quarta-feira, abril 11, 2007

Animais macaubenses – Abril de 2007

Os gatos vão bem. As três gatinhas que foram operadas voltaram para casa a tempo de passar a Páscoa com toda a família. Depois de quinze dias fora, estranharam um pouco, tiveram um pouco de medo – uma delas teve que ser tirada da caixa de transporte – e coisa e tal, mas em questão de horas estavam de novo integradas e à vontade.



Estávamos preocupados com a Pretinha, uma das gatas mais velhas. Todo dia, no fim da tarde, ela e o Fred e mais os cachorros, acompanhavam-nos no passeio até a porteira ou numa ida ao curral. Com o tempo, o Fred passou a dar mais valor à sua cesta acolchoada que aos passeios, mas ela não, pelo contrário, até. Ao lado da Panda, a cachorra do Esrael que ficou de vez pelo sítio, ela a
companhava a Rosa nas idas ao pomar de lima, afastando-se bastante de casa. E, tal como a Panda, curiosa, andando por toda parte, ora adiante, ora atrás, às vezes pulando sobre touceiras de capim. Enfim, divertindo-se à larga.

Foi com tristeza que não a vimos duas semanas antes da Páscoa. Perguntado a respeito, o Ismael disse que, de fato, ela não aparecia já há dois ou três dias. Bom, a tristeza aumentou, pois a Pretinha era dengosa e carinhosa, ao seu jeito, além de companheira nas andanças.


Por tudo isso, foi muito legal vê-la de novo a bordo quando chegamos para a Páscoa. Lá estava ela, toda fagueira, como se nunca tivesse se afastado dali. Disse o Ismael que ela reapareceu meio louca, correndo, miando, morta de fome, brigando com todo mu
ndo, enfim, fazendo de seu retorno um verdadeiro acontecimento. Comeu ração, tomou leite e foi se aquietando, mas ainda brigou com seus irmãos e sobrinhos por mais dois dias. Gostaria muito de saber por onde andou a aventureira. E porque. Por sexo é que não foi, pois ela foi operada há meses. Um mistério.



Dez para as três da manhã. A Panda late sem parar. O latido é típico: ela acuou um bicho. Saco! Saio da cama na madrugada quase fria para ver o que se passa. Logo na entrada da varanda lateral, a meros três metros e meio da janela do nosso quarto, um ouriço balançando no alto de um arbusto que decora a entrada, ao lado da coluna. O Stanley e a Manchinha só olham, pois a Panda late por ela e por eles. Inteligentes, economizam latidos. Bom, só tem um jeito: a Rosa chama os três pra cozinha, fecha a porta e eu fico por ali, curioso para ver o que o coandú vai fazer. Entro, pego uma blusa, saio novamente e minutos depois ele desce do arbusto e se encaminha para o pasto de baixo. Espero mais alguns minutos, solto os cachorros e me arrependo, pois a Panda “pega” seu cheiro e dispara atrás dele. Felizmente, ou perdeu a trilha deixada pelo cheiro ou desistiu de ir mais longe, pois volta e se deita na varanda para dormir. Nós também voltamos pra cama pra tentar aproveitar o resto da madrugada, o melhor horário do sono. Coisas da vida na roça. Faz parte.



Numa outra madrugada, há um pouco mais de tempo, a chuva veio
forte, precedida por ventos fortíssimos que derrubaram coisas, quebraram galhos e inclusive algumas árvores em sítios vizinhos. E choveu pra burro, choveu a cântaros. Isso foi por volta de uma da manhã. Acordamos às quatro, ou melhor, a Rosa acordou e foi ver o motivo da barulheira feita pelos cachorros. Os picaretas estavam acuando o galo vermelho – galo meio criado no “colo”, que habituou-se a seguir a Rosa para ganhar petiscos, como pão, bolo, frutas diversas – num canto da casa.

Peraí, um galo no chão no escuro da alta madrugada?

