domingo, novembro 25, 2007

Limpeza, silêncio e aquecimento global na Paulicéia

Pois é, ninguém dava muita bola para as promessas do prefeito, primeiro o Serra, depois o Kassab, mas os resultados são visíveis ou não audíveis, num caso e noutro.



Cidade Limpa

Eu mesmo estou espantado com a aparência nova da Paulicéia. Trafegar pela Avenida Rebouças continua chato e irritante, pois, tirando as madrugadas, ela vive congestionada, inclusive os túneis “da Marta”, que para nada servem e muito caro custaram. Bom, dizem que para alguma coisa serviram e essa “alguma coisa”, dizem, apenas reproduzo, estaria ligada ao tão alto custo. Tão alto que o Serra bloqueou os pagamentos e pediu uma averiguação no começo de sua gestão. Não sei no que deu, se em alguma coisa deu. Mas, falava de trafegar pela Rebouças, coisa chata como sempre, mas agora muito menos desagradável: a sujeira visual, as inúmeras placas, faixas, cartazes, outdoors, foram varridos para longe de nossos olhos. A avenida está limpa, as casas visíveis, a paisagem existe. Como é importante existir paisagem! Não faz mal que seja de casas e prédios, mas tem que existir.

A limpeza e a paisagem não são exclusividade da Rebouças, longe disso: por todas as partes da cidade por onde andei nos últimos meses, o resultado é o mesmo e o prazer também. Conseguimos até prestar mais atenção em monumentos e obras de arte.

É uma pena que os postes e os milhões de quilômetros de fios e cabos continuem à vista. Tudo seria ainda mais bonito se eles ficassem, como deveriam, embaixo da terra, mas aí já seria pedir demais.

Quem sabe no futuro?



Psiu!

Funcionou. Muita gente anda reclamando, principalmente donos de bares, restaurantes e casas noturnas, mas desde o começo de 2005 o nível de ruído nas noites paulistanas diminuiu. Também diminuiu a atividade noturna, ou melhor, está acabando mais cedo.

A atividade noturna não está proibida, mas apenas o barulho excessivo por ela gerado. Um estabelecimento desse tipo só pode gerar um máximo de 55 decibéis (o barulho de um caminhão – regulado – ou de uma máquina de lavar), ou melhor, só pode deixar “escapar” de seu interior esse nível máximo de decibéis. Para que isso aconteça é necessário que seu interior tenha isolamento acústico. O nome disso é civilização.

A grande reclamação dos empresários da noite é pela proibição das mesas nas calçadas. A lei exige, também, que esses estabelecimentos tenham estacionamento próprio e segurança. Novamente, isso é chamado de civilização em qualquer parte do mundo.

Os moradores de muitos bairros que viraram “da moda” agora podem dormir.

Repetindo, mesmo correndo o risco de ser chato, o nome disso é civilização.



Aumentando o aquecimento global

Prestes a entrar na já citada Rebouças, na hora do almoço de ontem, sabadão, fiquei parado por uma espera de sinal. Olhando para cá e para lá, vi uma cena triste, burra e criminosa: um gari tocando fogo num monte de folhas secas, verdes e mais ou menos, juntamente com papeis e outros resíduos varridos da calçada e do meio-fio.

Ora, tal ação, praticada por um funcionário da municipalidade ou por ela contratado através de empresa prestadora de serviços, é triste por todo o contexto em que vivemos e por tudo que sabemos hoje.

É burra porque o melhor uso para esses resíduos é a reciclagem. As folhas, a grama cortada, os galhos das árvores, as flores que o vento derruba das azáleas, tudo isso é matéria orgânica e seu melhor destino é virar um adubo orgânico por meio de compostagem.
É tarefa fácil e sem mistérios, já efetuada por algumas prefeituras de cidades não muito grandes, por universidades e por milhares de agricultores. Numa cidade como São Paulo, a produção desse composto geraria um rico material para ser usado nas praças e parques públicos, ajudando a recuperar, manter e ampliar as áreas verdes. Custaria caro, sem dúvida, mas há despesas que são caras na aparência e baratas nos resultados. Essa é uma delas, estou certo.

É criminoso porque nenhuma autoridade pública, ainda mais de uma metrópole como a Paulicéia, pode ser agente do aquecimento global. A acreditar nos relatos científicos, e a maioria de nós acreditamos, inclusive nossos representantes eleitos, é dever de todo e qualquer cidadão, e mais ainda daqueles que têm poder e influência, no mínimo não colaborar para o crescimento desse monstro. No mínimo. Ao queimar as folhas, galhos, flores, pedaços de papel e, pior ainda, de plásticos diversos, a prefeitura de uma das cinco maiores metrópoles do planeta está contribuindo para aumentar o aquecimento global.
Além de criminoso, um ato insano.

O mesmo prefeito que tão bem trabalhou pelo visual da cidade e pelo silêncio, precisa, agora, trabalhar também em prol da preservação do ambiente.

Começar por essa coisa tão pequena é um bom caminho.


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2 comentários:

Magui disse...

Eu vi ele falando que vai esconder os fios pouco a pouco. com a ajuda da população.Até mostrou alguns lugares que já está tudo escondido.Vai demorar mas eu acho qeu conseguirão.Já vi muitos coemnta´rios de como a cidade esta´bonita e ao sair de São Paulo é mais gritante a sujeira das outras.
http://somagui.zip.net

Anônimo disse...

Emerson.... acredite ou não... criei um blogsport... não tem a classe e a agudeza do seu olhar, né? Nem seus comentários afiadíssmos... mas é um blog-diário, meio assim, meio sei-lá... ser desejar lê-lo o endereço é www.odiadepoisdehoje.blogspot.com , ou coisa muito parecida com isso!!!
marilia