Em algum momento da década de 60 do século passado...
As telas de vários radares do NORAD – North American Aerospace
Defense Command – mostram o que parece ser uma maciça penetração de objetos
voadores vindos da Sibéria e em rota para o centro-norte e nordeste dos Estados
Unidos, além, é claro, da mais rica região canadense.
Alertas são disparados e o então SAC – Strategic Air Command
– está prester a entrar em Defcon 2 (Defense Readness Condition). O SAC
mantinha bombardeiros de longo alcance, os B-52, voando permanentemente, todos
transportando armas nucleares e prontos a dar uma primeira resposta a qualquer
ataque contra os Estados Unidos, juntamente com os submarinos de ataque e as
bases de mísseis intercontinentais.
Felizmente, porém, o que parecia ser um maciço aéreo
proveniente da União Soviética, nada mais era que uma maciça migração de aves
de grande porte que, por qualquer motivo ignorado levantaram voo ao mesmo tempo
e tomaram o rumo das terras mais quentes ao sul do Círculo Ártico.
Naquela época, sem os satélites de reconhecimento e sem a
fantástica tecnologia de detecção de tudo, erros desse tipo não eram raros.
E o mundo, sem o saber, passou por mais uma quase
conflagração nuclear.
A leitura desse quase evento e as leituras permanentes sobre
tudo que dizia respeito à Guerra Fria e ao MAD – Destruição Mútua Assegurada –
ocupavam parte de minha cabeça e parte de meus receios. Cheguei a falar pro meu
pai que seria bom negócio a gente mudar para uma cidadezinha no interior de
Santa Catarina, pois ela, segundo um físico alemão que para lá se mudara, era
um dos poucos lugares do planeta que escaparia aos efeitos de uma guerra
nuclear. Essa matéria com o alemão foi publicada na Manchete ou na Cruzeiro. Parece-me
que essas revistas não foram digitalizadas, o que é uma pena, pois gostaria de
reler o que dizia o alemão, além, é claro, de identificar a tal cidade.
MAD – Mutual Assurance Destruction... Guerra Fria... Poderio
econômico...
Inegavelmente, é enorme a presença americana em nossas
vidas. E, não podemos esquecer, também a presença russa, antes soviética, e
mais a chinesa, não demora muito.
Para mim, já durante os anos 50 do século XX estávamos
globalizados. Sem internet, sem as transformações da economia, sem as
fronteiras mais abertas ou inexistentes, mas já éramos globalizados por conta
da ameaça nuclear.
Antes de ser cidadão brasileiro eu e todos já éramos
cidadãos do mundo.
Um de meus heróis da juventude foi Richard Nixon e seu grande
momento foi o aperto de mão com Mao Tse Tung, em Pequim, em 1971.
Outro momento
presente na retina da memória é o jantar, com o Primeiro-Ministro Chu En Lai
mostrando a Nixon o uso dos “pauzinhos” para comer.
Acreditem, depois dessa viagem, brilhante feito de Henry
Kissinger, meu sono melhorou, meu medo de uma guerra diminuiu. Tenho para mim
que ali começou o fim da Guerra Fria.
Menos de um ano depois, em 1972, Richard Nixon desce em Moscou, para a
também primeira visita de um presidente americano à União Soviética e conversa
muito com Leonid Brezhnev.
No ano seguinte, 1973, Brezhnev vai aos Estados Unidos e ambos assinam um tratado de cooperação pacífica para o desenvolvimento da energia nuclear.
Fim dos pesadelos, fim do grande medo, desde então apenas
residual.
Richard Nixon foi muito maior que Watergate.
O mundo globalizado avançava para o que viria nos anos 90...
É engraçado hoje ouvir ou ler um monte de gente criticando
quem se preocupa e opina sobre as eleições nos Estados Unidos ou sobre o medo gerado
por um troglodita como Putin à frente do governo russo.
Ora, como cidadão mundial tenho pleno direito a opinar sobre
tudo isso e muito mais.
Vou além:
Como cidadão do mundo, exposto ao que podem e representam
Estados Unidos e Rússia (deixando a China quieta por enquanto)...
Tenho o direito de
votar para presidente dos Estados Unidos... e da Rússia
Sim, por que não?
Se eles podem decidir minha vida, nada mais justo que eu
tenha o direito democrático de escolher quem terá esse poder.
Por isso, e muito mais, acompanho o que se desenrola hoje na
“América”.
Se lá estivesse votaria em Hillary Clinton.
Gosto dela? Nem um pouco!
Confio em Trump? De jeito nenhum!
Por isso, votaria Hillary.
Posso não gostar dela, mas confio mais nela que em seu
opositor, que é, sim, um outsider, um cara fora do sistema político, fora da
longa cadeia partidária ao fim da qual, geralmente, a pessoa chega à
presidência.
Trump é um aventureiro e gente com esse perfil não pode ter
o dedo no gatilho.
Então, tenho o direito, mas não tenho a condição legal de
votar... Mas deveria tê-lo.
Boa sorte, Hillary. Boa sorte, Terra.
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