segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Tempestade!




A segunda-feira de Carnaval recém-começara quando a chuva chegou, violenta como poucas vezes vi antes. Era de se esperar, pois o calor, a umidade e a pressão barométrica estavam por demais da conta. É interessante como essa combinação de fatores provoca dores de cabeça reais, não figuradas. Cefaléias, de fato. Tanto ontem como anteontem minha cabeça já sinalizara para isso, sinalização devidamente afogada em comprimidos de Neosaldina, santo remédio para essas e outras horas.

O que assusta nas grandes tempestades é o vento. Ao redor da casa as árvores literalmente dançavam ao seu sabor e humor. Meu pensamento primeiro foi para os bezerros e depois para as vacas, mas aquietei-me, eles convivem com isso há centenas de milhares de anos. Mesmo assim, a vontade de sair e ver como estão é grande, mas resisto.

Os cachorros e os gatos correram a se esconder. A Manchinha foi a última, pois procurou abrigo na porta da cozinha, justamente para onde o vento dirigiu catadupas d’água, apesar da proteção da varanda. A bichinha, até outro dia uma “sem-teto” ou “sem-tudo”, deve ter indagado aos céus o porque de tudo aquilo. Curiosamente, vários sapos ocuparam a varanda da cozinha. Temos aqui sapos para todos os gostos, de todos os tamanhos. São ignorados, temidos ou respeitados pelos carnívoros de plantão.

Ruídos típicos tiraram-me da cama: goteiras, muitas, uma delas uma verdadeira torneira, justamente embaixo da antena da internet. Já vi tudo: a rapaziada, em seu passeio teto acima, deve ter quebrado ou deslocado um monte de telhas. Que ótimo, começamos bem.

Antes de deitar, previdente, desliguei os equipamentos eletrônicos das tomadas. Seguro morreu de velho, e fiz bem, pois, aparentemente, caíram vários raios por perto. Essa é outra característica interessante de Santa Rita do Passa Quatro: raios em profusão. Na verdade, segundo o INPE, essa é uma das regiões com maior incidência de raios no Brasil.

Tempestades como essa não nos são desconhecidas, sempre existiram. Todavia, a impressão que temos e confirmada pelos estudos meteorológicos, é que elas estão acontecendo com maior frequência. O que era um evento lembrado por alguns anos, agora se sucede a cada estação. Tudo indica que por conta do aquecimento global. Em meus planos para os próximos anos, estou considerando secas mais prolongadas e chuvas mal distribuídas e mais violentas. Tudo isso implica em mais despesas, em gastos muitos maiores com a conservação do solo e produção de alimentos de reserva para o gado. Paradoxalmente, ao mesmo tempo, os preços dos produtos agrícolas – sem os quais ninguém sobrevive por aqui, inclusive o Bill Gates e o Steve Jobb – caem a níveis insustentáveis, só permitindo a sobrevivência de grandes produtores, capazes de ganhar e investir graças aos ganhos de escala.

Como dizia uma campanha de assinaturas do Estadão, o mundo está ficando mais complicado. E bota complicado nisso.

Apesar da curta duração, tempestades como essa provocam danos de monta. Agora, o melhor é dormir, aproveitando a refrescada no tempo, para logo cedo proceder ao levantamento e estimativa de danos.

E pisar com cuidado para não enfiar o pé numa poça-d’água a caminho da cama.


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Um comentário:

Anônimo disse...

Falaí, Emerson,

tentei te adicionar no MSN, mas não te acho online nunca; então, anota o meu aí:

rjclimber@hotmail.com

Grande abraço!

Ricardo CRF