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Ao contrário do meu amigo Ballantyne, editor do Notas Avulsas, não tenho uma reunião de pauta com estagiárias simpáticas e bonitas (nessa ordem de importância, por favor; boniteza sem simpatia é desperdício de recursos da natureza). Geralmente, valho-me mesmo do velho, bom, vetusto e simpático Estadão. Companheiro de longa data, sempre presente, confiável. Vez ou outra atrasado, é bem verdade, mas sempre por nobres motivos dos entregadores (de acordo com meus levantamentos, em 99,7% dos casos o motivo foi a chuva, que costuma atrapalhar a vida nessa cidade erguida nos Campos de Piratininga, aliás, a primeira cidade fundada no interior, no sertão do Brasil).
Mesmo nesses tempos internéticos, é o peso do papel e sua manipulação à mesa durante o café-da-manhã que me transmitem o prazer de entrar em contato com o que aconteceu e acontece pelo mundo. Prazer? Vá lá, que seja, ainda que o teor costumeiro das notícias não seja nenhum prazer. Tudo isso substitui a charmosa reunião de pauta do Balla, na poderosa Washington, DC. Ali, por sinal, é fácil arrumar assunto: basta olhar por cima do muro e ver o que o vizinho está fazendo. O Balla pode mudar o “Notas...” para “Vizinho do George” e, tal como o nosso famoso “Vizinho do Jefferson”, contar as novas a partir das entradas e saídas na White House.
Bom, meus vizinhos aqui na Granja são meio invisíveis. Os que mais vejo são os sagüis que aparecem por aqui procurando bananas, mamões, mangas e outros acepipes. Não são boas pautas, não com freqüência. Portanto, vamos ao Estadão dessa 5ª-feira, 12 de outubro, mais um feriado nacional.
...
Hum hum...
Hum hum...
Hummmmmmmmmmmmm...
Nada. Nada que mereça uma pauta nesse Olhar Crônico.
Nada, nadica de nada?
Nada. Nada interessante ou diferente, tudo igual.
Quer ver só? Vamos lá...
- lulla x Alckmin: nada de novo no front, o blábláblá diário.
- Um avião pequeno se choca contra um prédio
- No futebol, três times brasileiros são eliminados por três times argentinos.
- Um terço do maior roubo do mundo já está em mãos – e bolsos – de policiais cariocas e paulistas, que correm atrás dos 100%.
- Luiz Fernando Verissimo comemora sua chegada aos 70 na crônica; interessante, mas nem tanto; depois da Velhinha e do Analista eu esfriei com LFV; ficou tudo com cara de replay em slow motion, leu um, leu tudo, a começar por seu apoio ao lulla.
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- Em Washington, George Walker, o vizinho do Balla, diz que não tem intenção de atacar a Coréia.
EPA!!!
Eis a pauta:
BUSH VAI ATACAR A CORÉIA DO NORTE
“Mas ele disse que não tem intenção” – argumenta arguta leitora imaginária. E eu respondo:
“Read my lips: No more taxes” – e, logo depois de eleito, George pai aumentou os impostos.
“Ah, mas foi o pai dele, não ele” – replica a imaginária e arguta leitora.
“Ora, estimada leitora, quem sai aos seus não degenera a raça” – treplico daqui. E, na seqüência, fecho com chave de ouro:
“Tal pai, tal filho.”
Balla, taí uma pauta legal pro Notas Avulsas. Manda bala.
E bom feriado.
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