Pois é. O coitado virou um “sem teto” pela força dos ventos. Deve ter sido derrubado da árvore onde dormia e ficou no chão. Ora, os cachorros, como outros predadores, têm um sentido aguçado para perceber tudo que é estranho, fora do normal e, em se tratando de possível presa, não perdem tempo e atacam. Era o que faziam com o galo vermelho, já privado de seu vistoso rabo, quando a Rosa abriu a porta e gritou com eles. Foram colocados para dentro de casa e se aquietaram. Ela ficou preocupada com o galo, achando que estava ferido, mas nada. Perdeu o rabo, mas não a vida. No dia seguinte estava já lépido e fagueiro andando por toda parte. O rabo já cresceu, mas está longe de ter a beleza e porte do original perdido para os cachorros.


A presença dos gatos, e o crescimento da família antes das operações, acabaram por trazer um benefício agradável: espantou os pardais de casa e, com eles, os ninhos e a sujeira que faziam dentro da cozinha nova (isso porque não refizemos os fios em volta da casa, excelentes para espantarem os sujismundos). Outros hóspedes que foram afastado foram as maritacas, que há anos passavam parte da temporada no nosso teto, fazendo uma barulheira danada a noite inteira. Bom, gosto das maritacas, dos pardais nem tanto, mas ficou tudo melhor sem eles dentro ou sobre nossa casa. São os gatos justificando a ração, o leite e as cirurgias.


A última safra de gatos veio com três machos e uma fêmea apenas, o que foi uma excelente notícia. Dos três machinhos, um deles, todo preto com um pouco de branco no peito, criando uma cor meio esfumaçada, já virou hóspede em casa. Aprendeu a subir pra cesta do Fred e aninhar-se com ele, que, por enquanto, divide a cesta com o sobrinho sem maiores dramas. Resta saber até quando.

E pensar que tudo isso começou com a Sophia abandonada por alguém na porteira do sítio...



O Brioso está redondo, quase gordo, bem bonito. Tem trabalhado pouco, pois o leite voltou a ser recolhido no sítio. Com isso, seu trabalho resume-se a ir buscar a cana cortada. O sem-vergonha, no bom sentido, tão logo vê a Rosa já fica animado. Sabe que vai ganhar cenoura e, manjar dos manjares, maçã. Vive bem o rapaz, o que me deixa feliz. A melhor prova disso é que jamais se afastou para fugir ao arreamento, por exemplo. Mas tão logo termina a descarga da cana ele mesmo toma o rumo da garagem para ser desarreado.

Esperto ele...


As noites estão bem frescas, até um pouco frias em algumas madrugadas. O tempo começa a ficar ao gosto das vacas. Ao meu também, diga-se. O número de insetos já diminuiu, deixando as varandas “habitáveis” no fim da tarde e começo da noite. Já, já, teremos o retorno das sopas e a chegada de algumas garrafas de vinho. O fogão a lenha fica mais e mais gostoso a cada dia.

A maioria dos animais fica muito confortável nas temperaturas mais baixas, para as quais têm boas defesas. Os cavalos e as vacas têm a pelagem de inverno, mais densa e protetora. As galinhas sofrem com o calor e se deliciam com o frio, graças à proteção das camadas de penas e penugem. Já dá para ver que os bezerros estão mais preguiçosos de manhã cedo, assim como algumas vacas. Essa é a melhor época do ano no sítio, pois a par de tudo isso ainda temos algumas chuvas. Sem dúvida, o melhor dos mundos.


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3 comentários:

Anônimo disse...

Inveja!!!!
No bom sentido, se isso for possível.

Anônimo disse...

Que vidinha mais ou menos.Bom saber que os animais estào bem. Abraços, Maria Helena

Anônimo disse...

Que beleza! Isto é relamente viver cada momento, cada estação, cercada do carinho dos animais. Você é um privilegiado. Benzadeus como dizia meinha vó!