domingo, fevereiro 18, 2007

Macaúbas on Line - Carnaval 2007





Já falta chuva

Domingo de Carnaval, para nós é como outro qualquer.

A última chuva caiu no domingo anterior, portanto estamos no sétimo dia sem chuva. Dias quentes de sol forte, inclemente, tudo fica seco muito depressa, e hoje, ontem, anteontem, já precisamos de chuva. Começo a ficar com medo de ter muita gente pedindo pra chuva parar. Vai que alguém influente ouve e...



Manchinha

Nossa nova moradora permanente é engraçadinha, simpática, afetuosa e desde o começo muito ligada a todos nós. Começa a ficar confiada bem depressa, uma característica nossa, impossível de ser evitada; é assim que somos.

Por algum motivo que desconheço ela gosta de entrar na vasilha de água para beber. Lá fora, numa das muitas vasilhas usadas por galinhas, cachorros, gatos e à noite pelos sapos, isso não causa grandes problemas. Porém, dentro de casa complica, pois ela entra na vasilha com leite e como ela é menor que as de água, vira a vasilha e suja tudo.

Essa mania, aliás, rendeu-lhe belo castigo ontem. Ela entrou no cocho de água que fica embaixo da cerca do bezerreiro de baixo, ao lado do corredor de passagem das vacas que estão no leite. Estava lá, satisfeita, quando levantou-se mais do que devia e encostou no arame da cerca. Eletrificado. Coitada... Deu um baita pulo e saiu ganindo. A água intensifica o choque, para azar dela. Mas, para sua sorte, o choque da cerca elétrica é apenas um pulso e não oferece risco, mesmo dentro d’água. Pelo menos ali acho que ela não tornará a entrar. O aprendizado pode ser um processo doloroso.

Ontem ela cruzou com o Stanley duas vezes. Ele, claro, não desgruda dela, passa o dia inteiro ao seu lado, pra cima e pra baixo. Isso significa mais uma despesa com veterinário, mas, como dizia um filósofo, faz parte. Logo depois do Carnaval ela vai pra clínica para ser operada, junto com algumas gatinhas.



Internet

É muito bom ter internet no sítio. Na prática, isso significa que já podemos nos mudar para cá em definitivo, basta vender a casa da Granja Viana.

Mais uma etapa em nossas vidas.

Mudar é uma coisa boa, estimulante, com seus desafios e novos conhecimentos e hábitos. Deixar para trás toda uma vida urbana, povoada por sonhos rurais, e encarar a realidade, o dia-a-dia do sítio, sem a perspectiva de voltar “para casa” na segunda ou na terça-feira, será diferente e verdadeiramente novo.

Só falta vender a casa...



Sete!

Diz o povo que sete é conta de mentiroso, mas pela sétima vez, pela sétima safra, meus preciosos pequis foram roubados!

Há apenas vinte dias estavam na árvore, bonitos, e eu babando por eles, não para comer, mas para tirar as sementes e formar o máximo de mudas que fosse possível.

Humpf...

Pra variar, uma vez mais, algum vagabundo parou na beirada do asfalto, passou pela cerca e arrancou os frutos, e com eles galhos inteiros. Esse é o último pequiseiro nativo num raio de alguns quilômetros; eram abundantes antigamente, tanto que eram queimados e cortados, para não atrapalhar a formação de pomares, pastos e canaviais. Desde meu primeiro ano aqui venho sonhando em formar mudas e plantar novas árvores...

Continuarei só com a vontade.



Será?

O céu sobre nossas cabeças – sem o risco de cair sobre elas, apesar do que pensavam os gauleses – está estrelado, mas a leste e sul as nuvens escondem as estrelas. Em intervalos curtos grandes clarões iluminam as nuvens, gerados por descargas elétricas em grandes altitudes. Ocasionalmente, uma trovoada se faz ouvir. Fica a esperança da chuva chegar pela madrugada, chegada sempre bem-vinda. O barulho da água no telhado, logo seguido pelo frescor que pede por um lençol. Tomara que chova, afinal, é Carnaval, e não lembro de Carnaval sem chuva.

Vou dormir com a velha marchinha na cabeça:

“Tomara que chova, três dias sem parar...”


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