terça-feira, novembro 08, 2016

Tenho o direito de votar para presidente dos Estados Unidos...



Em algum momento da década de 60 do século passado...

As telas de vários radares do NORAD – North American Aerospace Defense Command – mostram o que parece ser uma maciça penetração de objetos voadores vindos da Sibéria e em rota para o centro-norte e nordeste dos Estados Unidos, além, é claro, da mais rica região canadense.
Alertas são disparados e o então SAC – Strategic Air Command – está prester a entrar em Defcon 2 (Defense Readness Condition). O SAC mantinha bombardeiros de longo alcance, os B-52, voando permanentemente, todos transportando armas nucleares e prontos a dar uma primeira resposta a qualquer ataque contra os Estados Unidos, juntamente com os submarinos de ataque e as bases de mísseis intercontinentais.
Felizmente, porém, o que parecia ser um maciço aéreo proveniente da União Soviética, nada mais era que uma maciça migração de aves de grande porte que, por qualquer motivo ignorado levantaram voo ao mesmo tempo e tomaram o rumo das terras mais quentes ao sul do Círculo Ártico.


Naquela época, sem os satélites de reconhecimento e sem a fantástica tecnologia de detecção de tudo, erros desse tipo não eram raros.
E o mundo, sem o saber, passou por mais uma quase conflagração nuclear.


A leitura desse quase evento e as leituras permanentes sobre tudo que dizia respeito à Guerra Fria e ao MAD – Destruição Mútua Assegurada – ocupavam parte de minha cabeça e parte de meus receios. Cheguei a falar pro meu pai que seria bom negócio a gente mudar para uma cidadezinha no interior de Santa Catarina, pois ela, segundo um físico alemão que para lá se mudara, era um dos poucos lugares do planeta que escaparia aos efeitos de uma guerra nuclear. Essa matéria com o alemão foi publicada na Manchete ou na Cruzeiro. Parece-me que essas revistas não foram digitalizadas, o que é uma pena, pois gostaria de reler o que dizia o alemão, além, é claro, de identificar a tal cidade.


MAD – Mutual Assurance Destruction... Guerra Fria... Poderio econômico...

Inegavelmente, é enorme a presença americana em nossas vidas. E, não podemos esquecer, também a presença russa, antes soviética, e mais a chinesa, não demora muito.

Para mim, já durante os anos 50 do século XX estávamos globalizados. Sem internet, sem as transformações da economia, sem as fronteiras mais abertas ou inexistentes, mas já éramos globalizados por conta da ameaça nuclear.

Antes de ser cidadão brasileiro eu e todos já éramos cidadãos do mundo.


Um de meus heróis da juventude foi Richard Nixon e seu grande momento foi o aperto de mão com Mao Tse Tung, em Pequim, em 1971. 



Outro momento presente na retina da memória é o jantar, com o Primeiro-Ministro Chu En Lai mostrando a Nixon o uso dos “pauzinhos” para comer.



Acreditem, depois dessa viagem, brilhante feito de Henry Kissinger, meu sono melhorou, meu medo de uma guerra diminuiu. Tenho para mim que ali começou o fim da Guerra Fria.


Menos de um ano depois, em 1972, Richard Nixon desce em Moscou, para a também primeira visita de um presidente americano à União Soviética e conversa muito com Leonid Brezhnev. 
No ano seguinte, 1973, Brezhnev vai aos Estados Unidos e ambos assinam um tratado de cooperação pacífica para o desenvolvimento da energia nuclear.



Fim dos pesadelos, fim do grande medo, desde então apenas residual.


Richard Nixon foi muito maior que Watergate.

O mundo globalizado avançava para o que viria nos anos 90...



É engraçado hoje ouvir ou ler um monte de gente criticando quem se preocupa e opina sobre as eleições nos Estados Unidos ou sobre o medo gerado por um troglodita como Putin à frente do governo russo.

Ora, como cidadão mundial tenho pleno direito a opinar sobre tudo isso e muito mais.

Vou além:
Como cidadão do mundo, exposto ao que podem e representam Estados Unidos e Rússia (deixando a China quieta por enquanto)...


Tenho o direito de votar para presidente dos Estados Unidos... e da Rússia

Sim, por que não?

Se eles podem decidir minha vida, nada mais justo que eu tenha o direito democrático de escolher quem terá esse poder.

Por isso, e muito mais, acompanho o que se desenrola hoje na “América”.

Se lá estivesse votaria em Hillary Clinton.
Gosto dela? Nem um pouco!

Confio em Trump? De jeito nenhum!
Por isso, votaria Hillary.

Posso não gostar dela, mas confio mais nela que em seu opositor, que é, sim, um outsider, um cara fora do sistema político, fora da longa cadeia partidária ao fim da qual, geralmente, a pessoa chega à presidência.


Trump é um aventureiro e gente com esse perfil não pode ter o dedo no gatilho.

Então, tenho o direito, mas não tenho a condição legal de votar... Mas deveria tê-lo.

Boa sorte, Hillary. Boa sorte, Terra.


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