 anos sofro com pardais na varanda, tenho fé que essa dica irá realizar meu desejo, ficar livre de tantos ninhos.
Bom dia Emerson, muito obrigada pela dica incrível amanhã a primeira coisa que vou fazer é comprar um barbante, estou muito esperançosa, pois vendo os comentários todos falaram que deu certo!!
Sofro com esse bichinhos a 1 ano e pouquinho e já não aguento mais estou quase ficando louca, pois eles tem ninho na minha varanda e todos os dias é aquela sujeira e quando lavo roupa eles sujam elas também...
Vou fazer e voltou dizer se deu certo😊
Postar um comentário