Daniel Everett é etnólogo da Universidade de Manchester. Nos últimos trinta anos, passou nada menos que sete deles vivendo entre os pirahã, pequena tribo que vive na bacia do Rio Maici, no Amazonas. Esse rio é afluente da margem esquerda do Madeira, não muito distante de Humaitá, depois de passar pela vila de Calama, que fica na margem direita. Ou seja, é uma região relativamente próxima do que chamamos civilização. De Porto Velho até as primeiras praias do Maici, a viagem demora 15 horas de barco. Curiosamente, até andei e naveguei por ali, uma região de floresta baixa, na maior parte inundada durante as cheias. Lugar perigoso para nadar, pois os remansos convidativos a um mergulho para fugir do calor terrível, costumam ser habitados por respeitáveis poraquês, os peixes-elétricos. Dizem que muita gente já morreu vítima de um choque de um bicharoco desses. Na dúvida...
O que chamou a atenção de Everett e, posteriormente, de muita gente famosa no mundo cientifico, como Noam Chomsky, do MIT, e Steven Pinker, de Harvard, é a língua pirahã. É a linguagem que permite aos humanos montar pensamentos nunca antes construídos, é a fonte de nossa criatividade, na medida em que criamos a partir das informações que recebemos. E receber informação implica na existência de uma língua que, quanto mais rica e diversificada for, mais informações transmitirá. Mas a língua pirahã é econômica, enxuta, reduzida. A tal ponto, que ela se afasta muito do que se pensava que eram as características fundamentais de todas as línguas.
Naturalmente, o mundo pirahã é muito simples e, como o de muitos outros povos em todo o mundo, é dominado pela presença e ausência de água. Tempo de cheia e tempo de seca. Em seu linguajar, os pirahã raramente empregam qualquer palavra associada ao tempo e não existem conjugações verbais de tempos passados. Nada dos tenebrosos pretéritos, perfeitos, imperfeitos ou mais-que-perfeitos. E talvez seja o único idioma do mundo a não usar orações subordinadas. Um pirahã não diz: “Quando eu tiver acabado de comer, gostaria de falar com você.” Não, nada disso, ele simplesmente diz: “Eu termino de comer, eu falo com você.” (Há quem diga que eu mesmo, às vezes, sou assim, meio pirahã.) (Por outro lado, essas muitas amostras de supostos exames feitos por estudantes brasileiros, dão demonstrações claras, inequívocas, que a língua pirahã anda se imiscuindo no seio de nossa laboriosa classe estudantil.) (Cruzes, os usos que podemos fazer da língua... “Laboriosa classe estudantil.” Acho que os pirahãs estão certos com sua economia lingüística, pelo menos, devem estar livres de frases como essa.)
Outra coisa que deixou os estudiosos perplexos foi o fato dos pirahãs não sentirem a necessidade de números em sua vida cotidiana. Segundo Everett, o mais próximo de algo ligado a número, foi “hói”, que seria algo como o numeral um, mas também pode ser pequeno, ou pouco. Eles não têm palavras como “cada”, “todos” e “mais”. (E muito menos acentos, acentos e acentos...) (Como pode haver “civilização” sem a palavra “mais” e tudo a ela ligado?)
A língua é fruto da cultura, e essa, por sua vez, é também fruto da linguagem. Segundo Everett, o cerne da cultura pirahã é muito simples: “Viver aqui e agora.” A única coisa digna de importância para ser transmitida para outra pessoa é o que está sendo experimentado em cada momento.
“Toda experiência é ancorada na presença”, diz Everett, que acredita que essa cultura não permite o pensamento abstrato (e nem a tal arte abstrata! – comemoro do meu lado) ou conexões complicadas com o passado (freudianos de todos os matizes morreriam de fome entre eles, portanto).
Eles não têm um mito da criação para explicar suas origens. Se perguntados a respeito, simplesmente dizem:
“Tudo é o mesmo, as coisas sempre são.”
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É manhã de segunda-feira na Grande São Paulo. Nosso café-da-manhã foi dominado pela manchete do Estadão:
“PCC ataca alvos civis e queima 28 ônibus. Guerra faz 77 mortos”
O elenco de notícias ruins e péssimas não termina com a manchete, longe disso. Uma das piores diz que lulla da Silva oferece ajuda ao governo de São Paulo. Oras, ele que pegue sua polícia e investigue suas próprias contas secretas no exterior. Aliás, coisa que vai dar em nada, uma vez que o próprio chefe da Polícia Federal é acusado de ter uma conta no exterior com mais de um milhão de euros de saldo.
O parágrafo anterior já foi um avant-premiére desse aqui, reservado à Veja. Estava na cara que o castelo de cartas construído pela camarilha que tomou o poder de assalto começaria a desmoronar à medida que penalidades começassem a incomodar ou ameaçar seus participantes. As denúncias feitas pela irmã de Daniel Dantas à justiça americana são prova disso. As denúncias publicadas por Veja, inclusive com dados de contas no exterior de um monte de gente boa, a começar pelo grande líder e guia espiritual dos povos tupiniquins, vão dar muito pano pra manga ainda. Ah, é mesmo, não foram confirmadas... Hummmmm... Alguém duvida que não serão?
Evito, o companheiro boliviano que tomou de assalto nossas operações na Bolívia, agora prepara a expulsão de milhares de brasileiros que vivem na Amazônia boliviana. No exterior, fala um monte de besteiras contra o Brasil e a Petrobrás, e depois alisa e adula nosso tolo grande líder que, adulado e calminho, sai a dizer abobrinhas do tipo “muita fumaça e pouco fogo”.
Chávez, o grande líder bolivariano e não o palhaço mexicano, é a única personalidade do mundo ibero-lusitano a ser apontada entre as 100 mais influentes do mundo pela Time. Puxa, e o nosso grande líder e guia etc, etc, que se julgava o grande líder, etc, etc, de todos os povos do mundo ao sul do Equador? Que fiasco!
O Mercosul se desfaz, começa a virar fumaça tênue, pois mesmo em seus melhores momentos nunca passou de fumaça grossa. O presidente do Uruguai, meio de esquerda, sim, mas inteligente, começa a se aproximar dos Estados Unidos e pede um acordo de livre comércio. Vejam só que diferença enorme faz um pouquinho só de inteligência. Nós, por outro lado, sacrificamos parte de nossa indústria para agradar aos hermanos porteños em nome do falido Mercosul.
Bom, a segunda-feira caminha, as preocupações aparecem, é mais que hora de trabalhar. Antes vou fazer uma pesquisa na internet e ver se os pirahã tem um consulado em São Paulo. Estou pensando em pedir um visto de moradia permanente.
Boa semana pra todo mundo.
“Tudo é o mesmo, as coisas sempre são.”
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2 comentários:
Pequena frase, que vale por megatextos!
Um abraço
Nelsinho
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