segunda-feira, janeiro 15, 2007

Home alone ou...

Não-Aventuras de um Homem Casado Sozinho em São Paulo



Começo da tarde de Sexta-feira; termina a edição de um vídeo trabalhoso e começa o meu final de semana. A família foi tomar chuva em Santa Catarina, fiquei sozinho com os cachorros, a casa, a internet, a tv por assinatura e a geladeira e o frezer cheios. Bom, ficaram, também, vassouras, rodos, aspirador de pó, louça, gramado, cocô da cachorrada – aliás, muito cocô da cachorrada -, etc e tal, mas isso é outra história.

Trabalho concluído, nada melhor que pequena celebração com um churrasco maneiro. Fomos comer num restaurante por quilo perto da produtora. No cardápio diário tem churrasco, mas às sextas-feiras a coisa muda para melhor: costelão e “vazio”. E o churrasqueiro amigo guardou costelão para nós, felizmente. Essa é, para mim, a carne mais saborosa entre todas: uma costela bem assada. Ponho um bocado de fibras vegetais no prato, na forma de rúcula e agrião, um punhado de carbohidratos na forma de um arroz branco, simples, e farinha, na forma de farofa (nem tudo é perfeito). E tome costela, vazio, picanha e cupim, tudo acompanhado por água mineral com gás, gelo e rodelas de limão.

Que festa!

Passo a noite de sexta-feira em casa; nem janto, como só meia maçã e uma caneca de leite desnatado com cereais. Depois de tanta carne, isso é um santo remédio para todo o sistema digestivo. Sintomaticamente, durmo cedo e bem.

E as aventuras?

Pois é, as aventuras... Quem sabe no sábado?



O Sábado paulistano é um dia maravilhoso, cheio de ofertas e promessas. Claro, para quem está com os bolsos recheados é ainda melhor; não é o meu caso, infelizmente. As promessas podem ser muitas – e são – e não necessariamente ligadas a aventuras, digamos, com o sexo oposto, esporte assaz aprazível, mas que deixo pra rapaziada descompromissada.

Esclarecido tão importante pormenor, voltemos à vaca fria das aventuras paulistanas.

Há quem goste de explorar restaurantes, no sentido de descoberta, e não no sentido de tirar o couro do pobre dono do mesmo, coisa para a qual um amigo é particularmente dotado. Ele freqüenta rodízios diversos, de sushi a pizza, passando pelo churrasco, e também alguns “por kilo” de boa cepa e que fazem, num dia fraco da semana, a promoção do coma quanto quiser a preço fixo. Tanto explora os restaurantes essa figura, que, apesar do salário, anda num carro 2006 e já pensa num 2008. Estou certo que consegue tal milagre com a economia na alimentação, pois só toma café da manhã e depois o lauto almoço. O resto do dia e a noite, só água, uma frutinha ou uma cervejinha com tira-gosto, devidamente rachada com amigos diversos. já os bons exploradores de restaurantes e não exploradores dos donos de restaurantes, saem de casa à caça do novo, do inusitado, do exótico. Vão ao Fasano comer omelete com trufas brancas, assim como vão ao Mercado Municipal se empanturrar com um daqueles gigantescos sanduíches de mortadela. Já joguei nesse time em tempos distantes. Não jogo mais. Teria que olhar meu saldo bancário antes de sair e quem precisa fazer isto não tem caixa para explorar restaurantes. Melhor ficar no “por kilo” amigo e economizar na balança. Faz bem pra saúde do corpo e do bolso.

Outra boa aventura paulistana é andar pelos sebos. Claro, para isso tem que gostar muito de livros. E bota muito nisso. Tempos atrás fui à casa de família de nossas relações. Sozinho, meio abandonado, flagrei-me fazendo o óbvio (para mim): procurando um bom jogo na tv. Não tinha. Passei, então, para o item número 2 da pesquisa de coisas para passar o tempo: procurei livros.

Jacaré achou?

Nem eu.

Nem unzinho para fazer um chá de emergência. Nada, nadica, neca de pitibiriba. Pensando bem, se tivesse algum seria de auto-ajuda e aí eu é que estaria fora.

Mas, concordo, andar por sebos e manusear livros velhos é tarefa meio chata, além de propensa a provocar espirros e alergias a pessoas mais sensíveis. Meu lado troglodita me poupa desses dissabores.

Todavia, nesse sábado em particular, talvez por estar bem abastecido de livros novos e releitura de velhos, não me senti animado a calcorrear sebos.

