segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Conversando sobre árvores e carbono

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- Bom, estava pensando sobre o sítio, o aquecimento global e o que podemos fazer... Venho pensando muito nisso, ultimamente.

- Também não é pra menos, né? Não dá pra pensar em outra coisa de tanto que se fala sobre isso.

- É...

- E o que você andou pensando?

- Bom, vou reformar os pastos de braquiária, plantar tifton e tanzânia neles. São capins que produzem muita massa verde em boa parte do ano e quanto mais massa verde produzida, mais carbono seqüestrado à atmosfera.

- Mas só plantar capim resolve? E por que não plantar árvores?

- Ué, e quem disse que não vou plantar árvores? Minha idéia é plantar uns 200 a 300 pés de eucaliptos em diversas faixas. Além deles, mais umas 200 árvores diferentes, agora todas nativas, e de preferência da nossa região mesmo. Imagino plantar umas 500 árvores pelo menos.

- Por que não planta tudo eucalipto? Não é melhor?

- É bom, mas eu quero plantar essências nativas no meio do pasto para sombrear e o gado ter mais conforto. Nesse caso, penso principalmente em leguminosas, porque elas retiram nitrogênio do ar e fixam-no ao solo, na forma de nitrato, que é

aproveitado pelas outras plantas, no nosso caso os capins. E, com isso, economizamos uns bons quilos de adubos nitrogenados, a maioria deles à base de petróleo e caros pra burro.

- Legal isso. Eu não sabia que essas árvores tiravam o nitrogênio do ar.

- Na verdade não são as árvores e sim bactérias, principalmente do gênero Rhyzobium, que vivem em simbiose das plantas da família das leguminosas. É o caso da soja e do feijão, por exemplo, e de árvores enormes como a copaíba e a sibipiruna, entre algumas dezenas. Mas não vou plantar só leguminosas, precisa diversificar e ter árvores que sirvam à fauna, também, que produzam frutas diversas.

- Essas 500 já incluem as que já foram plantadas? E quando começam os plantios?

- As já plantadas são passado, não contam mais, já estão por lá fazendo seu papel. As 500 serão novas, e vamos começar já, com as mudas que peguei sábado no Michelin: 2 nogueiras-pecã, 2 castanheiras-portuguesas, 2 pés de jambo, e 1de uvaia, cajá-manga, lichia e abio. Vão ficar faltando só 490. Mas vai demorar pra plantar todas. E os eucaliptos vão ficar pra outubro, nas outras águas. Essas já estão perto do fim e o dinheiro também.

- Se o dinheiro já está curto porque você não vende créditos de carbono na Europa?

- Hahahahahahahahaa... Tá ficando esperta, hein? Até que seria uma boa idéia, aí daria ate pra plantar mais algumas árvores. Mas esse negócio é complicado, e no fim acaba sendo exclusivo de ongs e grandes empresas formadas só pra isso. E, além disso, eu não vou querer ninguém, europeu ou não, metendo o bedelho no sítio.

- E esse negócio de plantar árvore pra tirar carbono do ar funciona?

- Funciona. Pensa bem, o que é uma planta? Do que ela é formada? Em sua maior parte por carbono, todo ele tirado do ar e, graças à fotossíntese, na presença da luz solar, ele é transformado e constitui a maior parte de todos os seres vivos do planeta. As plantas são, com certeza, o maior milagre, a grande dádiva da natureza para nós. Elas transformam elementos inertes, gasosos e minerais, em matéria orgânica, em matéria viva da qual nos alimentamos todos, dos fungos decompositores às baleias-azuis.

- Então, plantar árvores vai salvar o planeta?


- Sim. E não. Vai ajudar muito, mas só plantar árvores nada resolve, se não for acompanhado por outras medidas, todas aquelas que o Protocolo de Kyoto preconizou. De uma forma ou de outra, por bem ou por mal, todos teremos de mudar nossos modos de vida nesse planeta.

Mas por agora já deu, tô pregado. Falamos mais depois.


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Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessante esse texto, comecei a entender melhor esse negócio do carbono... Se for possível, explane um pouco mais a respeito.