Um Olhar Crônico sobre os dias de hoje e alguns de ontem. Um Olhar Crônico sobre a vida nas cidades, a vida na megalópole, a vida na roça, quando é dura, e no campo, quando é lírica. Textos, Idéias & Coisas diversas, aquelas que passam pela cabeça e a gente acaba registrando, sabe-se lá pra que ou mesmo porquê.
sábado, julho 21, 2007
Asco e Vergonha
O comportamento do Presidente da República - assim mesmo, com maiúsculas - foi uma vergonha.
E daí?
A quantas outras vergonhas fomos submetidos por esse ser?
E não me refiro aos erros de português, até porque eu mesmo cometo os meus e vou sobrevivendo.
Ainda no dia seguinte ao acidente eu me manifestei em alguns blogs e ponderei que era cedo para pôr a culpa no governo. Porque a pista em si talvez não fosse a culpada.
Eram muitos os sinais estranhos a respeito e o mais correto seria dar ao governo, a esse governo, o benefício da dúvida.
Hoje ainda penso parcialmente dessa forma, mas a cada minuto tornou-se claro que esse governo tinha muita culpa no cartório. Pelo conjunto da obra, digamos.
E que obra!
O sumiço presidencial - não foi detectado nem pelos radares sucateados do CINDACTA - e a ausência de resposta, pior, sequer a leitura da carta do governador do estado e do prefeito da maior cidade do país, e ainda pior, muito pior, a covardia moral e política, o nome verdadeiro para o comportamento presidencial, deram a dimensão exata da pequenez moral desse presidente, seus ministros e assessores.
O gesto obsceno e indecente do super-assessor do Presidente da República é a contrapartida gestual das recentes palavras da Sra. Ministra do Turismo - também obscenas, diga-se de passagem, embora aceitas sem maior pudor pela sociedade - sobre a crise aérea, da qual o triste acidente do vôo 3054 é apenas mais um episódio. O pior, sem dúvida, mas apenas mais um.
Não bastasse a omissão, o sumiço, a desculpa imbecil - sim, eu sei que me refiro à desculpa dada pelo Presidente da República, mas ela foi imbecil - do terçol para não conversar com o governador do estado, e hoje, além do pífio pronunciamento de S.Excia., fomos agredidos como pessoas, como povo, como nação, com a condecoração do presidente da Agência Nacional de Aviação Civil com uma medalha qualquer. Dela não sei o nome, não me dei e não me darei ao trabalho de pesquisar. Há limites para o controle da náusea.
Arrependo-me de não ter vociferado contra esse governo desde o primeiro minuto. Procurei seguir minha consciência, e ela, bem ou mal, dizia-me que era justo esperar por mais informações. Pois bem, as informações estão todas aí, quase. Ao que tudo indica tivemos uma somatória de erros, como sempre acontece, e a resultante foi a tragédia.
Congonhas não deveria ter tantos vôos.
Os sulcos da pista poderiam ter auxiliado o avião em sua frenagem.
A pista não deveria estar liberada para pousos naquele momento.
Que sei eu? Não sou piloto. Não sou engenheiro aeronáutico.
Mas o acompanhamento de tudo que foi informado nos últimos dias forneceu-me o bastante para rever minha posição e sentir, mais que vergonha, verdadeiro asco por S.Excia., o Presidente da República, seus ministros e assessores.
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2 comentários:
Parabéns pelo seu post ,como sempre lúcido e exprime o que todos os brasileiros decentes devem estar sentindo.
Ontem a noite entrei no site da FAB (Fale conosco) e protestei contra a medalha concedida ao sorridente presidente da ANAC , que de aviação não entende nada mas é "companheiro"! Abrs.Rui
Parabéns pelo comentário. Já estava quase cobrando sua opinião, pois ela é sempre lúcida e responsável. Agora, que país é esse? Abraços, Maria Helena
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