Não, eu não gosto do Itamar Franco.
Há quem lhe atribua um grande papel na redemocratização da Terra de Vera Cruz. Não jogo nesse time.
Político meia-boca, parlamentar briguento (por picuinhas intrapartidárias e não por nobres causas populares) e obscuro, por absoluta falta de opções de Fernando Afonso, candidato à Presidência, entrou na chapa no apagar das luzes como candidato a vice.
Fernando Afonso ganhou, Itamar virou vice. Pra quem é já tava bom demais. Complicou quando o presidente renunciou por força de suas maquinações financeiras de campanha. Após sua renúncia, sofreu processo de impeachment. Com razão ou sem razão, ele renunciou antes da votação. Pelo certo, a lei e os costumes deveriam ser seguidos e ele não deveria ter sido impichado. Mas nisso, remo contra a corrente que une da direita e os donos dos grandes capitais às extremas esquerdas diversas. Sempre que ocorre essa conjunção na história eu fico com meu pé atrás. Enfim...
Itamar, para mim, ficou marcado pela aceitação forçada de Fernando Henrique como ministro da Fazenda, responsável pela criação do Real, e pela imagem lamentável e humilhante dele, em um desfile de Carnaval no Rio de Janeiro, ao lado de uma moça sem calcinha, com suas “vergonhas” (como disse Caminha em sua carta a El Rey Dom Manuel) expostas ás lentes dos fotógrafos e aos olhares de todos quantos, em todo o planeta, deram-se ao trabalho de passar os olhos pelos jornais e revistas e noticiários televisivos.
Ao longo desses anos, Itamar foi paparicado por Fernando Henrique. Ganhou sinecuras em Washington e Lisboa. Aborreceu a todos, desde o presidente até leitores de jornais, como eu. Cansou, com suas reclamações, seu nada fazer em parte alguma, exceto fomentar futricas e nhenhenhéns. Mandado para Roma como embaixador (ah... por que cargas d’água eu deixei a política?) da república tupiniquim, chegou ao cúmulo de desagradar ao governo italiano por... nada fazer, a nada comparecer. Uma figura invisível no círculo de seus afazeres. A mesma coisa, por sinal, que já ocorrera quando de sua passagem por Lisboa.
Hoje, essa figura de triste presença, teve o dom de quase estragar a digestão do meu café-da-manhã. Peguei o jornal e lá estava ele, estampado na primeira página, entrando numa bela Mercedes, sem gravata, um lacaio a segurar-lhe um guarda-chuva. A matéria do jornal diz-nos que ele ganha 12,000.00 (doze mil, isso mesmo) dólares por mês. Tem limusine com motorista, três arrumadeiras, dois cozinheiros, três copeiros e uma lavadeira. Por ser ex-presidente, tem direito a mais oito serviçais, todos devidamente pagos pelos escorchados contribuintes tupiniquins. A matéria não diz, mas, com certeza, Itamar recebe, também, seus proventos como ex-presidente. Sem falar de aposentadorias como ex-deputado, ex-senador, etc e tal. Como de praxe, como de praxe. Em dois dessa semana, o embaixador recebeu um político de seu estado natal e um jornalista brasileiro. Não é à toa que o governo italiano cansou-se de sua ausência. E agora o governo (?) Lula terá de repatria-lo. Breve, mais fuxicos e intrigas a agitar o mundinho político em torno de S. Excia., coisa típica daquelas mocinhas e moçoilas de novelas classe B ou C. E nós teremos de atura-lo sabe-se lá por quanto tempo mais. E a pagar regiamente por tudo isso. Haja paciência! Sinceramente, preferia sustentar o Príncipe Charles e sua Camila.
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5 comentários:
Entendo como vc se sente, amigo.
O Brasil, o mundo, o jornalismo, a vida em geral, é feita de eleitos e escolhidos. Não importa que tenha competênica. Há palavra do momento é " relacionamento" . " Vc precisa saber fazer relacionamento", dizem os espertos, os entendidos. Competência é detalhe. Itamar soube fazer relacionamentos. E vai acabar vice de novo. Vc duvida. Abração.
Não, Lédio, por favor, não. Já vimos esse filme uma vez e bastou: Itamar vice novamente jamais! :o)
Sinceramente? Não sei quem é pior - se o presidente que, num arroubo de generosidade o "deportou" pra Itália, ou se o próprio Itamar que, por pura incompetência, não irá continuar por lá. No fim das contas, só sobra para nós mesmo.
Itamar de volta é só mais um xarope amargo para engolirmos juntos. Espero que não seja vice de coisa nenhuma; nem ele, nem os tantos outros que estão na fila, esperando uma indicação de nosso Presidente, agora convencido a decidir sobre candidaturas do PT e de todos os outros partidos da sua pretensa base aliada. Mas, meu caro, erro meu ou falta mesmo uma palavra no seu texto (8a.linha de baixo para cima)?
Muito bem observado, anonymous. Faltou a palavra "dias". Numa semana tão rica em eventos e desdobramentos, o embaixador do Brasil na Italia, em dois dias, recebeu apenas duas pessoas. Ambas de seu próprio país. E pelo menos uma, para amenidades e nada mais.
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