Ah, sim, sábado seria o dia perfeito para sair de casa cedo e chegar ao shopping de madrugada – dez horas da manhã -, quando ele ainda está vazio. Aí, era só dar um pulo a uma das duas cafeterias Starbucks, onde poderia, enfim, provar um ou dois de seus tão famosos cafés, agora presentes aqui na Terra de Vera Cruz, sem pegar fila, que mesmo sendo charmosa, como disse um amigo que suportou-a, continuaria sendo uma fila, coisa que eu detesto sobremaneira. Pois muito bem, isso, sim, seria uma aventura digna desse nome, digna de merecer uma crônica, que, além disso, far-me-ia mais bem visto aos olhos de meus sete ou oito leitores de ambos os sexos.

Hummmmmmm...

Chuvinha fina, tudo tranquilo, cachorros cuidados e dorminhocos, uma cama gostosa e um livro cativante e... peguei no sono, acordei quase onze horas da manhã, e aí, adeus Starbucks. Fica para outro dia tão deliciosa aventura.

Criei coragem e botei os pés fora de casa. Na falta de uma Starbucks, parei na Kopenhagen aqui da Granja mesmo, ao lado da livraria, onde folheei dois ou três livros e comprei uma revista. Com ela na mão, entrei no templo das perdições, digo, na Kopenhagen, e tomei um capuccino como se deve.

Voltei para casa, onde li, editei vídeos, assisti a um joguinho gostoso e fui dormir cedo.

Para a aventura, ou aventuras, ficou o domingão.



Domingo logo cedo, os cachorros e os jovens vizinhos fizeram-me o favor de acordar antes das cinco da manhã. A rapaziada chegou da balada e acharam por bem prolongar a dita cuja a uns vinte metros dos meus ouvidos.

Despertada antes do tempo, a cachorrada achou que já era hora do café e fez o pedido como de costume, aos latidos. Retruquei no mesmo tom e aquietaram-se, mas Inês era morta e o sono perdido. Peguei um livro e li até seis e meia, quando o dia começou.

Caminhei, o que, sem dúvida, foi uma aventura, visto que escapei da chuva e corri o risco de ser pego em meio a terrível tempestade com raios aos montes. Nada disso aconteceu, mas poderia, né? É o que basta para configurar uma aventura.

Contudo, o domingão é dia de aventura, para isso basta ter a coragem de abrir o Estadão e a Veja. É batata! São tantas as tragédias e riscos ali relatados que a leitura em si é uma aventura de certa periculosidade. Primeiro, para o humor, vítima contumaz dessas leituras. Segundo, para a saúde dos corações sensíveis. Terceiro, para a fé e a esperança no futuro e...

Caraca, deixa isso quieto, essa crônica deveria ser leve, exceção feita ao churrasco inaugural.

E assim se passou o tempo, praticamente duas semanas que agora findaram, no esqueminha home alone. Não posso negar que vivi portentosa aventura, ao comprar uma pequena peça de bacon, escolhida a olho e dedo, e depois fatia-la fininha, de cabo a rabo, e tacá-la na frigideira. Bem frito o bacon, por cima joguei dois ovos mexidos e, por último, queijo. No prato, pão integral, no copo, Diet Pepsi. Eu sou um cara assim, sem meias medidas: adoro viver perigosamente. Claro que, depois, cereais, maçã, etc e tal.

As tarefas domésticas e caninas tomaram-me tanto tempo que pouco dele restou pra ficar escrevendo e lendo na internet. Pensei que sofreria uma overdose de programas esportivos, mas qual! Pouco assistí, em parte por certo enfado motivado por essa época do ano vazia de emoções futebolísticas nessa Terra de Vera Cruz, em parte por falta de tempo, mesmo.

Colhi acerolas, tarefa agradável e divertida e acho que foi só.


Como “cigarra” solto na grande cidade eu sou um completo fracasso. Pra azar de quem leu até aqui, esperando por uma escorregadela, uma pisada na bola, uma besteira qualquer.

Sorry.


P.s.: fica a promessa de ir à Starbucks qualquer dia desses; depois eu conto tudo.


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4 comentários:

Anônimo disse...

Bateu uma saudadezinha, uma vontade de saber como andam as jerseys do Macaúbas... Há muito tempo eu não visitava seu blog. Continua valendo a pena. E agora com Olhar Crônico Esportivo também...Feliz 2007 para vc e, quem sabe, este ano possamos tomar um café novamente. O Turmalina inaugurou e até hoje não parei por lá...rsrsrsrs Um abraço.

Emerson disse...

Isso deve ser um caso clássico de "transmimento de pensação"!

:o)

Ainda esses dias constatei, pesaroso, a inoperância de um velho endereço e tive saudades também.

Um café é uma grande pedida.

Aliás, café e cafeterias voltaram à moda, se é que chegaram a sair. Preciso até escrever sobre isso, mas depois. Agora vou pegar um café fresco.

:o)

Anônimo disse...

hehehehehe....esqueci a senha....

Emerson disse...

hehehehehee...

Pena, o jeito é abrir uma nova conta.

Mas boa parte da "produção" está por aqui mesmo.