terça-feira, dezembro 11, 2007

Para ler ao Harry Potter final

Alguns anos de minha vida foram marcados por um livro chamado “Para leer al Pato Donald”, impresso no Chile de Allende. O autor, cujo nome ignoro e tenho preguiça de vasculhar entre os livros guardados ou escondidos ou, como diz a Rosa, amontoados e juntando poeira (além de ácaros), dizia que Donald, Mickey, Pateta, Tio Patinhas & cia. bela, nada mais eram que pontas-de-lança da dominação intelectual do sistema capitalista e do imperialismo americano sobre as pobres, despreparadas e ingênuas cabeças ao sul do Equador. Para quem, como eu, leu milhares de gibis, teve toda sua infância dividida entre muitos gibis, livros e brincadeiras de rua – essas em menor proporção, assim como a televisão – aquilo era um atentado à minha formação intelectual, era um atentado à minha infância e às doces lembranças de um tempo gostoso, sonhando com aventuras por esse mundo afora e outros, quando o gibi à mão era Flash Gordon. Ainda hoje acho tudo aquilo abobrinha, por mais verdadeiras que possam ser algumas das colocações.

Lembrei-me desse livro ao fazer o título desse post.

Sim, acabei de ler a saga de Harry Potter. Não só acabei como, do alto dos meus 53 anos, declaro que li, gostei, emocionei-me e sentirei falta de Hogwarths e do mundo mágico todo.

Para quem ainda não leu o sétimo e último livro, um conselho de amigo: releia o penúltimo – “O Príncipe Mestiço” – para poder aproveitar o final plenamente.

Harry Potter foi um verdadeiro fenômeno nesses tempos de mensagens cifradas em computadores e celulares, com economia máxima de vocábulos, principalmente por parte da rapaziada mais jovem. É realmente incrível que leiam os calhamaços que foram cada um dos livros, com sua riqueza de personagens e termos como oclumência e testrágoros, entre outros, inventados para dar vida a capacidades e seres de um mundo imaginário. Não foram livros fáceis de serem lidos, pelo contrário, ainda mais nos livros finais, quando conceitos importantes como tolerância, justiça e outros mais foram ganhando importância e vida própria.

Já sinto saudade de tudo isso, e também inveja de quem ainda não leu “Harry Potter e as Relíquias da Morte”.

Ao fim e ao cabo, o primeiro parágrafo ficou perdido nesse texto, exceto pela lembrança e adaptação do título. Mas foi bom falar daquele livro chato e metido, cuja leitura não recomendo, como, aliás, nunca recomendei. Ao contrário do Donald e do Mickey.


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