sexta-feira, maio 19, 2006

O poder da propaganda enganosa


Meu primeiro emprego formal foi como boy numa agência de propaganda nos primeiros dias da década de 70. Propaganda, marketing, comunicação & tal & coisa, estão no meu dia-a-dia desde sempre.

Apesar disso, ainda me surpreendo com o poder da propaganda. Nunca fui e nunca serei um "Duda" na vida. Primeiro, por abominar briga de galo. Segundo, por não acreditar, tanto quanto ele, no imenso poder da propaganda.

Tenho cá para mim que a velha, batida e pessimamente frase atribuída a Hermann Goering já não é mais tão verdadeira. Não há necessidade de uma mentira ser repetida mil vezes, basta que ela seja dita uma, duas ou quatro vezes e pronto: a multiplicidade de mídias e veículos encarregar-se-ão de propagá-la aos 4, aos 16, a todos os ventos.

Uma frase na boca de um boçal será sempre isso.

A mesma frase num jornal, em outro jornal, nas tevês, nos sites, nos blogs, nas rádios, perde a ligação com o boçal que a emitiu e ganha vida própria. A mentira não mais precisa ser repetida pelo seu autor e asseclas, pois a "mídia" encarrega-se de repeti-la. E a cada repetição ela se torna mais e mais verdadeira. E engana até mesmo os que sempre souberam ser ela falsa ou, ao menos, desconfiavam, dada sua origem espúria.

lulla da Silva ofereceu ajuda ao governo de São Paulo.

O governo de São Paulo recusou a ajuda de lulla da Silva.

Em comum nessas duas frases verdadeiras, uma premissa falsa: a ajuda seria irreal por ser inócua, por ser vazia, por não ter como ser realizada. Se, porventura, o governo de São Paulo tivesse aceito a tal ajuda, ela ainda estaria distante, ausente de São Paulo, pois não haveria como mandar para cá algo inexistente ou sem condições de se tornar operacional em menos de dez a quinze dias.

Todavia, ainda hoje e até o dia 3 de outubro, essa "oferta" e a recusa são e serão objeto de críticas, inclusive por parte das pessoas que têm conhecimento e visão das coisas de Brasil.

A mentira de lulla enganou a todos.

O poder da propaganda é bem maior do que eu jamais cheguei a imaginar.

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