terça-feira, março 04, 2008

Grandes loucuras, grandes cidades


Esse post é, em parte, uma resposta aos comentários – muito interessantes – do Carlos Emerson Jr. e do Guido Cavalcante.

Caro tocaio (descobri esse termo gaúcho para xará no imperdível “Os Varões Assinalados”, o romance da Guerra dos Farrapos escrito por Tabajara Ruas, autor também, entre outros, de “Netto Perde Sua Alma”), à São Paulo não basta ter a montanha de gente que comentamos em post anterior. No último dia 21 de fevereiro a cidade atingiu a marca de 6 milhões de veículos registrados, fora a frota dos demais municípios da região metropolitana e mais os itinerantes. Sem falar na enorme quantidade de veículos registrados no Paraná e agora também em Tocantins, para pagar IPVA de menor valor.

E, não por coincidência, o caderno Metrópole do Estadão de hoje, traz como manchete o aumento no congestionamento matinal, sempre pior que o vespertino. Realmente, já há alguns meses a gente percebe uma demora ainda maior para ir a qualquer lugar entre as seis e quinze e dez horas da manhã. Isso não é exagero. Depois das seis e meia, todas as vias paulistanas de alguma importância já estão com trânsito parado.

Há 20 anos, digamos, quando o número de veículos girava ao redor de dois milhões ou pouco menos, o total de quilômetros de avenidas, vias expressas e ruas de grande circulação era pouca coisa menor que o número atual, quase o mesmo, na verdade.

Como os carros, ônibus e caminhões multiplicaram-se por três, temos congestionamentos que não se sucedem, já são permanentes.

Dirigir em São Paulo nas manhãs e tardes de sábado é certeza de irritação. Imaginamos um dia tranqüilo, sossegado, trânsito fluindo e... Nada. Tudo quase igual a um dia útil. Hoje, o único bom momento que resta para se dirigir com prazer em São Paulo é a manhã de domingo. Pelo menos por enquanto.

E, como você disse, xará, a insanidade move-se para as cidades pequenas. A própria Santa Rita do Passa Quatro tem lá seus “congestionamentos” também.

Guido, de um lado você é pessimista, com viés para realista.

Por outro, porém, é extremamente otimista. Não acredito que consigamos dominar nenhuma forma de transporte em algo próximo à velocidade da luz em menos de dois, quem sabe três séculos. Mas, sei lá... Tudo parece possível ao engenho e arte do moderno macaco-sem-pelo.

Apesar de todos os pesares, encaro, ainda, com relativo otimismo o futuro.

Acredito, ainda, que conseguiremos contornar ou amenizar os problemas mais graves e tenebrosos, exceto, muito provavelmente, a corrupção tupiniquim, algo que persistirá mesmo depois de árabes e israelenses andarem de braços dados – sem algemas – pelas ruas livres de uma futura Jerusalém.

Apesar da crueza, gostei do poema. Dê mais informações a respeito, por favor.

Abraços a ambos.


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Um comentário:

Anônimo disse...

Tocaio ? Tinha que ser coisa de gaúcho! rsrsrs
Infelizmente esse problema já atinge todas as cidades de médio e pequeno porte.
Nova Friburgo, por exemplo, para onde estou me mudando, tem uma frota de 80 mil veículos para 180 mil habitantes!!!!
Não dá!
A situação na cidade do Rio de Janeiro só não ficou de todo caótica pelas obras das linhas vermelha e amarela que abriram corredores de trânsito e ainda não estão saturadas.
Mas isso é uma questão de tempo... A ponte Rio-Niterói fica engarrafada o dia inteiro e parte da noite idem...
Enfim, quem pode e tem juizo, faz bem em fugir dessa "muvuca", como falamos por aqui.
Vamos ter duas megalópolis favelizadas, controladas por milícias e bandidos, com regiões completamente degradadas.
Infelizmente, não vejo como mudar esse quadro agora.
Para mim, carioca filho de paulista, que passou parte da infância brincando na Aclimação (põe tempo nisso...), é de doer ver as duas maiores cidades do Brasil indo nessa direção.
Um grande abraço.