quinta-feira, julho 20, 2006

Borocoxô


Borocoxô... Bonita palavra, né? Não dá para falar o mesmo de seu significado:
quem ou o que está desanimado; aborrecido. Tá no Houaiss. E eu tô assim.

Anteontem cedo recebi ligação do sítio. O primeiro pensamento é sempre o pior: o que será que aconteceu dessa vez? Dessa vez foi a comunicação de mais duas parições: Alba e Alfa pariram. Pena que a Alba pariu um macho e a Alfa uma fêmea. O inverso seria o ideal. Semana retrasada foi a Malhada que pariu uma fêmea. Que bom! Boas notícias logo cedo são animadoras. Ou seriam...

Seriam?

Pois é, seriam. Hoje mesmo, enquanto pegava o jornal em meio ao resto de neblina matinal, olhava os pés de ipê-amarelo em frente de casa, um deles já com os botões florais pronunciados. Não demora e ele floresce. No jardim e na pequena praça diante de casa as azaléias estão cheias de flores. Outros arbustos e árvores também estão coloridos, sem falar no cipó-de-são-joão. As bonitas cores do inverno paulistano e paulista. Nada disso, contudo, me deixa animado. Minha câmera está guardada, meus textos sumidos, tal e qual meu humor. Ano passado nessa mesma época, eu olhava admirado as florações de ipês-roxos e comentava, fotografava...

Pois é, ando meio borocoxô, estou assim, meio borocoxildo. Acho que clinicamente não chega a ser depressão, mas, sei lá, é capaz de passar perto. Culpa do PCC? Não, não mesmo. Culpa do lulla da Silva? Vê lá, eu, hein, que vou perder meu humor por motivo tão (ia escrever torpe, repensei, e to pensando... já já descubro uma palavra para isso)...?

Não, não, nada disso. O motivo é outro e essa foto, de ontem, dia 19 de julho de 2006, fala por si só.

Essa visão, tão assustadora quanto desoladora, mostra as Cataratas do Iguaçu, ontem, dia 19 de julho – apenas – com uma vazão de 198 metros cúbicos por segundo, equivalente a 13% da vazão normal de 1.500 metros cúbicos por segundo. Essa é a segunda pior vazão em 40 anos, de acordo com a Hidrelétrica de Itaipu. Dia 19 de julho é um dia ainda muito distante das chuvas de primavera.


(E a frase lá de cima, na qual eu dizia que não perderia o sono por conta de lulla da Silva, ficou sem um adjetivo final. Deixo a cargo de cada um a escolha. Até porque há pessoas – poucas, mas há – que vão usar um adjetivo elogioso e sem ironias. Viva a liberdade de escolhas, inclusive para adjetivos.)

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3 comentários:

Anônimo disse...

e amigo,onde o homen poe a mao....ja vi rios secarem de um ano para outro, no parque nacional do caparao,lugar de muitas nascentes...fiquei tempos sem coragem pra voltar...o adjetivo a lula pode ser o mesmo de fhc, alkimim, garotinho, POLITICOS(argh)todos iguais sem excessão.

Anônimo disse...

Estive em Foz pela segunda vez em dezembro último, numa viagem que para alguns seria turística, mas que para mim tinha apenas o único objetivo de reverenciar as cataratas. Portanto esta foto me deixa muito e muito entristecida.
Rosablu

Emerson disse...

Rosablu, em novembro elas estarão de volta à plenitude.

Quem sabe já em outubro?

Felizmente, também, já é final de julho e... As chuvas voltarão. :o)

No Caparaó eu não estou muito certo, Ambrosio, mas já escrevi sobre isso no Velho Chico, na Bacia do Velho Chico, melhor dizendo. Aliás, alguns cursos d'água do Caparaó não são da Bacia do São Francisco? Não estou certo.